— A senhorita deseja que eu abra um pouco as janelas? — a voz de Jake quebra o silêncio confortável, mas distante. Ele parece tentar se preocupar com os detalhes, mesmo enquanto está claramente distante da minha tempestade interna.— Sim... E, por favor, podemos ser menos formais? — minha voz sai com um tom mais suave, mais cansado. Eu só quero que as coisas sejam mais simples agora.— Eu nunca sou informal com os clientes. — a resposta dele é tranquila, mas com um toque de firmeza. Não é só um código de conduta para ele; é uma escolha pessoal.Levanto uma sobrancelha, curiosa, sem esconder o sarcasmo.— O que é isso? Um código de conduta?Ele olha para mim por um momento, pensativo, e então responde calmamente.— Não. Um limite que eu imponho.Eu fico em silêncio por um instante, impressionada com a forma como ele consegue manter a calma e os limites em um ambiente que, para mim, já está insuportável. E isso me faz questionar ainda mais: quem é Jake, realmente?— Bom, então não vou s
Saio rapidamente da banheira e me seco, passando um pouco de água fria no rosto, como se tentasse apagar a sensação quente que ainda teima em permanecer. Coloco meu pijama, o tecido confortável contra minha pele, mas a mente ainda martela, os pensamentos ainda a mil. Depois de me acalmar um pouco, decido dar atenção à minha fiel companhia, Candy. Preciso encontrá-la, já que ela tem o dom de se esconder quando mais preciso.— Candy, onde você está, sua arteira...? — chamo, olhando ao redor da sala, meio desorientada.Ela adora se enfiar embaixo do sofá, entre as madeiras que formam aquele canto esquecido. Às vezes, eu até encontro um estoque de biscoitos ali, como se fosse uma pequena despensa particular dela. Não sei o que ela vê naquelas frestas, mas para ela deve ser o melhor esconderijo do mundo.Cerro os olhos e me abaixo, de joelhos, procurando. Justo quando me preparo para me levantar, meu telefone vibra em cima da mesinha de centro. Eu dou um pulo de susto, e, para piorar, bato
A apreensão cresce dentro de mim conforme entro no prédio. Ou melhor, a apreensão pelo que me espera nos primeiros minutos. Eu mal coloco o pé no corredor e a secretária do Carter já me chama, sua voz carregada de uma satisfação mal disfarçada.— O senhor Carter deseja vê-la em sua sala. Imediatamente.Seus olhinhos diabólicos brilham com uma alegria quase precoce. Vaca. Se isso fosse um tribunal, ela estaria na primeira fila, torcendo pela minha condenação.Paro diante da porta onde se lê "CEO". Respiro fundo. Ok, Katerina, seja profissional.Ao entrar, encontro Carter sentado atrás de sua mesa imensa de pau-rosa, concentrado em alguma coisa no computador. Ele nem ergue o olhar de imediato, o que me dá tempo de analisar a cena. O escritório impecável, o cheiro amadeirado e o próprio Carter, com aquele terno perfeitamente alinhado, exalando autoridade.— Senhorita Martin. Sente-se.Obedeço, cruzando as pernas com toda a compostura possível e apoiando as mãos sobre os joelhos. Espero.
Antes de sair da minha caixa de e-mails, noto uma resposta de Matt.E-mail de Matt Ortega:"Não esquente, princesa! Sem crise! Eu e o Colin vamos comer no Bob hoje, tá a fim?"O bom e velho Bob. O templo dos venenos para as artérias. Sanduíches absurdamente gordurosos, fritas mergulhadas em óleo e milkshakes que poderiam ser considerados crimes contra a nutrição.E, para minha infelicidade, eu amo esse tipo de comida.Sei que meu estômago vai sofrer, mas e daí? Há algo de quase compulsivo nessa minha relação com fast food.Mordo a ponta da caneta, pensando no dilema.Por um lado, eu poderia simplesmente ir para casa, me jogar no sofá e comer algo saudável para compensar o estresse do dia. Por outro… nada melhor do que passar um tempo com meus amigos para recuperar um pouco da minha sanidade.Uma sopinha amanhã, e meu corpo nem vai perceber.Além disso, depois de tudo o que aconteceu hoje, eu estou precisando rir um pouco.ᏊQuando chego ao ponto de encontro, Matt e Colin já estão enco
— Coli... você sabe se é possível rastrear a identidade de quem postou um comentário no meu blog? — perguntei, o peso da dúvida ainda rondando minha mente.Ele ficou em silêncio por um instante, os olhos fixos no horizonte, como se estivesse calculando a melhor maneira de me responder. O Matt, ao meu lado, me observava com uma expressão intrigada. Colin, sempre misterioso, parecia um daqueles agentes secretos, o tipo de cara que provavelmente seria capaz de hackear a CIA em uma tarde de tédio. Na verdade, ele era apenas um cara da informática, mas isso não diminuía o ar de enigma que o cercava.— Bem... é complicado. Mas não é impossível. A menos que o cara tenha usado um proxy, aí as coisas ficam bem mais difíceis. — Ele disse, com a calma característica de quem tem um domínio absoluto sobre o que está falando.Aquele jargão de programador... acredite, me senti como se ele estivesse falando em mandarim. Minha mente tentou acompanhar, mas logo se perdeu no labirinto de termos técnicos
Foi aí que Matt, nosso elemento perturbador, decidiu interromper o momento com seu típico entusiasmo.— Ah, minha nossa!! Vocês viram isso?!— O quê? — Perguntei, quase sem paciência para o que já sabia que viria.Ele apontou para nós com os olhos arregalados, a expressão exagerada, o tipo de olhar que faria qualquer um pensar que ele tinha acabado de testemunhar algo histórico.— O Colin e a Kat... Conversando como dois camaradas! Esse momento precisa ser imortalizado, gente! — Ele estufou o peito, digno de um fotógrafo de paparazzi.Eu olhei para Colin, meu olhar exasperado, e respirei fundo.— É inacreditável! Você está perto e já vira piada. — Respondi, sem esconder a irritação. — Não é possível ter uma conversa séria contigo, Matt.Matt fez uma careta de quem ficou ofendido, mas logo soltou aquela risadinha de quem sabe que está se saindo vitorioso.— Desculpa, mas eu posso ser muito sério quando quero... — Ele deu de ombros, como se isso fosse uma grande revelação. — Só que agor
Ao entrar, deixo Carter se ocupar com a bebida enquanto me aproximo da imensa parede de vidro que dá vista para a cidade. O horizonte é um espetáculo à parte. As luzes de Nova York piscam como pequenas estrelas urbanas, enquanto o pôr do sol se dissolve no céu tingido de laranja e roxo.A sensação de estar ali, acima de tudo e todos, é quase inebriante. Como se, por um instante, o mundo inteiro estivesse ao alcance da minha mão.Carter abre uma portinha discreta em um de seus armários e retira dois copos de cristal, junto com uma garrafa elegante e refinada. O líquido âmbar brilha sob a luz suave do escritório.— Um Havana Club Máximo. Você tem bom gosto. — comento, observando a garrafa.Ele sorri, e meu coração dá um salto involuntário. É um daqueles sorrisos lentos, cheios de uma confiança perigosa, que fazem qualquer um perder a linha por alguns segundos. Ele derrama o rum nos copos com precisão, sem pressa, como se fosse parte de um ritual.Os runs cubanos são os melhores do mundo
Um jatinho particular?! Seguro um riso nervoso. Eu nunca pisei em um jatinho antes. Ok, sejamos francos, minha única experiência com algo vagamente parecido foi assistir filmes de bilionários arrogantes. Mas pensando bem, deve ser uma forma bem conveniente de evitar o trânsito.Percebo que Carter me observa, um sorrisinho divertido nos lábios. Ele definitivamente notou minha reação.Meu copo ainda está quase cheio sobre a mesa. Ele desliza o olhar até a bebida intocada e ergue uma sobrancelha.— Não gostou?— É... Bebidas fortes não são meu ponto forte. — Admito, um tanto constrangida.Ele sorri de lado, aquele maldito sorriso presunçoso que me dá nos nervos... E, ao mesmo tempo, me deixa inquieta.— Tem mais alguma coisa que gostaria de tratar comigo? — pergunto, lutando para manter o tom profissional.Carter se levanta devagar, ajeitando os punhos da camisa sob o paletó. Seu olhar me percorre com uma intensidade que me faz prender a respiração. É praticamente malicioso.— Não neste