Ele avança com passos firmes e uma confiança natural, como se aquele ambiente tivesse sido feito para ele. E, de certa forma, foi.O terno perfeitamente ajustado realça sua silhueta impecável, e sua camisa, ligeiramente aberta no colarinho, revela apenas o suficiente para sugerir o contorno de um peitoral firme. O suficiente para instigar. O suficiente para fazer meu estômago dar um nó.Os dois homens trocam um aperto de mão caloroso, e há um brilho genuíno no olhar do anfitrião mais velho. Uma consideração rara, como se Carter fosse um protegido seu.Será que existe alguém nesta cidade que não gosta dele?O salão inteiro se aquieta no momento em que ele abre a boca para falar.Todos os olhares se voltam para ele.Inclusive os das mulheres, que parecem devorá-lo com os olhos sem o menor disfarce.O que, curiosamente, me traz um certo alívio. Então não sou a única a ser afetada por essa aura magnética? Ótimo. Meu coração acelerado é apenas uma reação comum.Um garçom jovem, vestido ele
— Você gostou do meu discurso?Tento me recompor.— Sim, foi muito bem-sucedido. Você parece conhecer bem o diretor do museu...— Conheço há muitos anos. Ele é uma das poucas pessoas nesta cidade em quem posso confiar para apoiar as ações da fundação.Há algo sutilmente amargo na maneira como ele diz isso, mas antes que eu possa questionar, ele muda de assunto.— Você está admirando sua obra?Eu franzo a testa.— O buffet.— Ah! Sim! Eu estava conferindo se tudo está de acordo.O canto de seus lábios se ergue, e percebo o brilho divertido em seu olhar.— Fascinante.— O quê?— Seu perfeccionismo.Cruzo os braços, fingindo indignação.— Está insinuando que sou obsessiva?— Estou afirmando.Reviro os olhos, mas não consigo evitar um sorriso. Há algo eletrizante em nossas trocas, como se estivéssemos sempre no limite entre uma discussão e uma confissão.Mas, antes que eu possa responder, alguém nos interrompe.Uma figura ruiva se aproxima, os olhos brilhando com uma familiaridade desconc
Quando vim para Nova York, eu tinha tantos sonhos na cabeça! Eu queria um recomeço, uma nova vida onde pudesse deixar para trás todas as lembranças dolorosas da minha cidade natal. Imaginei que encontraria o amor, um sentido maior para minha existência... Mas essa cidade é imensa, e há tantas pessoas que, ironicamente, me sinto perdida no meio delas.E esta noite não está ajudando em nada.Parece que estou nadando contra a corrente, uma ovelha cercada por lobos famintos. Cada sorriso falso, cada risada forçada, cada troca de olhares carregada de intenções me faz sentir ainda mais deslocada.Uma voz masculina no microfone me arranca desse pensamento sufocante. O leilão vai começar.Os fundos arrecadados serão destinados à fundação do Carter, é claro, ajudando a financiar suas ações ao longo do próximo ano.Mulheres jovens e deslumbrantes se aninham nos braços de homens mais velhos, soltando risadas sedutoras. Como se estivessem ali para incentivá-los a abrir as carteiras, tornando tudo
— A senhorita deseja que eu abra um pouco as janelas? — a voz de Jake quebra o silêncio confortável, mas distante. Ele parece tentar se preocupar com os detalhes, mesmo enquanto está claramente distante da minha tempestade interna.— Sim... E, por favor, podemos ser menos formais? — minha voz sai com um tom mais suave, mais cansado. Eu só quero que as coisas sejam mais simples agora.— Eu nunca sou informal com os clientes. — a resposta dele é tranquila, mas com um toque de firmeza. Não é só um código de conduta para ele; é uma escolha pessoal.Levanto uma sobrancelha, curiosa, sem esconder o sarcasmo.— O que é isso? Um código de conduta?Ele olha para mim por um momento, pensativo, e então responde calmamente.— Não. Um limite que eu imponho.Eu fico em silêncio por um instante, impressionada com a forma como ele consegue manter a calma e os limites em um ambiente que, para mim, já está insuportável. E isso me faz questionar ainda mais: quem é Jake, realmente?— Bom, então não vou s
Saio rapidamente da banheira e me seco, passando um pouco de água fria no rosto, como se tentasse apagar a sensação quente que ainda teima em permanecer. Coloco meu pijama, o tecido confortável contra minha pele, mas a mente ainda martela, os pensamentos ainda a mil. Depois de me acalmar um pouco, decido dar atenção à minha fiel companhia, Candy. Preciso encontrá-la, já que ela tem o dom de se esconder quando mais preciso.— Candy, onde você está, sua arteira...? — chamo, olhando ao redor da sala, meio desorientada.Ela adora se enfiar embaixo do sofá, entre as madeiras que formam aquele canto esquecido. Às vezes, eu até encontro um estoque de biscoitos ali, como se fosse uma pequena despensa particular dela. Não sei o que ela vê naquelas frestas, mas para ela deve ser o melhor esconderijo do mundo.Cerro os olhos e me abaixo, de joelhos, procurando. Justo quando me preparo para me levantar, meu telefone vibra em cima da mesinha de centro. Eu dou um pulo de susto, e, para piorar, bato
A apreensão cresce dentro de mim conforme entro no prédio. Ou melhor, a apreensão pelo que me espera nos primeiros minutos. Eu mal coloco o pé no corredor e a secretária do Carter já me chama, sua voz carregada de uma satisfação mal disfarçada.— O senhor Carter deseja vê-la em sua sala. Imediatamente.Seus olhinhos diabólicos brilham com uma alegria quase precoce. Vaca. Se isso fosse um tribunal, ela estaria na primeira fila, torcendo pela minha condenação.Paro diante da porta onde se lê "CEO". Respiro fundo. Ok, Katerina, seja profissional.Ao entrar, encontro Carter sentado atrás de sua mesa imensa de pau-rosa, concentrado em alguma coisa no computador. Ele nem ergue o olhar de imediato, o que me dá tempo de analisar a cena. O escritório impecável, o cheiro amadeirado e o próprio Carter, com aquele terno perfeitamente alinhado, exalando autoridade.— Senhorita Martin. Sente-se.Obedeço, cruzando as pernas com toda a compostura possível e apoiando as mãos sobre os joelhos. Espero.
Antes de sair da minha caixa de e-mails, noto uma resposta de Matt.E-mail de Matt Ortega:"Não esquente, princesa! Sem crise! Eu e o Colin vamos comer no Bob hoje, tá a fim?"O bom e velho Bob. O templo dos venenos para as artérias. Sanduíches absurdamente gordurosos, fritas mergulhadas em óleo e milkshakes que poderiam ser considerados crimes contra a nutrição.E, para minha infelicidade, eu amo esse tipo de comida.Sei que meu estômago vai sofrer, mas e daí? Há algo de quase compulsivo nessa minha relação com fast food.Mordo a ponta da caneta, pensando no dilema.Por um lado, eu poderia simplesmente ir para casa, me jogar no sofá e comer algo saudável para compensar o estresse do dia. Por outro… nada melhor do que passar um tempo com meus amigos para recuperar um pouco da minha sanidade.Uma sopinha amanhã, e meu corpo nem vai perceber.Além disso, depois de tudo o que aconteceu hoje, eu estou precisando rir um pouco.ᏊQuando chego ao ponto de encontro, Matt e Colin já estão enco
— Coli... você sabe se é possível rastrear a identidade de quem postou um comentário no meu blog? — perguntei, o peso da dúvida ainda rondando minha mente.Ele ficou em silêncio por um instante, os olhos fixos no horizonte, como se estivesse calculando a melhor maneira de me responder. O Matt, ao meu lado, me observava com uma expressão intrigada. Colin, sempre misterioso, parecia um daqueles agentes secretos, o tipo de cara que provavelmente seria capaz de hackear a CIA em uma tarde de tédio. Na verdade, ele era apenas um cara da informática, mas isso não diminuía o ar de enigma que o cercava.— Bem... é complicado. Mas não é impossível. A menos que o cara tenha usado um proxy, aí as coisas ficam bem mais difíceis. — Ele disse, com a calma característica de quem tem um domínio absoluto sobre o que está falando.Aquele jargão de programador... acredite, me senti como se ele estivesse falando em mandarim. Minha mente tentou acompanhar, mas logo se perdeu no labirinto de termos técnicos