O olhar afiado de Vicente passou por Bento e novamente se fixou em Zelda. Ele teve que admitir que a Zelda de agora exalava um tipo único de charme, algo que o fazia sentir-se atraído por ela. Os lábios se comprimiram. A personalidade dela não havia mudado, ainda era tão teimosa quanto antes.Bento continuava sorrindo de maneira elegante e despreocupada:— Sr. Vicente gostou de algum bordado? Talvez eu possa ceder para você. A Zelda me prometeu uma peça. — disse, como se fosse uma brincadeira.Zelda, por dentro, pensava com resignação: "Quando foi que eu prometi a ele uma peça de bordado?"Os jornalistas, por sua vez, ficaram ainda mais entusiasmados. Dois grandes nomes dos negócios frente a frente? "Isso promete!"Finalmente, sob o olhar atento da imprensa, Vicente disse, sua voz carregada de frieza:— Sr. Bento está enganado. Qualquer peça que não esteja à venda, ninguém, nem o Sr. Bento, a terá. Tudo o que pertence a ela, é intocável. — As palavras saíram com uma autoridade cort
Ao sair do local, Vicente abriu a porta do carro.— Entra — disse ele.Zelda franziu a testa, claramente sem vontade de aceitar a oferta. Vicente arqueou as sobrancelhas, inclinando-se repentinamente para mais perto.— Se quiser virar manchete de todos os jornais amanhã, pode continuar parada aqui. — murmurou ele, com sua voz grave e próxima demais, fazendo Zelda recuar um passo instintivamente.Ela olhou ao redor, percebendo que algumas pessoas já começavam a prestar atenção. Depois de hesitar brevemente, abriu a porta e entrou no carro.Vicente entrou logo em seguida e, ao tentar ligar o carro, percebeu que a chave não estava no contato. Ao virar a cabeça, viu que Zelda segurava o chaveiro entre os dedos.Com um olhar tranquilo, ela disse:— Se tem algo para falar, pode ser aqui mesmo. — E, em seguida, jogou a chave no compartimento ao lado.— Vamos falar logo — insistiu ela.— Primeiro, vamos sair daqui — respondeu Vicente, seco.Zelda franziu as sobrancelhas.— Sr. Vicente, você s
O carro corria pela estrada, enquanto Vicente segurava o volante com força, o rosto endurecido pelas sombras da irritação. A ideia de Zelda querer o divórcio o consumia, fazendo o controle que ele tanto prezava escapar entre seus dedos. Quando se lembrava dela mencionando que queria "buscar sua felicidade", a raiva queimava nas veias. — Maldita mulher! — rosnou entre dentes, o olhar fixo no vazio à frente. Quanto mais tentava afastar o pensamento de Zelda, mais sua imagem se fazia presente, nublando sua mente com frustração.Perdendo a calma, ele pegou o celular que estava ao lado e, sem hesitar, ligou para Zelda. O toque seguia sem resposta, aumentando ainda mais a tensão em seu peito. As sobrancelhas de Vicente franziram severamente.— Zelda, é bom que esteja ocupada com algo realmente importante e não ignorando meu telefonema... ou vai se arrepender. — As palavras geladas saíram junto com um olhar sombrio, mirando o celular como se pudesse forçá-la a atender com o poder de sua m
O fogo se intensificava, e Vicente segurava Zelda firmemente enquanto buscava uma rota de fuga.— Aguente firme, eu vou te tirar daqui — prometeu no ouvido dela, com determinação.O barulho das chamas crepitando e o som constante de objetos caindo aumentava a tensão. Vicente, focado em seguir em frente, não percebeu um grande enfeite de madeira se inclinando perigosamente sobre ele.— Bam! — O enfeite caiu com força em suas costas. Vicente soltou um gemido abafado, mas continuou, sem diminuir o ritmo, carregando Zelda até finalmente sair do prédio em chamas.Os bombeiros, ao verem Vicente saindo, ficaram chocados.— Você foi muito imprudente! O fogo está fora de controle, entrar assim foi uma loucura! — repreendeu um dos bombeiros.Vicente, sem dizer uma palavra, ignorou a advertência até garantir que Zelda estivesse em segurança na ambulância. Só então, silenciosamente, afastou-se....De longe, em meio à multidão, Ester observava a movimentação das equipes de resgate com um olhar e
— É ela... — Ester ficou atônita ao ouvir a descrição dos dois homens. Seu coração estava um caos. Ela só queria destruir os bordados preciosos de Zelda, nunca pensou em matá-la.Porém, se estivesse realmente morta, isso também seria bom.Ester sufocou a inquietação dentro de si e deu uma ordem firme para os homens do outro lado da linha:— Saiam da cidade agora. E nunca mais entrem em contato comigo. Não nos conhecemos.Depois de transferir a última quantia de dinheiro para a conta deles, Ester desligou o celular sem hesitar. Seus olhos brilhavam com um tom sombrio enquanto ela se virava e rapidamente deixava o local sem olhar para trás.— Zelda, se você morreu de verdade, foi o destino... Não me culpe......Zelda não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que desmaiou. A luz do sol entrava radiante pela janela, e ela ficou perplexa por um bom tempo.Ainda estava viva. Alguém a tinha salvado?Zelda esforçava-se para recordar os momentos antes de perder a consciência.—
— Você não sabe? Dália ficou surpresa por um momento, e ao ver que Zelda estava confusa, continuou: — Foi o Sr. Vicente que te salvou. Dizem que ele arriscou a vida, entrou no meio do incêndio e te carregou para fora. Os olhos de Dália brilhavam de admiração. Zelda ficou sem palavras e trocou um olhar com Lídia. O quarto ficou em silêncio por um instante. Será que foi mesmo ele?Zelda levantou a cabeça, com os lábios cerrados, e perguntou: — Você tem certeza que foi ele quem me salvou? Não foi um engano? Ao ver a expressão de dúvida no rosto de Zelda, Dália assentiu vigorosamente: — Foi o que os paramédicos disseram. Muita gente viu o que aconteceu, e a cena foi... foi bem impressionante. Ela fez uma breve pausa antes de continuar: — O fogo estava atrás dele, e ele te segurava firme nos braços. Ele estava todo sujo, mas você saiu ilesa. Ela ainda tinha uma coisa que não disse: muitas pessoas se emocionaram na hora e disseram que só podia ser amor verdadeiro.Dá
Ester voltou para casa, mas seu coração estava inquieto. As chamas devastadoras e as palavras daqueles dois homens continuavam a surgir em sua mente. Ela andou de um lado para o outro no quarto, até que não aguentou mais. Pegou o celular e começou a atualizar as notícias sem parar. Será que já havia alguma notícia de morte? Ela atualizava a página repetidamente, até que se deparou com uma manchete que a fez empalidecer de repente. No local do evento, um jornalista capturou imagens de Zelda sendo colocada em uma ambulância... e quem a carregava era Vicente! O que ele estava fazendo lá? Ester viu Zelda sendo carregada por Vicente, imóvel, sem reação, e seu coração quase parou. Será que... Será que ela morreu de verdade? O rosto de Ester ficou pálido. Ela não conseguia nem imaginar o que aconteceria com ela se descobrissem que Zelda havia morrido queimada no local. Com o corpo tremendo, Ester apressadamente discou o número de Ada. Do outro lado, Ada atendeu o ce
Hospital.Vanessa entrou no quarto com o jantar e uma sopa de ossos de frango cuidadosamente preparada. Viu Zelda completamente absorta em seus pensamentos, sem perceber sua entrada, o que a fez sorrir e balançar a cabeça. — Você não está pensando no seu salvador, está? — ela brincou, caminhando suavemente até a cama. Ao ouvir a voz de Vanessa, Zelda rapidamente se virou, exibindo um sorriso suave nos lábios. Vanessa serviu uma tigela de sopa e a entregou a Zelda. — Eu vi as notícias. Nunca imaginei que o Vicente te salvaria. Zelda, foi graças a ele que você está bem... se não fosse por isso, poderia ter sido perigoso. Você já pensou em... agradecê-lo? — Vanessa provocou. — Agradecer? Eu quase morri uma vez por causa da crueldade dele. Dessa vez, estamos quites — Zelda soltou uma risada fria. Ao lembrar da ameaça que Vicente fez no quarto, seus olhos brilhantes ficaram tingidos de raiva. Vanessa deu de ombros. — Agora a internet está cheia de imagens de você nos braços