— Senhores, aceitam alguma bebida? — A comissária de voo perguntou assim que adentramos a aeronave e nos acomodamos nos assentos. O jatinho particular pertence às empresas, King, como têm duas aeronaves dispostas ao bel-prazer de todos, peguei essa para minhas viagens particulares e de Felipe , já que as duas me pertenciam. — Quero uma água com gás e um comprimido para dor de cabeça, Márcia, por favor. — Felipe respondeu com a voz cansada, voltando a falar em inglês. — O mesmo para mim, por favor. — Ela afirmou e saiu em direção ao fundo do avião. — Cara, eu estou morto, parece que meu corpo foi mastigado e moído ao mesmo tempo, para completar, cuspido em uma calçada suja. — Diz me fazendo rir pelo drama incutido em sua voz. — Nem me diga. — Início. — Meu corpo todo está quente e exausto. Não faço mais isso! — Avisei suspirando em seguida. — Somos dois! Quando eu insistir, continue dizendo não. — Torno a rir e ele faz o mesmo. — Na próxima a gente se organiza melhor. —
Talvez? A quem quero enganar? Se estivéssemos sozinhos tentaria conseguir outro beijo seu, sem dúvida alguma. Mas ela é sua funcionária, Edward. Minha mente me aconselha. Viro a minha face sentindo raiva de mim mesmo, dou as costas para todos e sai sem dizer nada. — Aonde vai, Edward? — Felipe perguntou, mas optei em não responder. — O que deu nele? — Dessa vez ouço a voz de Paulo perguntar com o tom preocupado, mas eu já estava afastado o suficiente de todos para respirar mais aliviado. Entrei no único quarto disponível que continha apenas uma cama de casal, um criado mudo e uma cadeira, provavelmente para sentar quando estiver levantando voo ou pousando. Sentei-me na cama e respirei fundo. Uma coisa parecia claro para mim. Isso não dará certo! Está muito claro para mim que essa mulher tirará meu resquício de paz. — O que eu faço? — Levantei abruptamente e fico andando de um lado para outro. — O que eu faço, fuck? — Olho para cima inconformado. — Senhores passageiros
Pela cara de poucos amigos que ela me fitava, eu devo ter falado as palavras em voz alta. Merda! — Nada! — Respondi a contra-gosto. Ela pareceu não querer puxar mais discussão alguma, ficou em silêncio e eu não queria deixar um clima ruim entre nós duas, então me vi dizendo o motivo de minha correria desenfreada. — Vi aquele cara, por isso saí correndo. — Ela me encarou com curiosidade, entortando a boca, certamente cogitando se quer ou não saber toda história. Bicha curiosa e orgulhosa. Pensei reprimindo um sorriso ao vê-la se virar em minha direção e cruzar os braços. — Você fala como se eu soubesse quem é o cara, Beatriz. — Olhei feio em sua direção. — Que cara, Lourdes? — Depois de alguns segundos ela volta a falar. — Ah! Esse cara… — É, esse cara! — Espere só um momento… — Descruzou os braços. — Você saiu correndo feito uma maluca e se escondeu atrás do letreiro, ao ver o estranho gostosão? — Questionou-me se referindo ao letreiro escrito “Salvador”, em frente
— Oxe, Bea, não está vendo que você está errada? — Ouço Lourdes me dizer e paro de comer a minha fatia de pizza. Todos havíamos prontamente tomado banho, as malas e bolsas estavam na porta e para não sairmos de barriga vazias, Lourdes pediu pizza por telefone em uma pizzaria aqui próxima. O clima estava tão gostoso que se eu pudesse, eu eternizaria esse momento. — Em quê estou errada? O Henry Cavill é mais gato que o Ben Affleck. — Prefiro o Ben. — Lourdes volta a opinar com a boca cheia de pizza fazendo a mim e ao Levi rir com a cena. — Você vai sujar toda a sua roupa. — Avisei vendo a cena se desenrolar em minha mente. Foi questão de segundos, assim que falei, o recheio da fatia de pizza escorregou e caiu em seu vestido tubinho de alça, na cor amarela, o melando de catupiry e “ketchup”. Eita! — Que boca em Bea, Deus é mais! — Avisei… — Tarde demais, agora terei que encher de Vanish para essa mancha horrorosa sair. — Agora pronto. Eu sou adivinha é? — Volto a rir
Assim que eu e Levi escovamos os dentes, voltamos para sala e encontramos Lourdes conversando com o motorista que ainda não sabia o nome, pois era Lourdes que estava em contato com ele desde cedo. — Paulo, essa é Beatriz e Levi seu irmão. — Lourdes nos apresenta. Observo a sua cara de safada a me encarar, precisei me segurar para não rir e com um sorriso sincero, estendi a minha mão direita para o rapaz. — Fico feliz em conhecê-los, senhor Paulo. — Apenas me chame por Paulo, por favor. — Aperta minha mão com firmeza. — Afinal, trabalharemos juntos. — É um prazer em conhecê-las… Quero dizer: conhecê-los. — Olha na direção de Levi. — O prazer é todo meu. — Disse Lourdes insinuativa e a minha vontade em rir voltou com tudo, mas dessa vez seria um riso de nervoso e vergonha. — Tão natural quanto a luz de um poste. — Sussurrei, em resposta ela rir descaradamente para mim. Tudo bem que o cara é um gato, um preto de deixar qualquer um babando. Um corpo atlético que a camisa branc
Minha amiga é cachaceira e das boas. Ela é do tipo que bebe todo tipo de bebidas por horas e nem parece. Agora eu? Bom, se eu tomar uma cerveja já fico tonta. — Aff, tá bom, sua misera. — Olho feio para ela. — Oh, desculpa, sem xingamentos na frente de Levi. Como se ele não soubesse o que significa misera. — Sussurrou e eu reviro os olhos. — Tentarei, escute bem essas palavras, Bea, tentarei beber somente às sextas e domingo. — Razoável. — Riu sentindo as lágrimas inundando meus olhos. — Dará tudo certo, amiga, eu sei disso, sinto que as coisas vão melhorar para vocês dois. — Que Deus te ouça, amiga. — Digo e beijo a sua face com carinho ainda a abraçando, Levi se intromete em nosso abraço e nós duas o colocamos no meio. — Sanduíche de Levi. — A voz de Lourdes saiu embargada também. — Tia Lourdes, te amo e sentirei muito a sua falta. — Eu também meu amor, o preto mais lindo e maravilhoso desse mundo. — É, esse sou eu! — Ele brincou e rindo, Lourdes volta a nos beijar. D
— Como é lá dentro, senhor Paulo? — Confortável, belo, luxuoso e ostensivo, Levi. — Seja mais claro, por favor. — Paulo me encarou surpreso. — Ele é pura curiosidade. — Digo e ele sorri. — Na primeira sessão o avião tem um banheiro completo, com ducha e tudo, tem um quarto com uma cama Queen confortável, nunca tomei banho no banheiro, mas é muito chique, cheio de pampa. — Fala com o tom brincalhão arrancando mais risos de nós. — O avião é dividido em 5 partes, Levi. A segunda parte tem uma área de reunião com poltronas confortáveis, a terceira parte tem um espaço com TV e um sofá confortável onde vocês podem descansar, pois, no quarto sempre quem fica é o senhor Edward, quando quer descansar… Tem outra área que é a do café, outro banheiro, contudo, esse é apenas para necessidades urgentes. Uma cozinha completa, tudo que você precisa de eletrodoméstico em uma cozinha, ela tem. Existe outra área do avião que é para reuniões também. Ele nos fita. — Nunca foi usada. — Parece ser
Eu não conseguia formular nenhuma palavra em minha mente, apenas encarava o homem à minha frente usando calça jeans escura e blusa de manga longa puxada até seu cotovelo. Ele estava mais lindo que da última vez que o vi. Algo que nem tem tanto tempo assim. Logo veio a minha mente uma frase que meu pai sempre me falava, também: deixe o destino te surpreender Beatriz, você gostará. Tá aí! Não gostei nadinha dessa surpresa… Foi uma surpresa miserável, destino filho de uma… Freio meus pensamentos antes que eu pensasse algo que me arrependeria amargamente. Se palavras tem poder, pensamentos devem ser muito piores. A última coisa que quero é xingar o destino e ele aprontar algo ainda pior para mim. Eu preciso sair daqui agora… Meu Deus, o que faço? Olho para a porta e me decepcionei ao ver que ela já estava fechada. Droga! Ouço alguém limpar a garganta e tomo um susto daqueles. Ninguém pode ouvir seus pensamentos, Ana Beatriz, então se acalme. Respiro fundo e volto a enc