Pela cara de poucos amigos que ela me fitava, eu devo ter falado as palavras em voz alta. Merda! — Nada! — Respondi a contra-gosto. Ela pareceu não querer puxar mais discussão alguma, ficou em silêncio e eu não queria deixar um clima ruim entre nós duas, então me vi dizendo o motivo de minha correria desenfreada. — Vi aquele cara, por isso saí correndo. — Ela me encarou com curiosidade, entortando a boca, certamente cogitando se quer ou não saber toda história. Bicha curiosa e orgulhosa. Pensei reprimindo um sorriso ao vê-la se virar em minha direção e cruzar os braços. — Você fala como se eu soubesse quem é o cara, Beatriz. — Olhei feio em sua direção. — Que cara, Lourdes? — Depois de alguns segundos ela volta a falar. — Ah! Esse cara… — É, esse cara! — Espere só um momento… — Descruzou os braços. — Você saiu correndo feito uma maluca e se escondeu atrás do letreiro, ao ver o estranho gostosão? — Questionou-me se referindo ao letreiro escrito “Salvador”, em frente
— Oxe, Bea, não está vendo que você está errada? — Ouço Lourdes me dizer e paro de comer a minha fatia de pizza. Todos havíamos prontamente tomado banho, as malas e bolsas estavam na porta e para não sairmos de barriga vazias, Lourdes pediu pizza por telefone em uma pizzaria aqui próxima. O clima estava tão gostoso que se eu pudesse, eu eternizaria esse momento. — Em quê estou errada? O Henry Cavill é mais gato que o Ben Affleck. — Prefiro o Ben. — Lourdes volta a opinar com a boca cheia de pizza fazendo a mim e ao Levi rir com a cena. — Você vai sujar toda a sua roupa. — Avisei vendo a cena se desenrolar em minha mente. Foi questão de segundos, assim que falei, o recheio da fatia de pizza escorregou e caiu em seu vestido tubinho de alça, na cor amarela, o melando de catupiry e “ketchup”. Eita! — Que boca em Bea, Deus é mais! — Avisei… — Tarde demais, agora terei que encher de Vanish para essa mancha horrorosa sair. — Agora pronto. Eu sou adivinha é? — Volto a rir
Assim que eu e Levi escovamos os dentes, voltamos para sala e encontramos Lourdes conversando com o motorista que ainda não sabia o nome, pois era Lourdes que estava em contato com ele desde cedo. — Paulo, essa é Beatriz e Levi seu irmão. — Lourdes nos apresenta. Observo a sua cara de safada a me encarar, precisei me segurar para não rir e com um sorriso sincero, estendi a minha mão direita para o rapaz. — Fico feliz em conhecê-los, senhor Paulo. — Apenas me chame por Paulo, por favor. — Aperta minha mão com firmeza. — Afinal, trabalharemos juntos. — É um prazer em conhecê-las… Quero dizer: conhecê-los. — Olha na direção de Levi. — O prazer é todo meu. — Disse Lourdes insinuativa e a minha vontade em rir voltou com tudo, mas dessa vez seria um riso de nervoso e vergonha. — Tão natural quanto a luz de um poste. — Sussurrei, em resposta ela rir descaradamente para mim. Tudo bem que o cara é um gato, um preto de deixar qualquer um babando. Um corpo atlético que a camisa branc
Minha amiga é cachaceira e das boas. Ela é do tipo que bebe todo tipo de bebidas por horas e nem parece. Agora eu? Bom, se eu tomar uma cerveja já fico tonta. — Aff, tá bom, sua misera. — Olho feio para ela. — Oh, desculpa, sem xingamentos na frente de Levi. Como se ele não soubesse o que significa misera. — Sussurrou e eu reviro os olhos. — Tentarei, escute bem essas palavras, Bea, tentarei beber somente às sextas e domingo. — Razoável. — Riu sentindo as lágrimas inundando meus olhos. — Dará tudo certo, amiga, eu sei disso, sinto que as coisas vão melhorar para vocês dois. — Que Deus te ouça, amiga. — Digo e beijo a sua face com carinho ainda a abraçando, Levi se intromete em nosso abraço e nós duas o colocamos no meio. — Sanduíche de Levi. — A voz de Lourdes saiu embargada também. — Tia Lourdes, te amo e sentirei muito a sua falta. — Eu também meu amor, o preto mais lindo e maravilhoso desse mundo. — É, esse sou eu! — Ele brincou e rindo, Lourdes volta a nos beijar. D
— Como é lá dentro, senhor Paulo? — Confortável, belo, luxuoso e ostensivo, Levi. — Seja mais claro, por favor. — Paulo me encarou surpreso. — Ele é pura curiosidade. — Digo e ele sorri. — Na primeira sessão o avião tem um banheiro completo, com ducha e tudo, tem um quarto com uma cama Queen confortável, nunca tomei banho no banheiro, mas é muito chique, cheio de pampa. — Fala com o tom brincalhão arrancando mais risos de nós. — O avião é dividido em 5 partes, Levi. A segunda parte tem uma área de reunião com poltronas confortáveis, a terceira parte tem um espaço com TV e um sofá confortável onde vocês podem descansar, pois, no quarto sempre quem fica é o senhor Edward, quando quer descansar… Tem outra área que é a do café, outro banheiro, contudo, esse é apenas para necessidades urgentes. Uma cozinha completa, tudo que você precisa de eletrodoméstico em uma cozinha, ela tem. Existe outra área do avião que é para reuniões também. Ele nos fita. — Nunca foi usada. — Parece ser
Eu não conseguia formular nenhuma palavra em minha mente, apenas encarava o homem à minha frente usando calça jeans escura e blusa de manga longa puxada até seu cotovelo. Ele estava mais lindo que da última vez que o vi. Algo que nem tem tanto tempo assim. Logo veio a minha mente uma frase que meu pai sempre me falava, também: deixe o destino te surpreender Beatriz, você gostará. Tá aí! Não gostei nadinha dessa surpresa… Foi uma surpresa miserável, destino filho de uma… Freio meus pensamentos antes que eu pensasse algo que me arrependeria amargamente. Se palavras tem poder, pensamentos devem ser muito piores. A última coisa que quero é xingar o destino e ele aprontar algo ainda pior para mim. Eu preciso sair daqui agora… Meu Deus, o que faço? Olho para a porta e me decepcionei ao ver que ela já estava fechada. Droga! Ouço alguém limpar a garganta e tomo um susto daqueles. Ninguém pode ouvir seus pensamentos, Ana Beatriz, então se acalme. Respiro fundo e volto a enc
— Medo de voar? — O senhor Felipe perguntou sentado na poltrona à nossa frente, separado apenas por uma mesa de madeira na cor bege. — Um pouco, meu medo mesmo é de altura, tenho pavor. — Ele rir, mas logo fica sério. — Fique calma, respire fundo, pois o medo só piorará a situação. — Afirmei engolindo seco. — Deixe eu guardar isso para vocês ficarem à vontade. — Disse Márcia ao se aproximar de nós mais uma vez. — Agradeço. — Tiro meu celular e fones de ouvido da mochila e entrego a minha mochila e a de Levi em suas mãos. Ela sorriu e saiu, em seguida, Paulo aparece com quatro garrafas de água em mãos. — Aqui, bebam, vocês devem estar com sede. — Com a mão trêmula peguei a garrafa de suas mãos e sussurrei um agradecimento. Ele senta ao lado do senhor Felipe e afivela o seu sinto também confirmando a sua familiaridade com um avião. Queria ter essa facilidade de me adaptar a todo tipo de ambiente. Nem sempre fui assim, nem sempre tive esse medo de altura. Isso surgiu quand
E não saber explicar o como é o que mais me incomoda, não saber ou entender o porque nos encontramos tantas vezes. Tenho um gosto em saber as respostas das coisas, sou bom nisso! Mas, essa mulher me confunde… Fuck, não consigo nem pensar com clareza perto dela. Minha doce e amada Bella acreditava que certas coisas estão escritas, aquilo que tem que acontecer, nós querendo ou não, acontece, não adianta chorar ou ficar com raiva de tudo e de todos… — “Ou você aceita, ou você aceita, Edw”. — Esse era o seu lema e de certa forma, ela tinha razão… Contudo, eu sempre lhe disse que faço o meu destino! Se algo não está bom? Luto até o fim para conseguir o que quero! Eu não tenho o porque lutar, sei exatamente o que quero e um relacionamento, amor, paixão, ou seja, lá o que for, não está em minha lista de conquista. Que lista de conquista, Edward? Ouço a voz de Bella em minha mente cobrar-me. Se ela estivesse aqui eu diria-lhe: eu já tenho o que quero, não preciso de mais nada!