— O Mercado Modelo foi fundado em 1912, para ser um centro de abastecimento na Cidade Baixa, com localização privilegiada para a Baía de Todos os Santos. — E onde fica essa Baía de todos os Santos? — Foi a vista maravilhosa que os senhores apreciaram lá de cima, senhor Felipe. — Realmente, a vista é muito linda. — Concordei. — Os senhores sabiam… Provavelmente não sabem ainda. — Emendou rápido. — Poucos sabem. — O quê? — Eu e Felipe perguntamos com curiosidade. — No dia 1 de novembro, se comemora o Dia de Todos os Santos na tradição da religião católica. Era costume antigamente nomear todos os acidentes geográficos conforme os santos e dos dias onde os mesmos eram identificados. — Por isso a baía de Todos os Santos tem esse nome? — Felipe indagou olhando os muitos artesanatos a sua frente, acredito que decidindo qual ele deve levar. — Sim, coube à baía, este nome. Na verdade, foi dela que se originou o nome do estado brasileiro. — Mais pensei que o nome do estado
— Escravidão é um assunto muito sério para o dia de lazer que estamos tendo, mas podemos conversar a caminho de volta, se tiver tudo bem para você. — Por mim tudo bem, senhor Felipe. — Como você sabe sobre essas coisas Paulo? Cara, ele parece uma enciclopédia. — Sou baiano, nascido e criado aqui. — Você sabia sobre isso, Edward. — Afirmei. — Fui para Santa Catarina quando tinha 25 anos, conheci a minha esposa e fiquei por lá mesmo. — Mas isso não responde a minha pergunta. Como você sabe sobre as coisas que nos contou? — Sempre gostei de histórias, eu passava o dia lendo, a leitura sempre fez parte da minha vida. A leitura é uma porta que nos conecta ao conhecimento. — Você é um achado, Paulo. — Felipe comentou saindo do carro. — Ele tem razão! __ Concordei. — Agradeço, senhores, é muito importante para mim a opinião dos senhores. Rindo de um comentário que Felipe fez sobre o seu corpo está assado pelo sol, nos encaminhamos para a praia. O banho de mar foi agr
— Senhores, aceitam alguma bebida? — A comissária de voo perguntou assim que adentramos a aeronave e nos acomodamos nos assentos. O jatinho particular pertence às empresas, King, como têm duas aeronaves dispostas ao bel-prazer de todos, peguei essa para minhas viagens particulares e de Felipe , já que as duas me pertenciam. — Quero uma água com gás e um comprimido para dor de cabeça, Márcia, por favor. — Felipe respondeu com a voz cansada, voltando a falar em inglês. — O mesmo para mim, por favor. — Ela afirmou e saiu em direção ao fundo do avião. — Cara, eu estou morto, parece que meu corpo foi mastigado e moído ao mesmo tempo, para completar, cuspido em uma calçada suja. — Diz me fazendo rir pelo drama incutido em sua voz. — Nem me diga. — Início. — Meu corpo todo está quente e exausto. Não faço mais isso! — Avisei suspirando em seguida. — Somos dois! Quando eu insistir, continue dizendo não. — Torno a rir e ele faz o mesmo. — Na próxima a gente se organiza melhor. —
Talvez? A quem quero enganar? Se estivéssemos sozinhos tentaria conseguir outro beijo seu, sem dúvida alguma. Mas ela é sua funcionária, Edward. Minha mente me aconselha. Viro a minha face sentindo raiva de mim mesmo, dou as costas para todos e sai sem dizer nada. — Aonde vai, Edward? — Felipe perguntou, mas optei em não responder. — O que deu nele? — Dessa vez ouço a voz de Paulo perguntar com o tom preocupado, mas eu já estava afastado o suficiente de todos para respirar mais aliviado. Entrei no único quarto disponível que continha apenas uma cama de casal, um criado mudo e uma cadeira, provavelmente para sentar quando estiver levantando voo ou pousando. Sentei-me na cama e respirei fundo. Uma coisa parecia claro para mim. Isso não dará certo! Está muito claro para mim que essa mulher tirará meu resquício de paz. — O que eu faço? — Levantei abruptamente e fico andando de um lado para outro. — O que eu faço, fuck? — Olho para cima inconformado. — Senhores passageiros
Pela cara de poucos amigos que ela me fitava, eu devo ter falado as palavras em voz alta. Merda! — Nada! — Respondi a contra-gosto. Ela pareceu não querer puxar mais discussão alguma, ficou em silêncio e eu não queria deixar um clima ruim entre nós duas, então me vi dizendo o motivo de minha correria desenfreada. — Vi aquele cara, por isso saí correndo. — Ela me encarou com curiosidade, entortando a boca, certamente cogitando se quer ou não saber toda história. Bicha curiosa e orgulhosa. Pensei reprimindo um sorriso ao vê-la se virar em minha direção e cruzar os braços. — Você fala como se eu soubesse quem é o cara, Beatriz. — Olhei feio em sua direção. — Que cara, Lourdes? — Depois de alguns segundos ela volta a falar. — Ah! Esse cara… — É, esse cara! — Espere só um momento… — Descruzou os braços. — Você saiu correndo feito uma maluca e se escondeu atrás do letreiro, ao ver o estranho gostosão? — Questionou-me se referindo ao letreiro escrito “Salvador”, em frente
— Oxe, Bea, não está vendo que você está errada? — Ouço Lourdes me dizer e paro de comer a minha fatia de pizza. Todos havíamos prontamente tomado banho, as malas e bolsas estavam na porta e para não sairmos de barriga vazias, Lourdes pediu pizza por telefone em uma pizzaria aqui próxima. O clima estava tão gostoso que se eu pudesse, eu eternizaria esse momento. — Em quê estou errada? O Henry Cavill é mais gato que o Ben Affleck. — Prefiro o Ben. — Lourdes volta a opinar com a boca cheia de pizza fazendo a mim e ao Levi rir com a cena. — Você vai sujar toda a sua roupa. — Avisei vendo a cena se desenrolar em minha mente. Foi questão de segundos, assim que falei, o recheio da fatia de pizza escorregou e caiu em seu vestido tubinho de alça, na cor amarela, o melando de catupiry e “ketchup”. Eita! — Que boca em Bea, Deus é mais! — Avisei… — Tarde demais, agora terei que encher de Vanish para essa mancha horrorosa sair. — Agora pronto. Eu sou adivinha é? — Volto a rir
Assim que eu e Levi escovamos os dentes, voltamos para sala e encontramos Lourdes conversando com o motorista que ainda não sabia o nome, pois era Lourdes que estava em contato com ele desde cedo. — Paulo, essa é Beatriz e Levi seu irmão. — Lourdes nos apresenta. Observo a sua cara de safada a me encarar, precisei me segurar para não rir e com um sorriso sincero, estendi a minha mão direita para o rapaz. — Fico feliz em conhecê-los, senhor Paulo. — Apenas me chame por Paulo, por favor. — Aperta minha mão com firmeza. — Afinal, trabalharemos juntos. — É um prazer em conhecê-las… Quero dizer: conhecê-los. — Olha na direção de Levi. — O prazer é todo meu. — Disse Lourdes insinuativa e a minha vontade em rir voltou com tudo, mas dessa vez seria um riso de nervoso e vergonha. — Tão natural quanto a luz de um poste. — Sussurrei, em resposta ela rir descaradamente para mim. Tudo bem que o cara é um gato, um preto de deixar qualquer um babando. Um corpo atlético que a camisa branc
Minha amiga é cachaceira e das boas. Ela é do tipo que bebe todo tipo de bebidas por horas e nem parece. Agora eu? Bom, se eu tomar uma cerveja já fico tonta. — Aff, tá bom, sua misera. — Olho feio para ela. — Oh, desculpa, sem xingamentos na frente de Levi. Como se ele não soubesse o que significa misera. — Sussurrou e eu reviro os olhos. — Tentarei, escute bem essas palavras, Bea, tentarei beber somente às sextas e domingo. — Razoável. — Riu sentindo as lágrimas inundando meus olhos. — Dará tudo certo, amiga, eu sei disso, sinto que as coisas vão melhorar para vocês dois. — Que Deus te ouça, amiga. — Digo e beijo a sua face com carinho ainda a abraçando, Levi se intromete em nosso abraço e nós duas o colocamos no meio. — Sanduíche de Levi. — A voz de Lourdes saiu embargada também. — Tia Lourdes, te amo e sentirei muito a sua falta. — Eu também meu amor, o preto mais lindo e maravilhoso desse mundo. — É, esse sou eu! — Ele brincou e rindo, Lourdes volta a nos beijar. D