Ava Brown ✓ Não foi fácil chegar ao novo apartamento. Mesmo sendo noite e já passando das 19h, o trânsito de Nova York, misturado à chuva inesperada que resolveu cair de última hora, tornou a cidade um verdadeiro inferno. Eu já estava impaciente no trânsito. Não apenas eu. Luna e Nébula, minhas cadelas, estavam atentas a cada som ao nosso redor. Um maldito engarrafamento havia se formado devido a um acidente no começo da via.Enquanto o trânsito parecia uma parede sólida à nossa frente, ouvi meu celular tocar. Aproveitei que estávamos totalmente parados e peguei o aparelho, vendo o número de Benjamin estampado na tela. Me amaldiçoei internamente por deixar escapar um sorriso bobo em meio àquela confusão. Um sorriso que eu sabia ser inevitável toda vez que ouvia a voz dele.— Senhor Cooper, a que devo a honra? — brinquei ao atender o telefone.— Senhorita Brown, estou ligando para avisar que irei me atrasar para nosso compromisso. Infelizmente, acabei de sair da empresa após uma reuni
Benjamin Cooper ✓ Observo Ava deitada em meu peito, dormindo com uma serenidade que me desconcerta. Não há traços de pesadelos, nem sombras de preocupações. Apenas um silêncio tranquilo que a envolve, como se o peso do mundo finalmente tivesse lhe dado uma trégua. Seus cabelos estão espalhados pelo lençol como se fossem pinceladas de uma obra de arte, e seu corpo se molda ao meu de uma maneira tão natural que seria impossível descrever com palavras.Esse jogo que estamos jogando foi longe demais. Longe demais para qualquer retorno, longe demais para tentar colocar um ponto final. E, sinceramente, mesmo que pudesse, eu não colocaria. Nunca esteve nos meus planos abrir mão de quem sou por outra pessoa. Antes dela, minha vida era sólida, segura, calculada. Eu tinha o mundo aos meus pés. Qualquer mulher que eu desejasse poderia ser minha, mas aí está o detalhe: eu não quero nenhuma outra.Ava se infiltrou na minha vida como um furacão, desarrumando tudo, virando meu universo de ponta-cab
Ava Brown √ — Você sabe, garota, nosso convidado estava ansioso. Eu jamais negaria algo a um convidado especial, ainda mais alguém como Edward Alencar. — As palavras de Donovan pingam sarcasmo, e um sorriso malicioso se forma em meus lábios. Ele sempre soube como tornar uma situação horrível em um espetáculo cínico.— Vamos começar então. Afinal de contas, esperei oito longos anos para retribuir o cuidado que meu querido tio teve comigo. — Minha voz é doce como veneno, acompanhada de um sorriso que não chega aos olhos. — A propósito, onde está Robertson? Não me diga que o esqueceram... Eu realmente estava contando com a presença dele em nossa pequena reunião. — Faço um biquinho de desapontamento, sabendo exatamente como isso incomoda os homens ao meu redor.O sorriso cruel de Donovan se alarga, como se estivéssemos compartilhando uma piada interna.— Não se preocupe, garota, esse está guardado especialmente para você. — Ele responde com calma, inclinando a cabeça levemente. — Sigam-m
Ava Brown ✓ — Não, não, não, ainda não se entregue à dor, titio. — Minha voz é carregada de sarcasmo, cada palavra cortando como uma lâmina. — Isso é apenas o começo. Temos muito o que brincar ainda. Meu sorriso diabólico se alarga enquanto observo Edward, pendurado e ofegante, tentando manter a compostura, mas falhando miseravelmente. Sua expressão de ódio é mascarada pela agonia, e isso só me diverte mais. Desvio meu olhar para Robertson, que agora tremia como uma folha ao vento. Ele não tentava esconder seu medo, seus olhos arregalados e a respiração acelerada entregavam tudo. Robertson sabia que seria o próximo, e a antecipação fazia cada segundo parecer uma eternidade. — Doutor, você não deveria ficar tão nervoso, sabe que isso pode fazer mal para a saúde. — digo, voltando a caminhar com a barra de metal nas mãos, arrastando-a pelo chão de concreto. — Você deveria estar agradecendo, sabe? Afinal, eu fiz questão de salvar o melhor para você. E não, não se preocupe. Diferen
Ava Brown ✓ A brutalidade era quase poética, uma dança sombria entre justiça e vingança. Eu observava atentamente enquanto aquilo que um dia já foi meu querido tio se contorcia no chão, o sangue empoçando ao redor de seu corpo mutilado. A poça vermelha refletia o brilho das lâmpadas acima, transformando o cenário em algo que mais parecia saído de um pesadelo. Sua arrogância, outrora tão inflada, agora era apenas uma memória distante. E em seus olhos, o pavor havia tomado completamente o lugar da raiva e da altivez. Ele sabia. Edward sabia que o fim havia chegado, e que ele mesmo havia assinado a sentença anos atrás.Ninguém era responsável pelo que estava acontecendo a ele, ninguém além dele mesmo.Horas haviam se passado desde que começamos o que eu chamaria de “julgamento”. Edward estava exaurido, seu corpo praticamente destruído, mas ainda respirava. Isso, para mim, era motivo de celebração. Quanto mais ele resistia, mais tempo tínhamos para saborear cada momento. Cada grito. Cada
Ava Brown ✓ Paz.Essa era a sensação que me dominou ao cruzar a porta do meu apartamento. Era quase surreal, como se uma névoa densa que me acompanhava há anos finalmente tivesse se dissipado. Respirei fundo, permitindo que o aroma suave do meu lar inundasse meus sentidos.Com um movimento lento e deliberado, comecei a me livrar das roupas. Estavam manchadas de sangue, vestígios de uma batalha que finalmente havia chegado ao seu desfecho. Deixei-as no chão, próximas à porta, junto com os saltos altos que agora pareciam pesados demais. Amanhã, tudo seria incinerado. Hoje, o que eu precisava era de algo mais essencial: purificação.O banho seria meu ritual de renascimento.Benjamin me deixou em frente ao edifício antes de seguir para o pet shop com Luna e Nébula. Ele insistiu em levá-las, poupando-me do trabalho. Não reclamei. Na verdade, fiquei grata. O cheiro de fumaça e sangue impregnado nelas era insuportável, mesmo que elas não tivessem se aproximado de Robertson ou Edward. Jamais
Ava Brown ✓ Os raios de sol invadiram o quarto de uma forma teimosa, quase provocadora. O detalhe é que eu tinha certeza de que havia fechado as cortinas antes de dormir, então, como isso era possível? Era como se o universo estivesse conspirando para me tirar da cama. Não me julguem, mas a última coisa que eu queria fazer naquele momento era levantar. A sensação do colchão macio e do cobertor aconchegante era quase um abraço, e eu não estava disposta a quebrar esse encanto.Fazia muito tempo que eu não dormia tão bem. A noite anterior havia sido uma mistura de caos e diversão. Entre os acontecimentos mais marcantes estavam Luna e Nébula destruindo a sala e roubando nosso jantar, Benjamin e eu rindo tanto que mal conseguíamos respirar, e, claro, as horas extras gastas para restaurar a ordem. Isso incluiu dar banho nas duas terroristas de quatro patas, porque o cloro da piscina poderia fazer mal para a pele delas. Ah, e arrumar o banheiro depois disso foi uma missão à parte, já que el
Ava Brown ✓ De tantas idas e vindas na minha vida, aprendi uma coisa: não confio mais em nada nem em ninguém. Para mim, o destino é um palhaço amargurado que adora tirar sarro da humanidade, e quando o diabo não aparece pessoalmente, ele manda o secretário. Talvez hoje o chefe estivesse ocupado, porque, sinceramente, Savannah parada na minha porta tinha a assinatura do inferno por todos os lados.Meu dia já estava um caos — cortesia de Luna e Nébula —, mas, paradoxalmente, até aquele momento, era o mais pacífico que tive em semanas. Claro que isso não duraria. Paz na minha vida é como Wi-Fi em hotel barato: instável e raramente confiável.Agora, lá estava minha adorável genitora no centro da minha sala, com sua pose teatral e olhar atônito. Mas o que realmente roubava a cena era Benjamin, sem camisa, segurando uma vassoura como se fosse um microfone, congelado no meio de uma performance de Bon Jovi. Ele parecia um adolescente pego em flagrante por uma mãe severa.Seja lá o que Savann