Ava Brown ✓ Os primeiros raios de sol invadem o quarto, anunciando a chegada de mais um dia. Viro-me na cama, encarando o relógio digital no criado-mudo: 05h10. Mais uma noite perdida, mais uma batalha contra a insônia que, ultimamente, parece ser minha maior companhia.Solto um suspiro e encaro o teto. Sinceramente, o autor da minha vida deve estar entediado ou sádico. Não é possível que alguém seja mais azarada do que eu. Custava me dar problemas simples, daqueles que você resolve com uma conversa, um clique ou, sei lá, uma aspirina? Claro que custava. Minha vida, aparentemente, é o roteiro de um filme de ação de baixo orçamento, onde drama e caos são distribuídos sem moderação.Respiro fundo. O dia será longo, mas isso não é novidade. A empresa precisa de mim, como sempre. Bryan ainda me espera para aquela conversa sobre ontem. Não que eu esteja ansiosa para isso – ele tem o dom de transformar qualquer diálogo numa briga disfarçada. Mas o fato é que, se eu não tivesse dirigido com
AVA BROWN ✓ Eu não sabia se essa deveria ser minha primeira parada antes de ir para a empresa. A penitenciária estadual feminina se erguia à minha frente, austera e opressora, como um lembrete sombrio de que verdades dolorosas raramente vêm de lugares acolhedores. Engoli em seco. Não queria estar ali, mas minha busca incessante por respostas me empurrou para aquele lugar.Tentei me convencer, mais uma vez, de que isso não era problema meu. Não tinha nada a ver com Kira ou com as mentiras de Nicole. Nada a ver com o passado que ela escondia ou com as consequências de suas escolhas. Repeti isso a mim mesma tantas vezes que quase acreditei. Mas, na verdade, não era bem assim.Kira.Suspirei ao pensar nela, aquele pequeno goblin travesso que, de alguma forma, conquistou um espaço especial na minha vida. Não era como se eu a visse como uma filha — nunca me vi nesse papel. Não tenho jeito para ser mãe, e provavelmente nunca terei. Mas tia... Bem, tia parecia se encaixar. Era assim que ela
Ava Brown ✓Nem se eu quisesse, saberia descrever a sensação que me tomou assim que deixei a penitenciária. Era algo desconfortável, quase sufocante, como se um peso invisível se instalasse no meu peito. Eu sabia que Benjamin estava certo. Não deveria ter ido àquele lugar. Ainda assim, algo em mim insistia em buscar respostas, mesmo que elas viessem carregadas de mais dúvidas do que certezas.A manhã se arrastou de forma quase cruel. Passei quase duas horas naquele lugar, entre silêncios constrangedores e revelações inesperadas. O que posso dizer com certeza é que não me convenci das palavras daquela mulher. Nada parecia suficientemente sólido ou verdadeiro.Houve momentos em que senti um resquício de compaixão surgir dentro de mim, mas foi rapidamente sufocado. As coisas estavam mal explicadas, fragmentadas demais para que eu pudesse simplesmente acreditar. A história contada por Natali — ou Nicolle, ou seja lá qual nome ela quisesse usar — não foi o suficiente para me convencer. Pal
Ava Brown ✓A sensação que tomou conta de mim naquele momento era esmagadora. Meu corpo parecia pesar toneladas, como se cada músculo estivesse enrijecido e meu coração batendo descompassado. O ar se tornava denso, difícil de respirar, e a pressão em meu peito era insuportável. Aquilo não estava nos meus planos. Tornar real o que começara como uma farsa? Não, não era possível que Bryan quisesse isso. Não agora. Não quando eu estava desesperada para encerrar tudo.Os olhos dele me atravessavam com uma intensidade tão dolorosa que sentia como se estivesse nua, exposta à sua vontade. Céus, eu o destruiria por dentro se confessasse a verdade. Mas se eu mentisse... se eu mentisse, estaria destruindo a mim mesma aos poucos. Era como estar presa entre uma escolha impossível, entre a cruz e a espada. Uma decisão que não oferecia vitória.A voz de Athena ecoou em minha mente, como se ela estivesse ali ao meu lado:"Acredite em mim, Ava. É como estar entre a cruz e a espada, e chegará uma hora
Benjamin Cooper ✓ BenjaminO cheiro metálico de sangue impregnava o ar. Era pesado, quase sufocante, mas eu não me deixava abalar. A sala, iluminada por lâmpadas fluorescentes, tinha paredes de concreto cru, marcadas por manchas escuras cujo significado era óbvio. O silêncio era quebrado apenas pelo som do gotejar de um cano no canto da sala e pelo estalar ocasional dos nós dos meus dedos.Donovan estava parado ao meu lado, tranquilo como sempre, o tipo de calma que fazia minha pele arrepiar. Ele era o oposto do caos que esta sala representava, vestindo um terno impecável, como se estivesse em uma reunião de negócios e não em um lugar onde a moralidade era deixada do lado de fora.— Ele vai falar. — Donovan disse, sem olhar para mim, enquanto organizava meticulosamente uma bandeja de ferramentas que pareciam mais apropriadas para um açougue do que para uma sala de interrogatório.Minha mandíbula se contraiu, o peso de tudo isso pressionando contra o meu peito. Eu não era estranho a e
Benjamin Cooper ✓ Volto para a sala onde o interrogatório deveria estar acontecendo, mas a cena que encontro é outra. Donovan está sentado em uma cadeira no canto, calmamente limpando a lâmina de sua faca, enquanto o corpo do nosso "convidado" jazia morto na cadeira. O corte profundo na garganta explicava tudo.— Achei que o intuito fosse mantê-lo vivo para obtermos informações. — digo com calma, retirando um charuto do bolso e acendendo. Não costumo fumar, mas talvez o cheiro da fumaça ajudasse a dissipar o odor metálico de sangue que impregnava o ambiente.Donovan levanta os olhos para mim, mas não interrompe sua tarefa meticulosa.— Consegui algumas informações interessantes. — responde, com a mesma tranquilidade. — Um endereço, o nome de quem o contratou, quanto ele recebeu e, por fim, quem deu a ordem.Dou um trago no charuto, observando o corpo sem vida na cadeira.— Muita coisa para alguém que, segundo você, não queria colaborar.Donovan sorri de canto, seus movimentos permane
"Na busca pelo paraíso nos olhos de um anjo, a condenação de minha alma se tornou um preço justo a pagar."Narradora √O sol já começava a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, criando uma atmosfera mágica sobre os vastos terrenos da Mansão Cooper. As árvores centenárias balançavam suavemente com a brisa do entardecer, enquanto flores de diversas cores adornavam o caminho que levava ao altar. O som das folhas se misturava ao murmúrio dos convidados, todos em expectativa pelo início da cerimônia.Ava Brown, de pé ao lado de Bryan Cooper, sentia o olhar curioso e avaliador dos presentes. Ela estava deslumbrante em um vestido de renda delicada, que abraçava suas curvas e destacava a tatuagem de fênix em seu ombro. Seus olhos, agora mais escuros graças à mudança de cor do cabelo, estavam fixos no padre, que se preparava para começar o discurso.— Estamos aqui reunidos para celebrar a união de Bryan e Ava — começou o padre, sua voz ecoando suavemente pelo jardim. — Em meio a e
Ava Bronw √ Jogo-me na enorme cama queen, extremamente macia, e sinto meu corpo relaxar em meio aos lençóis caros, mesmo com o tecido pesado e incômodo do vestido. — Até que enfim. — digo, aliviada, por todo aquele teatro ter acabado. Não via a hora de parar de sorrir como uma boba apaixonada. E desde quando tenho tantos parentes? Talvez noventa por cento das pessoas que estavam na festa de casamento, para não dizer todas, eram desconhecidas para mim. Com exceção de meus pais e Catherine, minha prima/irmã, as outras pessoas foram convidadas apenas para fazer volume. Ouço batidas na porta do meu quarto, que logo é aberta, revelando Bryan, que traz consigo duas taças e uma garrafa de espumante. Ele me entrega uma taça, enchendo-a até a borda, e faz o mesmo com a que segurava. — Um brinde, por conseguirmos sustentar essa farsa e aturar tanta gente chata ao mesmo tempo. — diz ele com sarcasmo, deixando a taça de lado e bebendo diretamente do gargalo da garrafa. Se eu pudesse d