Ava Brown ✓ — O que está fazendo? — Bryan perguntou, a confusão em sua voz agora tingida de preocupação. — Esse não é o caminho para a mansão!Não me dei ao trabalho de responder. Pisando fundo no acelerador, cortei entre os carros, passando tão perto que quase ouvi a lataria rangendo. Meu foco estava na frente, mas podia sentir o olhar de Bryan queimando em mim.— Ava, o que diabos está acontecendo?— Segure-se, Bryan! — gritei, furando um sinal vermelho sem hesitar. Os gritos de motoristas e o som estridente de buzinas me fizeram apertar ainda mais o volante.O carro atrás de nós não desistia. Ele se aproximava a cada segundo, ignorando as regras de trânsito como eu.— Droga, droga, droga! — murmurei, fazendo uma curva fechada em alta velocidade. Bryan agarrou o painel, tentando se estabilizar enquanto o carro derrapava levemente.— Ava, você vai nos matar!— Melhor isso do que nos pegar vivos.Minha mente trabalhava freneticamente. Não podia voltar para casa. Não podia arriscar a
Bryan Cooper ✓ Ela simplesmente me deixou aqui, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivéssemos quase morrido há menos de uma hora por causa de uma das loucuras dela.O quarto parecia apertado, sufocante. O ar estava pesado, ou talvez fosse a minha raiva que crescia com cada minuto que passava. Meu corpo ainda doía, cada passo que eu dava parecia arrancar algo de mim, mas a dor física não era nada comparada ao que fervia dentro da minha cabeça.Caminhei até a parede e desferi um soco nela, ignorando a pontada no ombro e no lado esquerdo do meu corpo. A pancada reverberou no quarto, mas não foi suficiente para aliviar a tensão.— Porra, Ava! — rosnei, a voz ecoando no espaço vazio.Era inacreditável. Ela dirigiu como uma maníaca pelas ruas de Nova York, nos colocou em perigo, e agora simplesmente desapareceu, como se eu não tivesse o direito de saber o que diabos está acontecendo. Ela age como se o mundo girasse ao redor dela, como se nada mais importasse.Passei as mãos pelos
Benjamin Cooper ✓ Eu a observo enquanto ela tenta processar minhas palavras. Ava Brown é um paradoxo ambulante. Forte, decidida, mas com rachaduras tão evidentes que só alguém muito cego não as enxergaria. Ela acha que pode carregar o mundo nos ombros, mas o peso está começando a esmagá-la, mesmo que ela finja não sentir.E Deus, como eu a desejo.Ava não é o tipo de mulher que desperta desejos comuns. Ela é um furacão que atravessa sua vida e leva tudo embora, mas deixa algo no lugar: uma obsessão impossível de ignorar. O jeito que ela caminha, com a cabeça erguida como se desafiasse o universo a derrubá-la; o brilho nos olhos que parece dizer que ela está a um passo de destruir ou se salvar, dependendo do momento. Ava é uma força destrutiva, e eu sou o idiota que se jogou no meio da tempestade.Eu não sei em que momento exato passei a vê-la como mais do que um compromisso que eu precisava manter. Talvez tenha sido naquela noite, quando voltei com ela do teatro e percebi que havia a
Ava Brown ✓ Os primeiros raios de sol invadem o quarto, anunciando a chegada de mais um dia. Viro-me na cama, encarando o relógio digital no criado-mudo: 05h10. Mais uma noite perdida, mais uma batalha contra a insônia que, ultimamente, parece ser minha maior companhia.Solto um suspiro e encaro o teto. Sinceramente, o autor da minha vida deve estar entediado ou sádico. Não é possível que alguém seja mais azarada do que eu. Custava me dar problemas simples, daqueles que você resolve com uma conversa, um clique ou, sei lá, uma aspirina? Claro que custava. Minha vida, aparentemente, é o roteiro de um filme de ação de baixo orçamento, onde drama e caos são distribuídos sem moderação.Respiro fundo. O dia será longo, mas isso não é novidade. A empresa precisa de mim, como sempre. Bryan ainda me espera para aquela conversa sobre ontem. Não que eu esteja ansiosa para isso – ele tem o dom de transformar qualquer diálogo numa briga disfarçada. Mas o fato é que, se eu não tivesse dirigido com
AVA BROWN ✓ Eu não sabia se essa deveria ser minha primeira parada antes de ir para a empresa. A penitenciária estadual feminina se erguia à minha frente, austera e opressora, como um lembrete sombrio de que verdades dolorosas raramente vêm de lugares acolhedores. Engoli em seco. Não queria estar ali, mas minha busca incessante por respostas me empurrou para aquele lugar.Tentei me convencer, mais uma vez, de que isso não era problema meu. Não tinha nada a ver com Kira ou com as mentiras de Nicole. Nada a ver com o passado que ela escondia ou com as consequências de suas escolhas. Repeti isso a mim mesma tantas vezes que quase acreditei. Mas, na verdade, não era bem assim.Kira.Suspirei ao pensar nela, aquele pequeno goblin travesso que, de alguma forma, conquistou um espaço especial na minha vida. Não era como se eu a visse como uma filha — nunca me vi nesse papel. Não tenho jeito para ser mãe, e provavelmente nunca terei. Mas tia... Bem, tia parecia se encaixar. Era assim que ela
Ava Brown ✓Nem se eu quisesse, saberia descrever a sensação que me tomou assim que deixei a penitenciária. Era algo desconfortável, quase sufocante, como se um peso invisível se instalasse no meu peito. Eu sabia que Benjamin estava certo. Não deveria ter ido àquele lugar. Ainda assim, algo em mim insistia em buscar respostas, mesmo que elas viessem carregadas de mais dúvidas do que certezas.A manhã se arrastou de forma quase cruel. Passei quase duas horas naquele lugar, entre silêncios constrangedores e revelações inesperadas. O que posso dizer com certeza é que não me convenci das palavras daquela mulher. Nada parecia suficientemente sólido ou verdadeiro.Houve momentos em que senti um resquício de compaixão surgir dentro de mim, mas foi rapidamente sufocado. As coisas estavam mal explicadas, fragmentadas demais para que eu pudesse simplesmente acreditar. A história contada por Natali — ou Nicolle, ou seja lá qual nome ela quisesse usar — não foi o suficiente para me convencer. Pal
Ava Brown ✓A sensação que tomou conta de mim naquele momento era esmagadora. Meu corpo parecia pesar toneladas, como se cada músculo estivesse enrijecido e meu coração batendo descompassado. O ar se tornava denso, difícil de respirar, e a pressão em meu peito era insuportável. Aquilo não estava nos meus planos. Tornar real o que começara como uma farsa? Não, não era possível que Bryan quisesse isso. Não agora. Não quando eu estava desesperada para encerrar tudo.Os olhos dele me atravessavam com uma intensidade tão dolorosa que sentia como se estivesse nua, exposta à sua vontade. Céus, eu o destruiria por dentro se confessasse a verdade. Mas se eu mentisse... se eu mentisse, estaria destruindo a mim mesma aos poucos. Era como estar presa entre uma escolha impossível, entre a cruz e a espada. Uma decisão que não oferecia vitória.A voz de Athena ecoou em minha mente, como se ela estivesse ali ao meu lado:"Acredite em mim, Ava. É como estar entre a cruz e a espada, e chegará uma hora
Benjamin Cooper ✓ BenjaminO cheiro metálico de sangue impregnava o ar. Era pesado, quase sufocante, mas eu não me deixava abalar. A sala, iluminada por lâmpadas fluorescentes, tinha paredes de concreto cru, marcadas por manchas escuras cujo significado era óbvio. O silêncio era quebrado apenas pelo som do gotejar de um cano no canto da sala e pelo estalar ocasional dos nós dos meus dedos.Donovan estava parado ao meu lado, tranquilo como sempre, o tipo de calma que fazia minha pele arrepiar. Ele era o oposto do caos que esta sala representava, vestindo um terno impecável, como se estivesse em uma reunião de negócios e não em um lugar onde a moralidade era deixada do lado de fora.— Ele vai falar. — Donovan disse, sem olhar para mim, enquanto organizava meticulosamente uma bandeja de ferramentas que pareciam mais apropriadas para um açougue do que para uma sala de interrogatório.Minha mandíbula se contraiu, o peso de tudo isso pressionando contra o meu peito. Eu não era estranho a e