AVA BROWN ✓ Uma semana havia se passado desde minha conversa com Athena naquela noite, e seria uma mentira dizer que suas palavras não estavam ecoando em minha mente todos os dias, como um mantra que me negava a entoar.Terminei meu banho, passei meus cremes e penteei meus cabelos, deixando as ondas caírem soltas por meus ombros. Saí do banheiro e lá estava ele, Benjamim, sentado em minha cama, observando silenciosamente toda minha rotina matinal, como se estivesse contemplando uma obra de arte.Ele me observava sem dizer uma palavra, e eu podia sentir a presença dele, inquestionável, como se ele fosse parte do cenário. Outra vez havíamos dormido juntos, outra vez ele explorou cada canto do meu corpo com seus dedos, me fazendo me sentir a mulher mais desejada do mundo. Outra vez acordei em seus braços, tomei café na cama, e, mais uma vez, nenhuma palavra foi dita entre nós.Os dias que se seguiram foram estranhamente confusos. Não sei o que foi dito entre ele e Bryan naquela conversa
Benjamin Cooper ✓ Me afasto de Bryan após aquele abraço desajeitado, sentindo o peso dos últimos dias começar a se dissipar. O clima no quarto parecia mais leve, mas o silêncio que se seguiu ainda carregava uma tensão sutil. Alguns momentos passaram antes que ele resolvesse quebrá-lo. — Pai. — Sua voz soou calma, mas com um toque de hesitação. — Quanto tempo estou assim? — perguntou, a curiosidade se misturando à melancolia. — Os médicos não me dizem nada, e Ava... Bem, ela não foi muito clara. Respirei fundo, escolhendo as palavras com cuidado. Não queria sobrecarregá-lo logo agora que estava começando a se recuperar. — Fazem quase quarenta dias. — Minha voz saiu baixa, mas firme. — Você foi atropelado no centro da cidade. Trouxeram você para cá às pressas, e foi um milagre que tenha sobrevivido... — Pausei, observando sua reação antes de continuar. — Teve algumas paradas cardíacas. Houve momentos em que... — Engoli em seco. — Houve momentos em que achamos que você não resist
Ava Brown √O som das minhas botas ecoa contra o piso de mármore rachado enquanto atravesso o saguão do prédio. O lugar está deserto, tomado pelo cheiro de mofo e abandono. A tensão no ar é palpável, como se as paredes carregassem os resquícios da presença de Edward. Ele sempre teve essa habilidade de impregnar os espaços com sua essência, mesmo quando estava longe.Nébula e Luna caminham ao meu lado, suas orelhas atentas a cada som ao redor. Elas são minha linha de defesa silenciosa, sempre alertas, sempre prontas. Uma leve brisa invade o ambiente pela porta de vidro quebrada, fazendo as sombras dançarem nos cantos escuros do saguão. Meu coração acelera, mas eu não posso vacilar.Subo os degraus que levam ao segundo andar, onde o apartamento de Edward ficava. O ar parece mais pesado conforme me aproximo, como se o próprio prédio estivesse tentando me alertar para dar meia-volta. Mas eu não sou do tipo que recua, não quando há respostas à minha espera.Quando chego à porta do apartame
Ava Brown ✓ Fazia algumas horas desde que deixei a garota sob os cuidados de Athena, que me garantiu fazer o possível para descobrir mais sobre o paradeiro dela. A situação já estava fora do meu controle, e confiar em Athena parecia a melhor decisão. Com isso em mente, decidi passar algum tempo com Bryan enquanto aguardava notícias.Eu não tinha passado tanto tempo com ele quanto gostaria. A semana havia sido uma sucessão de compromissos que mal me permitiram visitá-lo sem pressa. Entrei em seu quarto, onde Bryan estava deitado, os olhos fixos na televisão que transmitia algum programa aleatório.— Como você está se sentindo? — perguntei ao me sentar na poltrona ao lado de sua cama.— Entediado. — Ele respondeu com um tom brincalhão, me arrancando uma risada.— Só mais um pouco, você sabe... Os médicos precisam...— Saber se estou bem para me liberar, sim, eu sei. — Ele bufou e fez uma breve careta. — O que te traz aqui? Achei que só viesse à noite.— Precisei resolver algumas coisas
Ava Brown √E mais uma vez, lá estava ele. Sereno, sentado à beira da minha cama, os olhos atentos acompanhando cada um dos meus movimentos enquanto eu seguia com minha rotina noturna. Não era a primeira vez que Benjamin fazia isso, mas ainda assim, sua presença silenciosa me desconcertava.GgPouco tempo antes, eu havia chegado com Kira e Lara, a filha mais nova de Helena. Tivemos uma típica “noite das garotas”: fomos ao shopping, tomamos sorvetes, fizemos compras e assistimos ao filme Moana. A sessão terminou por volta das 21h30, e, depois de deixar Lara em casa, Kira insistiu para que parássemos em uma lojinha de bairro ainda aberta.— Você esqueceu de comprar chocolates no shopping, tia! — ela argumentou, com seu jeitinho irresistível.Eu sabia que, se deixássemos para comprá-los na manhã seguinte, ela provavelmente ficaria acordada a noite toda, ansiosa. Então, compramos seus preciosos doces antes de finalmente voltarmos para casa.Ao chegarmos, Kira foi direto para o quarto, car
Ava Brown ✓ — O que está fazendo? — Bryan perguntou, a confusão em sua voz agora tingida de preocupação. — Esse não é o caminho para a mansão!Não me dei ao trabalho de responder. Pisando fundo no acelerador, cortei entre os carros, passando tão perto que quase ouvi a lataria rangendo. Meu foco estava na frente, mas podia sentir o olhar de Bryan queimando em mim.— Ava, o que diabos está acontecendo?— Segure-se, Bryan! — gritei, furando um sinal vermelho sem hesitar. Os gritos de motoristas e o som estridente de buzinas me fizeram apertar ainda mais o volante.O carro atrás de nós não desistia. Ele se aproximava a cada segundo, ignorando as regras de trânsito como eu.— Droga, droga, droga! — murmurei, fazendo uma curva fechada em alta velocidade. Bryan agarrou o painel, tentando se estabilizar enquanto o carro derrapava levemente.— Ava, você vai nos matar!— Melhor isso do que nos pegar vivos.Minha mente trabalhava freneticamente. Não podia voltar para casa. Não podia arriscar a
Bryan Cooper ✓ Ela simplesmente me deixou aqui, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivéssemos quase morrido há menos de uma hora por causa de uma das loucuras dela.O quarto parecia apertado, sufocante. O ar estava pesado, ou talvez fosse a minha raiva que crescia com cada minuto que passava. Meu corpo ainda doía, cada passo que eu dava parecia arrancar algo de mim, mas a dor física não era nada comparada ao que fervia dentro da minha cabeça.Caminhei até a parede e desferi um soco nela, ignorando a pontada no ombro e no lado esquerdo do meu corpo. A pancada reverberou no quarto, mas não foi suficiente para aliviar a tensão.— Porra, Ava! — rosnei, a voz ecoando no espaço vazio.Era inacreditável. Ela dirigiu como uma maníaca pelas ruas de Nova York, nos colocou em perigo, e agora simplesmente desapareceu, como se eu não tivesse o direito de saber o que diabos está acontecendo. Ela age como se o mundo girasse ao redor dela, como se nada mais importasse.Passei as mãos pelos
Benjamin Cooper ✓ Eu a observo enquanto ela tenta processar minhas palavras. Ava Brown é um paradoxo ambulante. Forte, decidida, mas com rachaduras tão evidentes que só alguém muito cego não as enxergaria. Ela acha que pode carregar o mundo nos ombros, mas o peso está começando a esmagá-la, mesmo que ela finja não sentir.E Deus, como eu a desejo.Ava não é o tipo de mulher que desperta desejos comuns. Ela é um furacão que atravessa sua vida e leva tudo embora, mas deixa algo no lugar: uma obsessão impossível de ignorar. O jeito que ela caminha, com a cabeça erguida como se desafiasse o universo a derrubá-la; o brilho nos olhos que parece dizer que ela está a um passo de destruir ou se salvar, dependendo do momento. Ava é uma força destrutiva, e eu sou o idiota que se jogou no meio da tempestade.Eu não sei em que momento exato passei a vê-la como mais do que um compromisso que eu precisava manter. Talvez tenha sido naquela noite, quando voltei com ela do teatro e percebi que havia a