CAPÍTULO 5

VICTOR

*

Enquanto estávamos sentados, Luciano perguntou sobre as minhas experiências profissionais, eu tive o prazer de falar sobre todas elas, mas passei o tempo todo analisando disfarçadamente as atitudes silenciosas da Zoe. No meio da conversa, eu perguntei sobre quando surgiu o desejo dela pela medicina, e a sua resposta foi inesperada.

A forma como ela falou sobre o próprio corpo foi sexy, e eu não pude evitar olhar para os seios dela. Eu deixei bem claro que faria ela mudar de opinião ao longo do tempo, mas as minhas palavras tinham um certo excesso de certeza, como se eu já soubesse o que aconteceria ao longo desse tempo.

Eu tinha pressa em começar aquele trabalho, então falei para Luciano que resolveria tudo o que precisava, e poderia iniciar no dia seguinte, mas as minhas reais intenções era mostrar na prática, todas as partes do corpo humano para Zoe.

Antes de ir embora, falei com ela, e ao ouvi-la me chamar de professor, fez o meu corpo inteiro vibrar, como se eu pudesse sentir a energia que emanava do corpo dela. Eu cheguei a questionar a minha sanidade mental, era de fato loucura pensar nela da forma que eu estava pensando, mas era mais forte do que eu.

Quando saí da propriedade deles, eu fui direto para a universidade em que eu trabalhava para pedir meu desligamento, enquanto eu resolvia tudo, o meu celular não parava de tocar, era a Brenda, e eu não atendi porque já sabia qual era o conteúdo da conversa.

Eu passei tanto tempo ocupado resolvendo tudo, que só fui olhar o relógio na hora de voltar para casa, já eram 16:30, e haviam 22 ligações da Brenda.

— Ela está louca.

Falei enquando dirigia até em casa.

Era a primeira vez que aquilo acontecia, eu nunca havia desejado outra mulher ou traído a Brenda, mas também não me sentia culpado por todos os pensamentos impróprios que tive, o desejo de me separar já existia, e naquele momento ele estava mais forte.

Assim que entrei no nosso apartamento, ela estava no sofá mexendo no celular, eu esperava que ela fosse enlouquecer, ou me questionar o motivo de eu ter passado o dia inteiro fora de casa e sem atender as ligações dela, mas não foi isso o que aconteceu.

— Você conseguiu o trabalho? Quanto vai receber por ele? Vai dar para comprar a minha bolsa?

Eu fiquei uns dez segundos encarando ela, tentando ingerir tudo aquilo de uma só vez, o peso da realidade me atingiu em cheio, como se só faltasse aquilo para eu finalmente tomar coragem pra decidir o nosso destino.

— Responde, Victor? Vai dar ou não para comprar a minha bolsa?

— Eu quero o divórcio.

Eu praticamente vomitei as palavras, enquanto o meu corpo ficava enrijecido pela raiva.

— Você não pode estar falando sério. O que deu em você?

— Você tem o seu emprego, poderá cuidar de si mesma, e seu salário poderá suprir os gastos com esse apartamento, se não der, é so se mudar para um menor, eu vou ficar aqui alguns dias até eu encontrar um outro lugar para eu morar, a não ser que você queira sair desse, a escolha é sua.

— Porque você está fazendo isso? Que decisão é essa tão repentina? Você não me ama mais?

— Não é repentina, Brenda, já tem um tempo que venho pensando nisso.

— Desde quando?

— Desde quando percebi o quanto você é fútil. Você não sabe nada sobre dividir a vida com uma pessoa, você só pensa em si mesma, se juntasse o seu salário com o meu, daria pra ter mantido o outro apartamento, daria pra manter a nossa vida confortável, mas você não podia contribuir com isso, pois o seu dinheiro é todo comprometido com luxos que claramente você não pode bancar, pois se pudesse, não precisaria comprometer o meu dinheiro também pra pagar contas dos cartões que você vive estourando.

— Victor, não é bem assim, a gente pode resolver isso.

— Agora você quer resolver? Depois de ter atrasado a minha vida por três anos?

— É isso o que você pensa sobre o nosso casamento? Um atraso de vida?

Eu me aproximei e fiquei cara a cara com ela, tentando a todo custo controlar o meu tom de voz.

— Se eu tivesse pegado todo o dinheiro que gastei com bolsas, calçados, e coisas caras da qual você não precisava, eu teria comprado uma casa, trocado o carro, feito bons investimentos, e estariamos em condições melhores que essa. Pra mim não importava suas idas ao salão, para se cuidar e continuar linda como sempre foi, desde que o salão não fosse de gente rica, coisa que a gente não é. Não me importaria se você comprasse bolsas e calçados, desde que não fossem do valor de um carro. Você comprometeu todas as chances de avanços que tinhamos com a sua futilidade. Se você tivesse sido um pouquinho mais compreensiva, e tivesse sido uma parceira de verdade, nós chegaríamos nesse patamar, e no futuro teríamos dinheiro para comprar quantas bolsas e calçados caros que você quisesse ter. Mas isso não importa mais, pois eu vou sair da sua vida, e você poderá encontrar outro trouxa pra bancar tudo isso para você, mas quando você procurar, procura alguém que já esteja com a vida ganha, pra você não atrasar a vida dele também.

Eu saí andando em direção ao meu escritorio, na tentativa de não me deixar levar pelas lágrimas dela, eu também estava ferido, estava decepcionado, pois eu imaginei ganhar o mundo ao lado da Brenda, mas claramente o nosso casamento já havia acabado, eu estava apenas atrasando o inevitável.

Eu sabia que o meu interesse repentino na Zoe, havia contribuído naquela decisão, mas muitas garotas lindas e interessadas em mim já haviam cruzado o meu caminho, e nunca houve espaço em meu coração para elas, e se houve esse espaço para Zoe, era porque o meu amor por Brenda já havia chegado ao fim, eu não podia de forma nenhuma traí-la, era preciso eu finalizar a nossa história.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App