ZOE
* Meu mundo era limitado, mas minha mente tinha uma infinidade de coisas que eu gostaria de experimentar, uma dessas coisas, era me apaixonar perdidamente pela primeira vez, e sentir todas as sensaçõe que um relacionamento amoroso poderia proporcionar. Pensar nisso enquanto ouvia o meu professor falar sobre onde ele já havia trabalhado, era estranho, pois era como se ele pudesse de alguma forma ouvir os meus pensamentos. — Então Zoe, quando foi que surgiu esse desejo pela medicina? — O desejo não é meu, pra mim, a única anatomia humana interessante, são as partes do meu próprio corpo. Na mesma hora o meu pai me repreendeu, enquanto o professor olhou para o meu decote descaradamente, sorte a dele que os meus pais estavam olhando diretamente pra mim, e não viram o que eu vi. Aquele olhar parecia queimar a minha pele, e estranhamente senti a minha vagina esquentar, assim também como as maçãs do meu rosto. — Tenho certeza que farei você mudar de opnião ao longo do tempo, Zoe. Ele falou com um sorriso disfarçado, e eu tive que desviar o olhar pra não deixar transparecer aquilo que eu estava sentindo. — Bom, agora que vocês já foram apresentados, vou deixar você ir resolver suas coisas Victor, me avise quando você já estiver totalmente livre para iniciar. — Poderei iniciar amanhã mesmo, tudo o que eu tenho para resolver, resolverei hoje. — Que maravilha, gostei do comprometimento. Amanhã às 08:00? — Pra mim está ótimo. Antes dele ir embora, ele olhou para mim e sorriu. Fiquei pensando até quando eu aguentaria aquele sorriso, que parecia zombar de mim. — Ate amanhã, Zoe. — Até, professor. A palavra “Professor’’ parecia dançar dentro da minha boca, eu me senti uma pervertida. — O que você achou dele, Zoe? Minha mãe perguntou asssim que ele foi embora, enquanto o meu pai me encarava, esperando também pela a minha resposta. — Antes de eu dizer o que achei dele, quero fazer uma proposta para vocês dois. Eles se entreolharam, seus olhares eram de desconfiança. — O que você quer pedir dessa vez? Meu pai perguntou. — Prometo dar tudo de mim, me esforçar, dedicar todo o meu tempo para os estudos. Mas se eu passar, quero ter liberdade de sair, conhecer pessoas, fazer amizades e… — Nada de namorados. Meu pai me interrompeu, pois ele já sabia que era exatamente isso que eu iria falar. — Então não espere grandes coisas de mim. — Você já viu a vida que você leva, Zoe? Você tem tudo o que qualquer garota gostaria de ter, o minimo que estamos pedindo é que você estude e passe nessa prova. — Perguntem a qualquer garota da minha idade, se elas trocariam a liberdade delas por isso que vocês chama de ‘’Tudo”, vocês esquecem que pessoas precisam socializar, principalmete nesse meio que vocês querem me inserir. Eu preciso de um bom desenvolvimento humano pra interagir com os meus futuros pacientes, vocês querem que eu seja excelente em tudo, mas na verdade estão criando um robô. Vocês querem falar sobre o minímo que eu preciso fazer? Pois eu vou falar do mínimo que vocês precisam fazer, me deixem viver minhas próprias experências, permitam que eu caia, e aprenda a levantar, que eu quebre a minha cara, que eu encontre o caminho para a minha própria felicidade. É dever de vocês priorizarem isso, eu posso ter sucesso profissional, mas serei uma pessoa infeliz, graças a vocês. Eu dei as costas para eles e caminhei em direção a casa, quando o meu pai me interrompeu. — Tudo bem, você poderá ter um namorado após a aprovação. Eu voltei a encará-lo, só pra ter certeza que ele estava falando sério. — Você promete? — Sim, mas com uma condição. — Qual? — Que esse namorado esteja a sua altura, não chegue aqui com um vagabundo inútil. — O que o senhor considera inútil, papai? — Ele precisa ser formado, ter um bom emprego, ter condições boas o suficiente para dar para você o mesmo padrão de vida que nós damos. — Eu quero um namorado papai, não um marido. — Você não está achando que vai sair namorando Deus e o mundo até encontrar a pessoa que você julga certa, não é Zoe? — Sim, papai, vou namorar até achar o cara ideal pra eu chamar de marido, para eu não terminar como a minha mãe, que casou com o senhor por imposição dos meus avós. — Zoe? O que é isso minha filha? Eu amo o seu pai. — Que bom que você aprendeu a amá-lo com o tempo, mamãe, mas eu não sou você, nossas histórias não são iguais, e eu não vou deixar que nenhum de vocês dois escolham com quem eu vou dividir minha vida. — Quando você se tornou essa garota tão… — Madura? — Não, problemática. — Não vejo isso como um problema papai, não ainda, será um problema se vocês repetirem os mesmos erros que os meus avós cometeram com vocês. Agora vou para o meu quarto, afinal, é o único lugar que eu posso ir. Eu saí rapidamente de perto deles, antes que as lágrimas caissem, eu já estava cheia de todas as privações, eu precisava sentir o gosto da vida, e eu iria atrás disso, nem que pra isso eu tivesse que magoá-los. Eu passei toda a minha vida sendo a filha perfeita, mas não havia perfeição nenhuma em tudo aquilo, na verdade, tudo aquilo era um verdadeiro abuso contra a minha vida.VICTOR * Enquanto estávamos sentados, Luciano perguntou sobre as minhas experiências profissionais, eu tive o prazer de falar sobre todas elas, mas passei o tempo todo analisando disfarçadamente as atitudes silenciosas da Zoe. No meio da conversa, eu perguntei sobre quando surgiu o desejo dela pela medicina, e a sua resposta foi inesperada. A forma como ela falou sobre o próprio corpo foi sexy, e eu não pude evitar olhar para os seios dela. Eu deixei bem claro que faria ela mudar de opinião ao longo do tempo, mas as minhas palavras tinham um certo excesso de certeza, como se eu já soubesse o que aconteceria ao longo desse tempo. Eu tinha pressa em começar aquele trabalho, então falei para Luciano que resolveria tudo o que precisava, e poderia iniciar no dia seguinte, mas as minhas reais intenções era mostrar na prática, todas as partes do corpo humano para Zoe. Antes de ir embora, falei com ela, e ao ouvi-la me chamar de professor, fez o meu corpo inteiro vibrar, como se eu
Eu não sei exatamente quanto tempo eu fiquei no escritório, mas já era noite quando ouvi batidas na porta. — Posso entrar? — Agora não, Brenda. Mesmo contra a minha vontade, ela entrou. — Droga, eu deveria ter trancado a porta. Ela estava muito sexy, o vestido que ela estava usando era o meu preferido, e claramente ele estava disposta a me fazer mudar de ideia. Quando ela se aproximou de mim, o cheiro doce do perfume dela impregnou no meu nariz, e eu amava aquele cheiro. Ela sentou no meu colo, e eu não tive reação nenhuma de impedi-la. Seus braços envolveram o meu pescoço, e ela ficou com os lábios bem próximos dos meus, enquanto me encarava com aqueles olhos profundos que foi o maior motivo da minha perdição. — O que você pretende, Brenda? — Preciso que você me dê apenas 15 dias, eu vou mostrar para você que o nosso casamento tem conserto. — Você teve três anos. — Por favor, eu só te peço mais 15 dias. Ela encostou os lábios nos meus e iniciou um beijo que eu fui incapaz
Eu esperei algum tipo de pergunta referente ao trabalho ou sobre a maldita bolsa, até mesmo sobre o fato de eu ter fugido dela na hora do sexo, mas nada saiu da boca dela, o que era estranho.Depois que terminei o café, me levantei e esperei pelo menos uma pergunta sobre o horário que eu iria chegar, mas nem isso ela perguntou, fiquei tentado a passar essa informação para ela, mas o meu orgulho não deixou.— Tenha um bom dia.— Obrigado.Essa foi a única troca de palavras que tivemos antes de eu finalmente sair.Durante todo o caminho até a mansão, eu fiquei imaginando se eu conseguiria me comportar durante os 15 dias que a Brenda pediu, eu sabia que era errado imaginar um possível envolvimento entre eu e a Zoe, afinal, o fato de eu ter ficado fascinado pela beleza dela, não significava que eu fosse conseguir ter ela para mim, e ainda havia o risco de eu perder o meu emprego se os pais da Zoe desconfiassem de algo. O melhor que eu poderia fazer naquele momento, era tentar respeitar o
ZOE*Eu entrei no meu quarto de rainha, deitei na minha cama king e chorei nos meus travesseiros de pena de ganso. Um luxo que eu mesma poderia patrocinar no futuro.Aquela era a primeira vez que eu batia de frente com os meus pais, e eu não sabia de onde havia surgido tanta coragem. Eu tinha consciência que os pais queriam o melhor para seus filhos, mas querer o melhor não dava para eles o direito de escolher com quem eles iriam passar a vida, levando isso para a minha realidade, já estava na hora dos meus pais entenderem isso.Para mim, não importava se o meu futuro marido fosse um catador de latinhas, ou o homem mais rico do mundo, desde que ele me amasse, me respeitasse, e fizesse eu me sentir mulher.Eu não precisava de alguém que me desse o mesmo padrão de vida que os meus pais, pois eu mesma iria me dar esse padrão, sem viver na dependência do meu marido, eu queria uma relação que somasse, e não subtraisse. Se eu fosse seguir pela lógica deles, qual o sentindo de eu estudar me
VICTOR *Eu fiquei em silêncio, sentindo a pressão daquela pergunta, mas ela deu outro passo, e ficamos tão próximos que pude sentir a respiração dela no meu rosto, os olhos dela pareciam me enfeitiçar, aquela garota era o próprio diabo.— Você não vai me responder?Eu teria que dizer alguma coisa, eu não poderia ficar em desvantagem diante de uma garota que nem havia beijado na boca ainda.— Para alguém tão inexperiente, você tem atitudes de alguém que exatamente o que está fazendo. Quantos filmes você assistiu até chegar nesse grau de segurança?O rosto dela endureceu, parecia que eu tinha agredido ela sem usar as mãos, e rapidamente ela se afastou.— Falei alguma coisa de errado, Zoe?— Não, eu só preciso de um momento, eu volto já.Ela saiu da biblioteca apressada, como se tudo o que ela quisesse fazer naquele momento fosse se esconder, e eu finalmente pude soltar o ar que estava preso em meus pulmões. Talvez eu tivesse perdido uma chance de ouro, obviamente ela estava querendo a
ZOE * Dinheiro nunca foi um problema pra minha família, exceto pra mim, afinal os meus pais usavam o dinheiro pra me impedir de ter uma vida normal. Eu sempre soube que filhos precisavam de limites, porém os limites que eles estabeleceram pra mim era um verdadeiro tormento. Eu sempre fiquei me perguntando como surgiu a ideia na cabeça da minha mãe que meninas precisavam fazer balé? Ela usava a desculpa de que era elegante e que me ajudaria com a minha postura, mas postura era tudo o que eu não queria ter. Ir pra escola? Jamais... Na cabeça dos meus pais, as más influências poderiam prejudicar o meu futuro, então durante toda a minha vida, eu estudei em casa. Eu sentia inveja ao ver garotas da minha idade felizes indo estudar com as amigas. Quando eu estava no último ano do ensino médio, meu pai começou a procurar professores pra me preparar pra entrar nas universidades, eu queria fazer artes, mas ele disse que medicina seria o ideal pra mim, e por isso eu teria que e
VICTOR*Eu havia acabado de ter uma discussão com a minha esposa quando o celular tocou, precisei respirar fundo para não deixar transparecer na voz a raiva que eu estava sentindo.— Bom dia, Reitor Diniz.— Bom dia professor Victor, o senhor deve estar estranhando a minha ligação.— Sim, estou bastante curioso.— Eu recebi a ligação do Luciano, um amigo de longa data, ele perguntou se eu conhecia um professor capacitado pra preparar sua filha pra engressar em uma universidade, no mesmo minuto eu lembrei de você, eu não conheço ninguém mais qualificado.— Me sinto honrado por isso Reitor.— Vou passar o contato dele, e assim vocês poderão conversar e combinar os detalhes.— Tudo bem, fico muito grato por isso.— Apareça qualquer dia desses por aqui.— Irei em breve. Até mais.Quando eu encerrei a ligação, uma onda de alivio tomou conta de mim, aquela era exatamente a oportunidade que eu estava precisando. Já fazia alguns meses que eu e a Brenda estávamos nos desentendendo, o motivo
Eu fiquei me sentindo um idiota por nunca ter percebido aquilo antes, mas me obriguei a focar nas minhas responsábilidades do dia pra ocupar a minha cabeça. Brenda era enfermeira, mas o salário dela era todo gasto com roupas e salão, isso nunca foi problema pra mim, até eu parar de contribuir com esses gastos. Ela havia saído pra um plantão, e eu adorei dormir sozinho naquela noite. No dia seguinte, acordei bem cedo, me arrumei, e fui ao endreço que o Luciano havia me passado. O endereço ficava localizado em uma mansão em Bel-Air, o bairro mais luxuoso de Los Angeles, então eu tinha certeza que a proposta seria ótima. Passei por toda a segurança, e entrei na imensa propriedade, que possuía um jardim lindo. — Bom dia, você deve ser o Victor. Muito prazer, sou o Luciano. Eu fiquei impressionado com a recepção, eu esperava ser recebido pelos empregados, e esperar longos minutos por ele. — Bom dia Luciano, muito prazer. — Vamos sentar um pouco, espero que não tenha tomado café da m