MEU PROFESSOR PARTICULAR
MEU PROFESSOR PARTICULAR
Por: Ara Pereira
CAPÍTULO 1

ZOE

*

Dinheiro nunca foi um problema pra minha família, exceto pra mim, afinal os meus pais usavam o dinheiro pra me impedir de ter uma vida normal.

Eu sempre soube que filhos precisavam de limites, porém os limites que eles estabeleceram pra mim era um verdadeiro tormento.

Eu sempre fiquei me perguntando como surgiu a ideia na cabeça da minha mãe que meninas precisavam fazer balé?

Ela usava a desculpa de que era elegante e que me ajudaria com a minha postura, mas postura era tudo o que eu não queria ter.

Ir pra escola? Jamais...

Na cabeça dos meus pais, as más influências poderiam prejudicar o meu futuro, então durante toda a minha vida, eu estudei em casa.

Eu sentia inveja ao ver garotas da minha idade felizes indo estudar com as amigas.

Quando eu estava no último ano do ensino médio, meu pai começou a procurar professores pra me preparar pra entrar nas universidades, eu queria fazer artes, mas ele disse que medicina seria o ideal pra mim, e por isso eu teria que estudar várias horas por dia.

Ouvir aquilo fez mais uma vez o meu coração sangrar como tantas outras vezes que eu não tive o poder de escolha.

Eu me lembro daquela manhã como se fosse ontem, as batidas na porta já anunciavam que finalmente haviam encontrado o professor ideal.

— Acorde Zoe, você tem apenas quinze minutos pra ficar pronta, nós e o seu novo professor estamos aguardando você no jardim.

Eu queria poder gritar e dizer que não queria nenhum professor e que a minha vontade era de ter um ano sabático, que eu estava cansada de estudar, e que precisava de um enorme tempo de descanso, mas eu não tinha coragem de destruir a visão de filha "Perfeita" que eles tinham de mim, então eu obedeci.

Depois de fazer a minha higiene pessoal, eu fui escolher uma roupa adequada pra ocasião.

— Ho céus, esses vestidos são extremamente desproporcionais, porque não me deixam usar um vestido simples?

Resmunguei ao escolher um vestido azul claro, com mangas transparentes, mas ao colocá-lo, percebi que ele estava bem mais apertado, revelando minhas curvas, notei também que os meus seios haviam crescido, pois o decote ficou um pouco chamativo.

Eu olhei no espelho e gostei do que vi, na verdade aquela era a primeira vez em que eu me sentia com um pouco de poder feminino.

— Eu cresci o suficiente pros garotos me olharem na rua.

Falei com uma certa felicidade na voz, afinal eu estava praticamente com o corpo de uma mulher.

Eu deixei os meus cabelos soltos, e passei um gloss labial nos lábios, além de leves batidas de blush nas maçãs do meu rosto pra dar um pouco de cor, e finalizei com um delineado nos olhos.

— Nossa, eu estou muito linda!

Falei pra mim mesma ao me deparar com aquela nova realidade.

Depois de pronta, eu ouvi novamente as batidas na porta.

— Zoe, não há mais tempo, saia já desse quarto.

— Calma mamãe, eu já estou pronta.

Falei ao abrir.

A minha mãe me olhou dos pés à cabeça e deu um sorriso genuíno.

— Você está linda minha filha, se tivesse idade adequada, já teria vários pretendentes.

Naquele momento eu imaginei como seria a minha vida se pelo menos eu tivesse um namorado, mas na cabeça dos meus pais, isso só iria atrasar a minha vida.

Nós duas fomos caminhando até o jardim, e mesmo com uma certa distância, eu vi um homem de costas, mas com um corpo aparentemente jovem.

Ao nos aproximar, ele olhou pra trás, e os meus pés paralisaram no mesmo momento, fazendo com que a minha mãe me olhasse buscando o motivo por eu ter parado de andar.

— O que houve Zoe? Algum problema?

Como eu poderia falar pra minha mãe que nem nos meus melhores sonhos eu havia visto um homem tão lindo quanto aquele? Ele parecia ter uns 29 anos, cabelos castanhos, e olhos tão verdes que pareciam um oceano.

— Zoe?

Minha mãe voltou a chamar a minha atenção e eu obriguei a mim mesma a reagir.

— Desculpe mamãe, eu não sei o que aconteceu comigo.

Apesar do olhar desconfiado da minha mãe, eu tentei recuperar a minha postura.

— Bom dia.

Falei ao ficar frente a frente com aquele homem que parecia ter sido desenhado à mão.

— Bom dia. Zoe, não é isso?

Ele perguntou com a voz grave que fez cada parte do meu corpo arrepiar.

— Sim.

Tentei responder com firmeza, mas o meu coração estava batendo de forma tão descompassada, que achei que iria desmaiar na frente dele.

— Zoe, esse é o Victor, seu novo professor particular, ele irá ensiná-la todo o conteúdo necessário pra entrar nas melhores universidades do país, você terá aulas todos os dias com ele na biblioteca.

— Sozinhos?

Eu não sei que merda eu tinha na cabeça, mas naquele momento eu queria enfiá-la em algum buraco, afinal porque raios aquela pergunta idiota havia saído da minha boca?

Eu não pude deixar de notar um sorriso presunçoso vindo do professor, e eu fiquei me perguntando no que ele pensou.

— Digo, sozinhos sem a ajuda de outros professores?

Falei tentando consertar, mas eu acabei deixando a situação ainda mais divertida pra ele que não aguentou e riu alto.

— Eu sou um professor com múltiplos conhecimentos Zoe, não é necessário outros professores.

Ele respondeu enquanto me encarava com um olhar enigmático.

— Zoe, ele foi muito bem recomendado, então espero que você consiga absorver tudo o que ele tem a ensinar.

O meu pai disse e eu apenas concordei com a cabeça, porém o meu pai não poderia nem imaginar tudo aquilo que eu imaginei aquele professor fazendo comigo...

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