Eu nunca estive. Eu nunca soube de nada.Carter olha para mim, o olhar distante, como se ele estivesse pesando suas palavras antes de falar.“Eu soube há algumas semanas apenas, e não me espanque novamente por isso, seu filho da puta,” Carter diz, a voz tensa, mas ainda mantendo um tom de cautela. Ele parece pesar cada palavra, e posso ver que ele está se segurando para não deixar transparecer mais do que o necessário. “Ela... ela me implorou para não te contar.”Eu fico parado, tentando processar o que ele acabou de dizer. Eu sabia que algo estava errado, que havia algo por trás das ações de Blair, mas isso… isso é diferente de tudo o que eu poderia imaginar. A ideia de que ela me pediu para não saber, de que ela escondeu algo tão grande de mim, mexe com tudo o que eu pensava sobre nós.“Por quê?” Eu pergunto, a palavra saindo da minha boca como um sussurro, quase como se eu temesse a resposta. A dúvida me consome, e a necessidade de entender o que se passa dentro de Blair, de compr
POV BLAIR - UMA SEMANA DEPOISEu e Ethan temos saído todos os dias, vivendo em um ritmo que, aos poucos, vai nos dando a sensação de que estamos tentando reconstruir algo que estava perdido. Cada momento juntos é uma tentativa silenciosa de entender o que é a nossa relação agora, de colocar em palavras o que ainda nos falta entender. Ainda não contamos para Miguel que Ethan é o pai dele. Há uma necessidade de tempo e de coragem, como se cada dia fosse uma preparação para uma verdade que, sabemos, não será fácil de lidar.Mas Miguel, com seu jeitinho simples e sincero, adora chegar da escola e encontrar Ethan na sua pequena cama, lendo ou brincando com ele, sem a menor noção da grande revelação que está prestes a virar seu mundo de cabeça para baixo. E, apesar de todos os nossos medos, eu vejo o quanto ele se acostumou com a presença de Ethan, com o afeto que ele oferece de uma maneira que não tem pressa, mas que, aos poucos, vai se tornando indispensável para o nosso filho.Eu também
Deixo minha bolsa sobre o banco, assim como os óculos. Nada disso será necessário aqui.Ethan estende a mão, e, sem hesitar, eu a aceito. Ao sair do carro, me inclino para frente e lhe dou um beijo, algo inesperado que, pelo olhar surpreso dele, claramente o pega de surpresa. Com um sorriso discreto, ele me guia pelo caminho de pedras brancas, que, surpreendentemente bem organizadas, contrastam com o ambiente solitário ao redor, dando uma sensação de serenidade e mistério.— Estou ansiosa, admito, sem esconder o entusiasmo que cresce dentro de mim. Afinal, ele comprou um carro só para me trazer aqui, então sim, a ansiedade é inevitável.— Tudo em seu tempo, baby, ele responde com uma voz suave, cheia de promessas não ditas, enquanto continuamos nosso caminho.Caminhamos até um pequeno terraço, lembrando-me dos luxuosos espaços destinados ao chá matinal nos palácios europeus. Subimos os quatro degraus da escada, que, como as pedras do caminho, também são brancos, criando uma sensação d
Faço meu melhor para captar os detalhes da casa. Parece ser uma construção antiga, com detalhes que lembram castelos. Isso combina com Ethan, já que ele parece ter síndrome de rei.- Você vive em uma casa muito isolada – comento. Minhas palavras soam embriagadas de sono.- Eu não gosto de vizinhos – ele argumenta, me fazendo sorrir.- Parece arrogante.- Parece? – ele olha para mim – Não se engane, eu sou.Me aconchego em seu peito enquanto ele sobe as escadas. O lugar é tão silencioso que parece estar além do mundo. Parece uma bolha, onde apenas nós dois cabemos. E para alguém que passou a vida inteira sendo alvo dos olhos do mundo inteiro, é bom sentir que estou sozinha.Ethan vira a direita no final da escada. A esquerda, há uma porta de madeira escura.- O que é aquilo? – pergunto.- Meu antigo escritório. Está cheio de poeira e bagunça.- Eu pensei que você não gostasse de bagunça – brinco.Ele abre a porta do quarto – que eu imagino ser o principal. Ele me coloca sobre a cama, e
Com o coração quase saltando pela garganta, eu me movo para frente dele. Contudo, não posso conter minhas mãos. Deslizo os dedos por seu peitoral, descendo juntamente com a água quente. Ele sorri, agarrando minhas mãos e mantendo-as no lugar.- Tem algo aqui que você queira? – seu tom, de uma hora para outra, tornou-se rouco.Eu me aproximo um passo, até que nossos corpos voltem a se tocar. E quando seu pau toca minha barriga, suas mãos afrouxam. A forma como seus olhos parecem negros, e não verdes, me excita. Eu sou responsável por essa reação.Eu o faço queimar.Volto a descer as mãos. Desta vez, ele não tenta me impedir, embora, por si só, seus olhos sejam suficientes para me intimidar. Cesso os movimentos logo acima de seu umbigo, ansiosa e tímida em níveis iguais. Ethan me encara, me desafiando e duvidando ao mesmo tempo. No entanto, ainda assim, esperando pela minha decisão.Mordo o lábio inferior para evitar um gemido, porque estou pulsando por isso. Eu apenas não sei exatamente
Sua mão, que antes apenas prendia meu cabelo, torna-se mais firme. Ele move o quadril de encontro aos meus lábios, impulsionando com força. Minha boca trabalha mais rápido, chupando como se estivesse faminta, e, ao mesmo tempo, choramingando diante de seu tamanho tocando o fundo da minha garganta.Pressiono as coxas juntas, porque sua excitação espelha a minha. Quanto mais ele se perde no próprio prazer, mais me sinto latejar entre as pernas.Seus olhos estão fixos em mim, vendo metade de seu pau sumir dentro da minha boca. Eu poderia até mesmo dizer que estou pronta para senti-lo gozando na minha língua. Enquanto isso, a água continua respingando em nós, e o vapor torna nossa visão cada vez mais precária.No entanto, de repente, ele agarra meus braços e me puxa para cima. Ainda posso sentir seu gosto na língua quando Ethan me empurra contra a parede.- Não me faça parecer precoce – ele murmura, me fazendo sorrir.O verde em seus olhos é apenas uma fina linha ao redor das pupilas. E n
POV ETHANAjusto a gravata mais uma vez, com os dedos trêmulos, enquanto encaro meu reflexo no espelho do elevador. O reflexo não me traz respostas, apenas devolve o olhar de alguém perdido entre a ansiedade e a expectativa. Na mão direita, um buquê de rosas de um vermelho tão vivo que quase parece pulsar. Na mão esquerda, uma miniatura de carrinho que ganhei quando era pequeno, um pedaço de um passado que agora me parece tão distante quanto inevitavelmente presente.As portas do elevador se abrem com um leve ruído metálico, e eu inspiro fundo, tentando controlar a avalanche de emoções que ameaça me dominar. Nervosismo, medo, uma pontada de esperança — tudo isso se mistura em um turbilhão caótico dentro de mim. O corredor à minha frente parece interminável, mas meus pés se movem quase automaticamente, guiados por uma força maior do que a minha hesitação. Passo pelas portas alinhadas, cada uma como uma testemunha silenciosa, até alcançar o último apartamento.Este bairro de Londres,
"Apenas depois do jantar, mocinho," Blair intervém com um tom doce, mas firme. Ela não precisa levantar a voz para ser ouvida; a autoridade dela está no amor, no cuidado evidente em cada palavra. Miguel revira os olhos de brincadeira e ri, mas não responde. Ele sabe que ela está falando sério.E então, pela primeira vez, uma pontada amarga me atravessa. É sutil, mas inescapável. Porque naquele momento, percebo algo que me deixa triste: Blair conhece Miguel. Não só como alguém que está presente, mas com uma profundidade que só o tempo pode construir. Ela sabe que ele comeria os biscoitos antes do jantar, como um reflexo do menino que é, impaciente e curioso. Ela conhece seus hábitos, suas manias, seus jeitos — coisas que eu não conheço. Ela sabe porque esteve lá. Esteve presente quando ele começou a andar, a falar, a mostrar suas primeiras preferências. Ela viu as pequenas vitórias e os pequenos tropeços que moldaram quem ele é hoje.E eu... Eu não. Não estava lá. Não vi Miguel