- "Faça uma boa viagem, Sr. Banks" pelo bem da investigação de Spencer, pelo bem da própria saúde mental, e pelo bem dos sentimentos que jamais poderiam existir, Blair murmurou.E, pela maneira como Ethan abandonou do quarto, sem nunca olhar para trás, Blair teve certeza de duas coisas. A primeira era que as manhãs com ele jamais poderiam se repetir. A segunda era que, pela forma como o homem saiu, sem levar consigo qualquer pertence, deixou claro que aquele apartamento não era sua residência em Las Vegas. Não era naquele imóvel que ele passava suas noites desacompanhado.*Cerca de duas horas depois, levando em consideração o trânsito pesado da cidade e o tempo que esperou até ter acesso às roupas limpas, Blair chegou em seu apartamento. O imóvel luxuoso estava exatamente como ela havia deixado, um dia antes, exceto por Drake jogado sobre o sofá da sala. Ele estava dormindo como um anjo, vestindo um pijama de cetim branco e parcialmente envolto em um cobertor.Blair tentou não fazer
- "Sim. Ethan pensa que está no comando, mas a verdade é que Blair o tem de joelhos. É isso que essa conversa me revela"O trio havia escutado o áudio algumas vezes, pausando em partes específicas e fazendo comentários afiados. Colton estava atento aos sons externos, como conversas de outras pessoas que o gravador gravou e que, em tese, não seriam importantes. Por outro lado, Spencer se concentrava exclusivamente nas palavras de Ethan. E, por fim, Susan analisava o comportamento de Blair; suas respostas, suas perguntas, suas falas.- "É um bom palpite, eu admito" Colton murmurou.- "É uma boa jogada, na verdade. Ela mistura uma paixão avassaladora com o perigo, e ele gosta. Ethan vê o desafio nela"- "E ele gosta de desafios. Vive fazendo joguinhos com a polícia" Colton disse de maneira irônica.Aquelas palavras não eram uma completa sátira, pois tinham fundo de verdade. Ethan Banks tinha o hábito de irritar boa parcela do departamento com suas atitudes. Quando estavam a um passo de d
- "Eu concordo. Até a próxima"- "Até a próxima"Após o encerramento da chamada, Ethan lançou o aparelho sobre a cama novamente, voltando-se para seu amigo a tempo de ver que Joseph mantinha um sorriso sarcástico nos lábios.- "Você apanhou, ou algo do tipo?" Joseph perguntou, antes de qualquer coisa.- "Do que você está falando?"- "Você viajou até Las Vegas, permaneceu quase incomunicável por dias e agora volta como se tivesse sido desmontado em um octógono. Apenas deixe-me perguntar o nome da lutadora" o sorriso de Joseph foi alargado quando a expressão de Ethan mudou. Ele conseguiu irritar o homem.- "Meus negócios em Las Vegas chegaram ao fim, e agora podemos voltar ao trabalho"- "Se me lembro bem, eram grandes negócios"- "Joseph, o silêncio é uma virtude"Joseph Carter sabia da obsessão que Ethan tinha por Blair Collins. Eles eram próximos suficiente para saberem quando o amigo estava interessado em alguém. No entanto, Carter jamais viu Ethan abandonar o trabalho por uma mulhe
A verdade era que, cinco meses antes, o inspetor estava desesperado. Ele já havia feito outras investigações sobre o caso Benedict, e todas foram falhas. Entretanto, ao descobrir que a filha de um cineasta pediu transferência do departamento de Nova Iorque para o departamento de Las Vegas, o inspetor viu a oportunidade perfeita para se infiltrar na elite. Blair Collins estava acima de qualquer suspeita. O homem não quis perder aquela oportunidade, pois sabia que levaria anos até ter outra.- "Isso é tudo?" Blair inquiriu.- "Benedict também tinha envolvimento com a máfia. Ele era um dos melhores amigos de George Banks. Eu comecei a investigar meu irmão quando suspeitei de seus movimentos, e ele morreu pouco tempo depois" Spencer contou, revelando todas as partes até então encobertas do caso.- "Por que não me contou?"- "Blair, você sempre foi minha melhor opção. Ninguém chegaria tão perto de Ethan. Eu não podia correr o risco de perder essa oportunidade"- "E agora eu estou em risco,
- "Oi, meu amor" a madrinha sempre me chama de amor, e não sei o motivo pelo qual ela faz isso. Não sou seu amor. Apenas Davis é. É assim que as coisas funcionam; os pais amam seus filhos.- "Bom dia"Eu fico desconfortável quando ela me encara, confesso. Mirtes sabe de tudo sobre meu passado, pois Blosson contou. Ela me olha como um anjo cheio de amor e cuidado, como se eu fosse alguém sujo precisando de sua limpeza.- "Eu gostei das flores" comento. Sei que Mirtes fica feliz quando eu faço elogios. Ela acha que, de alguma forma, estou melhorando. Talvez eu esteja melhor mesmo. Fingindo melhor.- "Que bom, Blair. Eu gosto quando você usa rosa"Ela compra vestidos rosa, e sapatos rosa, e meias rosa. Bem, eu percebi que ela me transformou em sua bonequinha pessoal. Não posso reclamar, já que ela me mantém em sua casa e me alimenta. O mínimo que posso fazer é ser grata por tudo isso.- "Eu sei" começo a mexer as mãos, minha boa e velha mania. Faço isso quando estou começando a ficar ner
Davis pega o bolo e voltamos para a sala. Quando eu digo que a casa é grande, assim como um castelo, não é exagero. Passamos por um corredor, uma sala de jantar e uma sala vazia antes de chegarmos até Mirtes. Eu nunca entendi o motivo pelo qual ela mora aqui.- "Me diga quem você é, querido" ouço a doce voz de Mirtes dizer.Ela está inclinada, com as mãos nos joelhos. E, em sua frente, há um garotinho magro e sujo. Ele está um tanto quanto molhado também, e assim sei que a chuva já começou. Sua calça moletom é folgada em seu corpo esquelético, e ele não está usando uma camiseta.- "Você pode falar comigo" Mirtes insiste.Os grandes olhos perdidos do garoto não conseguem permanecer fixos no rosto bonito dela. Algumas mechas grossas de cabelo estão em seu rosto. Um cabelo sujo e molhado. Ele continua em silêncio.É impossível não me lembrar de quando a mesma coisa aconteceu comigo. Eu estava aqui, nesta enorme sala, silenciosa e com muito, muito medo. Blosson estava ao meu lado, mascand
Por que alguém estaria em Las Vegas, se não para usufruir do melhor que a cidade do pecado poderia oferecer? O que os livros contavam, o que os filmes mostravam, o que as pessoas viam... nada disso representava Vegas tão bem quanto os Cassinos, os clubes noturnos e o dinheiro sujo. A cidade do pecado, de fato, não era para amadores.Blair percorreu o clube movimentado, repleto de pessoas energizadas e bebidas alcoólicas. O mar de corpos era movido pelo ritmo da música, algo contemporâneo, pouco decente. A iluminação bem projetada em tons sensuais dava ao ambiente um toque de imaginação, uma dose de expectativa.Não demorou muito para que a ruiva se visse perdida, tão bem inclusa entre aquelas pessoas que mal podia enxergar o próprio vestido. Daliah estava ao seu lado, caminhando com dificuldade por entre as pessoas enquanto procuravam por um lugar menos movimentado.O fato de que as pessoas ao redor de Blair a perseguiam com os olhos era real. Elas olhavam uma primeira vez, de relance
- "Dê a porra do fora" e então aquele som rouco, grave e trovoado soou.Blair não precisou estar em um local calmo para identificar aquela voz. Ela não precisou da claridade para reconhecer aquele corpo. Ela não precisou de muito tempo para saber que ele estava diante dela. Mesmo dentre centenas de pessoas, sob a baixa luz, ela o viu.- "Quem você pensa que é?" o desconhecido gritou.Ódio. Esta era a definição do que Ethan Banks estava sentindo. Fúria assassina. Nada além do homem a sua frente importava. O homem que tentara tocar os lábios de Blair. Ethan não virou-se para a mulher, não naquele momento. Ele estava ocupado demais sentindo raiva.- "Você pretende ficar aqui para descobrir?"- "Desculpe, cara. Eu estou tranquilo" o homem ergueu ambas as mãos em sinal de paz, já sabendo que não venceria aquela briga, não em seu estado bêbado.- "É o corpo dela, não meu. Se desculpe com ela" Ethan exigiu.O desconhecido virou-se para a ruiva, e proferiu um pedido de desculpas tão sussurrad