Por que alguém estaria em Las Vegas, se não para usufruir do melhor que a cidade do pecado poderia oferecer? O que os livros contavam, o que os filmes mostravam, o que as pessoas viam... nada disso representava Vegas tão bem quanto os Cassinos, os clubes noturnos e o dinheiro sujo. A cidade do pecado, de fato, não era para amadores.Blair percorreu o clube movimentado, repleto de pessoas energizadas e bebidas alcoólicas. O mar de corpos era movido pelo ritmo da música, algo contemporâneo, pouco decente. A iluminação bem projetada em tons sensuais dava ao ambiente um toque de imaginação, uma dose de expectativa.Não demorou muito para que a ruiva se visse perdida, tão bem inclusa entre aquelas pessoas que mal podia enxergar o próprio vestido. Daliah estava ao seu lado, caminhando com dificuldade por entre as pessoas enquanto procuravam por um lugar menos movimentado.O fato de que as pessoas ao redor de Blair a perseguiam com os olhos era real. Elas olhavam uma primeira vez, de relance
- "Dê a porra do fora" e então aquele som rouco, grave e trovoado soou.Blair não precisou estar em um local calmo para identificar aquela voz. Ela não precisou da claridade para reconhecer aquele corpo. Ela não precisou de muito tempo para saber que ele estava diante dela. Mesmo dentre centenas de pessoas, sob a baixa luz, ela o viu.- "Quem você pensa que é?" o desconhecido gritou.Ódio. Esta era a definição do que Ethan Banks estava sentindo. Fúria assassina. Nada além do homem a sua frente importava. O homem que tentara tocar os lábios de Blair. Ethan não virou-se para a mulher, não naquele momento. Ele estava ocupado demais sentindo raiva.- "Você pretende ficar aqui para descobrir?"- "Desculpe, cara. Eu estou tranquilo" o homem ergueu ambas as mãos em sinal de paz, já sabendo que não venceria aquela briga, não em seu estado bêbado.- "É o corpo dela, não meu. Se desculpe com ela" Ethan exigiu.O desconhecido virou-se para a ruiva, e proferiu um pedido de desculpas tão sussurrad
- "Pare de projetar minha vida, você não é Deus" tendo o silêncio do homem como resposta, Blair voltou a falar.- "Não foi o que eu ouvi outra noite" naquele momento, a voz do homem estava alguns níveis mais grave.A ruiva parou, apenas por alguns segundos, talvez impactada pela forma como Ethan a fazia voltar ao passado. A um momento específico do passado. Ela suspirou, irritada consigo mesma por ser tão fraca diante daquele homem.- "Eu não aceito ser a mulher que preenche seus momentos livres. Você me tem como prioridade, ou você não me tem. Decida-se, Ethan" Blair cruzou os braços na altura dos seios, como qualquer outra mulher determinada faria.Ethan fechou a distância entre eles, que não era muita. Naquele momento, a mente do homem estava divagando nas falas de Blair. Ele gostaria, de fato, de ser um cretino; de ignorar a ruiva, de a usar quando fosse conveniente, de pensar nela apenas nos momentos livres. Mas a realidade era muito, muito diferente.- "Eu não sou um homem de ro
Eles contam mentiras como se fossem piadas.Eles vão devastar seu passado,expor seus medos e usar suas fraquezas.Confie em mim, não confie neles.São mentirosos treinados,e a fazem pensar que não há falhas.Não volte ao passado,não conte seus segredos,não responda perguntas,não mostre a verdade.Confie em mim, não confie neles.Blair releu a carta mais vezes do que poderia contar. Várias perguntas rondaram sua mente, porém nenhuma delas tinha resposta imediata. Ela caminhou rapidamente até o interfone, ainda com a carta em mãos. Seu coração estava acelerado, as mãos suavam e a ansiedade rastejava lentamente para a superfície. Blair interfonou para a recepção, e não demorou muito até que fosse atendida.- "Oi, eu sou Blair Collins. Eu acabo de chegar em casa e vi que deixaram uma encomenda para mim. São flores. Eu gostaria de saber quem as enviou" ela não esperou até que a moça do outro lado da linha terminasse seu bordão profissional.- "Srta. Collins, poderia me informar o códi
Quando Blair deu-se conta do que estava fazendo, onde estava fazendo, com quem estava fazendo, uma das mãos de Ethan já estava apertando com força seus pulsos acima da cabeça. Não era exatamente doloroso mas, certamente, era mais brutal do que tudo que ela conhecia.O beijo, em si, era muito compatível, nascido de uma atração incontrolável. O fato era que os corpos já se conheciam, mas não tinham tido o suficiente para alcançarem à saciedade.Ethan bebeu todos os suspiros de Blair como se fossem combustível. Ela não podia controlar os próprios instintos, e nem fazia questão de tentar. A água que escorria por entre os corpos não era capaz de apagar o fogo que eles alimentavam.O homem levou a mão até o registro de água e encerrou a cascata que os contemplava. Em seguida, ele inclinou-se para baixo e segurou as coxas de Blair, erguendo seu corpo para cima até que ela entendesse que precisava abraçar a cintura dele com as pernas. Em momento algum eles afastaram-se, pois não seriam capaze
Ele levava consigo uma bolsa na lateral do corpo, e suas vestes reforçavam o estereótipo de um policial experiente, sem muita vontade de vestir-se bem. Por outro lado, o terno azul marinho de Ethan era uma verdadeira obra-prima da alta costura.- "Imagino que tenha um gravador no seu bolso direito" Banks devolveu.- "Errado. Está no meu bolso esquerdo"Spencer sentou-se em uma das duas poltronas em frente à mesa, e sequer esperou por um convite formal. O homem havia visitado aquele escritório tantas vezes que já o conhecia como a palma de sua mão.- "Fique à vontade para sentar-se" Ethan ironizou.- "Você é tão educado, Sr. Banks"- "Você é alguém muito querido"Ethan permaneceu na mesma posição, inclinado para trás, batendo seus anéis contra a mesa e olhando para o inspetor. Aquela seria a conversa mais revigorante de seu dia. Receber Spencer e responder suas perguntas acusatórias era sempre um grande prazer.- "Vamos esperar o Sr. Carter ou podemos começar?" o homem mais velho provo
- "O milésimo recado em cinco anos?"Ethan caminhou até sua mesa novamente, ainda pensando no que aquela conversa significava. Talvez Spencer estivesse blefando muito bem. Mas e se não fosse só um blefe?- "Esse foi mais específico do que os anteriores"- "Por que?" Joseph ainda estava confuso. Eles sempre lidaram com a polícia da mesma forma; com sarcasmo disfarçado entre palavras sérias. Era sempre como um jogo.- "Spencer está mais próximo do que pensamos. Ele sabe que está" Ethan respondeu, girando o anel em seu dedo anelar com pura concentração.- "Por que diz isso? Ele tem corrido em círculos por anos"- "Agora não mais"*Quando os raios de sol infiltravam os vidros, criavam espectros de luz no piso polido do apartamento. Era um fim de tarde cheio de cor e vida na cidade do pecado. Os sons urbanos provocados pelos carros eram como uma canção, uma doce música indicando que o fim do expediente estava próximo.Blair estava em seu quarto, aplicando um pouco de maquiagem em seu rost
O homem estava usando a calça do terno e uma camisa branca. Sob o tecido, era possível ver o contorno dos músculos dele. Blair sempre ficava surpresa com o quanto Ethan lhe atraía, de todas e quaisquer formas. Não que fosse diferente com as outras mulheres.- "Michele me pediu para trazer..." ela começou, e depois foi cortada em sua fala.- "Ethan" e então, naquele exato momento, uma voz feminina foi ouvida. O tom suave foi o que fez Blair deixar a frase suspensa. Parecia ser uma mulher chamando o nome de Ethan, mas ela não teve certeza, não até ver a mulher.- "Onde estão as toalhas?" ninguém menos que Deana, a estrela do filme de Jean Collins, surgiu.Com os fios amanteigados, a pele clara e a postura de uma mulher muito elegante, Deana caminhou para fora do quarto, o mesmo quarto onde Ethan estava, momentos antes.Ela parou bruscamente ao ver Blair, um tanto quanto surpresa. O momento foi extremamente desconfortável, ainda mais pelo fato de Deana estar usando apenas uma camiseta, c