O meu mundo é um lugar cruel, um mundo em que não temos escolhas, a não ser a maldade. Os bruxos são um clã fechado e com crenças extremamente antigas, principalmente o meu clã, o clã de Carjás, meu pai.
Ele é um homem cruel e desprovido de qualquer sentimento, dizem que ele ficou assim desde de que nossa mãe partiu. A culpa dela ter "partido" foram dos lobos. Fomos criados para odiá—los, meu irmão gêmeo, Heitor, e eu, Helena, fomos criados para odiar os lobisomens. E a cada dia que cresciámos, éramos ensinados a matar e a não ter pena.
Os bruxos nos consideram invencíveis, e constantemente temos que lutar contra os vampiros, uma raça de seres que foi criada por alguns dos nossos. Há muitos anos atrás, antes mesmo de nossa mãe partir, alguns bruxos sedentos por poder, e por considerarem os lobos tão poderosos, não se contentaram com a magia, queriam mais…
Desde então nosso clã caça aqueles que não tem controle sob seus instintos, perseguindo aqueles que não tem proteção, pois até os vampiros possuem sua própria hierarquia, e um líder. Protegemos os humanos, mas não se enganem, não somos piedosos.
Mas algo anda errado e simplesmente não consigo controlar, algo me chama para Raven, existe algo em nossa cidade natal que me atrai, e tudo começou com as visões.
Sempre a mesma visão....
Estava assombrada. Vi uma menina no interior da sala, ela tinha os cabelos encaracolados e não conseguia ver muito mais sobre ele, pois estava chorando no centro com a cabeça sobre os joelhos e o corpo tremendo pelo choro.
Caminhei cuidadosamente e sentei—me ao lado dela, acariciando suas costas.
— Eu não sei onde estou — ela disse, levantando a cabeça e me encarando. Seus olhos eram castanhos claros, e seus cachos emolduravam seu rosto caindo em camadas.
— Eu sei, você foi transformada em um ser.
— Um ser? Que ser?
— Um vampiro — A menina se afastou de mim e olhou nos meus olhos, vi que em seu interior ela estava assustada e soube que ela tinha medo de mim. Ela viu que eu era um monstro, e monstros não tem coração.
— Quem é você? — Perguntou com lábios trêmulos.
— Eu sou Helena e vou te mostrar o caminho — Ela arregalou os olhos, se levantou com rapidez sobrenatural e correu tão rápido quanto. Observei o vulto que se movia para longe de mim e fechei os olhos com força, caminhando na mesma direção, sabendo que ela não conseguiria fugir, pois estava sob o efeito do meu feitiço.
Ela era jovem, como eu, acreditava que tinha 15 anos.
Trágico. Eu nunca tive que matar alguém tão jovem...
Os sonhos sempre eram muito reais e confusos, tentavam me avisar do perigo, mas eu nunca os entendia o suficiente para evitá-los. Os sonhos nunca eram o que pareciam, eles podiam ser apenas alertas, mas também, premonições.
Em uma outra visão…
Eu estava em uma floresta, estava andando em busca da garota que tirava o meu sono, a mesma garota sempre gritando para ser transformada, cheguei em um lugar onde vivi, minha antiga casa no Estados Unidos.
A garota estava lá no meio dos destroços e me encarava com os olhos vermelhos, apontando as mãos para o lado, um pouco distante dali, vi algo que não fazia sentido algum.Como isso era possível?
— Mãe?
(...)
Lucas Santory Desaparecimento de Sofia Lorson, 15 anos. Essa era a notícia que se espalhava por todos os jornais da pequena cidade de Raven, todos estavam perplexos pela respeitosa cidade ser palco de um provável crime. A cidade famosa por sua tranquilidade, agora estava sob o caos de uma notícia tão surpreendente. Os Lorson são uma família respeitada aqui, e o sumiço da filha de Frederick Lorson, o prefeito de Raven, foi um escândalo para todos. — Lucas deixe esse jornal de lado — disse minha mãe, Joana — tome seu café da manhã, já basta o seu pai que nunca está realmente presente nas refeições. Robert Satory, meu pai, ele é o delegado da cidade e está profundamente mergulhado no caso dos Lorson, apesar de que sei que ele não é ninguém para buscar honestidade e justiça. — Não me compare a ele! — Gritei quase quebrando a xícara de café que segurava, mas logo em seguida respirei fundo e me acalmei, pois ela não tinha culpa das coisas que ele fazia pelas suas costas. — Filho! Pare
Helena DcastelliEle estava inconsciente, machucado, como isso poderia ser bom pra ele? O meu mundo é perigoso e cruel.— O que ele significa pra você, Helena? — Heitor andava de um lado para o outro da sala. Lucas estava no sofá, ele havia machucado o braço na queda, mas já cuidei do ferimento.— Nada!— Você sabe que não pode mentir para mim! — Gritou — Sou seu gêmeo, sei quando mente, e esqueceu que podemos ler o pensamento um do outro!— Não! E sei que não vê nada!— Você está mantendo sua mente quieta, isso já é sinal suficiente de que esconde algo, você nunca fica calada, chega a me deixar com dor de cabeça de tanto que pensa.— Bom...Carjás não...— Não pode saber? Sabe que pode confiar em mim, acha que vou deixar ele te torturar? — Heitor passou as mãos no cabelo demonstrando um pouco de emoção em suas palavras seguintes — Somos ligados, se ele te torturar eu vou sentir também, e não quero esse fim pra você — Disse olhando diretamente nos meus olhos.— Lucas é o meu destinado
Lucas SantoryEla estava aqui. Minha amada Helena, minha destinada, mas como contradizer uma lei tão antiga? Bruxos e lobisomens não se misturam, é a lei.— Você sabe que grande parte da alcatéia não vai aceitar. Você sabe o que eles pensam sobre bruxos — disse James— Sua madrasta, Zelda, é uma bruxa, e está há muito tempo conosco — Havia essa exceção na lei.— Mas ela não é uma ameaça — disse uma outra voz ao entrar na cabana.— Pai?— Olá, Lucas — disse ele aproximando-se.— O que você quer?Meu pai nutria um enorme desprezo por mim depois que tomei seu lugar na alcatéia. Quando era pequeno sempre me sentia estranho, e depois que descobri que era um lobisomem as coisas pioraram. Pude entender muitas coisas sobre meu pai, a sua ausência, sua rigidez e proteção, ele sempre foi rígido com horários, e moramos em Raven, a cidade mais tranquila do mundo, em questão de segurança, mas tarde entendi seus medos. Vampiros e bruxos estavam à espreita, e ainda tinha o fato dos lobisomens serem
Helena Dcastelli“Silêncio, Heitor”. Estávamos conversando através dos pensamentos.“Eu sei”. Irritou-se ele, tínhamos saído da cabana, ficamos invisíveis, mas todo cuidado era pouco, e não podíamos chegar perto de Lucas.“Você já repetiu isso 500 vezes.”Estávamos procurando um caminho sem lobisomens por perto, sabia que Lucas provavelmente tinha espalhado nosso cheiro.“Por aqui”. Heitor me chamou, mas tinha muitos lobisomens por lá também. “Tem muitos deles”.“Sim, Heitor. Onde você acha que a bruxa se escondeu?”“Está perto, ela também quer falar conosco, teve alguma visão?”“Não, mas ela está me mostrando algo, ela está facilitando. Vamos! — Disse eu agitada”. Corremos e nos deparamos com uma casa antiga no meio de um jardim. Então, tornamo-nos visíveis novamente.— Então é aqui! — Heitor exclamou. Uma energia forte ondulou da casa, e parecia que o chão iria nos engolir, a reação de Heitor foi rir, ele balançou a cabeça para os lados como se não acreditasse no que estava vendo —
Helena Dcastelli Lucas me fitava com um ar de interrogação na cabeça. Não compreendia o que eu sentia por ele, tinha tanto medo. Tinha medo de destruí-lo. Aproximei-me dele, coloquei as mãos ao redor do seu pescoço e o beijei, e pensei que nunca fosse fazer isso, porque não posso aceitar amá-lo, pois a única coisa que um monstro sabe fazer é destruir, e é absolutamente isso o que eu faço. Eu destruo as pessoas. Lucas colocou a mão na minha cintura e me puxou para mais perto, podia sentir seu coração batendo tão intensamente quanto o meu, parei o beijo e colei minha testa na dele, senti ele pressionar as mãos na lateral do meu corpo, como uma súplica para que eu não me afastasse e voltasse a ser a Helena indiferente e fria. — Carjás não pode encontrar você — sussurrei. Carjás nos ensinou sobre o destino, sobre ter um destinado. Ele nos contou histórias trágicas sobre o laço do destino, se ele descobrir que tenho um destinado, e que ele é um lobisomem, será um caos, eu vi isso, e t
Heitor Dcastelli.O plano era tornar toda a alcatéia invisível, mas os lobos idiotas tinham que ter dificultado tudo. Gemi de dor tentando estancar o sangue com um pedaço da camisa que havia rasgado. O lobo não chegou a me morder mesmo, mas ganhei um belíssimo arranhão no ombro, que estava bem feio e profundo. Minha cabeça doía bastante.Era uma vergonha para mim ter me rebaixado tanto, ao ponto de ter sido ferido por um lixo de lobisomem. Quando consegui estancar o sangue, procurei algumas ervas na floresta em que havia parado, tinha certeza que era no sul da alcatéia, pois sou muito bom em sentir as pessoas e os lugares, sou um caçador nato, ou como Helena diz, um Google maps ótimo. Tinha a habilidade de ter sensações, sentia a presença e os sentimentos das pessoas ao meu redor. Era por isso que Silas cismou comigo, etambém esse era o motivo de Helena ter ficado frustrada quando não a alertei sobre a presença de Lucas, não que tenha sido proposital, mas tem algo em Zelda que não
Lucas Santory.Estava amanhecendo. Peguei uma rocha com as mãos e joguei no rio frustrado por não saber de Helena.— Isso não vai adiantar — Disse Heitor bocejando. Ele inha tirado um bom cochilo, ao contrário de mim.— Qual é a sua? Não parece nenhum pouco preocupado!— Se ela estivesse sofrendo ou morta eu saberia.— Droga! Cadê ela? — joguei-me de joelhos no chão e comecei a terra. Heitor ignorou meu ataque de raiva, virando-se para o outro lado, impaciente fui até ele e o virei com violência na minha direção, dei um soco no chão a centímetros do rosto dele, ele apenas me encarou com tédio. Otário! A insensibilidade dele me tirava do sério.— Ela é minha destinada, porra! — Ele se sentou e sorriu.— Isso não significa nada para os bruxos. É perda de tempo, no seu lugar, quando eu descobrisse que Helena é minha destinada tinha sumido do mapa faz tempo. — Seu... — Ele levantou as mãos em rendição.— Se eu fosse o destinado de alguém pediria para ele sumir também, acredite — Suspirou
Helena Dcastelli O lugar era escuro. Onde eu estava? “Heitor! Heitor!” Andei pelo quarto onde estava, tentando achar uma brecha para sair, estava muito fraca para usar um feitiço, e isso não é nada bom. Caí no chão com o peito doendo, era uma dor insuportável, comecei a sentir um gosto estranho na boca, era sangue, e mais sangue começou a sair pelo meu nariz, ouvidos, olhos e unhas. — Não! — Olhei para a porta de ferro que foi aberta, alguém se colocou na minha frente e quando ergui o olhar vi quem menos esperava. — O que fez comigo? — Gemia pela dor que se espalhava pelo meu corpo. — Estou destruindo vocês antes que destruam tudo o que eu consegui até agora — Disse ele. — Ahhhh — Gritei, era muita dor. Muita dor. — Ela vai morrer? — Alguém perguntou. Era um homem, acho que o amigo de Lucas. James. — Ainda não, quero os dois — Respondeu outra voz. Que ódio! Esse homem nunca foi confiável. Pena que Lucas foi incapaz de enxergar isso. Meus olhos estavam fechados, nesse momento