Início / Fantasia / MEU MUNDO: Nada é o que parece / CAPÍTULO 3: O rei dos vampiros
CAPÍTULO 3: O rei dos vampiros

Lucas Santory

Ela estava aqui. Minha amada Helena, minha destinada, mas como contradizer uma lei tão antiga? Bruxos e lobisomens não se misturam, é a lei.

— Você sabe que grande parte da alcatéia não vai aceitar. Você sabe o que eles pensam sobre bruxos — disse James

— Sua madrasta, Zelda, é uma bruxa, e está há muito tempo conosco — Havia essa exceção na lei.

— Mas ela não é uma ameaça — disse uma outra voz ao entrar na cabana.

— Pai?

— Olá, Lucas — disse ele aproximando-se.

— O que você quer?

Meu pai nutria um enorme desprezo por mim depois que tomei seu lugar na alcatéia. Quando era pequeno sempre me sentia estranho, e depois que descobri que era um lobisomem as coisas pioraram. Pude entender muitas coisas sobre meu pai, a sua ausência, sua rigidez e proteção, ele sempre foi rígido com horários, e moramos em Raven, a cidade mais tranquila do mundo, em questão de segurança, mas tarde entendi seus medos. Vampiros e bruxos estavam à espreita, e ainda tinha o fato dos lobisomens serem praticamente extintos, nossa sobrevivência depende de nos manter discretos.

Ele era um bom pai na medida do possível, porém quando descobri a traição dele com a nossa família, senti tanto ódio. Joana, minha mãe, sabia da existência dos lobisomens, ela era humana e completamente apaixonada pelo meu pai desde muito jovem, ela abdicou de uma vida normal para ficar com ele. Isso é o que torna toda essa situação tão odiosa para mim, ele não pensou nela em nenhum momento.

Ele destruiu nossa família. 

Há um ano atrás, no aniversário de minha mãe, tinha combinado de buscar o meu pai no serviço e depois pegar o bolo dela na confeitaria para comemorarmos, como a escola é perto da delegacia resolvi ir andando até lá, mas não esperava que meu pai já tivesse companhia. Assim que pisei no local percebi que algo estava estranho, primeiro porque avistei um conversível branco atrás da delegacia, segundo porque não tinha nenhum policial por lá, e terceiro porque sabia que o meu pai estava lá dentro, e ele não estava sozinho. Assim que escutei os gemidos, meu sangue ferveu e a raiva consumiu meu corpo. Naquele mesmo dia, assim que meu pai chegou na alcatéia reivindiquei seu lugar.

— Vim verificar se é verdade sobre Helena, a filha de Carjás — Enquanto o olhava, apenas conseguia lembrar daquela cena, de quando ele traiu a minha mãe, e o pior ele continuava fazendo isso, apesar de sempre negar, mesmo ele não sendo mais o líder, eu sabia que se eu cometesse qualquer deslize seria motivo suficiente para ele tentar retomar seu posto, e não queria ter que matar meu próprio pai, por pior que ele fosse.

— Ela é minha destinada — Disse frustrado com a cara de nojo que ele fazia, como se Helena fosse um ser extremamente asqueroso, ele riu de mim vendo a raiva estampada em meu rosto.

— Enquanto Carjás estiver vivo, ela é só um fantoche. A família Dcastelli é um clã antigo, talvez o primeiro de todos. Carjás é o comandante supremo, e os filhos são prisioneiros dele.

Apertei as mãos e dei um passo em sua direção, ele estava dizendo que Helena não era quem parecia ser? 

— A 'Sua' Helena não vai te poupar — continuou. James se colocou na minha frente e segurou meus ombros, me empurrando para trás.

— Calma cara, sei que seu pai não é mais o alfa, mas ao que parece, e pelo que me informei, devemos temer Carjás.

— Ele não vai levá-la. Ela não vai sair daqui. Ela vai ficar!

— Helena é um caso perdido. Acredite! — Disse meu pai.

— Saia! — Entretanto, ele continuou me encarando com superioridade.

— Lucas? — Arthur, um dos meus lobos me chamava.

— Sim?

— Frank chegou e quer conversar com o você, parece que ele sabe quem fez aquilo com a pobre menina Lorson.

Um vampiro aqui?

— É melhor ver sua visita logo, pois a espécie dele e a da sua amada são inimigas. Quando os gêmeos souberem que ele está aqui — Robert riu escandalosamente — Você é muito ingênuo, filho.

— Não me chame assim, eu sou o seu alfa!

— Pode ter tomado o meu lugar, e todos podem te respeitar como um líder, mas eu continuo sendo o seu pai!

— Chega Robert! — disse tio Silas, pai de James, meu pai e ele eram amigos há muito tempo e se consideram primos, mas para mim, Silas merecia um amigo melhor, ele sim era um exemplo — Pare de provocá-lo. Lucas você precisa saber mais sobre Carjás, mas primeiro vamos conversar com nosso convidado.

— Só mais uma coisa — Meu pai tornou a se intrometer — Houve boatos que trouxe a garota e seu irmão à força, é verdade?

— Sim, não poderia deixá-la para trás!

— Devia tê-la escutado.

— Robert! — advertiu tio Silas.

— A garota é uma arma carregada e você ainda trouxe o gatilho, o irmão dela....

— Robert, cale a boca!

— Ele precisa saber que esses bruxinhos são o demônio em pessoa, são o que há de pior no mundo. Quem você acha que criou os vampiros, uma raça predadora de humanos, quem você acha que é responsável pela extinção da maioria dos lobisomens, e do fato de termos que nos esconder para sobreviver?

— Cale-se, Helena vai ficar, eu sou o seu líder e eu decido — falei com minha voz de alfa, com os olhos vermelhos pela fúria, dessa vez ele abaixou a cabeça e cumpriu minha ordem.

Simplesmente não podia acreditar que Helena fosse tudo o que a alcatéia mais temia, e que com ela aqui, o fim de todos os lobisomens estivesse perto.

Silas e eu caminhamos para uma das cabanas mais distantes da alcatéia, o que me deixou um pouco atormentado, ficar longe da nossa companheira de destino, era agonizante, queria-a perto de mim o tempo todo, era um sentimento intenso e amedrontante.

Quando cheguei na cabana vi a silhueta de um homem alto pela janela espreitando pelas brechas.

— Quem é ele mesmo, Silas? — perguntei.

— Frank, líder dos vampiros.

— Ele está aqui! Como?

— Ele seguiu vocês, estava vigiando a casa de Carjás, ele desconfia que o seu “sogro” seja o responsável pelo desaparecimento de Sofia Lorson.

— Então Sofia Lorson foi transformada em uma vampira realmente.

— Sim.

— E precisamos saber quem a transformou — conclui. O sujeito saiu da cabana e caminhou até nós, sua cara de poucos amigos demonstrava o quanto ele estava irritado com o caminho que a situação seguia.

— Foi você que transformou Sofia? — perguntei.

— Não, mas tive um pouco de culpa, me mudei a poucos meses para Raven. E como me arrependo.

— E porquê?

— Se não tivesse me mudado, minha família nunca teria conhecido Sofia e todos os Lorson, mas essa cidade me atraiu, e tudo isso aconteceu.

— Todos os Lorson?

— Sim, pessoas desprezíveis, que apoiam o clã bruxo.

— O que aconteceu com a Sofia?

— Nós vampiros não sabemos, mas sei que os gêmeos sabem. Eles sabem!

— Por isso nos seguiu? Pelos gêmeos? Mas porquê? Já que despreza tanto eles quanto os Lorson, duvido que a menina seja tão importante para você!

— Não é — Cuspiu as palavras, dizendo com total desprezo — Sofia se aproximou do meu filho Raul, um vampiro jovem, ele acabou de completar 17 anos, e ainda estava aprendendo sobre o nosso mundo, eles se tornaram grandes amigos, ela se acidentou e o forçou a transformá-la, ela sabia que éramos vampiros, investigou nossa família, e foi muito fácil para ela descobrir desde que Frederik Lorson é um dos membros do conselho da cidade, conselho esse que sabe da existência de seres sobrenaturais, formados Ethan Montez, o diretor da escola que a propósito é um bruxo, Robert, seu pai, o delegado da cidade, e Frederick Lorson, o único humano do grupo, eu e agora Carjás. Essa garota infernizou o meu filho até conseguir o que queria, eles fugiram quando eu descobri tudo. Meu filho também está desaparecido e eu o quero de volta nem que eu tenha que torturar os gêmeos Dcastelli, puxar a pele deles e quebrar os ossos devagar!

Transformei-me na frente dele.

“Quero ver você tentar!” — disse eu em sua mente.

— Você é insignificante e essa garota não tem piedade de ninguém, tenho certeza que foi ela e o irmão que pegaram a garota e o meu filho, e pode ter certeza que eles não tiveram pena do meu menino.

— Helena é minha destinada.

— Os bruxos perseguem os vampiros há anos e praticamente exterminaram os lobisomens! Como pode defendê-los? Deveríamos nos juntar contra eles.

Pulei em cima dele e joguei-o no chão.

“Quero que fique longe dos gêmeos, faça o que quiser com Carjás, eu não confio nele, mas deixe Helena e Heitor em paz.”

O vampiro me afastou dele com um empurrão, fazendo-me cair para longe, Silas se transformou em seguida encarando Frank, que já estava de pé.

“Carjás é nossa maior preocupação, Frank. Ele sim devemos temer. Entenda que meu sobrinho deve lealdade a Helena e todos os lobos devem lealdade a ele, pois ele é o nosso alfa.”

Levantei-me e rosnei para Frank.

“Vá embora! Saia!”

— Eu voltarei! — gritou.

“Saiba que nunca encontrará esse lugar de novo. Só os lobos são capazes.”

Frank encarou-me com intensidade.

— Eu a matarei, destruirei todos os bruxos! — Ele saiu com velocidade sobrenatural.

“Tio?”

“Sim, Lucas?”

“Vá atrás de Helena. Eu preciso falar com Zelda.”

Ele assentiu e correu por entre as árvores.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo