Helena Dcastelli
“Silêncio, Heitor”. Estávamos conversando através dos pensamentos.
“Eu sei”. Irritou-se ele, tínhamos saído da cabana, ficamos invisíveis, mas todo cuidado era pouco, e não podíamos chegar perto de Lucas.
“Você já repetiu isso 500 vezes.”
Estávamos procurando um caminho sem lobisomens por perto, sabia que Lucas provavelmente tinha espalhado nosso cheiro.
“Por aqui”. Heitor me chamou, mas tinha muitos lobisomens por lá também. “Tem muitos deles”.
“Sim, Heitor. Onde você acha que a bruxa se escondeu?”
“Está perto, ela também quer falar conosco, teve alguma visão?”
“Não, mas ela está me mostrando algo, ela está facilitando. Vamos! — Disse eu agitada”. Corremos e nos deparamos com uma casa antiga no meio de um jardim. Então, tornamo-nos visíveis novamente.
— Então é aqui! — Heitor exclamou. Uma energia forte ondulou da casa, e parecia que o chão iria nos engolir, a reação de Heitor foi rir, ele balançou a cabeça para os lados como se não acreditasse no que estava vendo — Ela é forte — Observou, nos encaramos sorrindo.
— Mas não o suficiente — dissemos juntos em voz alta, apontamos as mãos para a casa e esmagamos ela como um pedaço de papel.
Heitor me olhou.
— Você acha que ela é uma traidora?
— Você sabe o que eu acho e sei que concorda comigo.
— Ela ajudou as criaturas que mataram nossa mãe, que destruíram nossa família — Disse ele.
Assenti. Fomos em direção ao casebre e retiramos os destroços da casa apenas com o poder do pensamento e vimos a bruxa em meio aos destroços.
— Ela pensou que pudesse confiar em nós — disse Heitor.
— Ela se enganou — Rebati.
— Ela não parece ruim, os sentimentos dela estão confusos, parece que nos conhece — Heitor parecia tão confuso quanto a bruxa, balancei a cabeça na tentativa de afastar a ideia de que aquela bruxa era a vítima da história, ela era somente alguém que traiu o clã. Se não fosse ela, talvez não tivéssemos errado tanto.
— Quem não nos conhece, Heitor? Todos os bruxos sabem de nós! — Disse eu tentando dissipar da cabeça dele a ideia de poupá-la.
— Mas ela não é do clã! Ela é uma desgarrada, e quem somos nós Helena para julgar alguém que quebrou as regras do clã? — Encarou-me sério, franzi o cenho, ele tinha que insistir nisso?
A mulher ficou de quatro no chão e começou a cuspir sangue, olhei para ela e a empurrei de volta ao chão com o pé, fazendo-a gemer de dor.
— Helena! Ela precisa nos dizer algo, uma pista, nos dizer o motivo por trás de estar ajudando os lobisomens a se esconder há tantos anos.
Amarramos a bruxa em uma árvore, e ficamos observado ela.
— Eu torturo ou você tortura? — perguntou Heitor.
— Ninguém tortura ninguém — Disse Lucas surgindo da floresta, ele caminhou até Zelda e começou a desamarrá-la.
Heitor tentou impedi-lo, mas eu o paralisei. “Como não o sentiu?”. Perguntei para meu gêmeo.
“Esqueceu que estamos em uma alcatéia cheia de lobisomens irmã”. Bufei, as habilidades de Heitor eram mais poderosas que isso, talvez ele não quissesse matar a bruxa de verdade.
Lucas continuou o trabalho em desfazer as amarras da nossa vítima, Heitor novamente tentou intervir, mas continuei impedindo-o.
— Mas ele...
— Zelda vai nos dizer tudo, nem que não queira — Disse eu.
“Se realmente quisesse que ele não nos atrapalhasse tinha detectado a aproximação dele, agora é tarde”. Heitor arregalou os olhos e apertou os punhos indicando que não estava nem um pouco feliz com a minha atitude.
Lucas encarou-me.
— Como pode fazer isso Helena. Por quê?
Por tantos motivos, essa mulher foi uma das responsáveis pelo assassinato da nossa mãe, pensei em dizer, mas preferi o silêncio, ele não deveria saber nada sobre mim. Era o melhor. Heitor tocou no meu ombro, sinalizando que isso era o que ele pensava também. Pelo menos nisso estávamos de acordo.
— Essa sou eu, Lucas. Você não me conhece.
— Eu quero conhecer, mas você não deixa! — Lucas me encarou com intensidade e minha reação foi me afastar dele, caminhando para trás, parecia que aquele sentimento estranho iria tomar conta de mim, ele me deixava fraca, e Carjás nos ensinou a não ser fracos.
— Não — balançava a cabeça para os lados, senti quando Heitor me abraçou.
— Eles....foram enganados...não podem acreditar em...não podem acreditar nele, ele... — Dizia Zelda com dificuldade. Encaramos ela, que ainda estava no chão ferida.
— Por quê traiu os bruxos? — perguntou Heitor ainda me segurando entre seus braços.
Nesse momento, um homem surgiu da floresta e quando viu Zelda correu em sua direção desesperado.
— Zelda! Querida.
— Silas...Eu..
— Shiii — ele acariciou o rosto dela e a colocou no colo.
— Tio eu...
— Cale-se — Outros lobos apareceram — Eles tinham sumido, chamei os outros para procurá-los. Alguns lobisomens que estavam em sua forma humana não muito longe da sua cabana, eles estavam desorientados, disseram ter sentido vontade de atacar uns aos outros de repente, eu sei que isso deve ter sido obra de Heitor, eu já ouvi falar muito de você, jovem — Silas encarou Heitor e depois Lucas — Os lobos que vigiavam os gêmeos se distanciaram para impedir um banho de sangue, foi quando eles aproveitaram para sumir da cabana.
— Silas, não — Zelda sussurrou — Não é o momento.
— Mãe! — James surgiu do meio do nada, Silas a colocou no colo dele e caminhou até nós puxando Heitor de mim, fazendo-me cair no chão.
Lucas me segurou pelo cotovelo e me puxou do chão.
— Desculpe tio, isso não voltará a acontecer, Helena vai ficar comigo, James — O filho de Zelda olhou para seus alfa — Leve Heitor para uma cabana bem distante da minha, e coloque lobos vigiando-o.
Ele me colocou no colo e me tirou dali.
— Eu sei andar!
— E torturar também, queria acreditar que você não fosse capaz de fazer coisas cruéis.
— Eu fui criada para fazer coisas cruéis.
— Não!
— Sim!
Engoli em seco, e fechei os olhos. Em seguida os abri, e me deparei com seu olhar penetrante.
— Você merecia mais, Lucas.
— Você é tudo pra mim.
— Então você não tem nada!
Sabia da intensidade dos sentimentos dele por mim, e tinha medo dos meus. Aquilo era um absurdo para mim, a única pessoa com quem me importei a vida toda era apenas Heitor, e pretendia que continuasse assim.
Ele abriu a porta da cabana dele com um chute, me colocou no chão em pé, e me encarou com profundidade.
— Você é minha destinada.
Ele deveria se afastar. Ele deveria me deixar ir. Um imenso trovão soou no céu, e uma sensação estranha se espalhou por todo o meu corpo, olhei pela janela, era noite e tudo indicava a presença dele.
Carjás está aqui. Conseguia vê-lo.
— Helena, seus olhos estão brancos… — Lucas tentou se aproximar, mas estendi a mão afastando-o. Carjás estava à caminho. Ele nos encontraria cedo ou tarde, coloquei a mão no peito, e fechei os olhos.
“Heitor está aí?”
“Sim, e ele também. Consigo senti-lo levemente. Ele está com raiva, acha que fugimos”.
“Não podemos deixar Carjás vê-los”.
“Fazemos o combinado então?”
“Sim”.
Helena Dcastelli Lucas me fitava com um ar de interrogação na cabeça. Não compreendia o que eu sentia por ele, tinha tanto medo. Tinha medo de destruí-lo. Aproximei-me dele, coloquei as mãos ao redor do seu pescoço e o beijei, e pensei que nunca fosse fazer isso, porque não posso aceitar amá-lo, pois a única coisa que um monstro sabe fazer é destruir, e é absolutamente isso o que eu faço. Eu destruo as pessoas. Lucas colocou a mão na minha cintura e me puxou para mais perto, podia sentir seu coração batendo tão intensamente quanto o meu, parei o beijo e colei minha testa na dele, senti ele pressionar as mãos na lateral do meu corpo, como uma súplica para que eu não me afastasse e voltasse a ser a Helena indiferente e fria. — Carjás não pode encontrar você — sussurrei. Carjás nos ensinou sobre o destino, sobre ter um destinado. Ele nos contou histórias trágicas sobre o laço do destino, se ele descobrir que tenho um destinado, e que ele é um lobisomem, será um caos, eu vi isso, e t
Heitor Dcastelli.O plano era tornar toda a alcatéia invisível, mas os lobos idiotas tinham que ter dificultado tudo. Gemi de dor tentando estancar o sangue com um pedaço da camisa que havia rasgado. O lobo não chegou a me morder mesmo, mas ganhei um belíssimo arranhão no ombro, que estava bem feio e profundo. Minha cabeça doía bastante.Era uma vergonha para mim ter me rebaixado tanto, ao ponto de ter sido ferido por um lixo de lobisomem. Quando consegui estancar o sangue, procurei algumas ervas na floresta em que havia parado, tinha certeza que era no sul da alcatéia, pois sou muito bom em sentir as pessoas e os lugares, sou um caçador nato, ou como Helena diz, um Google maps ótimo. Tinha a habilidade de ter sensações, sentia a presença e os sentimentos das pessoas ao meu redor. Era por isso que Silas cismou comigo, etambém esse era o motivo de Helena ter ficado frustrada quando não a alertei sobre a presença de Lucas, não que tenha sido proposital, mas tem algo em Zelda que não
Lucas Santory.Estava amanhecendo. Peguei uma rocha com as mãos e joguei no rio frustrado por não saber de Helena.— Isso não vai adiantar — Disse Heitor bocejando. Ele inha tirado um bom cochilo, ao contrário de mim.— Qual é a sua? Não parece nenhum pouco preocupado!— Se ela estivesse sofrendo ou morta eu saberia.— Droga! Cadê ela? — joguei-me de joelhos no chão e comecei a terra. Heitor ignorou meu ataque de raiva, virando-se para o outro lado, impaciente fui até ele e o virei com violência na minha direção, dei um soco no chão a centímetros do rosto dele, ele apenas me encarou com tédio. Otário! A insensibilidade dele me tirava do sério.— Ela é minha destinada, porra! — Ele se sentou e sorriu.— Isso não significa nada para os bruxos. É perda de tempo, no seu lugar, quando eu descobrisse que Helena é minha destinada tinha sumido do mapa faz tempo. — Seu... — Ele levantou as mãos em rendição.— Se eu fosse o destinado de alguém pediria para ele sumir também, acredite — Suspirou
Helena Dcastelli O lugar era escuro. Onde eu estava? “Heitor! Heitor!” Andei pelo quarto onde estava, tentando achar uma brecha para sair, estava muito fraca para usar um feitiço, e isso não é nada bom. Caí no chão com o peito doendo, era uma dor insuportável, comecei a sentir um gosto estranho na boca, era sangue, e mais sangue começou a sair pelo meu nariz, ouvidos, olhos e unhas. — Não! — Olhei para a porta de ferro que foi aberta, alguém se colocou na minha frente e quando ergui o olhar vi quem menos esperava. — O que fez comigo? — Gemia pela dor que se espalhava pelo meu corpo. — Estou destruindo vocês antes que destruam tudo o que eu consegui até agora — Disse ele. — Ahhhh — Gritei, era muita dor. Muita dor. — Ela vai morrer? — Alguém perguntou. Era um homem, acho que o amigo de Lucas. James. — Ainda não, quero os dois — Respondeu outra voz. Que ódio! Esse homem nunca foi confiável. Pena que Lucas foi incapaz de enxergar isso. Meus olhos estavam fechados, nesse momento
Lucas SantoryEstava em Nabor, sentia-me completamente perdido, levaram Heitor há dois dias e agora estou num orelhão levando bronca da minha mãe por ter deixado-a sem notícias, minha mãe sabia dos lobisomens, mas desde que briguei com o meu pai pelo título de alfa, ela não foi mais a alcatéia, porém, com o meu desaparecimento, Robert e ela foram lá e viram apenas um grande gramado.Parece que todos os lobos seguiram Silas e eu precisava saber para onde.— Sim, mãe, eu estou bem! — Disse pela décima vez — também amo você.— Juízo, e volte logo — Ela passou o telefone para meu pai.— Eu te avisei — Revirei os olhos — foi sua culpa, disse que era perigoso, era óbvio que Carjás viria atrás deles, e aquele idiota do Silas sabia o que estava fazendo — Franzi o cenho..— Do que está falando? Diga!— Agora que é tarde quer me escutar? — debochou.— Fale! — Rosnei e usei minha voz de alfa.— Silas é inimigo de Carjás há muito tempo, e ele queria os gêmeos.— Ele queria os gêmeos, por quê?— T
Helena DcastelliEnquanto encarava o teto e observava a brecha que existia lá. Forcei uma ventania intensa, escutei os gritos das pessoas no acampamento. Ainda estava na minha prisão, eu não consegui fazer magia dentro, mas fora sim, resultado: Não consigo fugir, e isso é frustrante.— Pare Helena — Era ela novamente, abaixei a cabeça e a empurrei com a força do pensamento na parede do corredor, era uma espaço pequeno entre a grade da minha prisão e a parede no lado oposto.— Você não vai fazer aquilo de novo comigo — Ela engoliu em seco, e saiu da parede, senti a pontada na cabeça e a minha pele começou a arder.— Não! — Gritei me levantando e indo cambaleando até a grade, fechei a boca dela, assim ela parou o feitiço.Ela tentou falar, mas eu estava conseguindo mantê-la calada.— Eu não vou ser torturada por você.Ela negou.— Deixe-me ir embora, mostre que se importa comigo, me deixe ir atrás de Heitor, sei que ele está em perigo, eu o vi sozinho, e ele estava fraco, isso que faz e
Lucas Santory — Nós a transformamos — Repetiu como se ela mesma não acreditasse. — Como? — Assim como Frank criou os vampiros a muitos anos e se transformou em um — Helena respirou fundo — Não foi difícil para Heitor e eu. Isso continuava confuso. Realmente nada era o que parecia ser e cada vez que eu descobria alguma coisa, algo mudava dentro de mim. — Mas, vocês foram mandados por Carjás para matá-la! Isso é uma espécie de jogo para ele? — Ele não sabe. Espero que ainda não. Nós.....bem, não a matamos — Franzi o cenho ainda confuso com a revelação. Carjás não sabe nada, ele pensa que os gêmeos nada tem haver com o desaparecimento de Sofia Lorson? Mas como? Será que esse era o plano cruel que Heitor e Helena tinham? — Estamos caçando-a, acontece que Sofia não é quem todos pensavam, ela é manipuladora. Sofia disse que sabia sobre nossa mãe. A mais pura verdade é que nunca acreditamos que nossa mãe havia morrido, mas sabíamos que os lobos estavam envolvidos, e sabíamos sobre a c
Heitor Dcastelli— Passou sua dor — Disse Katie — Parece que sua irmãzinha conseguiu se livrar do feitiço de sangue. Ele é realmente doloroso. Mas, agora você e ela estão livres de Carjás.Franzi o cenho, sabia que mesmo assim Carjás nunca desistiria, ele era nossa sina.— Por que está aqui? E com vampiros! — Disse mudando de assunto, afinal Katie poderia saber algo sobre Helena.— Sei que você e Helena estão com meu irmão. Ele é apenas um menino. Nunca deveriam ter tocado nele.— Raul já tem 17 anos. Não é nenhuma criança. É tão novo quanto nós, olha como são as coisas? — Disse com ironia, pois do jeito que ela falava, parecia que Raul era um garoto ingênuo.Katie respirou fundo.— Eu sei, mas sei que com o treinamento de vocês, mal tiveram tempo para serem crianças. Vocês são coisas e não...— Pessoas? — Balancei a cabeça negativamente, comecei a observar o quarto em que me encontrava, não havia nenhum feitiço ali. O quarto parecia mais como um filme de terro, o teto era de madeira,