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CAPÍTULO 1: Como tudo começou

Lucas Santory

Desaparecimento de Sofia Lorson, 15 anos.

Essa era a notícia que se espalhava por todos os jornais da pequena cidade de Raven, todos estavam perplexos pela respeitosa cidade ser palco de um provável crime. A cidade famosa por sua tranquilidade, agora estava sob o caos de uma notícia tão surpreendente. Os Lorson são uma família respeitada aqui, e o sumiço da filha de Frederick Lorson, o prefeito de Raven, foi um escândalo para todos.

— Lucas deixe esse jornal de lado — disse minha mãe, Joana — tome seu café da manhã, já basta o seu pai que nunca está realmente presente nas refeições.

Robert Satory, meu pai, ele é o delegado da cidade e está profundamente mergulhado no caso dos Lorson, apesar de que sei que ele não é ninguém para buscar honestidade e justiça.

— Não me compare a ele! — Gritei quase quebrando a xícara de café que segurava, mas logo em seguida respirei fundo e me acalmei, pois ela não tinha culpa das coisas que ele fazia pelas suas costas.

— Filho! Pare com isso — abaixei a cabeça envergonhado, não queria ser como ele, que a desrespeita todos os dias, sob o próprio nariz dela. Levantei-me e peguei minha mochila no sofá, saí pela porta da frente e fui para o colégio. Eu estava no último ano do ensino médio, eram os últimos meses de aula, e era um alívio gigantesco já estar concluindo.

Caminhei lentamente através das ruas estreitas que cortavam a cidade, e algumas quadras dali vi um caminhão de mudanças, mas isso não foi o que realmente me surpreendeu, mas sim foi a cabeleira loira que olhava o movimento da saída de caixas do caminhão que verdadeiramente chamou minha atenção, foi como se a conhecesse há séculos, aquele rosto, aqueles cabelos. Será que ela era um anjo? Ela era linda.

No entanto, quem em sã consciência se mudaria para Raven? Apenas quem quisesse fugir do mundo e se esconder. Parecendo sentir meu olhar, ela virou a cabeça na minha direção e abriu um pouco os lábios, talvez surpresa? Não sei. Ela ficou me encarando, e juro que quase pude sentir o ar estalar. Quem disse que aquele papo meloso de que amor à primeira vista acontecia apenas no cinema fosse mentira? Apenas esperava que não fosse um triste caso de Romeu e Julieta.

Uma ventania começou do nada e me arrastou para trás tão de repente que me assustei com o impacto violento no chão.

— O que está acontecendo, Helena! O que você estava olhando? — Perguntou uma voz grave.

— Nada pai! — disse ela nervosa.

Eu estava jogado no chão atrás da cerca da casa dela e pude ver o pai da garota vindo em minha direção, ele olhou, por cima da cerca, diretamente para mim, mas estranhamente não me viu, ele olhou através de mim.

Quando me levantei e encarei novamente a garota, ela apenas me olhou com dúvida, e medo? 

Virou-se e seguiu para o interior da casa.

Fui para o colégio um pouco pertubado, não sabia exatamente o que pensar sobre Helena e não tirava da cabeça o fato de ter ficado invisível aos olhos do pai dela.

— Lucas! — era James, meu melhor amigo — onde você estava?

— Demorei no caminho — Ele começou a caminhar ao meu lado — perdi muita coisa? — Perguntei.

— Vamos ter carne nova na área — ri do modo que James falava.

— Não se refira às garotas assim, cara — dei um tapa em suas costas.

Ele levantou as mãos em rendição, de repente ele parou e segurou meu braço. Era Helena e um cara também loiro, eles caminhavam atrás de um homem alto, o pai dela, puxei James para o outro corredor.

— Ei cara! Vamos nos apresentar — Era isso o que ele queria, mas eu não sentia algo bom vindo daquele homem, ele parecia aparentemente inofensivo, mas o olhar dele era de um azul tão gélido que parecia capaz de rasgar sua alma. 

— Não, isso é muito estranho — Coloquei  a mão no queixo enquanto analisava aquela família.

— O quê?

— O pai dessa garota…A família ter chegado depois do desaparecimento de alguém.

— Acho que você está viajando, a garota Lorson sumiu há mais de dois meses — Isso era verdade, mas algo me dizia que não se tratava de um simples desaparecimento.

— Obrigado diretor Ethan. Aposto que Helena e Heitor vão se dar muito bem aqui, essa cidade parece ser muito promissora para os nossos negócios — disse o pai de Helena, e quando ele falava “nosso”, parecia incluir o diretor também, e parecia que eles se conheciam há muito tempo.

— A propósito, soube que você falhou recentemente, Ethan — o tom do pai de Helena era punitivo, o diretor apenas assentiu. Aquilo pareceu muito estranho, era como se eles já se conhecessem.

— Desculpe Carjás, quero dizer “senhor” Dcastelli, mas não conseguimos evitar o que aconteceu.

— Não importa, não quero desculpas, mas agora Helena e Heitor vão ficar na escola, afinal essa é a única da cidade, não vai ser difícil identificar quem fez o que fez!

— Boa aula, meus filhos.

— Sim senhor — Disseram os dois com a cabeça baixa.

Virei-me para James, mas ele estava muito entretido mexendo no celular.

— Seus horários — O diretor entregou rapidamente para eles e se trancou no escritório.

Helena passou por nós no corredor, ela olhou de canto de olho pra mim e seguiu com o irmão para longe. Encontrei Heitor na minha aula de inglês, ele era bem calado e estranho, ficou olhando ao redor da sala e depois ficou encarando o caderno.

Como disse: Bem estranho.

O sinal tocou e todos começaram a sair desesperados da sala, levantei-me do meu assento e fui até Heitor. Ele não parecia preocupado em ir embora.

— Olá, sou Lucas — estendi a mão para ele, ele levantou a cabeça lentamente e me encarou, erguendo as sobrancelhas em seguida.

— Olá — disse ele de forma seca e desceu o olhar para minha mão estendida e voltou a me encarar, ele parecia me analisar profundamente, ele não aceitou meu cumprimento, então eu passei a mão no cabelo, tentando disfarçar, e comecei a me virar para pegar minha mochila.

— Sou Heitor — encarei-o rapidamente.

— Oi...é…Heitor — Como conversar com ele? Essa era questão, e aí Heitor, eu achei sua irmã muito linda, quer ser meu amigo? Isso seria patético.

— Eu aceito ser seu amigo — O que ele disse?

— Aceita? — Como ele? 

— Aceito, sei que quer se aproximar de mim por conta da Helena. Não sei o que se passa com você sobre ela, mas já vi você encarando-a duas vezes só hoje, sem contar sua enorme falta de educação ao escutar conversa alheia.

Ele se levantou e ficou na minha frente.

— Só tome cuidado com o que você pensa — Disse ele se distanciando.

Havia algo muito estranho com os Dcastelli, e principalmente com os gêmeos Dcastelli, Helena e Heitor. O que eles eram e o que faziam em Raven?

O intervalo foi o mais estranho de todos, Helena e Heitor eram o centro das atenções, com uma multidão em volta deles. Os dois entregando sorrisos. Na aula de Educação Física, fiquei no alto da arquibancada e vi Helena e Heitor em lados opostos da quadra como se estivessem procurando algo.

Helena estava olhando ao redor quando seu olhar se encontrou com o meu. Ela não parou de me encarar, então resolvi me aproximar, caminhei até ela e coloquei seu cabelo atrás da orelha como se tivesse feito isso a vida toda. 

— Você é linda — Ela deveria me achar louco. Eu parecia louco com certeza.

— Fique longe! — ela olhou para trás e viu Heitor, ele caminhava para perto de nós — ela segurou-me pelo pulso e me puxou para fora da quadra.

— O que houve?

— Você! — sussurrou ela, respirando fundo — Lucas? Não é.

— Sim — Aquilo era tão estranho, mas era a verdade, não nos conhecíamos.

— Você está me perseguindo? — Perguntou.

— Não! — Sim!

— Está, eu sei, sinto essa vontade também...sabe, de saber a todo momento o que passa com você — tentei me aproximar, mas ela me afastou.

— Eu só me sinto atraído, de alguma forma — tentei tocá-la novamente, mas ela se afastou alarmada.

— Quero que fique longe de mim, principalmente quando Heitor estiver por perto, se você o vê, não pense em mim, não pergunte de mim, entendeu? 

— Por quê?

— Só faça isso, e você ficará bem.

— Bem! Isso é angustiante! Isso...Eu nem sei o que é isso...só sei que preciso de você — Era a única coisa que conseguia pensar. Sentia-me extremamente deslocado. Então segurei o rosto dela e a beijei tão intensamente quanto os meus sentimentos que fluem naquele segundo. Eu estava parecendo um louco, como poderia sentir algo tão forte por alguém em menos de 24 horas?

— Helena? — era o Heitor.

Pânico. Foi o pânico que vi nos olhos de Helena.

Medo e dor. Ela se virou lentamente e encarou o irmão, me coloquei na frente dela.

— Você não deveria ter deixado isso acontecer! — Heitor olhou para mim e de repente se chocou contra mim, minhas costas bateram no piso e rolei pelo chão, caí de bruços aos pés de Helena, levantei a cabeça e a encarei.

Helena ergueu os braços e apontou para Heitor, que estava caído ao meu lado.

Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, caí em profunda inconsciência e só pude escutar um grito de dor.

Helena! Foi só no que pude pensar antes que tudo se apagasse.

— Queria que você ficasse longe disso, queria que você nem existisse, se isso fosse te poupar, eu não sou o que pensa, não sou pra você. A única coisa que deveria ter feito quando me viu, era corrido, mas você escolheu ficar, ficar por mim. Você merecia mais, Lucas.

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