Capítulo 5

Capitulo 5

ALICIA

Acordo em um quarto luxuoso, com um homem virado de costas para mim. Ele estava de terno preto, seu cabelo preto penteado do lado, fumava um charuto e tinha uma Glock na cintura.

- Hum, mas...

Resmungo e ele se vira imediatamente, me olhando com curiosidade e as sobrancelhas levantas. Não sabia dizer o que estava pensando. Seu olhar era indecifrável, um olhar tenebroso. Apesar de ser lindo, seus músculos esculpidos, sua barba bem feita, sua boca carnuda. Ele parecer ser malvado não tirava a sua beleza. Muito pelo contrário.

- Acordou.

Ele fala em um tom meio que de deboche. Se aproxima de mim, tira a arma da cintura e começa a passar o cano dela entre os meus seios.

- Caramba boneca.

Ele passa a língua pelos lábios, como se aquilo o excitasse.

- Você é deliciosa.

Não contesto, minha reação é neutra. Eu não sabia do que ele era capaz. O que faria se eu fosse contra? Será que me bateria? Torturaria? Ou pior: abusaria de mim?

Porque era isso que um homem fazia comigo quando eu ia contra ele. Sinto um gosto amargo na boca só de pensar. Eu só não conseguia lembrar quem fazia aquilo comigo. E porquê? Porque faziam aquilo?

- O que vai fazer comigo?

Meus lábios tremem e prendo o choro, até algemada eu estava. O que seria de mim agora?

- Não se preocupe boneca, eu jamais machucaria uma preciosidade como você.

Ele inspira o cheiro do meu cabelo, sua barba roça no meu rosto fazendo arrepios gostosos na minha nuca.

Com sua mão grande faz carinho levemente em meu rosto, com certeza naquele momento eu já estava corada.

- Me responda boneca.

Agora chega com a arma até meus lábios, passando ela neles suavemente.

- Quantos anos você tem?

De repente passa um branco na minha cabeça, como se nada do que tivesse feito ou vivido não tivessem acontecido. A única coisa que eu me lembrava levemente era que abusavam e batiam em mim. Sentia dor na minha genitália e tinha vários hematomas pelo meu corpo.

- Eu, eu não sei, não me lembro.

- O que?

Não me lembrava de absolutamente nada. Era como se eu nunca tivesse vivido. Não tinha ideia o porque eu estava aqui com esse homem ou quem era ele, se era um bandido ou não. Afinal tinha uma arma e me mantinha algemada.

De repente ele me olha com um olhar feroz e aperta meu maxilar, apontando a arma para o meu rosto.

- Garota! Sabe com quem está falando?

Me encolho de medo na cama, porém tenho dificuldade, já que ele estava me mantendo algemada.

Meus pulsos doíam e já estavam vermelhos.

- Ei! Estou falando contigo!

Ele me balança e dá um tapa leve em meu rosto.

- Naaaaaa não.

Gaguejo, morrendo de medo do que ele possa fazer.

- Por favor não bata em mim.

O tapinha leve que ele me deu no rosto não doeu, foi mais como uma ´´brincadeira´´, que de brincadeira não tinha nada. E assim eu tinha muito medo dele fazer algo muito pior. Acabo virando meu rosto na tentativa de protege-lo.

- Se afaste por favor.

- Já disse que não vou fazer nada, mas não pode continuar mentindo para mim.

- Não estou mentindo, eu realmente não me lembro de nada, juro por Deus.

Ele me olha mais atentamente, não sei se estudando minha face, para ver se realmente estou falando a verdade ou mentindo. Sua expressão é de puro ódio.

- Silvana.

Berra e uma mulher de mais ou menos trinta e poucos anos entra no quarto. Ela era bem branca, tinha um cabelo enorme, passada bunda e ruivos. Uma moça muito bonita.

- Chamou senhor.

Suas sardas eram um charme, realmente parecia uma princesa.

- Tem sangue no travesseiro dela. Aponta para mim.- Por favor verifique da onde vem.

- Sim senhor.

O homem se afasta e a mulher de cabelos ruivos vem até mim. Estremeço. Com medo dela me machucar e nervosa por sair sangue de mim, ou seja, eu já estava machucada.

- Não se preocupe querida, só vou dar uma olhada.

Fala bem baixinho só para mim ouvir.

- Anda logo Silvana, eu não tenho todo o tempo do mundo.

- Sim senhor.

Estava mais do que claro que ela era uma empregada dele. Mas eu não fazia ideia do que. Silvana estava muito bem vestida para ser uma simples empregada. Seus cabelos estavam feito duas tranças raízes, no seu pescoço tinha um colar de várias pérolas juntas. Seu vestido vermelho e longo fazia jus ao seu corpo estilo ampulheta maravilhoso. Parecia mais uma mulher do chefão, do que uma empregada.

-  Vire-se um pouquinho querida.

Cheguei a cogitar que ela pudesse ser uma governanta, porém era muito nova para isso. Talvez fosse a assistente pessoal.

- Só um segundo.

Ela me verifica mais uma vez.

- Chefe, tem um machucado na cabeça dela aqui desse lado.

- Eu vou morrer?

Entro em desespero, não sabia a quanto tempo eu estava sangrando, será que era um corte profundo? Ou não? Além do mais eu ainda estava algemada, não conseguia nem ver o sangue na cama, no travesseiro e nem me mexer direito.

- Marcelo.

O homem grita de novo, dessa vez tão alto que até Silvana se assusta. Apesar de eu achar          que ela já estivesse acostumada com ele.

- Não se preocupe querida, não vai acontecer nada. Eles vão cuidar de você.

Ela me garante, sorrindo para mim. Fico um pouco aliviada. Dava para ver que Silvana não era uma pessoa ruim.

- Marceloooooooooooo seu merdaaaaa!

O homem j**a a garrafa no chão e ela se espatifa por inteira.

- Mikhail!

Silvana o chama e ele nem dá ouvidos, abre a porta, engatilha sua arma e sai marchando dali do quarto.

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