Capitulo 4

CAPITULO 4

Beatriz 

A garotinha sai dali e vem correndo aos meus braços, em prantos, Marina estava um pouco suja de fuligem, seus cabelos loiros cacheados estava todo preto, me pergunto como ninguém percebeu que ela estava ali escondida e dou graças a Deus que não a levaram.

- Tia Beatriz.

Ela fala fungando e meu coração aperta. Marina tinha apenas onze anos, já passando por tudo isso, tudo por conta daquele pai miserável que elas tinham e a mãe que a haviam abandonado.

- Oh meu amor, eu estou aqui.

Respondo com meu rosto todo ensanguentado e as lagrimas escorrendo.

- Eles machucaram você.

- Não se preocupe, a titia logo está boa.

Marina passa suas mãozinhas brancas e delicadas em meu rosto.

- Esse homem cuidará de você?

Ela aponta para Nicklaus que a todo momento ficou observando a gente, quieto, eu não sabia identificar o que estava pensando.

- Meu amor, fala para a tia o que aconteceu aqui.

- Eles levaram minha irmã.

- Eles fizeram algo com você?

Nicklaus se aproxima da gente e começa a examinar Marina. Vejo que as intenções dele são boas, iria confiar nele, afinal como o mesmo disse, eu não tinha outra alternativa.

- Não, eles nem perceberam minha presença, eu fiquei quietinha ali dentro, a noite inteira.

- Está bem, venha, vou levar Beatriz ao hospital.

Ele manda um dos seus soldados levar Marina em um carro e eu em outro.

- Para onde vai levar a gente?

Indago, porque apesar de tudo eu ainda não conseguia confiar nesse homem.

- Eu te assusto Beatriz?

Ele roça os lábios levemente em meu ouvido, me causando arrepios pelo corpo inteiro.

- Não.

Gaguejo, eu devia estar vermelha agora, com certeza.

- Tá, voltamos ao que interessa.

Me ajuda a entrar no carro e em seguida ele entra no banco do carona. Meu coração começa a bater mais rápido descontroladamente.

- Ela vai ficar bem né?

Pergunto a Nicklaus e minha voz saí embargada. Engulo em seco o nó formado em minha garganta.

- Sim, muito bem. Vou cuidar de vocês, vocês irão para minha mansão, as duas ficarão juntas.

Sinto um alivio inundar meu peito, as lagrimas insistem em brotar dos meus olhos, mas eu seguro, não quero chorar de novo na frente de homens.

- Você tem família Beatriz?

Nicklaus pergunta me tirando dos meus pensamentos.

- Sim, mas eu moro sozinha. Meus moram do outro lado da cidade.

São Paulo era enorme, pelo sotaque de Nicklaus ele era italiano, e ainda tinha o russo que sequestrou Alicia, me perguntava o porquê pessoas de outros países vinham até o Brasil para fazer ´´negócios´´. Torcia para que ele não perguntasse sobre meus pais, nossa relação não era nada boa.

- Qual a sua idade?

- Vinte e um, mesma idade da Alicia.

Logo depois que ele pergunta isso fica em silêncio, e eu já nervosa porque nunca que chegamos nesse hospital.

- E você?

Retruco a pergunta de volta, porque se eu não conversasse com certeza iria entrar em pânico ali. Já não bastasse a dor que eu estava sentindo em meu rosto, com o paninho ensanguentado do meu lado e meu estomago revirado.

- Quarenta e Dois.

- O que?

Solto um grito e sem querer respinga sangue no terno preto de Nicklaus, mesmo eu estando sentada no banco de trás do carro e Nick na frente , meu rosto estava sangrando muito.

- AÍ.

Ele se vira para trás e verifica meu machucado.

- Você está bem?

- Sim.

Respondo porque naquela hora eu estava bem, o grito foi por causa da minha surpresa em saber que ele tem quarenta e dois anos, Nicklaus não aparentava ter essa idade, apesar do porto físico atleta e bem forte, eu daria no máximo para ele uns trinta e quatro anos, e olha lá.

- Calma, estamos quase chegando.

Ele me diz e aponta para um grande prédio de luxo, vejo o nome ´´Sírio Libanês´´, meu queixo abre de choque, obvio que eu sabia que ele tinha dinheiro, ao ver seus carros de luxo importados no qual eu e Marina estávamos sendo levadas. Mas não pensei que ele fosse me levar ao hospital tão caro.

Me encolho no canto e fecho meus olhos, não queria pensar em mais nada, a dor do meu rosto já estava me corroendo. 

NICLAUS

Aviso ela que estávamos quase chegando, vejo pelo espelho retrovisor Beatriz se encolher e fechar seus olhos. Me pergunto se a mesma estava sentindo muita dor. Não consigo imaginar como pode homens machucar mulheres, eu mesmo nunca havia batido em mulheres, na minha máfia éramos contra isso.

- Hum.

Ela resmunga de dor e eu penso em como ela lidará com isso, Beatriz tinha ficado um pouco com o rosto deformado, iria ficar muitos hematomas, certamente ela se tornaria minha protegida talvez e ninguém ousaria zombar ou dizer qualquer coisa que com certeza eu meteria uma bala no meio da testa. Era contra violência as mulheres, mas não era trouxa, se eu tivesse que matar uma mulher com certeza mataria, não seria mesmo a primeira vez.

- Chegamos.

Meu motorista anuncia e estaciona o carro em uma vaga ali fora mesmo, Bia ergue a cabeça e olha ao redor, ela parece estar em transe, não acreditar que está neste hospital, juro que gostaria de saber agora mesmo o que estava pensando. 

- Venha Beatriz, eu te ajudo.

Desço do carro, em seguida a ajudo descer. Atrás de nós estavam os guarda costas que contratei para mim mesmo.

- Podemos ir.

Coloco minhas mãos em suas costas a conduzindo para dentro do hospital, junto com o paninho que ela segurava, várias pessoas olhavam e minha vontade era meter a bala na cabeça de cada um.

- Não se preocupe Beatriz, ignore-as.

Me coloco na frente dela, passo meu braço ao seu redor a abraçando e ela esconde o rosto no meu peito.

Sentamos juntos no sofá, como ali todos me conheciam Bia logo é atendida.

Fico do lado de fora da porta, esperando. Os minutos parecem horas, não sei porque me senti assim em relação a essa moça, mas sentia que precisava protegê-la.

- Senhor Castelano.

O Médico abre a porta e me chama. Vejo em seu olhar um semblante preocupado. Me levanto da cadeira e entro na sala onde Beatriz estava sendo atendida.

- Sim doutor.

- Realmente ela quebrou o nariz. Podemos fazer a cirurgia agora mesmo se o senhor e a paciente quiserem.

- Aí.

Beatriz reclama de dor. Sua expressão facial não era das melhores, com certeza ela estava sentindo muita dor.

- Por mim pode. E você Bia? Quer fazer a cirurgia agora?

Ela me olha e eu não sei o que está pensando, se está surpresa ou assustada, ou ambos, eu não sabia dizer.

- Pode ser., mas você vai ficar aqui?

- Sim. Não vou a lugar nenhum.

Seguro na sua mão, nunca fui carinhoso ou cavalheiro, mas procurava sempre ser educado com todos. E com certeza essa moça não tinha mais ninguém no mundo. Ela disse que tinha pais, porém parece que a relação deles não era tão boa assim. Ela não me falou mais nada deles e nem se quer noticiou o que havia acontecido com ela, então eu suponho que era uma relação tóxica.

- Calma Bia, vai dar tudo certo.

Ela sorri de canto, nem sabia porque estava fazendo aquilo, mas de qualquer forma protegeria aquela moça.

NA MANSÃO DOS RUSSO

MIKHAIL VASSILIEV

Estou sentado aqui no quarto de luxo em que deixei Alicia, ela é muito preciosa para eu deixar no calabouço. Sua pele branca e seus cabelos cacheados, loiros, ela parecia um anjo, uma princesa dos contos de fadas, confesso que pela primeira vez fico tão impressionado com a beleza de uma mulher.

Ela já estava dormindo a horas, sedativo que eu dei realmente era bem poderoso. Me levanto e encho mais um copo de whisky, enquanto fumo meu charuto. O quarto que eu havia escolhido para deixar Alicia era o mais luxuoso de todos, as paredes rosa claro, uma grande cortina branca na varanda, a cama era uma king size, seu redor e a cabeceira banhado a ouro. Um verdadeiro quarto de princesa, amava esse lado da máfia, o luxo que eu podia proporcionar as minhas mulheres, em especial Alicia, que era a mulher mais linda que eu havia visto na minha vida.

- Hum Hum

Escuto um murmúrio, me viro e Alicia está acordando. Por garantia a deixei algemada na cama, ela ainda estava com as mesmas roupas de quando eu a trouxe.

- Onde.... onde estou?

NICKLAUS

Bia já havia feito a cirurgia, eu só estava esperando o médico me liberar para poder ir ao quarto dela. Me levanto e vou até o bebedouro tomar um copo de água, fico pensando se Bia está preocupada com o valor que iria gastar ali. Ia dizer que não tinha problema algum, eu pagaria com maior prazer. Jamais me importaria com isso, sendo que ela foi machucada e praticamente não tinha ninguém no mundo. Com certeza eu iria perguntar a ela como era a sua relação com os pais. Se ela responderia não sabia, mas precisava perguntar a respeito.

- Pode entrar senhor Castelano.

O médico me avisa e eu imediatamente entro no quarto.

Vou lá e vejo que Beatriz parece um pouco grogue devido a sedação e aos remédios, ela me olha e parece um pouco envergonhada. Bia tinha a pele morena, me lembrava muito das cariocas, ela era linda, além da pele morena tinha os olhos verdes e seus cabelos ondulados até os seios em um tom de chocolate, magra, tinha um corpo muito bonito também. Seu rosto e semblante era delicado, dava vontade de apertar suas bochechas e não soltar mais, me excitava demais mulheres delicadas e meigas, com certeza Bia era uma delas.

- Oi Bia, como se sente?

Ela resmunga um pouco mas assente.

- Estou bem acho, na medida do possível.

Ela estava corada e com vergonha, isso eu percebia, só não sabia o porque.

- O que foi Bia? Está preocupada com Alicia?

Ela respira fundo.

- Sim, muito, mas não é só isso, é....

- Estou ouvindo.

Pego na sua mão, tentando conforta-la de algum jeito.

- Estou preocupada com o valor do hospital também, quanto..

A interrompo antes que continue.

- Bia, não se preocupe com isso.

- Mas

- Bia, dinheiro não é problema para mim.

Ela respira fundo novamente e se rende.

- Ok Nicklaus. Muito obrigada por tudo. Espero por ter retribuir tudo o que você tem feito para mim.

- Interrompo algo?

O médico entra no quarto trazendo uma prancheta e alguns remédios.

- Você está de alta Beatriz, já pode ir para casa.

- Obrigada doutor.

Assino os papeis e pego os remédios.

- Bem, aqui está anotado como deverá ser a recuperação dela.

- Muito obrigado doutor, pode deixar que vou cuidar muito bem dela.

O médico assente e saí do quarto.

- Nick.

- Pode ficar tranquila. Você será muito bem cuidada.

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