MESMO LONGE SEMPRE TEU
MESMO LONGE SEMPRE TEU
Por: Sol Rodrigues
CAPÍTULO 1

DILAN

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Meu nome é Dilan Colin, tenho 28 anos e moro em Ilha Bela - SP desde o dia em que nasci.

Eu cresci cercado pelo mar, pelo cheiro da brisa salgada e pelo balanço das ondas que parecem dançar ao ritmo dos meus pensamentos.

O mar sempre foi o meu refúgio, meu terapeuta silencioso. Basta me sentar diante dele para sentir que todas as respostas que procuro virão com o som das ondas quebrando na areia.

Mas há uma pergunta que nem o mar conseguiu responder.

Uma lembrança que o tempo jamais apagou.

Ela tem um nome. Kyra.

Eu era só um menino quando a conheci. Oito anos de inocência e sonhos. Ela tinha a pele morena, os cabelos ondulados, um sorriso encantador e um olhar tão doce que parecia carregar segredos do universo. Nos tornamos inseparáveis. Todos os dias corríamos descalços pela areia, construíamos castelos, mergulhávamos no mar e inventávamos histórias onde éramos os protagonistas de um mundo só nosso.

Lembro-me perfeitamente do dia em que fizemos uma promessa.

Estávamos sentados na areia, o sol se pondo ao fundo, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. Kyra segurou minha mão e, olhando bem nos meus olhos, disse:

— Se um dia a gente se perder, vamos nos encontrar de novo. Não importa o tempo que leve.

Selamos a promessa com um juramento de dedinhos, entrelaçando-os como se aquele pequeno gesto fosse suficiente para prender nossos destinos um ao outro. E talvez tenha sido.

Mas a vida, cruel e impiedosa, nos separou.

A mãe da Kyra morreu de repente, deixando-a sozinha no mundo. Ela teve que ir morar com a avó, e tudo aconteceu tão rápido que eu nem tive tempo de entender.

O que eu lembro, e que nunca vou esquecer, foi o desespero no olhar dela enquanto corria em minha direção. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, e ela me abraçou com tanta força que eu pensei que nunca mais fosse soltá-la. Mas nos soltamos contra a nossa vontade.

Antes que a levassem, fiz questão de lembrá-la da nossa promessa.

— A gente vai se reencontrar. E, quando isso acontecer, nunca mais vamos nos separar.

Eu tirei um anel do meu dedo, um presente do meu pai, e coloquei na mão dela. Ela fechou os dedos em volta dele, segurando como se fosse a coisa mais preciosa que tinha. Antes de partir, Kyra me entregou um lenço, e até hoje ele me acompanha, guardando o cheiro de uma infância que nunca esqueci.

Dezessete anos se passaram.

O mundo mudou e passamos a ter uma tecnologia capaz de encontrar qualquer pessoa em qualquer canto do planeta. Mas eu nunca consegui achá-la. Nunca soube para onde a levaram.

A verdade é que Kyra nunca saiu da minha cabeça. Tive outros relacionamentos, tentei seguir em frente, mas a lembrança dela sempre esteve lá, como um fantasma bonito e intocável.

Meu último relacionamento foi com a Cris, uma mulher incrível, de sorriso fácil e energia boa. Ficamos juntos por quase dois anos, e ela sonhava em casar, construir uma família, mas eu nunca consegui prometer isso a ela. Meu coração nunca foi dela.

Minha irmã, sem querer, deixou escapar a história da Kyra, e isso foi o estopim para o fim do nosso namoro. Foi injusto com a Cris. Ela não merecia um homem que, mesmo estando ao seu lado, pertencia a uma lembrança do passado.

Hoje vejo a Cris todos os dias. Ela trabalha como recepcionista na pousada da minha irmã. Nos cumprimentamos, trocamos palavras formais, mas ela evita me olhar nos olhos. Sei que ainda dói nela, e não posso culpá-la.

Enquanto isso, eu continuo esperando.

Trabalho com artesanato. Faço colares, pulseiras e brincos à mão. Com isso, construí minha casa e minha independência. Meu escritório é a praia, e meu salário vem das minhas próprias mãos. Não me imagino preso em um trabalho que me tire essa liberdade.

Mas, por mais que eu ame minha vida, o mar guarda memórias demais. Cada canto desta ilha me lembra Kyra. O som do vento parece sussurrar seu nome.

Dandara sempre diz que sou louco, que me prendi a uma promessa de infância como se fosse uma maldição.

Talvez eu seja mesmo louco.

Mas será que é loucura acreditar que algumas almas são feitas para se reencontrar?

Eu nunca quebrei uma promessa na minha vida. Se sinto que não posso cumprir algo, simplesmente não prometo.

E essa, a promessa que fiz com Kyra…

Essa eu ainda pretendo cumprir.

Onde quer que ela esteja, eu sei que o destino ainda não terminou essa história.

E um dia, de alguma forma…

Eu vou encontrá-la.

E nunca mais nada vai nos separar.

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