LOUISE ALBUQUERQUE
Não demorou um segundo para eu me levantar da cadeira e ir em direção ao Marcelo. Juro que levantei tão rápido que fiquei tonta, fazendo com que o meu ex namorado me amparasse em seus braços.
Ótimo! Tudo o que eu precisava era sentir essas grandes mãos no meu corpo.
Automaticamente meu coração acelerou mais que o normal ao olhar para ele e eu já sabia que iria perdoá-lo.
Sou uma fraca, burra, boba e completamente apaixonada pelo homem à minha frente.
Ele é tão lindo, gostoso e o beijo dele... nossa senhora! Só de imaginar já sinto minha intimidade ficando lubrificada.
Marcelo foi o meu primeiro homem e honestamente, não quero que tenha outro além dele.
— Você não está comendo, Lou? - Sua pergunta soou com preocupação assim como a minha mãe há minutos atrás.
— Estou tanto quanto você está comendo minha melhor amiga, meu querido. – Respondo deixando transparecer a minha raiva.
— Eu vim aqui conversar numa boa. – Ele suspira profundamente, descendo sua mão pela lateral do meu corpo e parando no meu quadril. — Tô ligado o quanto vacilei contigo, tava bêbado pra caralho e fiz a maior merda da minha vida. Sei que eu não te mereço, mas não podia deixar de tentar me desculpar pelo sofrimento e humilhação que te causei.
— Então o álcool será sua justificativa? É isso? — Cruzo meus braços embaixo dos meus seios, os deixando em evidência e seu olhar fica fixo no decote.
Homens... Não podem ver um peito ou uma bunda que ficam completamente perdidos.
Descruzei meus braços e estalei meus dedos rés ao seu rosto e ele, finalmente, pareceu voltar a si.
— Na verdade, não existe justificativa, porém quero tentar te reconquistar. Nem que a gente tenha que recomeçar como melhores amigos.
— Não sei se podemos fazer isso, Marcelo. – Me afasto dele e de repente, uma dor no meu peito aparece. — Você não me merece!
— Nenhum cara merece uma mulher foda como você, mas deixa eu tentar te provar que aquilo no carnaval foi só um momento. Eu te amo tanto, Lou.
— Um momento que eu descobri, né?! Vai saber quantas vezes o senhor já me traiu por aí?
— Senhor é o seu avô! – Seu dedo é apontado para mim e eu solto uma gargalhada baixa por saber que ele não aceita muito bem o fato de ter trinta anos. — E aquela foi a primeira vez e com certeza será a última vez que pulei a cerca.
Marcelo dá alguns passos curtos até mim e por puro reflexo, caminho para trás.
— Não fuja de mim, por favor. – Ele segura meu pulso e eu paro de me mover. — Vamos conversar a sós, por favor. Se você decidir que não quer mais, eu te deixo em paz e sumo da sua vida.
— Não quero ser manipulada.
— Uma mulher inteligente como você jamais será manipulada por um moleque como eu. – Seu elogio me pega de supetão e me arranca um sorriso bobo. — Topa conversar comigo, vai?
Seu olhar é tão penetrante que eu me perco por alguns segundos antes de respondê-lo.
Por fim, decido dar uma chance dele se explicar.
— Vamos para o quarto.
— O que você viu nesse macho, minha filha? – Dona Ana se intromete, me recordando que tínhamos platéia assistindo o nosso showzinho. — Não sabe se vestir como gente direita, não sabe falar como uma pessoa normal... O que é? O pênis dele é grande? Porque não é possível que eu esteja vendo uma moça de dezoito anos, rica, bonita e inteligente querendo ouvir uma desculpinha esfarrapada desse cachorro!
— Eu não vou admitir que a senhora fale dessa forma comigo só por ser a minha sogra. – Marcelo alterou a voz imediatamente. — Eu nunca lhe faltei com o respeito mesmo quando você e o seu marido me tratavam como um lixo só por eu morar em favela.
— Ei, vocês dois, podem ir parando com essa discussão desnecessária. — Me posiciono na frente do Marcelo e olho para a minha mãe. — Eu amo a senhora, mais que tudo na minha vida, mas, pelo amor de Deus, me permita fazer as minhas próprias escolhas, ok?
— Como assim você ama mais a sua mãe do que a mim? – Meu pai surge, de repente, e cumprimenta minha mãe com um selinho.
Incrível como ele consegue ser bem humorado em todas as situações.
— Deve ser pelo fato de que eu que tive que aguentar essa cabeçona saindo da minha vagina. – Ela brinca, me deixando constrangida.
Eu sei que essa é a principal função dos pais: constranger os filhos. Mas os meus passam de qualquer limite.
— Fiquem aí conversando que eu vou para o quarto do Marcelo. – Entrelaço minha mão na do meu ex namorado e o puxo para fora da sala de estar.
— Vão lá e usem camisinha! – O homem grita, me deixando mais envergonhada. — Eu vou brincar de canguru perneta com a minha esposa.
Por que eu não tenho pais normais?
Apesar deles odiarem o Marcelo e a família do mesmo, eles nunca foram de brigar comigo por causa do nosso namoro. O que acontecia de fato eram longos diálogos com muitos conselhos direcionados às minhas más escolhas e caras feias ao Marcelo quando ele fazia algo de errado, como por exemplo, chegar atrasado nos compromissos, sumir durante horas sem dar notícias e defender ideais que os meus pais são contra. Nunca houve uma grande briga entre os três, porque apesar dos pesares, os dois me criaram para ser uma mulher livre e não alguém que fosse uma extensão deles. Inclusive, era uma das qualidades que eu mais gostava dentro da minha família.
Pode parecer o mínimo, mas já vi muitas colegas de escola serem obrigadas a cursar medicina e direito enquanto sonhavam em serem atrizes ou diretora de cinema. Deve ser horrível ter uma vida programada e você ser apenas um espectador ao invés de ser o protagonista da sua própria trajetória.
— A gente pode transar antes de conversar? – Marcelo brinca quando entramos no meu quarto e eu volto à realidade.
— Quando minha mãe te chamou de cachorro, ela estava certa. – Tranco a porta atrás de mim, pois eu sentia que essa nossa DR ia terminar na cama.
— Não gostei dela tentando se meter aonde não foi chamada, Lou. E ainda fica tentando me ofender.
— O único ofendido foram os cachorros. Coitados dos bichinhos... Todos leais ao dono sendo comparados a um macho que não sabe segurar o tesão e trai a namorada com a melhor amiga dela.
— Vai ficar batendo na mesma tecla?
— Por mim, eu estava batendo era em você.
— Bate. – O safado me puxa pela cintura, girando meu corpo em direção a cama e me joga no colchão macio. — Bate punheta pra mim. Bate na minha cara. Bate onde quiser. – Suas mãos tiram sua blusa por cima da cabeça, revelando o corpo sarado e cheio de tatuagens.
Fiquei sem palavras com a ousadia do rapaz, entretanto, logo voltei a mim e o empurrei.
— Não, não, não! – Neguei com a cabeça. — Não vou fazer isso. Não agora depois de toda essa traição.
— O que você quer, Louise? Me fala! Eu faço qualquer coisa para te ter de volta.
— Não tem nada que você possa fazer para eu te perdoar, afinal como se paga uma traição daquelas?
— É, não tem como.
Bufamos frustrados e logo depois, seu celular toca e ele atende.
— Fala, Taz. – Marcelo caminha em direção ao pequeno terraço para ter mais privacidade ao mesmo tempo que a minha mente doida bola um plano maluco.
Meu Deus, o Taz. É isso! Vou transar com o melhor amigo dele e pagar na mesma moeda.
LOUISE ALBUQUERQUEConfusa, raivosa e excitada são meus três estados de espíritos atualmente quando se trata do Marcelo. Todas as vezes que nos falamos é uma briga diferente por eu não conseguir perdoá-lo para logo em seguida, fazermos as pazes na cama. Se tornou um hábito tóxico entre nós dois.Falta de amor próprio, eu diria. Quem em sã consciência continua transando com um homem que te traiu com a sua melhor amiga em público?Toda essa situação me deixa sem saber o que quero da minha vida. Estou completamente sem rumo.Quer dizer, no fundo, o que eu desejo é terminar o nosso pseudo namoro e dar a volta por cima com um boy bem gostoso para ele ver o que perdeu, mas não sei se tenho garra para isso. Só de pensar que terei que baixar o Tinder, conversar e me encontrar com vários caras vazios, eu fico entediada.Tinder é um aplicativo para pessoa
LOUISE ALBUQUERQUEConfusa, raivosa e excitada são meus três estados de espíritos atualmente quando se trata do Marcelo. Todas as vezes que nos falamos é uma briga diferente por eu não conseguir perdoá-lo para logo em seguida, fazermos as pazes na cama. Se tornou um hábito tóxico entre nós dois.Falta de amor próprio, eu diria. Quem em sã consciência continua transando com um homem que te traiu com a sua melhor amiga em público?Toda essa situação me deixa sem saber o que quero da minha vida. Estou completamente sem rumo.Quer dizer, no fundo, o que eu desejo é terminar o nosso pseudo namoro e dar a volta por cima com um boy bem gostoso para ele ver o que perdeu, mas não sei se tenho garra para isso. Só de pensar que terei que baixar o Tinder, conversar e me encontrar com vários caras vazios, eu fico entediada.Tinder é um aplicativo para pessoas desesperadas, euai
LOUISE ALBUQUERQUE— Você não tem medo de morrer, Louise? – Marcelo esbravejou no mesmo instante que segurou meu braço esquerdo, forçando o meu corpo a girar para encará-lo.Ele dá dois passos para frente e seu semblante é de puro ódio como se realmente quisesse fazer mal a mim, o que me assustou, porque era a primeira vez que o via desse jeito.— Demorou, mas o que a minha mãe sempre disse que aconteceria, aconteceu agora. – Um sorriso de decepção se formou nos meus lábios.— O quê? Eu não posso ficar puto e te chamar de vagabunda?— Não estou falando disso, meu querido. Quantas vezes te xinguei de coisas piores quando você errava? Isso é normal para mim.— Então é o quê?— Você quer me bater.— Eu jamais te bateria. – Ele soltou o meu braço e se afastou. — Só quero que você escute a minha explicação e o motivo real para eu
LOUISE ALBUQUERQUEPor mais que eu não quisesse dar um fim na nossa noite, o Marcelo parecia decidido a se afastar de mim a qualquer custo e não entendeu o motivo da otária da sua oficialmente ex namorada estar parada ao seu lado sem conseguir dizer um simples tchau.Alguém me dá um tiro na testa para eu parar de ser tão estúpida?— Tá tudo bem aí? – Ele pergunta me encarando com aflição, porém sem tirar as suas mãos do volante como se quisesse fugir de mim o mais rápido possível.— Por que é tão fácil para você me esquecer? – Indago sentindo um nó na garganta. — Eu não signifiquei nada na sua vida?— Não é isso, amor. – Sua mão direita desce até a minha coxa esquerda, iniciando um carinho gostoso e meu olhar acompanha o movimento dela. — Eu só não quero forçar a barra contigo, porque sinto que já fiz isso muitas vezes desde que... você sabe.Sim, eu s
FELIPESIMÕESAs aulas foram suspensas por 15 dias na faculdade, podendo ter uma prorrogação de mais 15 dias como uma medida de prevenção contra o coronavírus. O reitor, mesmo achando um exagero como qualquer pessoa que apoie cegamente as falas desonestas do atual presidente, cedeu uma pequena férias para que a comunidade acadêmica pudesse ter uma reclusão social após algumas manifestações de repúdio dos diretórios e centros acadêmicos de cada unidade sobre as aulas continuarem normalmente com uma epidemia rolando pelo mundo a fora.O que os alunos fizeram para comemorar o pequeno recesso forçado? Isso mesmo, a porra de uma festa no estacionamento do Campus de exatas.Mais burros que isso só quem votou em um jumento para presidência, e eu que vim para a muvuca universitária depois que a minha amiga me ligou chorando falando que estava passando mal em um banheiro.
LOUISE ALBUQUERQUEAcordei ouvindo alguém vomitar a alguns metros de distância e permaneci com os olhos fechados tentando entender o que havia acontecido na noite anterior, porque tenho quase certeza que esse não é o meu quarto e eu sei disso por causa do excesso de calor no local.Como nunca vou dormir com o ar condicionado desligado e eu sempre coloco na temperatura de 20ºC para quando eu me despertar do sono me sentir no próprio Polo Norte, fico preocupada imaginando qual foi a asneira que cometi durante a festa da faculdade para me encontrar na cama de um desconhecido.Só falta eu ter praticado sexo casual com algum macho retardado.O ato nada inteligente e muito menos responsável de ir à uma reunião com dezenas de pessoas presentes em meio ao caos que o mundo se encontra atualmente, ocorreu, principalmente, pelo fato de eu precisar espairecer
LOUISE ALBUQUERQUEPassei mais de quatro horas olhando para o teto refletindo se eu deveria arriscar uma fuga desse lugar, ligar para o meu pai vir me buscar ou esperava o Felipe acordar para me levar em casa.Sim, eu sei que para você deve ser fácil levantar dessa cama e sair desse apartamento, mas para mim até mesmo um gesto simples torna-se algo bastante complexo a se fazer, porque eu penso em mil possibilidades ruins que podem acontecer durante o caminho, como por exemplo, eu ser assaltada ou morta. Apesar de não conhecer os donos desse lugar, o Felipe conhece o Marcelo e como ambos são filhos de traficantes, acredito que os dois devem respeitar um ao outro e isso deve incluir não matar as suas exs namoradas.Ou não!Não posso esquecer que o Marcelo citou que os pais dos dois são inimigos, só que não senti ódio entre eles.É, acho
LOUISE ALBUQUERQUEO Marcelo está enfurecido e não faz questão nenhuma de disfarçar seu descontentamento comigo por eu ter dormido no apartamento do Felipe, por isso saiu me arrastando pelo corredor e seguiu até o elevador sem falar uma palavra comigo.Ele me soltou assim que entramos e eu massageei meu antebraço que está latejando de dor.Nos encostamos na parede espelhada, olhando para frente e eu fiquei nervosa ao ver o Felipe sair pela porta do seu apartamento e correr na nossa direção.— Quem você pensa que é para entrar na minha casa e agredir a minha convidada, RM? – Ele coloca sua mão na porta metálica, impedindo que o elevador se fechasse.— Eu não agredi ninguém. – Meu ex namorado se defende.— Você puxou o braço de uma garota que tem a metade do teu peso e tamanho. – Felipe aponta para a área que está dolorida e ao olhar para o meu antebraço, noto que a marca da mão