Capítulo Dois

LOUISE ALBUQUERQUE

Não demorou um segundo para eu me levantar da cadeira e ir em direção ao Marcelo. Juro que levantei tão rápido que fiquei tonta, fazendo com que o meu ex namorado me amparasse em seus braços.

Ótimo! Tudo o que eu precisava era sentir essas grandes mãos no meu corpo.

Automaticamente meu coração acelerou mais que o normal ao olhar para ele e eu já sabia que iria perdoá-lo.

Sou uma fraca, burra, boba e completamente apaixonada pelo homem à minha frente.

Ele é tão lindo, gostoso e o beijo dele... nossa senhora! Só de imaginar já sinto minha intimidade ficando lubrificada.

Marcelo foi o meu primeiro homem e honestamente, não quero que tenha outro além dele.

— Você não está comendo, Lou? - Sua pergunta soou com preocupação assim como a minha mãe há minutos atrás.

— Estou tanto quanto você está comendo minha melhor amiga, meu querido. – Respondo deixando transparecer a minha raiva.

— Eu vim aqui conversar numa boa. – Ele suspira profundamente, descendo sua mão pela lateral do meu corpo e parando no meu quadril. — Tô ligado o quanto vacilei contigo, tava bêbado pra caralho e fiz a maior merda da minha vida. Sei que eu não te mereço, mas não podia deixar de tentar me desculpar pelo sofrimento e humilhação que te causei.

— Então o álcool será sua justificativa? É isso? — Cruzo meus braços embaixo dos meus seios, os deixando em evidência e seu olhar fica fixo no decote.

Homens... Não podem ver um peito ou uma bunda que ficam completamente perdidos.

Descruzei meus braços e estalei meus dedos rés ao seu rosto e ele, finalmente, pareceu voltar a si.

— Na verdade, não existe justificativa, porém quero tentar te reconquistar. Nem que a gente tenha que recomeçar como melhores amigos.

— Não sei se podemos fazer isso, Marcelo. – Me afasto dele e de repente, uma dor no meu peito aparece. — Você não me merece!

— Nenhum cara merece uma mulher foda como você, mas deixa eu tentar te provar que aquilo no carnaval foi só um momento. Eu te amo tanto, Lou.

— Um momento que eu descobri, né?! Vai saber quantas vezes o senhor já me traiu por aí?

— Senhor é o seu avô! – Seu dedo é apontado para mim e eu solto uma gargalhada baixa por saber que ele não aceita muito bem o fato de ter trinta anos. — E aquela foi a primeira vez e com certeza será a última vez que pulei a cerca.

Marcelo dá alguns passos curtos até mim e por puro reflexo, caminho para trás.

— Não fuja de mim, por favor. – Ele segura meu pulso e eu paro de me mover. — Vamos conversar a sós, por favor. Se você decidir que não quer mais, eu te deixo em paz e sumo da sua vida.

— Não quero ser manipulada.

— Uma mulher inteligente como você jamais será manipulada por um moleque como eu. – Seu elogio me pega de supetão e me arranca um sorriso bobo. — Topa conversar comigo, vai?

Seu olhar é tão penetrante que eu me perco por alguns segundos antes de respondê-lo.

Por fim, decido dar uma chance dele se explicar.

— Vamos para o quarto.

— O que você viu nesse macho, minha filha? – Dona Ana se intromete, me recordando que tínhamos platéia assistindo o nosso showzinho. — Não sabe se vestir como gente direita, não sabe falar como uma pessoa normal... O que é? O pênis dele é grande? Porque não é possível que eu esteja vendo uma moça de dezoito anos, rica, bonita e inteligente querendo ouvir uma desculpinha esfarrapada desse cachorro!

— Eu não vou admitir que a senhora fale dessa forma comigo só por ser a minha sogra. – Marcelo alterou a voz imediatamente. — Eu nunca lhe faltei com o respeito mesmo quando você e o seu marido me tratavam como um lixo só por eu morar em favela.

— Ei, vocês dois, podem ir parando com essa discussão desnecessária. — Me posiciono na frente do Marcelo e olho para a minha mãe. — Eu amo a senhora, mais que tudo na minha vida, mas, pelo amor de Deus, me permita fazer as minhas próprias escolhas, ok?

— Como assim você ama mais a sua mãe do que a mim? – Meu pai surge, de repente, e cumprimenta minha mãe com um selinho.

Incrível como ele consegue ser bem humorado em todas as situações.

— Deve ser pelo fato de que eu que tive que aguentar essa cabeçona saindo da minha vagina. – Ela brinca, me deixando constrangida.

Eu sei que essa é a principal função dos pais: constranger os filhos. Mas os meus passam de qualquer limite.

— Fiquem aí conversando que eu vou para o quarto do Marcelo. – Entrelaço minha mão na do meu ex namorado e o puxo para fora da sala de estar. 

— Vão lá e usem camisinha! – O homem grita, me deixando mais envergonhada. — Eu vou brincar de canguru perneta com a minha esposa.

Por que eu não tenho pais normais?

Apesar deles odiarem o Marcelo e a família do mesmo, eles nunca foram de brigar comigo por causa do nosso namoro. O que acontecia de fato eram longos diálogos com muitos conselhos direcionados às minhas más escolhas e caras feias ao Marcelo quando ele fazia algo de errado, como por exemplo, chegar atrasado nos compromissos, sumir durante horas sem dar notícias e defender ideais que os meus pais são contra. Nunca houve uma grande briga entre os três, porque apesar dos pesares, os dois me criaram para ser uma mulher livre e não alguém que fosse uma extensão deles. Inclusive, era uma das qualidades que eu mais gostava dentro da minha família.

Pode parecer o mínimo, mas já vi muitas colegas de escola serem obrigadas a cursar medicina e direito enquanto sonhavam em serem atrizes ou diretora de cinema. Deve ser horrível ter uma vida programada e você ser apenas um espectador ao invés de ser o protagonista da sua própria trajetória.

— A gente pode transar antes de conversar? – Marcelo brinca quando entramos no meu quarto e eu volto à realidade.

— Quando minha mãe te chamou de cachorro, ela estava certa. – Tranco a porta atrás de mim, pois eu sentia que essa nossa DR ia terminar na cama.

— Não gostei dela tentando se meter aonde não foi chamada, Lou. E ainda fica tentando me ofender.

— O único ofendido foram os cachorros. Coitados dos bichinhos... Todos leais ao dono sendo comparados a um macho que não sabe segurar o tesão e trai a namorada com a melhor amiga dela.

— Vai ficar batendo na mesma tecla?

— Por mim, eu estava batendo era em você.

— Bate. – O safado me puxa pela cintura, girando meu corpo em direção a cama e me joga no colchão macio. — Bate punheta pra mim. Bate na minha cara. Bate onde quiser. – Suas mãos tiram sua blusa por cima da cabeça, revelando o corpo sarado e cheio de tatuagens.

Fiquei sem palavras com a ousadia do rapaz, entretanto, logo voltei a mim e o empurrei.

— Não, não, não! – Neguei com a cabeça. — Não vou fazer isso. Não agora depois de toda essa traição.

— O que você quer, Louise? Me fala! Eu faço qualquer coisa para te ter de volta.

— Não tem nada que você possa fazer para eu te perdoar, afinal como se paga uma traição daquelas?

— É, não tem como.

Bufamos frustrados e logo depois, seu celular toca e ele atende.

— Fala, Taz. – Marcelo caminha em direção ao pequeno terraço para ter mais privacidade ao mesmo tempo que a minha mente doida bola um plano maluco.

Meu Deus, o Taz. É isso! Vou transar com o melhor amigo dele e pagar na mesma moeda.

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