LOUISE ALBUQUERQUE
Confusa, raivosa e excitada são meus três estados de espíritos atualmente quando se trata do Marcelo. Todas as vezes que nos falamos é uma briga diferente por eu não conseguir perdoá-lo para logo em seguida, fazermos as pazes na cama. Se tornou um hábito tóxico entre nós dois.Falta de amor próprio, eu diria. Quem em sã consciência continua transando com um homem que te traiu com a sua melhor amiga em público?
Toda essa situação me deixa sem saber o que quero da minha vida. Estou completamente sem rumo.
Quer dizer, no fundo, o que eu desejo é terminar o nosso pseudo namoro e dar a volta por cima com um boy bem gostoso para ele ver o que perdeu, mas não sei se tenho garra para isso. Só de pensar que terei que baixar o Tinder, conversar e me encontrar com vários caras vazios, eu fico entediada.
Tinder é um aplicativo para pessoas desesperadas, eu ainda não estou nesse nível.
Ou sou eu que não estou querendo seguir em frente?
Talvez a nossa relação se transformou na minha zona de conforto, porém não me faz feliz como antes. É quase a mesma coisa que sinto em relação a morar com os meus pais.
É como se eu fosse um peixinho dentro de um aquário, sabe? Aparentemente estou no meu hábitat natural, tenho bastante espaço para nadar, comida boa e tudo mais o que preciso, contudo, eu sei que tem um oceano lá fora e talvez o aquário, apesar de grande e luxuoso, não é mais o suficiente.
Acho que esse pensamento não está fazendo sentido.
Ah, foda-se.
Vou cortar qualquer contato com o Marcelo e falar para os meus pais que quero sair de casa.
Necessito urgentemente tomar as rédeas do meu futuro.
Pego meu celular, entro no Twitter para falar me distrair com bobagens e mal do traste como de costume e para a minha surpresa, vejo uma foto da Arlene com um dos amigos coloridos dela e bufo frustada por não conseguir ficar bem nem nas redes sociais. Tinha me esquecido de bloquear essa cretina.
Sempre que lembro do Marcelo beijando a Arlene, o ódio me consome. Tenho tentado ao máximo superar o par de chifres, porém o ranço dos dois não passa.
Eu até escrevi recentemente na legenda de uma foto no Instagram "Não importa quantas vezes você se reinvente e tente se reerguer, eu sempre irei dar um jeito de te fazer cair e a cada queda, o tombo será maior. Eu não vou esquecer o que você me fez e só vou parar quando te ver acabada.", que, obviamente, foi uma super direta para a minha ex melhor amiga. O único problema foi quando a minha mãe viu e já foi mandando eu apagar na mesma hora, porque achou um absurdo eu continuar ficando com o Marcelo e direcionar toda a minha frustração somente à outra mulher sendo que os dois são culpados.
"Ninguém obrigou teu macho a levantar o pau para outra garota sentar", minha mãe debochou quando eu tentei rebater que era diferente porque eu não esperava essa traição de uma amiga.
No final da nossa pequena discussão, acabei percebendo que ela estava certa e eu deveria parar de culpar só um lado, principalmente quando eu estou quicando loucamente no pau do meu ex namorado.
Então estou tentando focar no meu futuro acadêmico ao invés de ficar perdendo tempo pensando em uma pessoa que nitidamente não me ama.
Tem dado certo? Não, mas eu sou a brasileira e não desisto fácil dos meus objetivos.
Quando levanto a cabeça para olhar ao redor na pracinha da minha faculdade, percebo que perdi a hora e que me encontro sozinho no prédio. Não havia mais nenhum estudante do turno noturno por perto e decidi que é hora de ir embora.
Ao erguer meu corpo do banco, senti uma leve tontura por não está comendo adequadamente nas últimas semanas e quase caí, mas alguém me segurou com firmeza pela cintura e eu consegui me equilibrar no chão antes de passar vergonha.
— Tá tudo bem? – A voz rouca soou perto demais do meu ouvido, fazendo minha pele se arrepiar.
— Sim. – Respondi, um pouco desnorteada com o seu toque.
— Você quer uma carona? Ou que eu chame alguém para te acompanhar até em casa?
— Não precisa, moço, mas muito obrigada. – Falei um pouco mais firme, olhando por cima do ombro para ver quem é o carinha prestativo.
Confesso que fiquei sem palavras por alguns segundos, porque o achei incrivelmente bonito.
Ele é branco, cabelos negros, possui algumas sardas no rosto, que é uma característica que sempre achei bonita nas pessoas.
— Vai continuar me secando? – Seu questionamento me faz sorrir maliciosa.
Continuo o analisando sem me importar e babo mais um bocadinho no seu corpo magro e com os braços musculosos na medida certa.
— Tenho tatuagens também. – Ele informa em um tom de voz divertido. — Posso te mostrar melhor em um quarto de motel.
— Que atrevido! – Arredo o meu corpo do seu, ajeito o meu vestido e pego meu material que ainda estava em cima da mesa. — Obrigada por ter me ajudado. – Volto minha atenção novamente para ele e o vejo assentir com um sorriso de lado.
— Sempre que quiser alguém para apertar com força a sua cintura, pode contar comigo.
Sorri safada na sua direção, me dando conta que flertar ainda pode ser legal. Talvez não seja tão ruim sair e conhecer pessoas novas.
— Me chamo Louise. – Estendo minha mão na sua direção e ele ignora.
— Eu sou o Felipe. – Sua mão toca a minha cintura e me puxa de volta para perto dele. — Mas pode me chamar de escravo sexual.
Estávamos tão perto que conseguia sentir seu hálito quente.
— Você realmente consegue transar com alguma garota usando essa tática? – Indago com curiosidade e antes que o garoto pudesse me responder, somos interrompidos.
— Larga a minha mulher, Cigarro! – Marcelo surge na pracinha e eu me afasto do moreno.
— Sua mulher? – A pose confiante do Felipe sumiu rapidamente. — Desculpa, cara, eu não sabia.
— Não sabia, porque não é verdade. – Rebato sem pensar duas vezes. — Bem, foi um prazer te conhecer, Lipe. – Forço uma voz sexy e dou um beijo na sua bochecha. — Não posso negar que você tem pegada.
Depois da provocação, sai rebolando minha linda raba e ouvi o Marcelo me xingando de vagabunda enquanto vinha me seguindo igual a um cachorrinho.
Parece que alguém está provando do próprio veneno, não é mesmo?
LOUISE ALBUQUERQUE— Você não tem medo de morrer, Louise? – Marcelo esbravejou no mesmo instante que segurou meu braço esquerdo, forçando o meu corpo a girar para encará-lo.Ele dá dois passos para frente e seu semblante é de puro ódio como se realmente quisesse fazer mal a mim, o que me assustou, porque era a primeira vez que o via desse jeito.— Demorou, mas o que a minha mãe sempre disse que aconteceria, aconteceu agora. – Um sorriso de decepção se formou nos meus lábios.— O quê? Eu não posso ficar puto e te chamar de vagabunda?— Não estou falando disso, meu querido. Quantas vezes te xinguei de coisas piores quando você errava? Isso é normal para mim.— Então é o quê?— Você quer me bater.— Eu jamais te bateria. – Ele soltou o meu braço e se afastou. — Só quero que você escute a minha explicação e o motivo real para eu
LOUISE ALBUQUERQUEPor mais que eu não quisesse dar um fim na nossa noite, o Marcelo parecia decidido a se afastar de mim a qualquer custo e não entendeu o motivo da otária da sua oficialmente ex namorada estar parada ao seu lado sem conseguir dizer um simples tchau.Alguém me dá um tiro na testa para eu parar de ser tão estúpida?— Tá tudo bem aí? – Ele pergunta me encarando com aflição, porém sem tirar as suas mãos do volante como se quisesse fugir de mim o mais rápido possível.— Por que é tão fácil para você me esquecer? – Indago sentindo um nó na garganta. — Eu não signifiquei nada na sua vida?— Não é isso, amor. – Sua mão direita desce até a minha coxa esquerda, iniciando um carinho gostoso e meu olhar acompanha o movimento dela. — Eu só não quero forçar a barra contigo, porque sinto que já fiz isso muitas vezes desde que... você sabe.Sim, eu s
FELIPESIMÕESAs aulas foram suspensas por 15 dias na faculdade, podendo ter uma prorrogação de mais 15 dias como uma medida de prevenção contra o coronavírus. O reitor, mesmo achando um exagero como qualquer pessoa que apoie cegamente as falas desonestas do atual presidente, cedeu uma pequena férias para que a comunidade acadêmica pudesse ter uma reclusão social após algumas manifestações de repúdio dos diretórios e centros acadêmicos de cada unidade sobre as aulas continuarem normalmente com uma epidemia rolando pelo mundo a fora.O que os alunos fizeram para comemorar o pequeno recesso forçado? Isso mesmo, a porra de uma festa no estacionamento do Campus de exatas.Mais burros que isso só quem votou em um jumento para presidência, e eu que vim para a muvuca universitária depois que a minha amiga me ligou chorando falando que estava passando mal em um banheiro.
LOUISE ALBUQUERQUEAcordei ouvindo alguém vomitar a alguns metros de distância e permaneci com os olhos fechados tentando entender o que havia acontecido na noite anterior, porque tenho quase certeza que esse não é o meu quarto e eu sei disso por causa do excesso de calor no local.Como nunca vou dormir com o ar condicionado desligado e eu sempre coloco na temperatura de 20ºC para quando eu me despertar do sono me sentir no próprio Polo Norte, fico preocupada imaginando qual foi a asneira que cometi durante a festa da faculdade para me encontrar na cama de um desconhecido.Só falta eu ter praticado sexo casual com algum macho retardado.O ato nada inteligente e muito menos responsável de ir à uma reunião com dezenas de pessoas presentes em meio ao caos que o mundo se encontra atualmente, ocorreu, principalmente, pelo fato de eu precisar espairecer
LOUISE ALBUQUERQUEPassei mais de quatro horas olhando para o teto refletindo se eu deveria arriscar uma fuga desse lugar, ligar para o meu pai vir me buscar ou esperava o Felipe acordar para me levar em casa.Sim, eu sei que para você deve ser fácil levantar dessa cama e sair desse apartamento, mas para mim até mesmo um gesto simples torna-se algo bastante complexo a se fazer, porque eu penso em mil possibilidades ruins que podem acontecer durante o caminho, como por exemplo, eu ser assaltada ou morta. Apesar de não conhecer os donos desse lugar, o Felipe conhece o Marcelo e como ambos são filhos de traficantes, acredito que os dois devem respeitar um ao outro e isso deve incluir não matar as suas exs namoradas.Ou não!Não posso esquecer que o Marcelo citou que os pais dos dois são inimigos, só que não senti ódio entre eles.É, acho
LOUISE ALBUQUERQUEO Marcelo está enfurecido e não faz questão nenhuma de disfarçar seu descontentamento comigo por eu ter dormido no apartamento do Felipe, por isso saiu me arrastando pelo corredor e seguiu até o elevador sem falar uma palavra comigo.Ele me soltou assim que entramos e eu massageei meu antebraço que está latejando de dor.Nos encostamos na parede espelhada, olhando para frente e eu fiquei nervosa ao ver o Felipe sair pela porta do seu apartamento e correr na nossa direção.— Quem você pensa que é para entrar na minha casa e agredir a minha convidada, RM? – Ele coloca sua mão na porta metálica, impedindo que o elevador se fechasse.— Eu não agredi ninguém. – Meu ex namorado se defende.— Você puxou o braço de uma garota que tem a metade do teu peso e tamanho. – Felipe aponta para a área que está dolorida e ao olhar para o meu antebraço, noto que a marca da mão
LOUISE ALBUQUERQUENo instante que eu pisei em casa foi dedo no cu e gritaria com os meus pais. Eu nunca os vi tão chateados comigo como naquele momento e apesar de achar exagero, tentei entender o lado dos dois, porque o meu toque de recolher é às 1h da manhã e bem, eu estava doze horas atrasada. Sem contar que não dei notícias e passei a noite com dois desconhecidos. Claro que a última parte foi ocultada e se Deus permitir, eles nunca saberão, pois, para todos os efeitos, eu estava com o Marcelo.Melhor a minha mãe reclamar que eu sou corna mansa do que me esfolar viva por eu ter me colocado em risco durante uma festa da faculdade.— Além de chegar depois do almoço, ainda fica conversando com aquele marginal na porta da mansão. – A mulher reclama sem nem ao menos me olhar enquanto tira os pratos da mesa e segue até a cozinha.— Só estávamos resolvendo alguns p
** Contém maus tratos a animais e zoofilia. Não irei descrever em detalhes, só citar! **LOUISE ALBUQUERQUEEu devo confessar que nunca cogitei sentir tanta falta das minhas aulas presenciais na faculdade e o quanto seria difícil permanecer em casa até ser obrigada a ficar isolada para me proteger. Estava me sentindo sufocada entre as paredes da mansão, os pensamentos negativos tomaram conta da minha mente muito de repente e eu mal conseguia dormir à noite com pesadelos relacionados às ameaças do Barão.Após a invasão do Felipe ao meu quarto, eu percebi que poderia estar correndo risco de morrer e apesar de saber que devo falar para os meus pais, eu tinha medo que eles me proibissem de ver o Marcelo por contas das maluquices do seu pai. É difícil as pessoas enxergarem que o meu ex namorado e o pai dele são pessoas bem diferentes.Enfim, meu dias estão sendo monótonos demai