Capítulo Quatro

LOUISE ALBUQUERQUE

Confusa, raivosa e excitada são meus três estados de espíritos atualmente quando se trata do Marcelo. Todas as vezes que nos falamos é uma briga diferente por eu não conseguir perdoá-lo para logo em seguida, fazermos as pazes na cama. Se tornou um hábito tóxico entre nós dois.

Falta de amor próprio, eu diria. Quem em sã consciência continua transando com um homem que te traiu com a sua melhor amiga em público?

Toda essa situação me deixa sem saber o que quero da minha vida. Estou completamente sem rumo.

Quer dizer, no fundo, o que eu desejo é terminar o nosso pseudo namoro e dar a volta por cima com um boy bem gostoso para ele ver o que perdeu, mas não sei se tenho garra para isso. Só de pensar que terei que baixar o Tinder, conversar e me encontrar com vários caras vazios, eu fico entediada.

Tinder é um aplicativo para pessoas desesperadas, eu ainda não estou nesse nível.

Ou sou eu que não estou querendo seguir em frente?

Talvez a nossa relação se transformou na minha zona de conforto, porém não me faz feliz como antes. É quase a mesma coisa que sinto em relação a morar com os meus pais.

É como se eu fosse um peixinho dentro de um aquário, sabe? Aparentemente estou no meu hábitat natural, tenho bastante espaço para nadar, comida boa e tudo mais o que preciso, contudo, eu sei que tem um oceano lá fora e talvez o aquário, apesar de grande e luxuoso, não é mais o suficiente.

Acho que esse pensamento não está fazendo sentido.

Ah, foda-se.

Vou cortar qualquer contato com o Marcelo e falar para os meus pais que quero sair de casa.

Necessito urgentemente tomar as rédeas do meu futuro.

Pego meu celular, entro no Twitter para falar me distrair com bobagens e mal do traste como de costume e para a minha surpresa, vejo uma foto da Arlene com um dos amigos coloridos dela e bufo frustada por não conseguir ficar bem nem nas redes sociais. Tinha me esquecido de bloquear essa cretina.

Sempre que lembro do Marcelo beijando a Arlene, o ódio me consome. Tenho tentado ao máximo superar o par de chifres, porém o ranço dos dois não passa.

Eu até escrevi recentemente na legenda de uma foto no Instagram "Não importa quantas vezes você se reinvente e tente se reerguer, eu sempre irei dar um jeito de te fazer cair e a cada queda, o tombo será maior. Eu não vou esquecer o que você me fez e só vou parar quando te ver acabada.", que, obviamente, foi uma super direta para a minha ex melhor amiga. O único problema foi quando a minha mãe viu e já foi mandando eu apagar na mesma hora, porque achou um absurdo eu continuar ficando com o Marcelo e direcionar toda a minha frustração somente à outra mulher sendo que os dois são culpados.

"Ninguém obrigou teu macho a levantar o pau para outra garota sentar", minha mãe debochou quando eu tentei rebater que era diferente porque eu não esperava essa traição de uma amiga.

No final da nossa pequena discussão, acabei percebendo que ela estava certa e eu deveria parar de culpar só um lado, principalmente quando eu estou quicando loucamente no pau do meu ex namorado.

Então estou tentando focar no meu futuro acadêmico ao invés de ficar perdendo tempo pensando em uma pessoa que nitidamente não me ama.

Tem dado certo? Não, mas eu sou a brasileira e não desisto fácil dos meus objetivos.

Quando levanto a cabeça para olhar ao redor na pracinha da minha faculdade, percebo que perdi a hora e que me encontro sozinho no prédio. Não havia mais nenhum estudante do turno noturno por perto e decidi que é hora de ir embora.

Ao erguer meu corpo do banco, senti uma leve tontura por não está comendo adequadamente nas últimas semanas e quase caí, mas alguém me segurou com firmeza pela cintura e eu consegui me equilibrar no chão antes de passar vergonha.

— Tá tudo bem? – A voz rouca soou perto demais do meu ouvido, fazendo minha pele se arrepiar.

— Sim. – Respondi, um pouco desnorteada com o seu toque.

— Você quer uma carona? Ou que eu chame alguém para te acompanhar até em casa?

— Não precisa, moço, mas muito obrigada. – Falei um pouco mais firme, olhando por cima do ombro para ver quem é o carinha prestativo.

Confesso que fiquei sem palavras por alguns segundos, porque o achei incrivelmente bonito.

Ele é branco, cabelos negros, possui algumas sardas no rosto, que é uma característica que sempre achei bonita nas pessoas.

— Vai continuar me secando? – Seu questionamento me faz sorrir maliciosa.

Continuo o analisando sem me importar e babo mais um bocadinho no seu corpo magro e com os braços musculosos na medida certa.

— Tenho tatuagens também. – Ele informa em um tom de voz divertido. — Posso te mostrar melhor em um quarto de motel.

— Que atrevido! – Arredo o meu corpo do seu, ajeito o meu vestido e pego meu material que ainda estava em cima da mesa. — Obrigada por ter me ajudado. – Volto minha atenção novamente para ele e o vejo assentir com um sorriso de lado.

— Sempre que quiser alguém para apertar com força a sua cintura, pode contar comigo.

Sorri safada na sua direção, me dando conta que flertar ainda pode ser legal. Talvez não seja tão ruim sair e conhecer pessoas novas.

— Me chamo Louise. – Estendo minha mão na sua direção e ele ignora.

— Eu sou o Felipe. – Sua mão toca a minha cintura e me puxa de volta para perto dele. — Mas pode me chamar de escravo sexual.

Estávamos tão perto que conseguia sentir seu hálito quente.

— Você realmente consegue transar com alguma garota usando essa tática? – Indago com curiosidade e antes que o garoto pudesse me responder, somos interrompidos.

— Larga a minha mulher, Cigarro! – Marcelo surge na pracinha e eu me afasto do moreno.

— Sua mulher? – A pose confiante do Felipe sumiu rapidamente. — Desculpa, cara, eu não sabia.

— Não sabia, porque não é verdade. – Rebato sem pensar duas vezes. — Bem, foi um prazer te conhecer, Lipe. – Forço uma voz sexy e dou um beijo na sua bochecha. — Não posso negar que você tem pegada.

Depois da provocação, sai rebolando minha linda raba e ouvi o Marcelo me xingando de vagabunda enquanto vinha me seguindo igual a um cachorrinho.

Parece que alguém está provando do próprio veneno, não é mesmo?

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