O vento soprava uma brisa suave, balançando delicadamente as folhas das árvores do jardim, enquanto o som da música vinda da enorme casa pairava sobre o tenso momento que se desenrolava ali. Andriel mantinha a mão no pescoço de Taylor, e os dois se encaravam sem desviar o olhar.

O Beta de Philip não conseguia expressar nenhuma reação diante do homem que apertava seu pescoço; parecia paralisado pelo que sentia naquele momento. Um formigamento se espalhava onde estava sendo segurado, e o aroma de pinheiro fresco permeava o ambiente. Andriel também percebeu uma eletricidade nas pontas de seus dedos, e seu lobo parecia se acalmar dentro dele.

— Andriel, está sentindo isso? — perguntou seu lobo, percebendo a conexão com o lobo do homem à sua frente.

— Quem é você? — indagou Andriel, mantendo os olhos fixos nos de Taylor.

— Sou o Beta do Alfa Philip Dorson. Acabei me atrasando um pouco, mas não sou nenhum intruso; tenho um convite. Será que poderia soltar meu pescoço? — Taylor colocou a mão sobre o pulso de Andriel.

A mesma sensação que o Beta havia experimentado tomou conta do local onde Taylor estava tocando. Andriel o soltou e retraiu sua mão, virando-se de lado.

— Você sentiu o que acabei de sentir? — O rei perguntou, mas não conseguiu olhar para Taylor.

— Sim, eu senti a conexão. Como isso pode estar acontecendo? Isso quer dizer que somos…

— Não quero que diga isso a ninguém — interrompeu, não deixando Taylor continuar. — Ao menos até que tenhamos certeza se isso é possível.

Taylor não disse nada, mas concordava em não compartilhar o que estava acontecendo com ninguém. Ele mal podia acreditar que, no dia de seu aniversário, estaria passando por aquilo. O Beta de Philip estava em choque com a possibilidade de que aquele homem à sua frente fosse seu companheiro; era algo que ele jamais imaginou.

— Preciso entrar agora, mas precisamos conversar sobre tudo isso. Depois da festa, quero que fique aqui. Não podemos resolver isso agora. Vou entrar, e você me segue em seguida.

Andriel disse essas palavras sem ainda olhar diretamente para Taylor. Aquilo tudo estava sendo assustador para ele. Mesmo sendo o rei, aquela possibilidade o deixava atordoado, e ele não queria olhar nos olhos de Taylor e sentir novamente seu coração acelerar.

Taylor não teve nem mesmo tempo de perguntar o nome do homem, pois ele se afastou voltando para a casa. Observou Andriel se distanciar e ainda estava sem saber o que fazer. A princípio, pensou em procurar por Philip e conversar com ele, mas não sabia como dizer o que havia acontecido no jardim.

Brian, que saiu em busca de seu irmão, avistou Taylor no jardim e se aproximou para falar com ele.

— Taylor, o que faz aqui sozinho? Não viu meu irmão por aqui? — perguntou Brian, visivelmente preocupado.

Taylor fez uma leve reverência para Brian e inclinou o pescoço antes de responder.

— Senhor, acabei de chegar, mas já estava prestes a entrar. Sobre o rei, eu ainda não o conheci pessoalmente, então não sei dizer se passei por ele.

Brian estava visivelmente preocupado sem saber onde seu irmão poderia estar e estava prestes a pedir ajuda a Taylor para procurá-lo, quando recebeu uma mensagem de Stella avisando que ele já havia voltado.

— Parece que meu irmão já está lá dentro. Vamos entrar, Philip deve estar esperando por você.

Taylor concordou, e os dois seguiram para dentro, com Brian indicando o caminho. Ele não sabia se conseguiria disfarçar na presença de seu Alfa e amigo; como Philip o conhecia bem, ele poderia perceber que algo estava errado.

Brian conduziu Taylor diretamente até a mesa onde Philip estava e saiu para procurar seu irmão no meio das pessoas. Sua mãe falou através do link mental que Andriel não estava no salão, então ele foi procurar por seu irmão no escritório.

Andriel estava sentado em sua cadeira, com os cotovelos sobre a mesa e as mãos na cabeça, um copo de uísque próximo ao seu braço. Ver aquela cena deixou Brian apreensivo.

— Se não quiser voltar para a festa, e se acha que vai perder mesmo o controle na frente de todos, então fique aqui. Posso inventar qualquer coisa.

Frost estava mais calmo dentro de Andriel depois do encontro com Taylor, e não era pelo medo de perder o controle que ele estava se escondendo no escritório. Andriel ergueu a cabeça e olhou para a expressão preocupada de seu irmão.

— Não é por isso que estou aqui. Aconteceu algo enquanto eu estava no jardim, e ainda estou processando tudo isso e não sei bem o que fazer.

Andriel não costumava esconder as coisas de seu irmão e começou a abordar o assunto que, para ele, era complicado.

— Meu lobo está calmo porque encontrei uma pessoa no jardim e senti uma conexão, assim como o Frost também sentiu a conexão com o lobo dessa pessoa.

Brian sorriu ao ouvir o que seu irmão disse, compreendendo que ele havia encontrado sua companheira. Animado, ele se aproximou do irmão e demonstrou seu entusiasmo.

— Você está falando sério? Encontrou sua companheira? Você deveria estar feliz e comemorando. Quem é ela? — perguntou, sua animação evidente.

— O Beta do Philip Dorson, o Alfa da alcateia da sua companheira.

Andriel respondeu sério, e o sorriso de Brian desapareceu. Ele passou a mão pelo rosto e perguntou novamente para confirmar se havia entendido corretamente.

— Eu ouvi certo? Você está dizendo que a conexão que você sentiu foi com Taylor? Você tem certeza?

— Acha mesmo que eu poderia confundir o que senti? — indagou Andriel, levantando-se e demonstrando nervosismo. — Senti o cheiro dele, e posso dizer que foi o cheiro mais incrível que já senti em toda minha vida. Frost se acalmou quando apertei o pescoço dele. Eu havia perdido o controle mais uma vez, e ele me acalmou só de estar perto e de me olhar daquela forma.

Brian compreendeu o que o irmão poderia estar sentindo e ficou sem palavras. Aquela era a chance de seu irmão, e Taylor era a chave para que ele não se tornasse selvagem. No entanto, ao mesmo tempo, Brian sabia que aquilo fugia de todas as tradições e do legado que seu irmão deveria seguir.