Foi o primeiro sonho que tive, a primeira visão da minha vida alternativa, tudo estava tão confuso, como se os mortos estivessem vindo me cobrar por eu ter me casado com Alec, por não ter cumprido a profecia, por ter me tornado a Luna Boldwin e ter fugido das minhas responsabilidades como Suprema Alfa. Minhas vestes eram outras, meu reino era somente a Tribo Boldwin, o povo ao qual eu liderava me amava, nessa vida, no início do meu mandato, havia algo além da felicidade, algo incompreensível, como se meu mundo girasse em torno de algo ou alguém, eu estava alegre, satisfeita, me sentindo tão amada, sortuda, e sabia quem havia me proporcionado todas essas sensações.A casa onde eu morava era maior que a do meu tio, minha filha descia lindamente da escada com sua farda da escola, ela parecia bem animada para a aula de literatura.Clara preparava nosso café da manhã, mas ninguém comia nada da mesa já posta, foi uma regra que criei na casa, todos deveriam estar presentes durante as refeiçõ
Alívio profundo surgiu em mim, mas ao mesmo tempo não consegui levantar a cabeça para encarar aqueles rostos curiosos na minha frente. Senti tanta vergonha por Alec, Marcus e até mesmo a empregada terem presenciado o que aconteceu comigo segundos atrás.– O que houve? – Marcus me perguntou com uma carranca.– Como você sentiu o vínculo de companheirismo sem nem ao menos termos feito nenhum voto? – Alec perguntou. A empregada continuou calada, porém em seu semblante também tinha perguntas. – Karolina...– Preciso descansar, por favor, saiam. – Respondi melancolicamente sem levantar a cabeça.Marcus e a empregada saíram a contragosto, mas segurei na mão do Alec quando ele se levantava da cama.– Eu tive uma visão. – Admiti ainda segurando sua mão.– Visão? Do futuro? – Alec se sentou novamente.– Não. De uma vida, uma vida diferente da que temos agora.– E nessa vida, o que aconteceu? – Ele parecia ter acreditado em mim.– Lembra-se do que tinha dito na cabana para você, Lúcius, Natanae
– O Império?! Não! De jeito nenhum! Você não pode ir, é perigoso! – Contestei me aproximando da Elena.– Karol, eu tenho que ir.– Maria Elena, Natanael antes de partir deixou você sob minha proteção, eu não posso deixar você ir facilmente.– Karolina! – Minha amiga olhou nos meus olhos com firmeza. – Eu irei para o Império e você não pode me impedir.Fiquei sem palavras com a sua reação.– Sinto muito por te deixar preocupada, não era minha intenção, mas eu devo partir agora mesmo e vim me despedir de você antes de ir... n-não sei se um dia a verei novamente. – Elena vacilou nas palavras e um soluço cortado saiu pela sua garganta.– Minha amiga... – Sussurrei essas palavras com um nó na garganta e a abracei.Ver minha melhor amiga partir assim sem saber se um dia voltará, despedaçou meu coração, mas infelizmente eu não posso impedi-la, a Elena sabe qual caminho seguir, como também não posso acompanhá-la, pois minha missão em Valiska ainda não terminou.Acompanhá-la até os portões do
Dois dias depoisApós a primeira tentativa de curar os possuídos com meu sangue fracassar com o vampiro vomitando tudo depois de beber o líquido vermelho, tentamos mais e mais vezes com outros vampiros, até mesmo com o neto do Davi, porém todas as tentativas falharam, eles sempre vomitavam e voltavam a serem controlados novamente.– É inútil. – Natanael falou frustrado após bater na mesa da sala de reuniões. – Sempre voltamos à estaca zero, eles nunca ficam muito tempo lúcidos e sempre rejeitam seu sangue, por quê? – Me perguntou abatido.– Talvez porque meu sangue, apesar de ter vestígios, não é da Karolina, o poder que passa para eles é pouco diferente do que beberem diretamente dela.Ele confirmou a cabeça a contragosto.– Você tem razão, eu só queria pensar que você aqui seria o suficiente para salvá-los. – Natanael endireitou as costas curvadas e deu um longo suspiro. Aquelas palavras também me desapontaram. Eu queria poder ajudá-los, mas não sou ela.– Sinto muito por isso. – Po
Espera! Não posso me empolgar assim, nós não nos conhecemos e ele está arisco, não posso ir falando tão formalmente, devo conquistar sua confiança.Permaneci impassível e séria.– Miguel... – Chamei sua atenção. – Você sabe quem eu sou?Ele levantou as sobrancelhas.– Só há uma pessoa no mundo com olhos vermelhos... A Suprema Alfa, Karolina Stevens, descendente de Victor Stevens, a primeira mulher que precisou quebrar suas correntes da escravidão para reivindicar o que era seu por direito, que passou por cima das regras dos líderes mundiais e declarou liberdade para os escravos e união entre os vampiros gerando caos, admiração, ódio e medo das pessoas.Engoli seco com a descrição, era como se eu fosse um livro aberto e ele um leitor desse livro. Mas, permaneci séria.– Sabe sobre os boatos que dizem por aí não é? – Perguntei.– Há vários boatos seus, Karolina Stevens.Mais uma vez fiquei tensa quando escutei meu nome sendo pronunciado.Quem diabos é esse homem?– Mas esse é o mais fal
Os preparativos para o casamento de Clara e Marcus estavam a todo vapor, Juliano já havia se recuperado e podia caminhar pelo castelo cuidando dos seus afazeres, mas com seguranças ao seu lado, Alec enviou um grupo de mercenários para me acompanharem, pois ele achava que minha segurança era mais importante que a dos outros, no início fiquei incomodada com a presença daqueles homens, porém eles andam tão bem disfarçados que nem percebo que estão por perto, então pude aproveitar meus tempos livres com a Kamilla que crescia lindamente, com seus cabelos ruivos ondulados, ela com certeza será uma belíssima princesa.Mesmo com essa alegria genuína, algo ainda me incomodava, um sentimento de alerta que nunca me deixava em paz, nem nos meus sonhos. Eu tentei ter mais algumas daquelas visões malditas para poder descobrir o paradeiro do livro Rituum, no entanto, foi em vão, não consegui nada, também fui em busca de respostas através do Miguel, mas ele se tornou um livro trancado com cadeado a s
Após o encontro louco desses dois, nos reunimos na sala de jantar para discutirmos tudo que tinha ocorrido e tomar alguma decisão sobre o que deveríamos fazer, já que falhamos em salvar aqueles vampiros, Natanael havia informado para a Elena as coisas que aconteceram durante minha estadia aqui. Seus olhos brilhavam de surpresa e alegria em saber que expulsamos o demônio, matamos outro e mantemos em refém o terceiro.– Precisamos encontrar o Rituum. – Natanael falou levantando uma taça de vinho tinto na boca. Elena continuava comendo ao seu lado. – Devemos encontrar o livro e entregar para Karolina, só ela pode salvar essas pessoas e desfazer o exército da Anealix. – Ele depositou a taça na mesa novamente após um gole. – Eu já tinha prometido isso a ela por receber e cuidar do meu povo.Esse foi meu propósito em vim aqui desde o início, eu a abandonei para fazer essa missão homicida.– Você tem alguma ideia de onde encontrá-lo? – Perguntei.– Sim. – Ele disse.– Natanael, não. – Elena s
Olhei pela última vez o brilho alaranjado do sol no horizonte pela sacada do meu quarto, sentado na cama. Minha espada com a bainha dourada e o símbolo da Tribo Calmon esculpido nela estava na mesa à minha frente. Minhas mãos suavam um pouco com a tensão do que poderei enfrentar daqui nas próximas horas, mesmo assim, levantei, peguei a espada e a coloquei atrás das costas, saindo do quarto com passos largos.– Não se esqueça de sempre ficar em alerta e só usar a violência como último recurso. – Elena dava instruções para Natanael, e ele como um bom obediente escutava tudo confirmando com a cabeça.– Tome conta do nosso palácio, em breve, estarei de volta.Elena fez uma cara chorosa e logo se beijaram.Revirei os olhos com tédio daquilo.– Lúcius. – Ela me chamou a atenção. – Trouxe algo para você. – Peguei da sua mão uma garrafa média de água.– Obrigada.Elena sorriu para mim enquanto Natanael se afastava para pegar sua espada.– A propósito... – Abri a boca para falar, mas vacilei na