Dois dias depoisApós a primeira tentativa de curar os possuídos com meu sangue fracassar com o vampiro vomitando tudo depois de beber o líquido vermelho, tentamos mais e mais vezes com outros vampiros, até mesmo com o neto do Davi, porém todas as tentativas falharam, eles sempre vomitavam e voltavam a serem controlados novamente.– É inútil. – Natanael falou frustrado após bater na mesa da sala de reuniões. – Sempre voltamos à estaca zero, eles nunca ficam muito tempo lúcidos e sempre rejeitam seu sangue, por quê? – Me perguntou abatido.– Talvez porque meu sangue, apesar de ter vestígios, não é da Karolina, o poder que passa para eles é pouco diferente do que beberem diretamente dela.Ele confirmou a cabeça a contragosto.– Você tem razão, eu só queria pensar que você aqui seria o suficiente para salvá-los. – Natanael endireitou as costas curvadas e deu um longo suspiro. Aquelas palavras também me desapontaram. Eu queria poder ajudá-los, mas não sou ela.– Sinto muito por isso. – Po
Espera! Não posso me empolgar assim, nós não nos conhecemos e ele está arisco, não posso ir falando tão formalmente, devo conquistar sua confiança.Permaneci impassível e séria.– Miguel... – Chamei sua atenção. – Você sabe quem eu sou?Ele levantou as sobrancelhas.– Só há uma pessoa no mundo com olhos vermelhos... A Suprema Alfa, Karolina Stevens, descendente de Victor Stevens, a primeira mulher que precisou quebrar suas correntes da escravidão para reivindicar o que era seu por direito, que passou por cima das regras dos líderes mundiais e declarou liberdade para os escravos e união entre os vampiros gerando caos, admiração, ódio e medo das pessoas.Engoli seco com a descrição, era como se eu fosse um livro aberto e ele um leitor desse livro. Mas, permaneci séria.– Sabe sobre os boatos que dizem por aí não é? – Perguntei.– Há vários boatos seus, Karolina Stevens.Mais uma vez fiquei tensa quando escutei meu nome sendo pronunciado.Quem diabos é esse homem?– Mas esse é o mais fal
Os preparativos para o casamento de Clara e Marcus estavam a todo vapor, Juliano já havia se recuperado e podia caminhar pelo castelo cuidando dos seus afazeres, mas com seguranças ao seu lado, Alec enviou um grupo de mercenários para me acompanharem, pois ele achava que minha segurança era mais importante que a dos outros, no início fiquei incomodada com a presença daqueles homens, porém eles andam tão bem disfarçados que nem percebo que estão por perto, então pude aproveitar meus tempos livres com a Kamilla que crescia lindamente, com seus cabelos ruivos ondulados, ela com certeza será uma belíssima princesa.Mesmo com essa alegria genuína, algo ainda me incomodava, um sentimento de alerta que nunca me deixava em paz, nem nos meus sonhos. Eu tentei ter mais algumas daquelas visões malditas para poder descobrir o paradeiro do livro Rituum, no entanto, foi em vão, não consegui nada, também fui em busca de respostas através do Miguel, mas ele se tornou um livro trancado com cadeado a s
Após o encontro louco desses dois, nos reunimos na sala de jantar para discutirmos tudo que tinha ocorrido e tomar alguma decisão sobre o que deveríamos fazer, já que falhamos em salvar aqueles vampiros, Natanael havia informado para a Elena as coisas que aconteceram durante minha estadia aqui. Seus olhos brilhavam de surpresa e alegria em saber que expulsamos o demônio, matamos outro e mantemos em refém o terceiro.– Precisamos encontrar o Rituum. – Natanael falou levantando uma taça de vinho tinto na boca. Elena continuava comendo ao seu lado. – Devemos encontrar o livro e entregar para Karolina, só ela pode salvar essas pessoas e desfazer o exército da Anealix. – Ele depositou a taça na mesa novamente após um gole. – Eu já tinha prometido isso a ela por receber e cuidar do meu povo.Esse foi meu propósito em vim aqui desde o início, eu a abandonei para fazer essa missão homicida.– Você tem alguma ideia de onde encontrá-lo? – Perguntei.– Sim. – Ele disse.– Natanael, não. – Elena s
Olhei pela última vez o brilho alaranjado do sol no horizonte pela sacada do meu quarto, sentado na cama. Minha espada com a bainha dourada e o símbolo da Tribo Calmon esculpido nela estava na mesa à minha frente. Minhas mãos suavam um pouco com a tensão do que poderei enfrentar daqui nas próximas horas, mesmo assim, levantei, peguei a espada e a coloquei atrás das costas, saindo do quarto com passos largos.– Não se esqueça de sempre ficar em alerta e só usar a violência como último recurso. – Elena dava instruções para Natanael, e ele como um bom obediente escutava tudo confirmando com a cabeça.– Tome conta do nosso palácio, em breve, estarei de volta.Elena fez uma cara chorosa e logo se beijaram.Revirei os olhos com tédio daquilo.– Lúcius. – Ela me chamou a atenção. – Trouxe algo para você. – Peguei da sua mão uma garrafa média de água.– Obrigada.Elena sorriu para mim enquanto Natanael se afastava para pegar sua espada.– A propósito... – Abri a boca para falar, mas vacilei na
Minutos antes...– Juliano... – Minha voz saiu trêmula diante daquele pedido de casamento, não podia acreditar que estava vendo o irmão da Clara ajoelhado diante de mim com uma aliança de noivado em minha direção. – P-Por favor, levante-se...– Aceite ser minha mulher, Karolina. – Seu nervosismo estava estampado no rosto.Aaah! Não acredito que ele falou de novo.– Juliano... Eu te imploro, levante-se. – Meu corpo tremia todo. – E-Eu, eu sinto muito. – Sussurrei balançando a cabeça em negação.Seus olhos antes vidrados em mim caíram para o chão e a mão estendida segurando firmemente a caixinha caiu em seu colo. Juliano levantou-se lentamente como se tivesse perdido as forças das pernas.– Por quê? – Apesar de decepcionado, ele continuava sereno. – Por que você não aceita?– Eu... Eu não posso me casar... Me perdoe... – Baixei a cabeça. – Há muitas coisas em jogo e eu não posso pensar em matrimônio agora.– Não... Eu que me precipitei, a culpa não é sua, desculpe por perder seu tempo s
Após o beijo correspondido da Karolina, uma faísca acendeu no meu coração, mas foi substituída pelo desespero de todos os convidados quando os sinos tocaram, Juliano foi morto, assassinado, e eu pude ver o seu assassino no momento em que o Rei dava seus últimos suspiros entre lágrimas nos braços da Karolina que tentava o consolar, mas em vão.Quem ousou cravar uma faca no seu peito, destruindo a felicidade daquela família que há não tinha esperança, estava parado vendo a cena se desenrolar, coberto pelas sombras da parede daquele castelo cinza, como os olhos vazios de qualquer sentimento ou remorso, Thomas Vandier, seu melhor amigo, destinado a ser o seu protetor, que no final o matou. Após perceber que eu o encarava, ainda diante do corpo sem vida de Juliano, ele pulou pela janela fugindo, corri para alcançá-lo, mas estava muito longe, olhei a sacada, porém, ele tinha desaparecido.Olhei de volta para ver a Karolina segurando o Juliano sem vida, e pensei em aproximar para tirá-la de c
A masmorra era um local alto, úmido e sujo. Havia uma escada em espiral feita de pedra sem proteção nas laterais do prédio e cada degrau havia uma porta de ferro dando acesso às celas. A prisão era mais um inferno sem saída daqueles condenados.Juliano passou anos aqui.– No topo. – Clara falou olhando para cima. – Era lá onde eles ficavam.– Não sinto cheiro nenhum. – Lucas disse incrédulo.– Ele disse que viria aqui, eu escutei essas palavras saindo da sua boca antes da matar meu irmão, Thomas falou que nas masmorras estava a mulher que todos procuravam. Acho que Juliano também investigava sobre o desaparecimento da testemunha de Basílica.– A escrava. – Falei pensativo. – Então era aqui que ela estava o tempo todo?! – Olhei para aquela prisão em forma de espiral. – Vamos.Começamos a subir os degraus.****Lúcius CalmonA mulher diante de nós parecia petrificada, estaria morta? Seu corpo congelado não demonstrava nenhuma ameaça, no entanto, uma áurea poderosíssima emanava daquela pe