Ficar naquela escola era constrangedor. Eles tinham todas as aulas juntos, exceto uma, e Thea fez o seu melhor para evitar os trigêmeos o dia todo. Todos podiam perceber que algo estava errado. Normalmente, eles eram inseparáveis. Kai geralmente tinha o braço sobre os ombros dela. Alaric sempre oferecia o braço a ela quando caminhavam porque ela frequentemente não prestava atenção para onde estava indo. Conri segurava a barra da camisa dela para mantê-la por perto. Hoje, ela os ignorou, saiu de cada aula assim que o sinal tocou, não andou com eles a lugar algum e se certificou de que havia bastante espaço entre eles.

Thea geralmente era bem-humorada e contente, mas passou o dia abatida. Em vez de almoçar na mesa como de costume, ela foi para a biblioteca para ficar sozinha e pensar.

Poderia ela ser culpada por se sentir atraída pelos trigêmeos? Todos os queriam. Eles eram Alfas. Eles exalavam poder e sensualidade: altos, cabelos escuros, olhos azuis cristalinos, rostos lindamente esculpidos, mandíbulas fortes, maçãs do rosto definidas, ombros largos e musculosos. Eles eram lindos entre os lobisomens, que já eram seres sobrenaturalmente atraentes.

Talvez ela pudesse se recuperar disso. Se pudesse encontrar uma maneira de domar sua libido, as coisas poderiam voltar ao normal.

Talvez ela estivesse apenas cheia de hormônios porque sua primeira transformação estava próxima. E se sua loba se tornasse uma fera sexualmente excitada e ela tivesse que satisfazer seus impulsos constantemente?

Talvez houvesse ervas que ela pudesse tomar para suprimir quaisquer hormônios ou excitação. Ela poderia pelo menos investigar como mascarar seu cheiro. Devia haver ervas para isso.

Thea começou a procurar livros que pudessem dar-lhe uma ideia de como resolver aquela situação embaroçosa. As bruxas podiam fazer todo tipo de coisa, mas ela não queria se meter com elas. Elas eram inimigas dos lobisomens. Perigosas. Ela deixaria a alcateia antes de pedir ajuda às bruxas.

No entanto, ela amava essa alcateia. As pessoas. Sua família. Os trigêmeos. Tudo o que ela sempre queria era ser Beta e ajudar esta alcateia a se manter a mais poderosa e cobiçada da costa oeste. Ela não queria ir embora. Pegou emprestados vários livros e os colocou em sua mochila para levar para casa.

Depois da escola, ela foi para o campo de treinamento para liderar o treino ao lado dos trigêmeos. Ela não olhou nos olhos deles, o que irritou Kai e Conri. Ela tentou parecer profissional, falando com eles apenas quando necessário. Ela chamou outros lobos para demonstrar coisas que eles normalmente usavam uns aos outros.

Depois do treinamento, Thea costumava ficar por perto para conversar com os membros da alcateia. Desta vez, ela saiu imediatamente. Foi para a casa , pegou alguma comida e então foi para seu quarto ler os livros que pegou emprestado. Ela não foi ao jantar da alcateia.

Algum tempo depois, ela escreveu uma lista de todas as ervas que queria. Ela foi até a loja do boticário, na área do vilarejo das terras da alcateia, e entregou a lista ao boticário. O senhor mais velho reuniu os itens, os etiquetou, os empacotou e os separou em grupos.

— Estas são mais eficazes em forma de chá. Você pode misturá-las com seu chá favorito ou aguentar o gosto amargo desta erva. Estas são mais eficazes quando fumadas. Você tem algo para fumar?

— Não. — Disse Thea.

O boticário se afastou e voltou com um cachimbo e um isqueiro. Ele demonstrou como usá-lo e como limpá-lo.

— Também elaborei uma mistura que pode lhe interessar. É um spray. Nossos guerreiros e rastreadores o usam regularmente para mascarar seus cheiros. Gostaria de experimentar?

— Sim, por favor.

Ele adicionou ao pacote e entregou a ela.

— Se tiver alguma dúvida, não hesite em contactar.

— Obrigada. — Ela pagou pelos produtos. — Você pode garantir que tenha estes em estoque? Provavelmente vou comprá-los regularmente.

— Claro, Srta. Lyall.

— Thea. Por favor, me chame de Thea, Sr. Garrity.

— Claro, Thea. — Ele sorriu para ela.

Ela voltou para seu quarto e leu sobre como preparar as ervas. Quanto usar, por quanto tempo deixar o chá em infusão, quanto tempo os efeitos durariam. Ela adormeceu com a cabeça em um livro, os outros espalhados ao seu redor na cama.

Ela acordou quando a cama afundou. Duas mãos fortes a puxaram contra um corpo quente. Ela instantaneamente soube que era Alaric. Ela sempre sabia qual dos trigêmeos era qual, desde que eram crianças. Todos os outros tinham dificuldade em distingui-los, já que eram idênticos. Ele tirou os livros da cama dela, os empilhou em sua escrivaninha e colocou um cobertor sobre ela.

— Ei. — Disse Alaric suavemente. — Senti sua falta no jantar. Senti sua falta o dia todo. Como você está?

— Não sei. — Disse Thea.

— Você está pesquisando algo.

— Não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. Você não precisa. Posso ficar com você como nos velhos tempos?

Os trigêmeos costumavam entrar escondidos no quarto dela todas as noites e dormir com ela. Eles sempre dormiam melhor na cama dela. Pararam alguns anos atrás. Thea sentia falta de dormir com eles, mas ela nunca se esgueirava para o quarto de nenhum deles. Ela tinha que aceitar isso.

Thea assentiu. Mesmo com as luzes apagadas, eles podiam se ver no escuro. Ela não sabia se alguma vez dormiria com ele novamente. Ela não esperava isso esta noite, mas estar nos braços dele era reconfortante. Ela envolveu os braços em torno da cintura dele. Ele se ajustou, e eles se apertaram. Ele colocou a cabeça dela sob seu queixo. Com o rosto contra o peito dele, ela respirou seu cheiro. Isso a acalmou e a entristeceu ao mesmo tempo. Ela sabia que ele não era dela. Nenhum deles era. As lágrimas escorreram.

— Ei. — Alaric disse suavemente. Ele esfregou as costas dela para cima e para baixo. — O que há de errado?

— Tenho medo de perder vocês. — Ela fungou.

— Isso nunca vai acontecer. Você vai ficar conosco para sempre.

Ela queria que aquilo fosse verdade. Ela se contentou em estar nos braços de Alaric esta noite.

Ele a abraçou, passando os dedos sobre ela até que ela adormeceu.