Capítulo 0005
Os trigêmeos e Thea foram para seus quartos tomar banho e trocar de roupa.

Assim que ficou sozinha, Thea surtou. Ela não tinha certeza do que havia acabado de acontecer. Talvez fosse um sonho. Não seria a primeira vez.

Os trigêmeos estavam esperando por ela quando ela saiu do quarto. Todos estavam de banho tomado e com roupas limpas. Thea admirou a vista por um momento. A forma como os jeans pendiam de seus quadris. A maneira como as camisetas se esticavam sobre seus peitos largos e musculosos. O jeito como seus rostos idênticos se iluminavam quando a viam. Ela sempre sabia quem era quem, mas para a maioria das pessoas, o cabelo era a única maneira de distingui-los.

Com seu longo cabelo recém-penteado, Alaric se inclinou para um beijo rápido. Ela corou, e ele segurou sua mão. Não era um sonho.

Conri passou a mão pelos longos cabelos ondulados dele e a beijou também.

— Você nunca vai se livrar de nós agora. — Disse ele. Ele colocou a mão em volta do quadril dela, enganchando um dedo em um dos passantes do cinto de seu jeans.

Kai, com seu bagunçados cabelos penteados no estilo "pompadour", inclinou-se para o beijo. Ele pegou a mão dela e a levou até o peito dele, segurando-a contra seu coração. Eles andaram pelo corredor— Alaric um pouco à frente, Conri um pouco atrás, e Kai ao seu lado.

Eles passaram pelo escritório do Alfa no quinto andar, e Thea parou quando ouviu a voz de sua mãe cheia de choque e medo.

— O que poderia ter feito isso? — Disse Naomi, a mãe de Thea, atrás da porta fechada.

— Vampiros? Bruxas? Renegados? — Disse Luna Ada. Sua voz também estava preocupada.

Thea fez um sinal para os trigêmeos ficarem em silêncio e ouvir com ela junto à porta.

— Renegados não poderiam fazer isso. — Disse Alfa Ulric. — Nunca ouvi falar de bruxas ou vampiros organizando uma força poderosa o suficiente para massacrar uma alcateia inteira de lobisomens durante a noite.

— Então, há a questão do porquê. — Disse Naomi. — O que essa alcateia poderia ter feito para justificar uma reação tão extrema?

— Pode ser que não tenham feito nada. — Disse Walter, o pai de Thea e Beta. — Não é a primeira alcateia que encontraram desolada no leste. Já houveram várias outras. Descobrem que a alcateia se foi quando alguém vai visitar uma cidade fantasma.

— Algo está eliminando alcateias de lobisomens? — Disse Luna Ada.

— O que sabemos sobre as alcateias que foram alvo? — Disse Alfa Ulric. — Alguma pista deixada sobre quem fez isso ou por quê?

— Essas são as perguntas que precisamos responder. — Disse Beta Walter.

— Isso parece o começo de algo grande. Algo que só vai piorar. — Disse Naomi.

— Vamos manter isso entre nós por enquanto. — Disse Alfa Ulric. — Os meninos e Thea têm alguns meses antes de se transformarem e se formarem, e então assumirem a alcateia. Eles são os que terão que lidar com isso. Vamos deixar que aproveitem essas últimas semanas de despreocupação antes de terem que carregar o peso do mundo nos ombros deles.

— Concordo. — Disseram os outros pais.

Eles ouviram barulhos no escritório. Thea fez sinal para os trigêmeos irem, e eles correram silenciosamente para fora da casa da alcateia.

— Fico feliz em ignorar o que acabamos de ouvir até sermos os responsáveis. — Disse Conri enquanto caminhavam para a escola. Ele tomou seu lugar ao lado de Thea, com a mão no quadril dela.

— Teremos que lidar com isso. — Disse Alaric, segurando a mão de Thea. — Parece que isso vai afetar todos os lobisomens em todos os lugares.

— Nossos pais vão começar a resolver isso. — Falou Thea.

— E eles vão nos ajudar mesmo depois de passarem o título de Alfa para nós. — Acrescentou Kai. Ele pegou a outra mão de Thea. — Não precisamos nos estressar com isso ainda.

Todos na escola os olharam enquanto eles caminhavam pelos corredores. Não era incomum ver os quatro juntos, mas nunca tinham andado de mãos dadas e se beijado.

Ninguém vivo tinha visto um relacionamento poliamoroso. Era coisa de mito na comunidade dos lobisomens. Algumas pessoas dormiam com várias, mas não estavam comprometidas com todas as suas conquistas. Lobos eventualmente se acasalavam com uma única pessoa. Eram conhecidos por isso. Lobos eram notoriamente possessivos, bestas ciumentas, incapazes de compartilhar.

Os trigêmeos não quebraram o contato com Thea o dia todo, exceto na aula que não tinham juntos. Terceira hora, antes do almoço. Os trigêmeos a levaram até sua sala, cada um a beijou e disse adeus.

Era uma aula sobre ômegas, os membros da alcateia de menor classificação, quais poderiam ser suas utilidades e seu papel na alcateia. Novo Amanhecer não designava membros como ômegas, mas outras alcateias faziam isso. Algumas tinham escravos. Thea queria mudar isso. Ela queria aprender tudo o que pudesse para saber o que precisava ser mudado.

— Isso é novo. — Disse Lizzy, sua melhor amiga loira, quando Thea se sentou ao seu lado.

— Desde quando você está beijando nossos futuros Alfas? — Ela levantou uma sobrancelha.

— Desde esta manhã? — Disse Thea.

— Já era hora.

— O que?

— Acho que você não precisava do Show de Talentos para chamar a atenção deles afinal.

— É por isso que você queria que eu usasse o vestido provocante para o Show de Talentos amanhã?

— Dã. Precisam de alguém que lhe dê um empurrãozinho. Eu me pergunto quem ganhou o bolão.

— Aquele negócio secou meses atrás. — Disse Tessa, outra garota da alcateia. — Ninguém pensou que demoraria tanto.

— Do que vocês estão falando? — perguntou Thea.

— A escola inteira estava apostando quando vocês ficariam juntos. — Disse Lizzy. — Qual de vocês ficaria junto, se seriam os três dividindo você, ou apenas um ou dois. Se haveria brigas. Se você ficaria com um e depois acasalaria com outro. Todas as possibilidades. Tudo.

— Estou tão confusa. — disse Thea.

— Sobre o quê, garota? Esses garotos estão apaixonados por você desde sempre.

Thea fitou vagamente a sua melhor amiga.

— Você realmente não sabia? — Disse Lizzy. — Eles nunca mostraram interesse por outra garota. Nunca convidaram ninguém para sair. Nunca ficaram com ninguém, mesmo que muitas garotas tenham tentado.

O ciúme surgiu dentro de Thea, mas ela o reprimiu. Os trigêmeos recusaram as investidas.

— Sempre os vi como irmãos. — respondeu Thea. — Achei que eles me viam como irmã.

— Quando isso mudou?

— Não sei. Foi acontecendo gradualmente.

O sinal tocou, sinalizando o início da aula.

— Quero ouvir tudo sobre isso. — Disse Lizzy.

— Todas queremos. — Alegou Tessa.

— No ensaio geral para o Show de Talentos? — Indagou Lizzy.

— Talvez. — Disse Thea.

Após a aula, Thea caminhou até a cafeteria e encontrou os trigêmeos na mesa de sempre. Conri a puxou para o colo dele e apoiou o queixo dele no ombro dela, respirando seu cheiro. Alaric puxou uma das pernas dela sobre a sua e a acariciou de cima a baixo com as mãos. Kai segurou a mão dela do outro lado de Conri.

As pessoas sussurravam ao redor da cafeteria.

— Vocês sabiam que há um bolão de apostas sobre nós ficarmos juntos? — Disse Thea em voz baixa.

— Ouvi rumores. — Disse Kai.

— Não. — falou Conri.

— Vou chegar ao fundo disso. — Mencionou Alaric.

Thea se virou para ele e se inclinou para um beijo rápido. Kai puxou sua mão até que ela o beijasse também. Conri beijou o pescoço dela de cima a baixo.

— Vocês têm que parar, ou vou ficar molhada o dia todo. — Sussurrou Thea. Ela tinha que preparar aquelas ervas para mascarar seu cheiro quando chegasse em casa hoje.

— Então nos deixe sugar você até secar. — Conri sussurrou em seu ouvido.

Ela ofegou.

— Vá mais devagar, Con. — Disse Alaric.

Os trigêmeos se revezaram para ter Thea sentada em seus colos em cada aula, os outros dois segurando suas mãos de cada lado. Os professores os olhavam, mas não se incomodavam em dizer nada, pois eles eram futuros Alfas. Nem mesmo quando beijavam a nuca dela ou acariciavam qualquer parte que pudessem alcançar.

Thea continuava sorrindo. Ela aproveitaria esses últimos meses antes da transformação e de se tornar Beta, se fosse o caso.
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