Capítulo 0002
Thea correu para a escola. Ela não podia correr o risco de encontrar os trigêmeos na casa da alcateia. Ela foi ao vestiário feminino para tomar um banho.

O que havia de errado com ela? Ela nunca ficou excitada enquanto treinava antes. Ela sempre foi profissional. Ela guardava isso para o seu tempo a sós.

Sim, os trigêmeos estavam ficando mais musculosos desde que entraram na puberdade, e agora podiam realmente prendê-la, e sim, ela secretamente gostava disso. O segredo era a palavra-chave. Ela queria que seus futuros Alfas ficassem mais poderosos. Ela também queria que eles estivessem em cima dela. Esse era o verdadeiro motivo pelo qual às vezes eles conseguiam prendê-la. Thea permitia. Eles não deveriam saber nada disso. Ninguém deveria.

Ela deveria ser a próxima Beta, a Beta deles. Ela não podia complicar esse relacionamento bajulando-os. Uma Beta não podia estar apaixonada por seus Alfas. Ela nunca conseguiria a posição se agisse como uma cadelinha apaixonada ao redor deles ou se exalasse a excitação sempre que eles estivessem por perto. Quando os trigêmeos encontrassem suas parceiras, as Lunas iriam querer substituí-la. É por isso que a maioria dos Betas era homem. Bem, além do fato de que os homens quase sempre eram mais fortes.

Ela tinha sangue de Alfa, no entanto. Seu pai era o Beta da alcateia “Novo Amanhecer, a maior alcateia da costa oeste”, mas ele era o quarto filho de um Alfa da costa leste. A alcateia não precisava dele, e ele queria ser útil, então mudou-se para cá com intuito de ser Beta. A mãe de Thea também era filha de um Alfa.

Thea era forte, alta e treinava mais duro do que qualquer um.

O pai dos trigêmeos, Alfa Ulric, incluiu Thea no treinamento de seus filhos desde o primeiro dia. A expectativa não dita era que ela assumisse a posição do pai, assim como os trigêmeos assumiriam a deles.

Agora tudo isso estava em risco. Ela tinha demonstrado o porquê uma mulher não deveria ser Beta. Ela pensou que sua atração por eles estava sob controle, mas algo tomou conta de seu corpo quando todos estavam mordendo-a. Aquele gemido foi tão involuntário quanto embaraçoso quando eles morderam em seu ponto de marcação. Em um segundo ela estava lutando contra eles e no outro, ela estava mole e desejando-os.

Ela estava prestes a inclinar os quadris e se esfregar contra Kai quando todos congelaram. Eles certamente ficaram horrorizados com o som do gemido dela. Então eles sentiram o cheiro no ar e perceberam o quanto ela estava excitada! Como ela poderia olhar para algum deles novamente? Thea não deveria ter parado de correr na escola. Naquele momento, ela queria sair da cidade, talvez fosse melhor fugir do estado ou até mesmo do país. Quem ela estava enganando? O planeta.

Ela saiu do chuveiro e trocou de roupa com algumas peças sobressalentes. Sua vida ali estava acabada. Ela não podia ir para as aulas. Thea compartilhava todas as aulas, exceto uma, com os trigêmeos. Ela teria que sair e começar uma nova vida em outro lugar. Talvez a alcateia de seu tio na costa leste a acolhesse. Ela ligaria para seus pais e pediria desculpas por envergonhar a família depois de se estabelecer.

Thea saiu do vestiário e deu de cara com os trigêmeos. Alaric tinha a mochila de Thea no ombro e um pêssego na mão. Ela se virou abruptamente e correu na direção oposta.

— Ei! — Kai chamou.

— Thea, pare! — Conri disse.

Alaric foi o primeiro a alcançá-la. Ele agarrou o braço dela e a virou para encará-lo.

— Thea, o que você está fazendo?

— Estou fugindo. — Ela respondeu.

Conri e Kai alcançaram-na. Os três formaram um círculo ao redor dela.

— Por quê? — Disse Conri.

— Por que você acha? Estou constrangida.

— Por que você está envergonhada? Está tudo bem. — Kai disse.

— Não, não está, e isso nunca vai acontecer de novo. — Thea retrucou.

As mãos de Kai subiram pelos lados dela. Ele se aproximou mais dela, prendendo-a contra Conri e Alaric, que agarraram um de seus braços. Kai se inclinou e roçou os lábios na clavícula dela, subindo até o ouvido. Ela suprimiu o som que estava se formando na garganta.

— Você está dizendo que ficará excitada se beijarmos o seu pescoço?

Eles aproximaram os narizes do pescoço dela e respiraram fundo. Thea apertou as pernas, tentando controlar o calor que estava crescendo. A mão de Kai se moveu para baixo, entrando por baixo da camiseta. Seus dedos roçaram dentro da braguilha das calças dela.

— Se eu colocasse a mão e te tocasse, você não ficaria molhada para nós?

Ela fez de tudo para não implorar, mas queria que ele fizesse exatamente isso. O melhor que ela podia imaginar era que isso era algum tipo de teste para a posição de Beta, e ela estava falhando miseravelmente. Esse pensamento a fez recuperar a lucidez rapidamente, e a raiva cresceu dentro de Thea — não em Kai, mas nela mesma. Ela não tinha o perfil de Beta. Ela se fortaleceu, livrou-se das mãos de Conri e Alaric, e empurrou Kai.

— Você nunca vai descobrir, Kaiser Valko. — Ela disse, usando o nome completo dele. Ela só fazia isso quando estava com raiva.

Thea correu, esperando até que virasse a esquina para enxugar as lágrimas dos olhos.

— Muito bem, idiota.

Thea ouviu Alaric dizer a Kai.

— Eu posso sentir o cheiro dela. Por que ela está lutando contra isso? — Conri questionou.

Ela chegou ao seu armário antes que Alaric a alcançasse. Ele lhe ofereceu a mochila.

— Eu imaginei que você precisaria disso já que não voltou para a casa da alcateia. — Ele mencionou. — Eu coloquei uma muda de roupa aí.

— Obrigada. — Thea pegou a mochila dele.

Ele ofereceu o pêssego para ela.

— Imaginei que você não tomou café da manhã também.

Ela quis abraçá-lo. Em vez disso, pegou o pêssego.

— Obrigada. — Ela disse. Ela sempre podia contar com Alaric para cuidar dela, fazê-la se sentir melhor, mas nem mesmo ele podia resolver isso.

— Desculpe pelo Kai. Você está bem?

— Eu não posso ficar aqui depois disso. — Ela ressaltou.

— O que você quer dizer com isso? Para onde você iria?

— A alcateia do meu tio? Qualquer outro lugar, na verdade.

— Thea, você não vai a lugar nenhum. Vamos te rastrear e te arrastar de volta. Você não vai embora.

— Você não entende.

— Não deixe a imaturidade dele te assustar.

— Não é ele. Ele estava apenas me testando. Eu falhei. Eu sou o problema.

— O quê? — Alaric disse.

Kai e Conri viraram a esquina e se aproximaram lentamente.

— Como eu posso treinar com vocês agora? Eu não posso. — Ela pegou as coisas, fechou o armário.

— Thea, você está confusa.

— Pense nisso. Se eu não puder treinar, meu futuro na alcateia acabou. — Ela enxugou as lágrimas, que teimaram rolar por seu rosto, quando se afastou.

Kai e Conri se juntaram a Alaric no armário de Thea, e eles a observaram enquanto ela se apartava.

— Acho que estragamos tudo. — Alaric disse.
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