Luna Dalila me olhava como se fosse me atacar a qualquer momento, enquanto Meei tentava amenizar a dor que tomava meu corpo com ervas. — Não a olhe demais, ela não merece a sua atenção! — Lancelot surgiu por entre as cortinas trazendo consigo uma manta, juntamente a uma caneca de chá. — Obrigada. — Agradeci vendo Meei sair e nos deixando a sós. Essa seria a hora perfeita para me impor sobre tudo que aconteceu e tudo que ele me causou. O ferimento em minha barriga estava doendo, na maioria das vezes eu conseguia me curar sozinha em questão de minutos ou horas, mas dessa vez foi diferente. Em momento algum me arrependo de ter salvo a vida de um ser, ainda mais quando se trata de um bebê, mas isso demandou muito de mim e agora quem estava entre a vida e a morta era eu. Eu precisava ser cuidada agora e, se Abnerzy me encontrar, será meu fim. Lancelot ajoelhou-se ao meu lado, colocando sua mão em meu rosto, fazendo-me fechar os olhos e imaginar um amanhã melhor. — Eu peço por todos o
Luna A sensação era de que meu corpo estava enfraquecendo cada vez mais e mais… O corpo alto e forte ao meu lado logo foi ficando distante demais, dando espaço para que meus pensamentos tomassem posse de mim por alguns minutos. — Eu já não tenho tanto tempo, minha filha! — O rosto da minha mãe estava ensanguentado, como da última vez em que a vi. — Escute bem tudo que eu irei falar agora, não sei se será possível te ver outra vez. Eu não quero que busque vingança, Luna. Prevejo sangue, morte e destruição se continuar com este pensamento de vingar minha morte. Aceite isto como se fosse o meu destino, assim foi e assim seria, não havia outra escolha, não para mim. Toma cuidado com o que irá escolher, uma escolha feita uma vez jamais poderá ser desfeita futuramente e você sabe. — Mãe… — Estiquei a mão na esperança de tocá-la, mas foi tudo em vão… minha mão ultrapassou seu rosto, levando consigo o único fio de esperança que em mim ainda habitava.— Não se force, terá que juntar forças
Luna Os dias estavam passando cada vez mais rápido, o tempo parecia estar sendo controlado por algo que não estava dentro dos meus conhecimentos, mas a única sensação que eu sentia era de medo. Medo de não conseguir realizar meus objetivos, medo da solidão e o principal: o medo de que tudo fique de cabeça para baixo, como já vivenciei um certo momento ao lado da minha mãe. Meu avô driblou o tempo, fazendo com que as horas se tornassem minutos e assim ele corrompeu-se e levou vários consigo, nunca me aprofundei nos assuntos familiares, mas de muitas coisas eu soube sem nem precisar ir em busca de informações. Lancelot estava há dois dias fora, estava sentindo sua falta, mas nada passava de sentimentos por causa do vínculo e nada mais que isso. Meei estava me auxiliando nas tarefas, não queria ser uma desocupada, mas isso parecia não agradar as demais, principalmente a Dalila, mas ela não era problema meu, e sim do Lancelot! — Vejo que hoje não está tão disposta assim, posso fazer o
Luna Os dias passaram-se rápidos demais, a troca de Lua seria esta noite, que para nós significava que uma nova era está por vir. As trocas de Luas era algo magnífico que acontecia a cada dois anos, a nova era chegava para aprimorar a vida de todos nós. As árvores frutíferas davam frutos fartos, assim como os céus se reuniam e nos mandavam chuva para matar a sede de todos, mas os demais não pareciam felizes com isso, ou não sabiam valorizar a tamanha benção que eram os dada. — Está ansiosa para as trocas de Luas? — Meei colhia as últimas frutas da macieira, enquanto as demais fêmeas faziam seu trabalho com desânimo. — Não se espelhe nelas, não há amor em seus corações. Algumas estão em busca de um marido há anos e por isso essa cara feia, não lhes dê ouvidos. — Não estou preocupada com isso, mas há coisas mais importantes que acontecerão esta noite e eu não posso perder. Nas trocas de Luas a família Crowler sempre se reunia, creio que hoje não será diferente. Dentre eles estão alg
Lancelot— Eu nunca fui tão rejeitado em toda minha vida. Luna está conseguindo suprir e sugar ao mesmo tempo minhas energias. — Resmungava a mim mesmo enquanto a via sorrir nos braços de Merlin. Dalila banhava-se nas águas claras, me olhando de forma perturbadora. As três noites intermináveis ao lado de Dalila foram as piores da minha vida, nunca imaginei que sentiria sensação de repulsa por ela, mas era exatamente isso que estava acontecendo. — Não vai dar as boas-vindas ao seu tio, Lancelot. — Merlin abriu os braço e por algum motivo eu não estava bravo com aquilo, como sempre fiquei. — Veja se consegue fazer Luna mudar de ideia e ficar aqui, que eu lhe darei as honras como merecer. — Antes de lhes dar as costas eu precisava falar uma única coisa ou qualquer ato meu poderia colocar tudo a perder. — Quero vê-la daqui a cinco minutos. O tempo era torturador. Haviam se passado alguns minutos e ela ainda não havia passado pela porta ainda, até que o movimento por trás das minhas co
Luna A noite estava fria, os anciãos haviam acabado de chegar. Eu sempre presenciei de forma oculta, minha mãe me levava às escondidas junto a minha tia. Mas, nunca pensei que pudesse ficar ainda mais incrível. Alguns me olhavam como se eu fosse uma ameaça ali, e outros me cumprimentavam com um largo sorriso no rosto. Estava sentada ao lado de Lancelot, era o dia do Juramento entre ele e a aceitação por defender toda a alcateia por todo o restante de sua vida, dando a mesma se for preciso. E ele estava ali, determinado a isso. — Está linda, espero que me dê um minuto antes de dormir. Eu tenho algo para te dizer. — Coloquei minha mão em cima da sua e ele sorriu, me olhando com o olhar mais puro que eu já senti. — Por que não me diz o que pensa no momento em que pensa? Pouparia nosso tempo e teria resposta imediata. Aliás, obrigada pelo convite, eu nunca tinha visto algo tão belo. — Quero te pedir que não vá embora, não agora, espere mais um tempo até que… — Ele gaguejou antes de fa
LancelotCoisas que eu jamais pensei em aceitar, esta noite estava mudando de ideia e prestes a jurar lealdade aos anciãos por toda minha vida, e nem mesmo em minha norte eu estaria sozinho. Luna conversava com Merlin felizarda, deixando alguns sorrisos escaparem vez ou outra. É incrível como consegue parecer tão sábia e tão velha de conhecimentos, mas tinha tão pouca idade e ainda sim, me deixava louco. As duas estavam trocando de lugares, o momento mais esperado por todos estava, menos por mim. — Pedimos silêncio para a benção que está por vir. — O tilintar da taça de um um deles, fez com que todos que estavam ali presentes, prestassem atenção no que estava por vir. Luna estava tão atenta ao momento assim como os demais também estavam. Antes que as coisas pudessem dar início, estendi minha mão em sua direção, ela hesitou por alguns segundos, até que eu tomei coragem e fiz o que ela me disse: agir sempre no momento em que pensar. — Venha, dê-me o prazer de sua companhia ao meu l
Luna Não irei me submeter ao baixo nível. Minha mãe era Léia, eu sou sua primogênita e não estou disposta a me curvar a ninguém. Vi Dalila aproximando-se de Lancelot enquanto eu dançava com Klaus, sua esposa e Merlin. Tentei ignorar aquilo que estava tão diante disso meus olhos e que tanto me feriu por dentro. Peguei uma caneca de vinho e sentei distante, consumida pelo cansaço e exaustão, não demorou para que Merlin fizesse o mesmo e sentasse ao meu lado. — Ainda está pensando em ir? — Nunca disse o contrário. Mas… será que as coisas poderiam mudar mesmo? Eu não entendo esse ódio absurdo que ele tem por nossa raça, o que há de errado com nós? — Não há nada de errado com você ou com nossa raça, minha Luna. A ignorância deles é que estão nos tornando terríveis aos seus olhos, quando somos a única raça que deveria governar. Temos bom coração, curamos e matamos, dependendo da posição em que estiver nosso ódio e além disso, ainda trazendo a vida aqueles que se foram de forma indolor.