Dor, cansaço, tremor em cada músculo do corpo, e a sensação da pele em contato com... areia? Sim, areia úmida, estava deitada sobre ela.
Inaê prestou atenção a tudo e, antes de abrir os olhos, sabia que estava em uma praia e provavelmente já passava de três da tarde, segundo a temperatura do sol em sua pele. Lentamente abriu os olhos, com mais dificuldade do que pensou, e sentindo uma enorme fraqueza e tremor em todo o seu corpo, conseguiu se erguer nos cotovelos. Então é assim que é ser um náufrago?
-- Está viva, moça? – uma vozinha chamou atrás e Inaê virou a cabeça para ver um menino baixinho encarando-a.
-- Oi – estava muito rouca,
No meio da madrugada, Inaê acompanhou Roque e alguns soldados a uma cidadezinha a vinte minutos do acampamento. O rapaz explicou enquanto andavam: -- A pesquisa de máquinas voadoras foi mantida em sigilo absoluto, e os testes eram feitos aqui, numa cidade perto do mato que não tem tanto a oferecer, então os lunaes mantêm vigilância mínima. -- E por que seu pai se dedicou tanto a construir essas máquinas voadoras? -- Para não depender do mar, é claro. Os dragões controlam todo o oceano, mas se tivermos transportes aéreos, estaremos acima das ameaças deles. Inaê não
Um par de generais que reinam sobre o caos: Aquamarine e Berilo, as mãos do rei Não. Inaê não podia acreditar que a relíquia de sua família, passada a ela há tão pouco tempo, quebrara com essa facilidade. Diante de tão chocante visão, a jovem perdeu o foco por um segundo, e o general acertou um chute na lateral de seu tronco. Ela caiu a centímetros da beirada do muro. Sarang, que observava a cena de longe, deu um passo à frente, sendo impedida por Eloni. -- O que você pode fazer contra ele se Kailani tem dificuldade? – ele a puxou de volta – Ela nos mandou embora porque sabe que o general pode nos aniquilar com um dedo. Viu o que ele fez com o zepelim. &nbs
Ao acordar, Inaê se viu deitada numa cama macia, como há bastante tempo não acontecia. Com a mente ainda confusa, por um instante pensou que estava em casa e tivera um sonho ruim, mas espiando por entre as pálpebras entreabertas, não reconheceu o quarto. Então a memória de enfrentar Berilo voltou. -- Onde eu estou? – sua voz estava tão fraca, só alguém do lado da cama ouviria. -- No hospital – Meri estava sentada junto ao leito – Está dormindo há quase um dia inteiro. -- Eu segurei a onda, não foi? Tirei os submarinos dela? – se sentou num pulo. Meri gesticulou para que se acalmasse.
Com o cair da noite, vem a calmaria antes da próxima tempestade, o prelúdio de mais um dia vermelho Voar era muito bizarro. Na hora em que o zepelim se separou do chão, Inaê se agarrou a um corrimão no corredor e só o largou depois que a nave se estabilizou. Ela não foi a única a ter essa reação. Todos que não eram de Lus ficaram assustados, o que trouxe risos aos nativos, já acostumados. A estrutura até que lembrava um navio, porém, sem convés superior. O chão oscilava com tremores repentinos que quase derrubavam os desprevenidos. Depois de meia hora numa dança para manter o equilíbrio, Inaê desistiu e deixou-se cair sentada no meio do corredor. Foi assim que Meri a encontrou. -- O qu
Meri foi a segunda a descer pela escada de corda, também recebida por um abraço de Marisol. Jeanne e os demais tripulantes as encheram de perguntas: como chegaram ali, que máquina voadora era aquela, como funcionava e se ia ajudar contra Lunae. Meri respondeu de uma vez: -- Essa aeronave nos trouxe de Lus, mas era sua única função, não tem o dever de nos acompanhar além daqui. Agora, qual é a situação? Jeanne explicou que os navios delfinos montavam cerco a Lunae há alguns dias, mas só ontem chegara a corveta com Marisol e completara a frota. A única embarcação que tentou conseguir passar pelo bloqueio foi o destroier U
De agora em diante, que eu seja como uma tormenta e destrua tudo em nome da renovação Inaê enxugou as lágrimas antes que mais alguém notasse e tomou a carta da mão de Marisol. -- Não chore agora. Vem aqui – puxou a mão da irmã e desceram até os quartos vazios dos tripulantes, onde a mais velha deixou a tristeza sair, abafando os gritos no ombro da caçula – Não o faça na frente dos outros. Ondina me ensinou que isso deve ficar para depois. -- Inaê, não está chorando – ela estranhou ao erguer a cabeça. -- Já chorei um pouco, mas agora não é hora para isso, não podemos perder o controle – sentiram o en
Se tivesse asas, eu voaria por você, se tivesse uma espada, eu lutaria por você. E se não tivesse mais nada, eu morreria por você A cidade estava mesmo deserta, não se via uma alma viva na rua. Com alguns minutos de caminhada, o silêncio foi quebrado pelo estalo de um rádio portátil no cinto de Aquamarine. O barulho repentino sobressaltou Sarang e Eloni. -- General, precisamos de reforços na doca sul, o encouraçado destruiu o arsenal – uma voz no rádio informou. -- Peça ao tenente Bartolomeu para enviar mais tropas. Achei alguns civis retardatários e vou escoltá-los para fora da cidade – ela respondeu e desligou. &
Guerra, perda, desastre, um medo paralisante. Mas não há escolha senão seguir em frente Os canhões eram ensurdecedores, mal um disparava já outro estava carregado e atirando. E do outro lado também vinham tiros, que provocavam jorros de água do mar quando erravam e produziam baques metálicos assustadores quando acertavam o encouraçado. Nem na ponte de comando Marisol se sentia segura. -- Calma – a almirante Jeanne pareceu ler seu pensamento – Daqui a pouco eles param de atirar. Os submarinos de Uminami emergiram no porto lunae, e os soldados rapidamente desembarcaram, invadindo a capital. Os lunaes no forte perceberam, e sem poder mirar com os canhões no próprio porto, passaram aos fuz