__ Essa é a última caixa. - Abner expressou, com a frustração estampada em seu rosto.Após longas horas no porão abrindo caixas, eu já estava exausta, e Abner parecia estar na mesma situação, se não pior.__ Você vem? - Ele pergunta, fazendo menção de sair dali.__ Agora não, ficarei por aqui mais um pouco.Ele confirma com a cabeça e se retira.__ Enfim, sozinha. - Sussurrei, abaixando a cabeça e apoiando minhas mãos sobre a pilha de caixas ali. Meu cabelo cobria todo o meu rosto, me impedindo de ver qualquer coisa, e era exatamente isso que eu queria naquele momento....Não sei quanto tempo passei assim, mas foi o suficiente para organizar meus pensamentos. O cheiro de poeira começava a me deixar tonta. Pensei em sair dali, mas fui surpreendida por um abraço caloroso de Lucian.Me virei para ele.__ Faz tempo que está aqui?__ Não, acabei de chegar. Você estava demorando, e resolvi vir atrás de você. - Ele beija meus lábios.__ Estava refletindo um pouco. Sabe se encontraram alguma
— Vocês já começaram a ler o diário?Ao chegarmos na biblioteca, fomos surpreendidos com a notícia de que o diário já havia sido encontrado. Uma sensação de alívio invadiu meu ser, mas a expressão neutra de Romeu, Felipe e Abner desviou totalmente meu foco.— Já sim. - Disse Lídia.— E por que não me avisaram mais cedo? - Indaguei, sem compreender.Ela olhou para mim, tentando segurar o riso.— Romeu, Felipe e Abner até foram, mas...— Não precisa continuar. - A interrompi, já entendendo o motivo das reações.Lucian sorriu.— O que descobriram? - Perguntei, tentando mudar de assunto. Sentia minhas bochechas queimarem.— O feitiço está bem escrito, com todos os detalhes. - Tia Jasmine virou para mim um pequeno livro com as folhas rasuradas e amareladas. As letras eram quase ilegíveis, mas ainda dava para aproveitar.— E o que diz aí? - Questionou Lucian, apoiando suas duas mãos sobre a mesa. Seus cabelos estavam um pouco desalinhados, mas isso só realçava sua beleza.— Para fazer o feit
Horas se arrastavam desde que entramos na floresta. Eu já não sabia o que era pior: o estranho silêncio, o mau cheiro ou ter que passar entre inúmeros esqueletos presos nos galhos secos das árvores como se fossem enfeites.— Vejam! Tem alguma coisa ali. — Disse Felipe.Corremos até pararmos ao alto de um morro. Ao olharmos para baixo, deparamo-nos com as ruas do reino, abandonadas, escuras e cobertas por uma fumaça esbranquiçada.— Vamos ter que descer. — disse Lucian. — Tomem cuidado onde pisam.Não demorou muito para o grande lobo tomar a frente na descida do morro com pedras soltas. Uma queda desse lugar causaria um grande estrago, mas para quem caiu de um abismo que parecia não ter fim, isso aqui é quase nada.Ouvia as pedras do morro rolarem até se chocarem com o chão das ruas. Lucian permanecia descendo na frente, enquanto os outros nos seguia um pouco mais atrás. Natália voava pelos ares e levava Gael em seus braços....Caminhávamos pelas ruas úmidas, o cheiro de carne e sangue
Estava prestes a colocar em prática meu plano quando fui surpreendida por Lucian entrando no trem.— Lucian? - Olhei surpresa.Ele não disse nada e me beijou com necessidade; lá fora, as criaturas balançavam o trem sem parar.— Se a morte nos rondar, que ela nos envolva juntos, ou que apenas eu encerre minha jornada. Sem você, a vida perde todo o sentido para mim.Meus olhos se encheram de lágrimas com suas palavras.— Ah, meu lobo. - Abraçei-o.Mais uma vez fui surpreendida, dessa vez por Abner e Penélope.— O que estão fazendo aqui? - Perguntei.— A senhora salvou minha vida uma vez, e eu estou fazendo o mesmo, nem que eu tenha que morrer lutando. - Ela me abraçou.— Você me salvou quando aquela criatura tentou me atacar e me mostrou o verdadeiro significado de família. - disse Abner. - Eu estou aqui por todos vocês.Ele se juntou ao abraço.— Obrigada por estarem aqui, mas agora temos que seguir adiante com o plano. - Disse eu quando senti que o trem começava a se aproximar do abism
__ O que encontraram? - Perguntei ao retornarmos.__ Há uma imponente barreira de magia, obstruindo nossa passagem, ali à frente. - informou Natália, indicando com o dedo.__ Ótimo, vamos até...Fui interrompida pelas risadas de Lianca, e só então percebi que ela nos observava, enquanto se escorava em uma árvore morta.__ Qual a graça, Lianca? - Indagou Lídia, arqueando uma sobrancelha.__ Qual é, pessoal, não alimentem expectativas. Já estamos com os minutos contados. O que mais falta aparecer? Um macaco gigante? Uma serpente que cospe fogo? - ela começou a chorar - já chega, acabou, este é o fim, aceitem.__ Entendo que esteja desesperada, mas agora não é hora de retroceder. Ainda estamos respirando, então as chances não acabaram. - Falei.Ela revira os olhos e vira de costas, cruzando os braços.__ O que tem em mente, Aurora? - Indagou tia Jasmine.Suspirei e concentrei minha atenção nela.__ Vamos unir nossas magias para quebrar a parede.__ Mas não é arriscado? - Questionou Romeu.
Já era quase final da tarde; o tempo estava coberto por nuvens escuras, e o vento soprava forte, fazendo as folhas secas e uma fina camada de areia voarem ao nosso redor.— Não aguento mais andar. A gente já está chegando? - perguntou Abner, pela milésima vez.— Dá um tempo, Rena. - Disse Gael, levando as mãos até as têmporas; os outros reviravam os olhos ou bufavam ao ouvi-lo.— Só mais um pouquinho, pessoal - Falei quando avistei o palácio.Caminhávamos em passos rápidos até a entrada. Antes de chegarmos lá, nos deparamos com inúmeros gips e vans pela estrada; o mais curioso é que todas tinham a mesma cor escura.— Uau! - Exclamaram os mais novos integrantes da família ao verem o palácio.— Sejam bem-vindos. - Disse Lucian, envolvendo-me em seus braços.— Obrigado. - falaram juntos.— É melhor entrarmos. Acredito que todos estão implorando por um descanso.— Ah, com certeza, minha sobrinha. - Disse tia Jasmine.— Entrem.Lucian fez caminho para dentro do lugar, sem desgrudar de mim
___ Eu tentei beijá-la.___ E morreu.- Ouvi Felipe dizer.___ VOCÊ O QUÊ? - Já não enxergava nada ao meu redor, mas apostaria que meus olhos haviam mudado de cor.___ Eu não sabia que ela era - ele pausa - que ela era a sua companheira.Aproximava-me lentamente, o intimidando; de mim saíam rosnados ferozes.____ Apaixonei-me por Aurora porque ela é a mulher que me resgatou do descontrole.Meu lobo clamava por controle; eu fazia o máximo para não avançar no infeliz.____ Na noite em que declarei meu amor a Aurora, tentei beijá-la, mas ela me negou. Negou-me porque já estava apaixonada por você, mesmo sem saber que era sua companheira. Na mesma noite, ela foi atrás de você, e vocês descobriram que eram um do outro ... sinto muito, irmão, não é fácil ver a mulher que amo sem poder tocá-la.A situação atingiu seu limite; num piscar de olhos, desferi socos em seu rosto.____ Ou, ou, ou! - Felipe e Romeu nos separaram.____ Podemos conversar sem nos agredir. - Sugeriu Romeu.____ Sinto mui
Lídia...O dia já amanhecera, mas parecia prestes a escurecer devido ao céu sombrio por conta da chuva, que não cessara desde a noite passada.— Dante não vai descer? - indagou Alma, enquanto me servia uma xícara de café.— Ele foi direto para a sala de reunião, disse que está sem apetite. - Respondi.Alma ponderou por um momento antes de perguntar:— Acha que a situação dele e de Lucian pode se resolver?Interrompi o trajeto da xícara de café para observá-la.— Bem, vamos torcer para que isso aconteça.Sinceramente, não acredito que isso ocorra rapidamente; talvez com o tempo tudo se ajuste, mas não quis deixar Alma preocupada. Ela mesma perceberá, mas que isso ocorra de maneira natural.— É... vamos torcer. - Ela afirmou.— Dante tentar beijar Aurora foi uma grande mancada, mesmo sem saber que ela era a companheira de Lucian. - Acrescentou Romeu.— Concordo, principalmente porque ele estava ciente dos sentimentos de Lucian por ela. - Felipe falou, como sempre de boca cheia, segurando