Os lobisomens estavam reunidos na casa de Miguel, sobre a mesa estava estendido um mapa da cidade. Eles tentavam montar um plano para exterminar os vampiros locais, antes do grande ataque que os outros planejavam.
— Podemos atrair os vampiros para esses galpões perto da floresta e mandar tudo pro ar! — Jonas falou rindo. — Vai ser rápido e prático. Posso preparar bombas suficientes se me derem uma semana.
— Não pode fazer isso! — Mariana olhou pra ele. — Tem humanos nesses lugares durante a noite, seguranças, alguns trabalhadores. Não podemos matá-los.
— Alguns humanos podem morrer! — Radesh falou, interrompendo a menina. — O mais importante é não sermos descobertos e cumprir nosso papel.
— Não me pareceu que nossa missão era ocultar nossa existência. Não foi isso que contaram quando eu despertei. Nossa miss
Dara olhou para o enorme quadro que adornava a parede sobre a lareira. Nele havia a pintura, feita a tinta óleo, de uma construção monumental esculpida nas pedras da montanha coberta por neve. Ao fundo, as nuvens cobriam o que provavelmente era uma torre que seguia rumo ao céu. Os cantos da armação do quadro estavam puídos pelos anos de existência. Rose aproximou-se, trazia consigo dois cálices dourados cheios de sangue. A vampira parou ao lado de sua hóspede, entregando-lhe uma das bebidas enquanto também dirigia sua atenção para o quadro.— É uma prisão. — Rose relatou, se referindo à construção na pintura. — No passado prendiam aí todos aqueles da nossa espécie que iam contra nossas leis. Ao menos é isso que dizem. — A vampira saboreou o líquido da taça antes de prosseguir. — Ganhei ess
Paulo levantou da cama olhando pelo espelho os hematomas espalhados em seu corpo. Ao menos as dores haviam aliviado, depois da bolsa de sangue de vampiro que Miguel havia arrumado para ele beber. O rapaz riu enquanto ia para a cozinha, tinha passado toda sua vida sob a sombra das grandiosidades feitas pelo pai. O rastreador da Ordem, o lobisomem que havia achado os melhores da raça, além de ser ele mesmo um deles.O lobisomem era totalmente diferente do progenitor. Apesar de ser lobisomem e rastreador, não possuía as características para a Ordem e, por isso, nunca havia sido merecedor do amor do pai. Paulo secou uma lágrima que escorria em seu rosto. Tinha ido para aquela cidade provar que podia ser mais do que os membros da Ordem, mas lá estava ele, sob o mesmo teto de três deles e precisando da ajuda deles. Ao menos tinha ajudado Mariana com seu despertar, o que mostrava que não era um completo inútil.
Dara parou sua corrida ao ver a placa de entrada na cidade, sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Se Thiago ou Nicolas a encontrassem provavelmente a matariam. A vampira sabia das consequências de ter retornado à cidade e estava preparada, se qualquer coisa acontecesse. Tinha combinado com Rose que, se não voltasse em dois dias, podiam seguir o plano sem ela.Dara sentia que era seu dever saber o que estava acontecendo e o quanto Thiago estava colocando a segurança da espécie vampírica em risco. Afinal, estava lá no dia em que Ian transformou o outro homem em vampiro, ela tinha encontrado Thiago à beira da morte e convenceu o mestre a transformá-lo. A vampira adentrou a floresta, era mais rápido ir por lá do que seguindo a estrada, já que poderia usar sua velocidade e ganhar muito tempo no trajeto.Dara seguiu por entre as árvores. Sentia os galhos que batiam contra seu rosto, m
Mariana se arrumou para ir à casa de Giovanna, precisava daqueles momentos com a amiga, agora mais do que antes. Junto dos lobisomens era só mais um membro da Alcateia, mas junto de Giovanna era apenas mais uma jovem vivendo sua vida e sentia muita falta de ser normal. Antes, sua única preocupação era ter que fazer todas as suas lições de casa, para a mãe não ser chamada novamente na escola. Agora seu mundo estava de cabeça para baixo. Além disso, ela queria saber o que tinha acontecido com a caixa que haviam encontrado sob a árvore. O livro que estava lá dentro parecia uma caixinha de surpresas.A garota seguiu pelas ruas segurando o casaco de lã que o vento parecia disposto a carregar para longe. Algumas folhas já caiam das árvores, forrando o caminho com as cores do outono. Não demorou muito e Mariana chegou na casa da amiga, que a atendeu toda sorridente
Mariana olhou para Paulo ao seu lado. Tantas preocupações com tudo que estava acontecendo, e ela lá, levando-o para almoçar na casa de sua mãe. Naquele momento aquilo parecia até algum tipo de piada de mau gosto. Ainda assim, no fim das contas, era melhor levá-lo até sua casa e deixar tudo o mais esclarecido possível, do que ter de ficar com a mãe pensando coisas que não eram verdadeiras.A verdade era muito pior do que ter um namorado. Mariana riu de seus pensamentos, seria um dos poucos momentos bons que teria em muito tempo. As próximas semanas já seriam complicadas o suficiente com todos os conflitos entre vampiros e lobisomens, o melhor seria manter o bom relacionamento dentro de casa.— Faz anos que não como comida de mãe, a governanta do meu pai não cozinhava nem um pouco bem — ele falou, sorrindo enquanto fazia uma careta.— U
Dara tomou suas feições humanas antes de sair da mata às margens da mansão de Rose. O cabelo da vampira estava com algumas folhas e gravetos presos, e as roupas com alguns rasgos por causa dos galhos mais baixos das árvores. Ela se livrou dos seus “adereços” antes de entrar na mansão. O lugar estava tranquilo, tendo seu silêncio habitual quebrado pelo som de uma melodia sendo tocada ao piano. A vampira seguiu para a sala onde havia sido recepcionada pela anfitriã na primeira vez que tinha ido até o lugar. Rose sorriu ao ver a outra vampira, ela parou de tocar, indo abraçar Dara. Tudo havia corrido bem já que ela estava de volta. Dara olhou para a vampira que voltou para o piano, não conseguia imaginar Rose correndo pelas florestas ou caçando humanos. Se questionava como a vampira tinha sobrevivido por tantos séculos.— Qual o segredo? — Dara indagou.
Nicolas garantiu que todos os híbridos estavam bem abrigados contra os feixes luminosos que vinham dos furos no teto do galpão que estavam usando de abrigo. Ainda estavam caçando lobisomens para extrair o suficiente de sangue da outra raça. Não tinham terminado de transformar todos em híbridos e só parariam a busca quando todos estivessem em processo final de transformação. O vampiro levantou, sentindo dor nas articulações do corpo. Ele olhou para suas mãos, as unhas estavam modificadas e pareciam garras escuras. Apesar disso, eram diferentes das unhas de Thiago, as suas estavam se tornando afiadas quase como lanças pontiagudas. O vampiro sorriu focando na mão antes de voltá-la ao normal. Não queria que o líder notasse suas diferenças, pois poderia perceber que ele era superior aos outros.— Como se sente com seu novo corpo, irmão? —
Os corpos dos híbridos começavam a queimar sob os primeiros raios de sol. Ao redor, os lobisomens em suas formas humanas assistiam enquanto rapidamente o corpo dos inimigos se deteriorava. Paulo olhou ao redor, o médico morava em uma rua relativamente nova, havia poucos vizinhos e tinha esperança de que nenhum deles tivesse notado a movimentação estranha durante a noite. Miguel riu, era um alívio saber que o sol ainda tinha poder sobre os corpos dos inimigos. O quarteto ficou observando o fim de cada uma das criaturas, até não restar nada além do pó que era levado pelo vento.— Devemos preparar nosso contra-ataque. Temos que ser rápidos e aproveitar o sol ao nosso favor — Radesh falou, seguindo para o interior da residência.— Esses monstros possuem um rastreador, não podemos esquecer disso — Paulo rebateu. — Nunca subestime o inimigo, ainda ma