Os corpos dos híbridos começavam a queimar sob os primeiros raios de sol. Ao redor, os lobisomens em suas formas humanas assistiam enquanto rapidamente o corpo dos inimigos se deteriorava. Paulo olhou ao redor, o médico morava em uma rua relativamente nova, havia poucos vizinhos e tinha esperança de que nenhum deles tivesse notado a movimentação estranha durante a noite. Miguel riu, era um alívio saber que o sol ainda tinha poder sobre os corpos dos inimigos. O quarteto ficou observando o fim de cada uma das criaturas, até não restar nada além do pó que era levado pelo vento.
— Devemos preparar nosso contra-ataque. Temos que ser rápidos e aproveitar o sol ao nosso favor — Radesh falou, seguindo para o interior da residência.
— Esses monstros possuem um rastreador, não podemos esquecer disso — Paulo rebateu. — Nunca subestime o inimigo, ainda ma
Giovanna olhava para a avó enquanto a senhora seguia a sua frente, até a árvore na qual a neta havia encontrado o diário do guardião. Cecília ia com passos firmes e certeiros, como se andar na floresta durante a noite fosse como caminhar por sua casa. Enquanto isso a neta seguia, sentindo um frio na espinha, não gostava de ir até a floresta no meio da noite. Já não gostava de fazer isso quando o mundo estava normal e menos ainda agora, com todas as recentes descobertas.— Você não pode ficar com medo quando for vir aqui — a mulher falou sem olhar pra trás. — Esse lugar é o seu ambiente de maior poder. Seu chamado foi nessa floresta, logo, ela é seu domínio.— Eu não tenho medo da floresta, tenho medo do que pode estar escondido nela! — A garota engoliu em seco, tinha um mau pressentimento sobre o que estavam fazendo.
Os lobisomens estavam ocupados com seus afazeres quando Paulo sentiu o odor dos vampiros se aproximando, não apenas ele como também Jonas e Radesh ficaram em alerta. Os três se entreolharam, não eram os híbridos, mas esse fato não diminuía o risco da ameaça. O que diabos mais vampiros estavam fazendo na cidade? O som de batidas na nova porta de entrada fez Paulo sair de seus pensamentos, voltando para a realidade.— Viemos em paz — a voz feminina disse do lado de fora. — Temos um inimigo maior.— Acredita nisso? — Jonas falou, pegando uma arma. Não gastaria sua transformação se podia metralha-los com balas UV, sua grande criação e trunfo para a Ordem.— Calma com isso! — Radesh olhou a arma. — Vamos ver o que eles querem.O lobisomem da Ordem gesticulou positivamente para que Paulo abrisse a porta. Do lado de fora cinco
Entre as montanhas, os híbridos se alocavam como podiam no abrigo que há muitos anos não era utilizado. Nicolas o havia construído há anos para o caso de alguma emergência, era uma estrutura de madeira que dava diretamente para uma enorme caverna cheia de túneis que perfuravam grande parte da montanha. A construção sob as pedras tinha apenas duas saídas, sendo que somente o construtor conhecia a localização de uma delas, era seu trunfo. No passado, o lugar era uma mina de ferro pertencente à família do vampiro, um dos poucos bens que ele e o irmão não venderam com o passar dos anos. Qualquer um ali presente se perderia dentro do lugar sem sua ajuda.Nicolas caminhou por entre os outros híbridos que murmuravam, reclamando, de terem que ficar escondidos nas montanhas como animais, não haviam humanos que iam para lá e estavam começando a fica
A luz pálida do luar iluminava os representantes das três espécies que formaram a aliança contra os híbridos. Estavam em uma clareira na floresta, perto de ruínas do que um dia tinha sido uma grande construção de pedras. Os antigos moradores falavam que lá, no passado, vivia uma família rica, que tinha alguns vinhedos e uma mineradora, mas depois dos dois herdeiros tudo acabou abandonado.— Nunca vi uma criatura como essa garota em toda minha vida! — Rose falou boquiaberta, olhando para Giovanna. — Uma verdadeira guardiã, Filha de Gaia. Meu criador tinha falado sobre esse “mito” que se perdeu com o tempo. Esses malditos híbridos despertaram até velhas lendas.A mulher olhava para a guardiã com os olhos cheios de perguntas. Queria saber principalmente o real risco que aquela garota apresentava contra sua espécie. Giovanna riu olhando todo
Giovanna abriu o diário antigo sobre a cama. Agora, sem a avó, ia ter de treinar sozinha para conseguir compreender as coisas que estavam naquele livro. Ser um Guardião trazia grandes responsabilidades e, principalmente, um poder que ela ainda não conseguia controlar. A garota bufou. Se ficasse esgotada na batalha que estava por vir acabaria morrendo, não poderia ocorrer novamente o que tinha acontecido nas ruínas. Ela folheou o diário procurando por alguma coisa que pudesse ensiná-la a canalizar sua magia.— Os segredos das árvores! — Ela murmurou lendo o título daquela página, não era exatamente o que procurava, mas aquilo parecia interessante.“Todas nossas árvores estão unidas por anos e anos de conhecimento dos nossos ancestrais. Se tu, meu aprendiz, quiseres saber meus segredos, volte para a árvore e lá os encontrará.&rdqu
Thiago rugiu enfurecido enquanto, os híbridos brigavam entre si pelas carcaças que estavam na caverna. A fome os fazia comportar-se como animais, e ele também sentia a dor agoniante de estar com fome. Cada parte do seu corpo parecia desesperada por carne. Estavam entrando em frenesi e a parte lobisomem de seus corpos pedia por alimento. Se não se alimentassem logo, acabariam entrando em guerra entre eles mesmos.— Vamos caçar — ele gritou sendo observado por seus seguidores, que logo comemoraram animados. — Está na hora de sairmos das sombras, mostrar para o mundo quem eles devem temer.Nicolas levantou de onde estava, vendo os outros tomando a forma de monstro. Aquilo não era uma boa ideia. Ele caminhou até Thiago, que ria, enquanto os híbridos corriam para fora da mina seguindo em direção da cidade.— Isso é suicídio — Nicolas protestou.
— O que chama mais atenção? — Jonas perguntou enquanto se preparavam para ir para a cidade. — Cinco lobisomens ou a gente armado com essas belezinhas?Ele olhou sorrindo para as armas com munição UV, sua grande contribuição para a Ordem e para a Alcateia. Todos sabiam que ele era um gênio dentro de seu laboratório, e a criação daquelas munições só reforçava o óbvio. Mariana andava de um lado para o outro, deveriam agir imediatamente e não pensar sobre como fariam aquilo.— A transformação protege nossas identidades — Miguel falou, descendo as escadas sem roupa. — Depois resolvemos a questão com a alcateia. De qualquer forma, graças a essa invasão, as espécies já foram descobertas. Quanto mais tempo gastamos pensando, mais pessoas são mortas.O homem se transformo
Thiago olhou com raiva para Nicolas indo em sua direção, o outro não o havia pedido permissão e criou um monte de vampiros, ou fosse lá o que as criaturas fossem. Nicolas olhou com espanto antes de sentir seu corpo bater contra uma das rochas da parede, Thiago parecia que o mataria naquele momento.— Que ideia foi essa de criar esse monte de vampiros? — Ele gritou com o outro.— Seu plano poderia ter falhado sem eles! — Nicolas riu.— Você quer ter seu próprio Clã! Deseja o poder, por isso criou esses vermezinhos! Deu sua linhagem para eles?Nicolas desviou o olhar do rosto magro e tatuado do outro, olhando os rastreadores e híbridos.— Dei — Ele engoliu em seco vendo Thiago sorrir diabólico.— Matem todos eles!Os híbridos de Thiago saltaram sobre os recém-transformados, começando uma carnificina.