Juan Gonzalez - Assunção/Paraguai,
A cidade acorda com notícias de tirar o fôlego, uma noite marcada por violência e sangue, um verdadeiro cenário de guerra.Curiosos se aproximam do local enquanto a polícia faz o isolamento da área, região nobre da cidade, casas de alto padrão e carros de luxo, esse é o cenário do triplo homicídio ocorrido na madrugada deste domingo.— Governador, já temos a identificação das vítimas — Diz o delegado.— Quem são? — Pergunto preocupado com a repercussão que essa situação está tomando.— Maitê Sanches, boliviana, seu namorado Carlito Perez, também boliviano, Beatriz Castro, brasileira. Os três eram estudantes de medicina da universidade local — Ele vai falando os nomes e eu já estou discando o número da Margareth.— Tem indícios de que havia outra pessoa com eles? — pergunto enquanto o telefone chama— Margareth, Aniele chegou em casa? — ignoro a resposta do delegado e volto minha atenção à chamada.— Não, ela está com os amigos, conforme nos avisou, só retorna hoje pela manhã... devem estar domingo, sabes bem como são os jovens. — ela me responde tranquila.— Não Margareth, os três estão mortos, Beatriz, Maitê e Carlito, não há sinal de Aniele, vê os contos próximos a ela tenta localizar urgente, vou verificar as coisas por aqui— falo sentindo um aperto em meu peito.Deveria ter mandado Ramon com eles, agora minha filha está desaparecida, fico olhando pela janela, e um turbilhão de pensamento perpetuam em minha cabeça, Deus queira que Aniele esteja bem, ou eu não respondo por mim quando encontrar o desgraçado que fez tudo isso.— Encontre-a! — Digo para John que é meu braço direito no gabinete e na máfia.Meu país está no chão e eu só quero saber onde está a minha bonequinha, todos os amigos dela estão mortos e não vai demorar até que os pais deles estejam aqui, mataram os filhos das máfia dos dois países, muita água vai rolar.— Senhor, outro carro foi encontrado com um corpo masculino, análises iniciais apontam que ele é da Embaixada Argentina, ainda não sabemos se há alguma relação entre os crimes. — Sou informado e engulo seco.— Quero buscas intensificadas, toda força de segurança voltada à investigação e solução desse caso, minha filha estava com os três na noite de ontem e eu ainda não consegui falar com ela. — Informo.— Vamos tratar o caso de forma prioritária e iniciar buscas imediatas para encontrá-la.— Ele fala e sai me deixando a sós com meus pensamentos novamente.Ao menos a esperança de que Aniele está viva me conforta, no entanto, duas famílias que tenho muito apreço perdeu suas filhas, o pior, foram mortas no meu país, sob a minha custódia.— Senhor, a coletiva será em trinta minutos! — Minha secretária avisa.— Certo!Fico fazendo algumas ligações, Aniele de fato está desaparecida. Meu coração de pai está em pedaços, sempre escondemos a máfia dela para mantê-la mais a salvo possível e ela some assim, do nada, justamente quando resolvo aliviar a segurança, estou me sentindo um derrotado.Entro no salão da coletiva e sou acometido por flashes, aturar os jornalistas é difícil principalmente numa situação como está, mas é ônus do ofício, respondo algumas perguntas sem dar muitos detalhes.— É tudo muito precoce, mas posso garantir com toda certeza, as forças de segurança estão empenhadas na solução desse caso— encerro saindo dessa sala horrível.Jhon me entrega o celular enquanto volto ao gabinete, Margareth está inconsolável. Tento tranquilizá-la, mas nada do que eu digo surte efeito.— Nossa filha não está morta, nós vamos encontrar, e cada um dos envolvidos vai pagar com a vida o que estão fazendo — Falo em um grito soprado, não quero chamar a atenção.— Sanches convocou uma reunião, o que eu digo a ele? — Ela pergunta com o choro mais brando.— Diga a ele que nos reuniremos sim, quando e onde ele marcar, certamente ele virá resolver o velório da filha, prepare acomodações para as duas famílias.— já está feito, mandei organizar a sala para a reunião... Juan, encontre nossa bonequinha, por favor!Desligo o telefone sem responder, Aniele é tudo que eu tenho no mundo, não vou deixar que um inimigo não declarado a tire de mim. Vão entrar em contato brevemente, acredito que isso seja um sequestro, vai ser no resgate que vou capturar esses vermes.— Alguma novidade? — Pergunto para John.— Na realidade sim, porém não são boas!Sento-me, respiro fundo e assinto para que ele prossiga.— As câmeras de segurança nas vias próximas estão sendo verificadas, Aniele foi levada em um porta malas, estamos fazendo seguindo pistas... não se preocupe, vamos encontrá-la.— Desgraçados!— Outra coisa, o embaixador encontrado morto, estava acompanhado por Julia Di Ferrari, ela também foi sequestrada— Ele complementa.— Nesse caso, os crimes estão relacionados e ao invés de três homicídios e um sequestro, temos um quádruplo homicídio e dois sequestros? — Mal posso acreditar no que estou ouvindo.Mexeram com as crianças erradas, minha princesa nem tinha conhecimento dos negócios da família, não quero nem imaginar como está a cabecinha dela.Mando que organizem um carro, quero ver a cena do crime, uma sensação ruim corre em meu corpo ao ver o carro, o sangue as fitas de isolamento e os curiosos, os corpos já foram retirados e só resta a perícia fazendo buscas por provas e pistas.Observo toda a movimentação com as mãos no bolso da calça, uma técnica que aprendi na política para esconder o nervosismo das pessoas à minha volta.Vejo uma correntinha caída próximo a uma moita de capim, caminho lentamente e recolho rápido e discretamente, foi meu presente em sua festa de quinze anos.— Me leve para casa! — Falo caminhando em direção ao carro.Ao entrar em casa sou recebido por Margareth, somos casados há 21 anos, todo nosso império foi construído com esforço mútuo. Ao longo de todos esses anos ela se mostrou uma mulher forte e parceria, com a chegada de Aniele nossas vidas ganharam cor.Olho para minha esposa com ternura, seus olhos estão inchados, sei que chorou nas últimas horas, contudo, sua postura está firme e em sua aura está densa, ela quer tanto quanto eu por as mãos no responsável por tudo isso. Temos uma conexão tão profunda que não precisamos de palavras para entender um ao outro.— Vai ficar tudo bem, eu prometo! — Falo dando-lhe um abraço e um beijo em sua testa.Joaquim Sanches - ParaguaiDesembarco em Assunção acompanhado de Álvaro, esse dia mais parece um pesadelo, como pode a minha menina perder a vida tão jovem… eu vou vingar o desgraçado que fez isso com ela.— Ainda não acredito que nossas crianças se foram, meu Carlito! — Álvaro desabafa enquanto caminhamos até o carro.— Quem fez isso vai se arrepender por cada gota de sangue derramada, pode acreditar — Falo, mas em meu coração isso é uma promessa.Cuido de todos os trâmites legais para o cortejo da minha Maitê e do Carlito, um pedaço de mim está sendo levado para sempre, não há palavras que mensure o tamanho da minha dor.Entro na mansão da família Gonzalez, somos aliados de longa data, nossas filhas eram amigas íntimas, certamente Aniele deve saber de algo.Chego pensando que a reunião seria entre eu, Juan Gonzalez e Alberto de Castro, no entanto, me surpreendo ao encontrar também com Vicenzo Di Ferrari.A relação entre Alberto e Vicenzo é um pouco alterada, não cehgam a ser inimigo
Alberto de Castro - Brasil Já fazem três dias desde que enterrei a maior fortuna que eu poderia ter na terra, minha esposa está inconsolável e não é para menos, perdemos nossa querida filha para um inimigo que nem sequer conhecemos a face.Nunca fui um homem correto perante as leis, mas sempre andei mais na minha possível com minha família, Beatriz sempre foi meu sol, minha motivação, e eu vou vingar a morte dela, nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida.— Eu vou retornar ao Paraguai, o responsável certamente estará por lá. — Digo a Fabiana que se esforça para me olhar.— Eu quero ir! — Ela fala quase soprado.Beijo sua testa e faço-lhe um cafuné, eu não acho que seja propício que ela vá, contudo não estou em condições de impor absolutamente nada, ela é uma excelente esposa e uma mãe maravilhosa, está em um momento de dor extrema e a privar dessa viagem será uma tortura.— Claro meu amor, vou pedir que arrumem o jatinho— Falo e me levanto para fazer algumas ligações. E
AnieleSou arrastada do carro até um quarto minúsculo, ouço vozes e dentre elas a de Juli, será porque ela está aqui? — Senta aí vagabunda! — Ouço uma voz masculina falar e sua mão forte segurar em meu braço me guiando até um colchão no chão.— Me solta! Socorro! Alguém me ajuda, socorro! — Grito desesperada tentando me debater mesmo sem enxergar nada.— Pode gritar a vontade, aqui só eu vou te ouvir! — ele fala e me empurra— Leva essa para o outro cômodo. Outra? Como assim outra? Quem é a outra? Meu Deus! Aceito a condição de que no momento não há nada que eu possa fazer, fico sentada onde cai e começo a reviver os últimos momentos.O homem termina de desamarrar minhas mãos e eu as levo eufórica ao capuz, mas ele me detém.— Se tentar tirar antes de eu sair desse quarto eu juro que vou arrancá-las fora.— Ele fala e dá um leve tapa em cada uma das minhas mãos.Assim que ouço a porta ser batida tiro esse saco da minha cabeça e olho o ambiente fétido em que estou trancada. Um quarto m
Aniele,Estou confusa, primeiro o homem não queria que eu visse seu rosto, agora entra sem tampar minha face e com a dele exposta, não é sobre dinheiro e possuem algo para me mostrar, o que esse povo está querendo? — Não tente nenhuma gracinha, trouxe apenas um filme para que você possa se distrair um pouco! — Ele fala e meu corpo se arrepia, tenho pavor de imaginar o que possa estar planejando nesse momento.O moço bonito volta ao corredor e traz uma cadeira, me manda sentar e eu obedeço em silêncio, sinto que vem coisa ruim por aí, olho assustada para ambos que sorriem.— Calma, belezinha, o show ainda nem começou, eu também anseio pelo fim para que eu possa brincar com você. — O segundo fala me olhando com maldade, sinto uma pontada em minha mente e uma fraqueza no corpo.O tablet está ligado em minha frente, a primeira coisa que vejo é uma foto minha com todos os meus amigos, todos sorridentes e vivos, uma dor tremenda aperta meu peito e uma lágrima corta meu rosto.Uma sequência
Aniele,Minha respiração está pesada, fixo meus olhos para ter certeza de que não é um delírio, como eu desejei que fosse, mas não é, bruscamente avanço com sede de sangue, porém sou segurada por esses dois armários em minha frente.— Calma princesa Aniele, não quero me arrepender de poupar sua vida, dentre todos do grupinho você é quem eu ainda tenho alguma afeição— Ouço cada palavra e em meu coração uma nova Aniele é forjada.— Você vai sim, se tem algo do qual vai se arrepender será de poupar minha vida, eu vou dedicar cada um dos meus dias a te caçar e te matar, eu nunca vou te perdoar por isso! Como você pode, Juli? Nós crescemos juntos! — Falo com a voz fraquejada.— Me poupe, se poupe, nos poupe! Todos me engoliram em nome da máfia… ops! — Ela grita e depois com cara de sonsa coloca a mão na boca— A princesa não sabe dos negócios obscuros da família— Ela dá mais alguns passos chegando perto de mim.— Do que você está falando? — Pergunto entredentes.— Tão inocente, doce e pura
Di Ferrari - Paraguai — Estás louca, Julia? — Pergunto olhando fixamente para minha princesa.— Não fiz nada além do que o senhor me ensinou, aliás todos os recursos foram providos pelos seus negócios, que mal há nisso, papai? — Ela fala com um sorriso meigo e um gênio forte, igualzinha a mãe.— Tinham que ser os filhos da máfia? Você tem ideia da linha de fogo que você me enfiou por um capricho adolescente? — Grito entre dentes tentando moldar meu timbre, se não é uma façanha da minha primogênita, certamente a punição seria fatal.Juli não só sequestrou a filha do governador e também chefe da máfia, como matou os filhos dos chefes de outros cartéis, filhos são dádivas que podem acabar nos matando.Abraço Juli que beija minha bochecha, nesse instante esqueço toda raiva que estava sentindo e começo a planejar como vou impedir que descubram quem está por trás disso tudo.Mesmo diante da guerra instaurada, meu ego paterno se infla ao perceber que minha menina não tem nada de frágil e t
PrólogoAniele, — Pessoal, hoje tem Show na boate, quem tá dentro? — Pergunto me sentando à mesa na cantina da universidade.— Eu tô dentro! — Beatriz fala toda animada, ela é brasileira, natural do Rio de Janeiro, os pais dela estiveram algumas vezes em minha casa, mas pouco sei sobre eles.— Não sei, eu e Carlito tínhamos combinado de ficar em casa… o que você acha meu bem? — Maitê o pergunta ao vê-lo se aproximar da mesa.— Boate hoje? Vamos! Faz dias que não saímos— Ele responde e senta ao lado dela dando-lhe um selinho.Combinamos certinho os horários do encontro, local, e o que fazer com os seguranças, eu tenho pavor de andar com eles atrás de mim, mas meu pai alega que é essencial uma vez que ele é o governador.Saio da aula, passo em um shopping para comprar uma roupa, escolhi um tubinho preto, quero arrasar na pista, hoje eu desencalho. Paro em uma cafeteria para comer minha torta favorita, na saída encontro com Juli Di Ferrari, ela me cumprimenta e eu respondo por educação,