Capítulo 2
Adrian congelou com a palavra “divórcio.” Então, ele me ouviu. Afastou a cabeça do meu pescoço e me encarou.

— Você sabe o que está dizendo?

Ao dizer isso, soltou minhas mãos, e eu as trouxe para a frente do meu corpo.

Ele me observou, esperando minha resposta. Olhei para ele, tentando ver algum sinal de desconforto em sua expressão. A pergunta dele me fez pensar se ele estava magoado com isso. Mas o olhar nos olhos dele me dizia que eu estava errada em pensar nisso. Ele era um poderoso Alfa dentro da nossa Matilha, segundo apenas a seu pai. Nosso divórcio traria sua vida de volta ao normal, exatamente o que ele desejava. Então, como ele poderia se sentir incomodado com isso?

Eu desabei em lágrimas e repeti:

— Vamos nos divorciar.

Rugas profundas se formaram entre suas sobrancelhas grossas.

— Entediante. — Disse ele, afastando-se do meu corpo e se levantando da cama. — Você não passa de um incômodo!

Eu me esforcei para me levantar.

— Não estou brincando. Estou falando sério. — Para mostrar o quanto estava decidida, abri a gaveta e tirei o acordo.

— O que é isso? — Ele perguntou com uma careta.

Entreguei-lhe os papéis.

— Eu já assinei, então não sou mais sua esposa.

Adrian os arrancou de mim, deu uma olhada rápida e os jogou de lado. Em seguida, segurou-me pelo pescoço.

Com a mandíbula cerrada, ele me lançou um olhar sombrio.

Tentei afastá-lo, puxando seus braços, mas ele apertou ainda mais o aperto no meu pescoço. Em silêncio, lutamos, a tensão entre nós aumentando, o aperto de sua mão e a pressão constante no meu pescoço se intensificando.

Ele rangeu os dentes e murmurou:

— O que pensa que sou? — Ele perguntou entre dentes cerrados. — Acha que pode fazer o que quiser?

Enquanto tentava me acalmar, respondi:

— Eu vou deixar a Matilha Olho de Cristal.

Sua mão deslizou do meu pescoço para o meu queixo, e seu sorriso diabólico apareceu, capaz de abalar qualquer pessoa até o âmago.

— Está brincando? Para onde uma loba sem poderes como você iria? Quem a aceitaria?

Encarei seus olhos cheios de ódio. Eu era a única pessoa que ele desprezava, e ele também tinha outra mulher. Então, por que questionar? Se ele queria ficar com ela, por que simplesmente não me libertava desse vínculo?

Eu via o ódio em seus olhos. Eu era a única pessoa que ele desprezava. Ele não sentia nada por mim. Esses últimos dois anos foram um pesadelo para mim; tentei de tudo para agradá-lo. Mas esse homem era cruel e nunca percebeu meu amor por ele.

Mesmo sabendo que ele não me amava, continuei alimentando a esperança de que um dia ele voltaria para sua esposa ou, ao menos, entenderia o amor dela.

— Eu… eu entrei nesse casamento porque pensei que um dia teríamos uma família feliz com nossos filhos…

— Filhos? — Ele me encarou. — Como pôde pensar assim? Eu permitiria que você carregasse meu herdeiro, sua tola? Pare de sonhar com algo que nunca terá.

Chocada, não consegui evitar o espanto. Naquele momento, entendi que não poderia contar a ele sobre minha gravidez. Meus bebês seriam só meus. Eu os criaria com amor puro, não com o ódio dele.

— O quê? — Ele perguntou, pressionando seus dedos firmemente contra meu queixo. — O gato comeu sua língua?

Reuni coragem e disse:

— Por que você não assina os papéis?

Seus olhos ficaram sombrios, mas ao mesmo tempo brilhavam de fúria.

— Acha que não vou assinar?

Olhei para ele, erguendo o queixo em desafio, embora meu coração batesse tão rápido que tremia. Lá, no fundo, eu queria que ele reconsiderasse nosso casamento e dissesse que não queria que eu partisse, que me queria e não a outra mulher. Queria que ele me dissesse que desejava que nosso casamento continuasse para sempre. Mesmo que nunca tivesse me amado, ele não assinaria por causa dos momentos que passamos juntos.

Mas ele soltou meu queixo e deu um passo para trás. Então, bufou e pegou os papéis que havia descartado. Pegou a caneta do meu criado-mudo e rapidamente assinou seu nome nos papéis do divórcio, como se quisesse se livrar de mim o mais rápido possível.

Meus olhos passaram da mão dele para seu rosto. Não havia nenhum sinal de arrependimento, apenas indiferença.

Embora eu mesma tivesse redigido os papéis, nunca imaginei tamanha indiferença ou o vazio que sentiria como resultado. A dor perfurava meu coração, como se ele tivesse cravado agulhas nele. Era uma dor lancinante.

Como ele poderia não sentir nada ao afastar alguém que sempre lhe demonstrou tanto carinho? Eu o amava menos? Meu amor não era mais poderoso que o da amante dele?

Como se a indiferença não fosse suficiente, ele jogou casualmente os papéis de divórcio no chão. Em seguida, tirou um cartão bancário da carteira e o empurrou em minha mão.

— Tome. Considere isso seu pagamento pelos serviços de cama que prestou nos últimos dois anos.

Meus olhos se encheram de lágrimas, e uma lágrima silenciosa caiu enquanto ele se virava e deixava o quarto. Abaixei a cabeça.

Eu havia sido usada. Completamente usada. As palavras dele ecoavam na minha mente, cada sílaba me lembrando de sua traição. Eu lhe entreguei meu coração e minha confiança. Em troca, ele me tratou como nada mais do que uma conveniência.

A borda afiada do cartão cortou minha palma. Olhei para ele e depois para o chão, sem saber quanto tempo fiquei perdida em pensamentos, cada memória do tempo que passamos juntos voltando à minha mente. Lentamente, coloquei a mão no meu estômago e disse:

— Me desculpem. Preciso afastar vocês dois do pai para protegê-los.

Dessa vez, coloquei o cartão bancário no criado-mudo, depois fiz minha mala, enxugando as lágrimas. Ele zombou do meu amor. Ele me usou como “serviço de cama.”

— Nunca esquecerei isso, Adrian Miller. — Disse eu, fechando o zíper da mala.

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