Ponto de Vista de Natalia

O sonho parecia tão real. Nele, soltei um gemido quando ele colocou as mãos em mim de forma sensual, interrompendo nosso beijo. Seu toque eletrizante enviava ondas de desejo pelas minhas veias. Ele abaixou a cabeça e seu beijo acariciou o ponto sensível em meu pescoço. Fechei os olhos, esperando que suas carícias continuassem.

Sua respiração roçou faminta em meu lóbulo da orelha, provocando arrepios pela minha coluna. Mas então, em uma voz profunda e arrepiante, ele disse:

— Nunca.

Eu ofeguei e abri os olhos rapidamente. Estava sozinha no quarto.

Haviam se passado dois anos desde que me casei com Adrian Miller, o futuro Alfa da Matilha Olho de Cristal. Durante nossos dois anos juntos, tentei e falhei inúmeras vezes em conquistar seu amor. Ele nem sequer me marcou ainda, apesar de eu ser sua esposa. E como lobisomem, não pude evitar querer que meu Alfa me marcasse como sua. Ele também não tinha estado em casa há muito tempo, e eu ansiava por seu toque.

Suspirei profundamente, sentei-me lentamente e bocejei. Então olhei para o relógio e minha boca se abriu.

— Droga! Vou me atrasar.

Corri para o banheiro para tomar um banho e me preparar para minha consulta mensal com o Doutor Harold Reid no hospital da Matilha. Depois de me arrumar rapidamente, desci as escadas e me dirigi à porta principal, pensando sobre meu casamento.

Eu amava muito meu marido, apesar de nosso casamento não ser perfeito. Sempre esperei que pudéssemos ter um filho também, e que talvez, com um filho, Adrian voltasse para casa com mais frequência.

No hospital, os nervos tomaram conta de mim enquanto o Doutor Reid completava seu exame, ele próprio coletando o sangue para o teste. Ele saiu da sala em seguida, dizendo que logo voltaria com os resultados.

Enquanto esperava, decidi me divorciar de Adrian e colocar um fim no meu casamento sem amor, caso eu não estivesse grávida desta vez.

No entanto, Dr. Reid voltou com um sorriso.

— Parabéns! — Exclamou ele.

Minha boca se abriu.

— Sério? — Toquei minha barriga antes de perguntar ingenuamente. — Estou grávida?

— Bebês. — Respondeu ele.

Minhas sobrancelhas se ergueram, e eu não consegui conter meu sorriso.

— Gêmeos. — Ele confirmou.

Lágrimas brotaram e rolaram pelas minhas bochechas como faíscas de felicidade.

— Mas aconselho que você tenha cuidado. — Disse Dr. Reid. — Suas paredes uterinas estão extremamente finas.

Suas palavras inesperadas me deixaram completamente atordoada. A realização me atingiu de que ele não deveria ter dito isso, e de repente, um medo pelos meus filhos surgiu em minha mente. Naquele instante, soube que precisava ter cuidado. Os riscos eram altos demais, e eu não podia perdê-los.

— Vou cuidar de mim mesma. — Respondi, agradecendo-o antes de deixar o hospital com um sorriso no rosto.

Pelo menos até voltar para casa. Lá, encontrei Adrian com sua nova amante, Lynda, sentados juntos no sofá da sala de estar. Parei de repente. Lynda estava chorando, e ele a consolava gentilmente. Ver ele tão gentil com ela me encheu de mágoa. Cerrei os punhos, tentando conter as lágrimas.

Os olhos de Adrian se encheram de raiva ao se voltarem para mim. Ele gritou:

— Como você ousa voltar? Como você ousa intimidar Lynda?

— O quê? Do que você está falando?

Sua expressão tornou-se ainda mais feroz.

— Ah, por favor. Você me enoja.

Incapaz de suportar mais humilhação e não querendo chorar na frente de outra mulher, cobri minha boca e corri para meu quarto. Lá, abri a gaveta do criado-mudo e puxei o acordo de divórcio que eu havia preparado alguns meses atrás, depois da primeira vez que Adrian me maltratou por causa de Lynda. Na época, eu queria dar uma segunda chance ao nosso casamento. Esperava que pudesse engravidar e que um filho ajudasse a conquistar seu coração.

Mas eu estava errada em ter esperança. Com o polegar, acariciei as letras em negrito do acordo de divórcio e murmurei para mim mesma:

— Ele nunca me marcará como sua companheira. Ele sempre me humilhará por causa de sua amante, o que significa que ele também não aceitará meus filhos. Não tenho escolha senão seguir em frente com isso, pelo bem dos meus filhos.

Enxuguei minhas lágrimas, assinei o papel e então me sentei na cama, encarando o vazio, tentando absorver o que acabara de fazer.

Depois de alguns momentos, Adrian abriu a porta do quarto violentamente.

Empurrei o acordo para dentro da gaveta e me levantei.

— Ad-Adrian. — Disse alarmada, enquanto o via trancar a porta.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele caminhou até mim e me empurrou para a cama.

— Você acha que vai ser a Luna desta Matilha?

Tentei me contorcer para longe dele, mas ele prendeu minhas mãos sobre minha cabeça.

— Não se esqueça de como você armou para se casar comigo. — Ele começou a me despir. Apesar de estar presa por seus braços fortes, resisti e gritei.

— Não! — Gritei, tentando resistir. — Por favor, pare!

Rude, ele beijou meu pescoço.

— Pare você! Pare de fingir! Foi isso que você quis, e você arruinou minha vida.

Com o peso de sua acusação, interrompi meus movimentos e encontrei seu olhar.

— Então vamos nos divorciar.