Capítulo 3
Ponto de Vista de Adrian

Sentei-me, pensativo, em meio à música alta do bar e à névoa colorida.

— Como ela ousa preparar os papéis do divórcio? — Murmurei para mim mesmo enquanto encarava a bebida à minha frente. — E ela achou que eu não os assinaria? — Meus lábios se torceram em um sorriso distorcido. — Mas eu destruí o planinho dela, não destruí?

Eu sentia que Natalia não era apenas uma mulher realmente entediante, mas uma pessoa perversa. Eu ainda lembrava vividamente dos detalhes dos eventos que levaram ao nosso casamento. Ela tinha dezoito anos na noite em que “nos conhecemos”. Era meu aniversário de vinte e um anos, e ela tinha me drogado. Acordei ao lado dela em uma cama de hotel na manhã seguinte e entendi que tinha de ser Natalia quem fez aquilo.

Passei a odiá-la a partir desse dia, especialmente depois que meu pai exigiu que eu me casasse com ela.

Ela tinha que ter implorado ao meu pai para casar comigo também. Como era filha de um Gamma, não tinha chance de ser a Luna da Matilha de outra forma. Então, ela me prendeu em uma armadilha. E meu pai, em sua perfeição e compaixão pelos outros membros da Matilha, não pensou duas vezes antes de sacrificar a vida do próprio filho. Pior, ele me chantageou sobre minha futura posição de Alfa para me forçar a casar com aquela mulher má.

Pensar que ela armou para mim com a intenção de dormir comigo... Aquela noite foi a do meu vigésimo primeiro aniversário. Com uma idade tão jovem, aquela mulher foi capaz de formular planos e me prender daquela forma.

Apesar de ter dormido com Natalia, nunca senti qualquer ligação com ela, mesmo tendo dormido juntos. Foi por isso que eu nunca a marquei. Sem mencionar que ela não merecia minha marca. Além disso, ela nem sequer tinha um lobo, então minha marca teria sido inútil de qualquer maneira. O que era estranho é que meu lobo tinha um carinho surpreendente por Natalia, apesar de ela não ter um lobo próprio.

De qualquer forma, eu tive sorte. O destino me permitiu conhecer outra mulher, chamada Lynda, que era tanto sexy quanto bonita. Ainda melhor, depois de perguntar sobre uma cicatriz em seu braço...

Um dia, descobri que ela era a menininha que me salvou quando eu era criança. Agora, ela estava tentando me salvar de novo. Ela soube do divórcio, então veio comigo ao bar, oferecendo conforto.

Senti sua mão no meu colo e me virei para ela.

Ela pressionou o corpo contra o meu e disse:

— Não se preocupe. Aquela mulher não merece você. Fique comigo. Eu sempre estarei ao seu lado. — Ela se afastou e ofereceu a mão. — Venha comigo. — Convidou sedutoramente.

Agarrei a mão oferecida e a segui pela multidão até que ela parou em frente a uma porta que levava a um dos quartos privados do bar, com sofás. Ela me puxou para dentro, fechando a porta atrás de nós.

A figura sedutora dela me fez querer tomá-la ali mesmo, então eu a empurrei no sofá, pronto para fazer exatamente isso. Mas meu lobo me parou freneticamente. — Não! Você vai se arrepender se dormir com ela! — Ele gritou telepaticamente. — Ela não é nossa parceira.

A insistência dele me deixou perplexo. — Se você não quer Lynda porque ela não é nossa parceira, então por que quer aquela mulher sem loba? — Perguntei com raiva.

Ele ignorou minha pergunta e disse:

— Eu tomarei o controle se insistir em fazer isso.

Isso não era algo que eu pudesse arriscar, então suspirei e me afastei de Lynda.

— O que houve? — Ela perguntou, franzindo a testa.

— Você é uma mulher pura. — Eu disse, acariciando sua mão. — Não quero estragar você. Espere pelo momento certo.

Era uma desculpa, mas o que mais eu poderia dizer?

Pouco tempo depois, saí do bar, frustrado com minha vida sendo ditada tanto pelo meu pai quanto pelo meu lobo. Após uma carona para casa, com meu motorista constantemente me lançando olhares assustados, provavelmente por conta do meu semblante furioso, chegamos à minha residência. Natalia, a razão da minha aflição, estava saindo de casa, carregando uma mala pesada.

Eu estava tão ansioso para descarregar toda minha ira sobre ela. Saí do carro com um salto, bati a porta e caminhei furioso em direção a ela. Ela me notou e parou.

— Aonde você está indo? — Perguntei com firmeza, enquanto olhava para a mala dela.

— Eu te avisei.

— Avisou o quê? — Eu rugi para ela.

Ela estremeceu.

Tão fraca. Se o som da minha voz humana era demais para ela, o que faria se eu usasse minha voz de Alfa?

— Estou saindo da sua casa e da sua Matilha também. — Ela disse.

Eu bufava. Quem ela achava que estava enganando? Como ela poderia sair sem a permissão do Alfa chefe e da Luna, meu pai e minha mãe, os Alfas e Luna da Matilha? — Por quê? Ficar na minha Matilha é tão vergonhoso para você? — Perguntei, provocando-a.

Ela desviou o olhar de mim, como uma gatinha assustada.

— Mulher covarde. Você não tem para onde ir. Quem ousaria dar abrigo à esposa divorciada do futuro Alfa? Ninguém! Você ainda é membro desta Matilha. Se tiver a audácia de cruzar a fronteira, será morta pelos lobos.

Ela começou a chorar lágrimas falsas. Com um olhar de desprezo, passei por ela, indo para casa, determinado a deixá-la sozinha do lado de fora. Mas, quando estava prestes a cruzar o limiar, os sons do choro pararam. Curioso, me virei e a vi desmoronada no chão.
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