CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 05

Sophia Clark/Taylor

— Você ouviu isso, Margarida? — me virei pasma para a mulher que retirava o prato do Arthur da mesa.

— Sim, senhora...

— E, ainda defende ele? — pergunto pasma.

— Ele é boa pessoa, senhora! Tenha paciência com ele...

— Eu estou sozinha nessa, né? — bufei, empurrando o meu prato, não estava com fome.

Peguei aquele celular e levei até o quarto aonde dormi, preciso tentar lembrar de todos os números de alguém que conheço.

Ao me sentar na cama me senti um pinheirinho de tão arrumada, o que quer que eu tenha tentado com isso falhou, porquê até sobre sairmos, aquele mentiroso mentiu, se ele soubesse a minha dificuldade em fazer maquiagem...

Quebrei a cabeça durante o dia todo, até me atentei a tentar discar em dois números que suspeitei serem da minha irmã, porém a merda do celular tão moderno, dizia que não aceitava ligações internacionais... será que eu poderia ser mais azarada? Ou esse maluco bloqueou o meu acesso?

Levantei, sentei, fui até a janela... nada resolvia. Parecia que eu faria um buraco no chão a qualquer momento de tanto pisar no mesmo lugar tentando encontrar uma forma de sair dessa situação, não digo nem desse apartamento, pois ele já me falou que se eu quiser aceitar a tal proposta posso ir com ele trabalhar amanhã na empresa deles, e de lá posso dar um jeito de fugir. O problema é que “como eu farei isso?” Não tenho nem dinheiro para pagar uma passagem para voltar para os Estados Unidos, seria complicado, preciso negociar.

Saí do quarto apenas para roubar umas frutas, e ainda bem que a Margarida já saiu. Olhei no celular e eram 17:30, provavelmente o Arthur já deve estar chegando.

Vi que ela deixou a comida pronta, comecei a bisbilhotar e logo vi que a porta da sala foi aberta, e eu me acabando de comer, fui engolindo uma banana com pressa.

— Vejo que está mais habituada com o apartamento... — parou autoritário na minha frente, e tive vontade de atacar aquele celular inútil na cabeça dele.

— Aonde estão as minhas coisas? Quero a minha mala, a bolsa preta, e principalmente o meu celular! — falei irritada.

— O Yuri perdeu... se for aceitar a minha proposta, poderá perguntar a ele amanhã se já encontrou! — veio perto de mim, e colocou a ponta do dedo indicador no meu cabelo.

— Ah, tá! Como se eu fosse idiota, né? Vem cá, me fala claramente o que você quer de mim! Com tanta mulher no mundo, você tinha que ir justamente me sequestrar lá dos Estados Unidos? — coloquei o celular na mesa, e me levantei ficando de costas.

— Desde o dia da boate eu te desejei, ruivinha! Você simplesmente sumiu... sabia que eu tenho te procurado por anos? — não acredito que ele tá tão maluco assim.

— Arthur... eu não sei de onde tirou isso, mas nada justifica a sua atitude! Você não precisa forçar uma mulher, porque faz isso?

— Eu não quero falar sobre os meus motivos! Não me pergunte mais sobre isso! Mas, o que posso dizer é que eu quero que você seja a minha esposa... na verdade já é, só precisa mudar os seus documentos pessoais!

— Pra quê? Quer viver de aparências? Vai me dizer que é um desses CEOs que fazem contratos? — o olhei firme.

— Não! Eu quero que seja a minha esposa, quero que a minha família e a empresa parem de me incomodar, mas o principal é que te quero na minha cama! Será que ainda não entendeu que te desejo... — veio mais perto, e eu dei um passo pra trás. — Desde a primeira vez que te vi, eu tenho vontade de arrancar a tua roupa! — veio com o dedo no início do meu decote, e logo cobri com a minha mão. — Poderíamos nos dar bem na cama, aposto que você também é bem experiente... — mordeu os lábios.

— Isso não é da sua conta, e sem contar que você não me atrai em nada! — falei ríspida, e na mesma hora ele colocou a mão no próprio rosto, e ficou de costas se afastando. Pelo visto acertei nas palavras para afastá-lo.

— Não preciso te atrair para fazermos sexo, você deveria pensar melhor! Ficará rica, e te garanto que não passará vontade! — falou, mas não voltou a me olhar.

— Está muito enganado em relação a mim! Eu não sou nem de perto o estilo de mulher que procura! — falei de rosto erguido.

— E que tipo de mulher você é? Às vezes acho que não consigo te decifrar! — virou novamente, agora parecia analisar todas as feições possíveis do meu rosto.

— Sou o tipo que estudou muito para conseguir me formar e arrumar um emprego decente! Sou o tipo que vem de uma família honesta, e perdeu o pai a não muito tempo! Mas, tenho família, tenho mãe, tenho irmã, assim como você também deve ter! Eu não vou abandonar elas lá! Tenho uma dívida pendente com elas, e a minha irmã precisa do dinheiro, e só por isso aceitei trabalhar aqui, senhor Taylor! Certamente o senhor está me confundindo muito! — falei indo mais perto dele, tentando intimidar assim como faz comigo.

— Mais um motivo para você aceitar que já é a minha esposa! Poderá mandar um bom dinheiro pra elas, comprar um carro, e com o tempo até podemos trazê-las aqui! Acredito que eu não seja tão aterrorizante assim, pra não me querer como homem, porque lá em Boston, entendi que se interessava em mim!

— Então é isso? Você quer uma esposa de fachada, mas também uma puta fixa? E, se eu não aceitar... — respirei fundo virando de costas e olhando para o chão. — Vou ficar presa nesse apartamento fechado. Não vou ter mais sonhos, ambições, trabalho, celular, família... — Fui andando e senti a mão dele no meu ombro, mas tirei me irritando e voltando a encará-lo e então gritei: — Você pelo menos sabe o que é isso? ME DIGA SENHOR TAYLOR! VOCÊ SABE O QUE É SE SENTIR PRESO, SABENDO QUE TEM ALGUÉM EM ALGUM LUGAR DESSE MUNDO ESPERANDO QUE VOCÊ APAREÇA, MAS POR IGNORÂNCIA OU EGOÍSMO DE ALGUÉM VOCÊ NÃO PODE? ME DIGA! PORQUE EU APOSTO QUE NÃO! — ele ficou muito estranho, o vi engolir seco, olhar para a janela, estava pensando.

Dentro de mim brotou uma esperança, de talvez ele ter caído em si, que eu não era quem ele queria, e ele me levasse de volta. Fiquei em completo silêncio, e consegui ouvir a respiração dele acelerada, parecia estar em uma guerra interna, algo dentro dele estava falando, e ele parecia ouvir, e enquanto isso eu torcia para que ele caísse em si. Então ele virou e falou:

— Eu não sou assim!

— Assim, como?

— Ignorante e egoísta... eu só...

— Diga... eu quero entender!

— Eu sinto muito..., mas não consigo voltar atrás! Mas, se prometer se comportar, poderá começar a trabalhar, amanhã! O horário começa às sete, esteja pronta um pouco antes! — falou e foi saindo, então num impulso eu o segurei pelo braço, e ele me olhou assustado, e depois pra minha mão, a puxando dele.

— Isso quer dizer que estou livre? Posso trabalhar, e estou livre? — perguntei desesperada.

— Isso significa que a minha esposa não é uma prisioneira! Ela pode trabalhar, e caminhar pelas ruas, só não pode me deixar! Terão seguranças te vigiando o tempo todo, principalmente pela sua segurança, então não me decepcione!

— Mas... — eu queria entender melhor, mas ele não esperou que eu falasse mais nada, e saiu de lá. Fui caminhando logo atrás dele para ter certeza que me deixaria ali com tantas outras dúvidas, e o que aquilo tudo significava.

Como pode alguém não ser prisioneira, mas também não ter o direito de escolhas? Eu não entendo... por mais que eu me esforce, não consigo.

Ele entrou numa outra porta, e trancou, não foi o mesmo quarto que passei o dia, então por hoje vou poder trancar a porta e dormir em paz.

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