- Às vezes me parece que tudo é um sonho... E vou acordar amanhã e Charles não vai mais estar conosco.
- Você merece isso, Sabrina.
- Eu sei... – Comecei a rir.
- E o que vai fazer com Rachel?
- Vou abrir um processo contra ela ou a porra da família. Sei que meu nome não vai sair da lama, mas o dela vai entrar junto. Menina mimada e egoísta.
- O que deu em você, afinal? Como deixou o garoto fazer aquilo na sala de aula?
- Isso foi resultado de uma mulher há mais de cinco anos sem sexo... Só isso.
Ela riu:
- Só faltou subir as paredes?
- Acho que subi algumas vezes... Literalmente.
Melody usou um de seus vestidos rodados para a noite de Natal. Ela amava se vestir bem e receber elogios. Assim como eu, detestava prender os cabelos. O rostinho estava levemente queimado do sol. Pus um hidratante infantil específ
- Se você foi um bom garoto, creio que sim.- Você é ridículo.- Guilherme, não! – Falei seriamente.Ele me olhou e percebi que estava nervoso. Achei que bater de frente e enfrentá-lo poderia ser pior. E eu não queria que ele dissesse aos demais sobre a paternidade de Charles com relação à Melody, pois não sabia se J.R e Calissa estavam a par da verdade.- É Natal! – Tentei fazê-lo ao menos ter um pingo de sentimento.- O nosso primeiro Natal em família... – encarou novamente o pai – Posso apostar que vai querer levar sua linda mulher à nossa casa nas demais datas festivas, afinal, vão querer ver Melody, não é mesmo? – Olhou na direção de Mariane.- “Nossa casa” quer dizer de você e Sabrina? – Charles pôs as mãos no bolso da jaqueta preta, f
Olhei para o meu menino, que virou os olhos em outra direção quando percebeu que eu o observava. Suspirei, temeroso. Não tinha certeza se algum dia ele deixaria aproximar-me.Os Rockfeller decidiram que os presentes seriam entregues antes do jantar, devido à ansiedade de Melody.Enquanto ela abria os vários embrulhos, cheguei perto, sorrindo enquanto minha filha falava sem parar, agradecendo cada presente e dizendo o que faria com eles. Foram muitos brinquedos, todos dados pelos avós.Eu não gostava de J.R. E o sentimento era recíproco. Embora fizesse parte da J.R Recording e talvez o artista atualmente que mais lhe rendia, ele não parecia se agradar com minha presença, nem mesmo na gravadora. E nunca fez muita questão de esconder. Claro que até então eu não me preocupava tanto porque não sabia da relação dele com Sabrina. Agora a antipatia dele me intrigava.Mariane também nunca fez questão de me levar à casa dela quando começamos a nos envolver. Eu fazia menos questão ainda.- Agora
Guilherme aproximou-se e pôs o braço sobre os ombros delicados dela, me encarando.- Há um presente para você debaixo do pinheiro. – Falei.- Não me interesso por nada que venha de você.Aquilo me feriu profundamente. Mas estava calejado. Respirei fundo e segui:- Não quer nem saber o que é?- Não.- E se for o dinheiro que quer tirar de mim, todo numa caixa?- Não quero numa caixa. Quero todo o processo judicial junto.- Não me importo... Não é minha intenção fazer o processo se prolongar. Darei o que for determinado pelo juiz.Ele me olhou, silenciosamente, talvez não esperando por aquilo. Eu mal começava a ganhar dinheiro com minha música e Kelly já queria tudo que achava que fosse de direito do filho. E sim, ele tinha a parte dele. Por que eu diria não? Já sofri coisas muito piores do que perder grana.Para mim, que nunca tive nada, qualquer pouco era muito. Não me importava com a pouca quantia que me sobraria.- Qual é o presente? – Sabrina perguntou, indo ao pinheiro.Entreguei
Por incrível que pareça, o jantar foi tranquilo e até agradável, de certa forma. Depois de comermos a sobremesa, nos dirigimos novamente para a sala principal, onde estava o pinheiro e os vestígios do que seria uma noite de Natal em família, não fosse um passado horrível que nos afastava. A porta que dava de frente para o mar foi aberta e um ar fresco entrava.Um dos garçons passou oferecendo Champagne, em taças de cristal. Yuna pegou uma e eu recusei.- Vueve Clicquout não é mais sua bebida favorita irmã? – Mariane perguntou, certamente me observando o tempo todo.- Não... Gosto de tequila. – Expliquei de forma seca.- Podemos providenciar tequila, não é mesmo? – Ela perguntou ao garçom, que confirmou com um gesto de cabeça.- Ela não quer beber... Você não ouviu? – Charles disse rispidamente.- Não quer e não deve – Yuna provocou, olhando para minha irmã enquanto sorvia o líquido do copo – Esta coisa é boa... Explica um pouco de suas atitudes no passado.Nós duas começamos a rir, s
- Agora mamãe vai descer um pouquinho e logo estou de volta.- Tá bom.Dei-lhe inúmeros beijos e desci novamente, disposta a conversar com Charles sobre pararmos com toda aquela encenação. Eu não tinha mais estômago para seguir.Não encontrei ninguém na sala principal, que estava vazia.- Onde estão todos? – Perguntei à empregada.- Na sala de TV. Irão assistir ao show do Charlie B. – Ela sorriu gentilmente.- Obrigada.Me dirigi até a outra sala, onde havia a televisão. Atravessei a sala de jantar e o corredor até alcançar o cômodo pequeno, mas acolhedor. Todos estavam sentados enquanto Mariane mexia no controle da televisão.- Venha, Sabrina. Guardei lugar para você. – Guilherme tocou o sofá, pedindo que eu sentasse ao seu lado.- Eu... Não estou muito bem. Vou dormir.- Não mesmo! Você precisa assistir ao show do meu namorado, irmã. Ele é um dos artistas mais consagrados da atualidade. Esperou certamente a vida toda para estar na TV aberta, num especial de Natal... – ela olhou para
- Não, eu juro que não tenho nada a ver com isso. Mas creio que sua irmã e Rachel possam se conhecer. Ou o vídeo não teria vindo parar nas mãos de Mariane.- Sim... Pensei nisto.- Eu vou matar Rachel.- Não... Não vai fazer isso. Eu não me importo... Vou agir rápido antes que este vídeo se espalhe. Somos nós dois nas imagens, mas por eu ser mulher, serei a única prejudicada.- Infelizmente sim... É assim que funciona. Por mais que eu tente justificar que eu forcei a barra, só verão a professora mais velha, que se envolveu com o aluno.Dei um sorriso triste, satisfeita por ele entender que, mesmo estando no mesmo vídeo nós dois, eu seria a única a pagar o preço.Melody ainda estava acordada e Yuna lhe contava uma historinha para dormir.- Peguem suas coisas, meus amores. Nós vamos embora daqui. – Falei firmemente, enquanto pegava minhas malas.- Mas... Acabamos de chegar. – Melody reclamou.- Hora de partir, meu docinho. Este lugar não está fazendo bem para mamãe.- Mas eu quero o meu
Entramos no helicóptero e deixamos a casa de praia dos Rockfeller na noite de Natal, quando passava da meia-noite.Eu não tinha dúvidas de que tomei a decisão certa. Não podia mais ficar naquela casa. Eu não era obrigada.O caminho até o Hotel foi silencioso. Ninguém dizia nada. Melody estava preocupada por descer de pijama, mas a tranquilizei que ninguém a veria.Descemos no heliponto do próprio Hotel que Charles havia reservado. Um funcionário nos esperava e conduziu-nos aos quartos, que ficavam no décimo andar. Eu nem sabia exatamente em que lugar de Noriah Norte estávamos.- O senhor Bailey reservou três quartos – ele explicou – Ambos um ao lado do outro.- Claro... Três. – Guilherme riu, ironicamente.O funcionário abriu a porta e perguntei à Yuna:- Fica com a gente?- Se quiser, fico.- Eu quero.Ela entrou, trazendo sua mala.- Vou ficar também. – Guilherme entrou, pegando os outros dois cartões que davam acesso aos demais quartos.Suspirei, tentando saber se resistiria a tudo
O abracei com força, enquanto ele me apertava com um dos braços, pois o outro estava ocupado por Melody.Os lábios dele tocaram os meus, de forma doce.- Papai e mamãe estão dando beijo. – Melody fechou os olhos.Começamos a rir.- E Gui? – Ele perguntou.- Gui foi embora.- Como assim? Para onde?- Eu creio que esteja voltando para Noriah Sul. Ele não me disse para onde iria.- Este garoto é complicado...- Eu contei sobre a gravidez.- Então entendo... O motivo dele partir.- Era necessário. Não poderia aceitar que ele ainda tivesse esperanças.- Sim, meu amor. Eu sei...Yuna apareceu e nos olhou:- Bem, eu acredito que vou poder usar o quarto que Charlie B. reservou só para mim.Eu ri:- Pode sim... Mas se quiser ficar, também será aceita.- Nem pe