- Sabrina?- Oi, Min-ji. Poderia pedir para minha mãe me ligar, por favor?- Claro, menina! Imediatamente.Encerrei a chamada e ele perguntou:- Vai fazer o que?- Recomeçar do zero de novo. Sou boa nisso.- Como assim?- Vender a casa que comprei aqui... Pedir minha herança judicialmente, antes que a destruam... Fazer um doutorado e dar aulas na faculdade.Ele riu:- Bom que você planeja seu futuro em segundos... Simples assim.- Tudo isso em Noriah Norte. Precisamos partir, Gui. Tenho umas vinganças pendentes.- Jura?- E umas ideias loucas na cabeça.- Tipo?- Meu pai vai se apaixonar por Melody. Porque minha filha é simplesmente a coisa mais incrível do mundo todo. Eles vão lamber o chão que minha pequena pisar. E quando estiverem dependentes dela, partiremos. E eu vou usar Colin para entrar com uma ação pedindo minha herança, o que é meu por direito. Meu pai vai ficar acabado, destruído, duplamente. E adivinha? Não permitirei que vejam meu docinho... Porque ela é minha, só minha.
Melody estava ansiosa e ainda mais falante. Nunca havia andado de avião na vida.Sentei-me ao lado dela. Guilherme e Yuna ocuparam os assentos à nossa frente.Assim que o avião decolou, senti um mal-estar imediato e uma leve tontura. E aquilo me deixou extremamente preocupada.- Tudo bem com você? – Yuna perguntou.- Sim... – Falei, fingindo que sim.- Você parece preocupada. – Guilherme disse.- São cinco anos longe... Esperavam o que?- Não se preocupe, mamãe. Eles vão amar você. – Melody pegou minha mão.A comissária de bordo veio até nós, enquanto ainda nos divertíamos com Melody.- Desejam algo para comer ou beber?- Não... A viagem é curta. – Yuna falou.- Eu quero cupcakes com confeitos... E você tem chocolate quente? – Melody perguntou, com os
- Ok, não se preocupe – falei com minha imagem no espelho – Cólica talvez seja um bom sinal... Que você vai menstruar. É só aguardar. Vai descer e tudo se resolverá... Foque na volta para os Rockfeller... Só isso.Ouvi uma batida na porta, do lado de fora, e temi que fosse Gui, tentando transar no banheiro. Eu não faria aquilo. Minha filha estava ali, praticamente junto de nós. E eu não transaria com ele a primeira vez numa pequena cabine de banheiro de avião.Abri a porta e vi Yuna.- Agora você fala sozinha? – Ela arqueou a sobrancelha.Puxei-a para dentro e fechei a porta:- Preciso lhe dizer uma coisa.- Pela sua cara... Não é bom. Parece apavorada. E eu entendo... Medy está sendo bem cruel com Guilherme.- E o que você achou disso tudo?- Sinceramente? Acho que era hora de virar a página do
- Eu não achei que isso fizesse diferença para você. – Olhei-o, confusa com a atitude dele.- Este é o filho da puta que fez o que fez com você?- Gui... Não pode falar palavrões... Tem crianças aqui. – Melody arqueou a sobrancelha, chamando a atenção dele.- Me perdoe, princesa. Mas este homem merece todos os palavrões do mundo.- Gui, chega! – Falei em tom de voz alto.O helicóptero se foi, nos dando um pouco tranquilidade e silêncio. Respirei fundo e segui na direção da minha antiga família, se é que se podia definir assim.Assim que fiquei há passos do meu pai, ele retirou os óculos escuros e consegui ver seus olhos. E não pude definir o que havia neles. Os anos não foram muito bondosos com sua aparência. Havia envelhecido consideravelmente, como se tivesse passado dez e n
- Sim... Então imagina um Playground... – Lamentei. - Infelizmente é tudo parte do que ela é... – Yuna mostrou-se atenta à conversa – Não acredito muito em mudanças repentinas no caráter das pessoas, mas acredito que crianças mudam o mundo... E as pessoas que estão nele. - Ele fez coisas horríveis no passado... E não foi só para mim. Medy já existia. – Observei.- Sabrina, você pode planejar mil coisas na sua cabeça, mas não pode incluir Medy nisto. Ela é só uma criança. Tirar ela dele, ok, mas lembre-se que estará também tirando o avô dela. – Yuna disse seriamente, andando mais rápido, alcançando Calissa, J.R e Melody.- Pelo visto Yuna acha que você deve perdoar. – Guilherme disse.- Yuna não decide a minha vida. E ela se preocupa com Melody.- Que bom que pensa assim. Este homem merece pagar por todo seu sofrimento no passado. - E pagará. Não sou vingativa a ponto de querer o mal dele, mas exijo que ele sofra o que eu sofri. Isso me basta.Guilherme gargalhou:- Isso não é quere
Eu não acreditava no que estava acontecendo. Como assim Sabrina estava ali? E Guilherme... Junto dos Rockfeller.Olhei para a menina, que repetiu “pai” quase junto com Guilherme. Caralho! Foram três “pais” ao mesmo tempo... Sendo que eu só tinha um filho.- Vamos entrar... Não podemos ficar aqui... Está chegando uma forte tempestade... – Calissa pegou a menina no colo, entrando primeiro.Mariane pegou minha mão, mas não consegui entrelaçar meus dedos nos dela. Fiquei completamente sem ação, como se algo me impedisse de tocá-la. E não consegui me mover.- O que você está fazendo aqui? – Perguntei a Guilherme.- O que “você” está fazendo aqui? – Ele refez a pergunta.- Entrem todos... Agora! – J.R falou em tom de voz alto.Sim, não fazia sentido ficarmos ali, tent
A menina era filha dela. Era minha filha... “Nossa” filha. Eu não tive dúvidas. Eu senti quando pus meus olhos nela. Sabrina me escondeu a menina por... Quase seis anos. Como pôde?- Está namorando o meu filho? – olhei para ela – Ele tem... Dezoito anos.- Dezoito anos... – ela riu – Se importa com isso? Acha que ele é um “garotinho”?Porra! Ela foi tão debochada quanto agressiva. E senti os olhos dela lacrimejarem e a voz sair trêmula, como os lábios.Por mais que estivesse puto por ela estar com meu filho, tive vontade de pegá-la no colo e sair dali correndo, sem rumo, para nunca mais voltar.Mas precisava ficar calmo. Estávamos juntos novamente num mesmo lugar, eu sabia quem ela era de fato agora e aquilo já se tornava um grande avanço.Acontecesse o que fosse dali para frente, eu sabia a minha “gar
Saí, quase sendo empurrada de volta para dentro da casa com a ventania. Estava escuro, nuvens pretas encobriam o céu e trovões ecoavam para todos os lados, seguidos de relâmpagos. E embora eu não tivesse visto, sabia que minha pequena estava na rua, fugindo, de toda situação na qual a pus.Deus, em que direção ela teria ido?Retirei meu calçado, jogando longe e saí para o lado esquerdo, sem ter certeza se ela tinha tomado aquele caminho. Ouvi gritos chamando por mim e Medy, mas não voltei.Meus pés afundavam na areia e eu lutava contra a dificuldade que era correr naquele chão. Não tinha sinal de Melody em lugar algum.Eu queria que chovesse, pois desta forma a areia abaixaria e seria mais fácil para visualizá-la caso estivesse na beira da praia.As lágrimas tomaram conta dos meus olhos, misturando-se com a areia fina que castigava meu rosto. E se ela tivesse entrado no mar? Ela não conhecia a praia... Nunca tocou os pés no mar... Poderia ter se empolgado e... Não, eu não queria pensa