- Definitivamente, não combinamos com este lugar – Mariane disse, com desdém – Olha a forma como estas mulheres se vestem.
- Achei uma experiência diferente. O lugar é legal. – Tefy defendeu.
Olhei para o bar e vi o homem que estava há minutos atrás no palco e disse:
- Eu... Acho que poderíamos beber algo antes de ir ao clube... Isso, me deixaria mais “solta” e alegre.
- Não está alegre? – Mariane arqueou a sobrancelha.
- Claro que estou... Mas gostaria de me soltar, para talvez... Sei lá, tocar nas partes íntimas de um dos dançarinos.
Dill começou a rir:
- Sabrina, a festa é sua. Você que vai casar amanhã. Esta é sua última noite de solteira, lembra? Então quem escolhe o que fazer e onde ficar é você, amiga.
- Aposto que ela não escolheria passar o último dia de solteira num bar de beira de estrada, bebendo cerveja no gargalo... Ou pior, num copo lavado com esponja, cheio de germes, sem uso de água fervente. – Mariane falou.
- Quem escolhe é ela, Mariane. E acho que Sabrina só quer beber uma dose de qualquer coisa. – Tefy seguiu o raciocínio de Dill.
- Eu quero beber e depois vamos. – Afirmei.
Mariane olhou no relógio:
- Não vamos demorar muito... Um clube renomado e do nosso nível nos espera.
Tay arrumou o véu de noiva na minha cabeça e pegou meu braço:
- Vamos lá, senhorita Rockfeller, futura senhora Monaghan. A noite é uma criança.
Fomos até o bar e nos escoramos na madeira. Apoiei os cotovelos, enquanto olhava as bebidas expostas nas prateleiras com espelhos atrás.
- O que as garotas vão querer? – Perguntou um dos barman’s.
- O que você sugere? – Tay olhou-o minuciosamente, focando em seu peito, com um sorriso safado no rosto.
- Sugiro a bebida que dá nome ao nosso bar: Cálice efervescente. – Ele aproximou-se dela mais do que o necessário.
- Dois, por favor. – Tay pediu.
- Não... Eu não vou querer isso. – Avisei mais que depressa.
- O que a “garotinha” deseja, então? – Perguntou o moreno que antes afinava a guitarra, vindo na minha direção.
- Quero um Champagne Vueve Cliqcuot.
- Vueve o quê? – Ele gritou, para ser ouvido.
- Um...
- Eu entendi o que você disse... Só quero saber o que é isso.
- Champagne... Não... Tem? – Perguntei, confusa.
- Bebe um Cálice efervescente, amiga. – Tay disse, bebendo todo o líquido do copo longo de drinque colorido.
- Não tem isso, “garotinha”. – Ele disse, rindo, os olhos fixos nos meus.
- O que me sugere, então, “senhor”? – Arqueei meu corpo para frente, ficando mais próxima dele.
- Sugiro Tequila.
- Vai dar Tequila para ela? – o outro barman começou a rir – Você é louco.
- Claro que não vai ser assim tão fácil. – Ele me encarou e colocou os cotovelos no balcão, ficando tão próximo que consegui sentir o cheiro do perfume barato dele.
- Eu... Não entendi...
- Vou querer algo em troca.
- Algo em troca? – comecei a rir – Acha mesmo que vou beijá-lo? Você é muito pretensioso.
Ele balançou a cabeça, enrugando a testa:
- Não lembro de ter pedido um beijo, “bebê”. Eu quero em troca a sua identidade, só isso. – Uma sobrancelha arqueou-se, mostrando os belos olhos verdes, que me deixaram sem palavras por um instante.
- A minha identidade? – Perguntei, confusa, sentindo meu rosto enrubescer imediatamente.
- Só para confirmar que você tem dezoito anos. Regras da casa.
- É claro que eu tenho dezoito anos, seu... Seu...
- Ora, não se ofenda. Pensa pelo lado bom: certamente você parece bem mais jovem do que realmente é, caso tenha mesmo dezoito.
Peguei meu celular e abri o documento, mostrando para ele, furiosa.
- Hum... Vou trazer sua tequila, “Sabrina”.
Eu pensei em reclamar do tratamento prestado a mim naquele estabelecimento, mas ao vê-lo de costas, com a bunda perfeita na calça jeans preta, fiquei sem palavras. Não me restava fazer outra coisa a não ser observar enquanto ele preparava minha bebida. E torcer para o tempo passar devagar.
- Acho que alguém está admirando o barman – Tay falou no meu ouvido – Estou quase trocando os strippers pelos homens das bebidas deste lugar... Que visão do além... – Ela direcionou os olhos para a bunda do “meu moreno”.
Virei o rosto dela para o outro lado, discretamente. Tay começou a gargalhar:
- Senhorita Sabrina Rockfeller, não lembro de tê-la visto com ciúme assim nem do seu futuro marido.
- Eu não estou com ciúme... Só não quero... Expor você ao ridículo. – Falei, tentando me convencer de que realmente era aquilo que eu pensava.
- Aproveita, amiga. É sua última noite solteira. – Ela sugeriu.
- Não sou solteira. Eu sou noiva. Tenho um compromisso com Colin. Eu não faria isso de jeito algum, Tay.
- Finja que está bêbada.
- De nada adiantaria... Minha consciência saberia da traição.
- Vocês não estão casados ainda.
- Mas temos um compromisso. Eu não faria para Colin o que tenho certeza que ele não faria para mim.
- Sabe que a esta hora eles não estão em casa jogando vídeo game, não é mesmo? Sequer falando de suas máquinas automotivas possantes e caras. Muito menos bebendo na piscina, enquanto falam sobre negócios e viagens.
- Claro que não... Talvez ele esteja só... Admirando um corpo... Como eu tenho feito. – Olhei para o homem, que trouxe um copo para mim, com um líquido incolor.
O outro barman voltou e começou a conversar com Tay.
Peguei a bebida e analisei, curiosa. Era um copo pequeno e o líquido não era tão incolor assim e sim amarelado. Levantei e olhei contra a luz. Tinha sal nas bordas do copo e uma rodela grossa de limão, que creio que era decorativa.
- Isso é sal? – Perguntei, para me certificar.
- Sal. – Ele confirmou.
- Oi, Charles! – olhei para as duas mulheres que se recostaram no balcão – O que nos indica hoje?
- Indico o da casa, meninas: Cálice Efervescente.
- Hum... Vem com o barman de brinde? – Uma delas perguntou.
Ele riu:
- Infelizmente não... Mas posso dar um desconto na bebida.
- De que adianta desconto? É possível trocar o desconto por um beijo? – Ela insistiu.
Olhei na direção das mulheres, completamente estupefata.
Ele foi na direção dela e virou o rosto, recebendo um beijo na bochecha, que ficou marcada de batom vermelho.
Charles, que agora tinha nome, fez os drinques enquanto eu continuava a observar a bebida que ele havia me trazido, sem saber exatamente como beber aquilo.
- Ok, voltando... – ele me encarou, depois de entregar as bebidas às mulheres – Vou mostrar como fazer.
- Achei que não faria isso.
- Quer um beijo antes? Ou prefere depois? – Uma das sobrancelhas levantou, mostrando o verde dos olhos perfeitos e irônicos.
Fiquei pensativa antes de responder. Charles era um homem maduro. E eu não queria bancar a mocinha inocente. Tampouco desinteressada, mesmo certa de que não rolaria nada entre nós.- Era só uma brincadeira! – ele sorriu, percebendo minha incerteza – Afinal, se esta não é uma festa a fantasia, creio que a garotinha vai casar em breve, estou certo?Assenti, com a cabeça, ainda com a bebida na mão.- Quando vai ser? – Perguntou, curioso, os olhos nos meus.- Amanhã.- Quem se casa aos dezoito anos hoje em dia?- Eu! E não vejo nada de errado.- Você é tão jovem!- Não sou “tão jovem”. Você que é “tão velho”. – Revidei.- Ainda assim casamento está fora da minha lista de coisas a fazer na vida.- Jura? Prefere ficar por aí, atrás de todas as “garotinhas” que entram no bar?Apoiou os cotovelos no balcão e ficou a centímetros de distância, fazendo com que eu conseguisse sentir a sua respiração morna na minha pele.- Não me envolvo com “garotinhas”... Só com mulheres maduras.Quanta petulânc
As duas me olharam. Mariane continuou, não se dando por vencida:- Eu tive todo o trabalho de organizar a sua noite e você pára no caminho para fazer xixi e decide que vai passar a sua última noite de solteira num bar “fuleiro” de beira de estrada? Ei, esta palavra existe?- Deixa-a se divertir... – Lina falou, bebendo o restante da água de seu copo.- Lina, vocês não contestam minha irmã de jeito algum... Porque tem medo de ela tirá-las do seu círculo de amizade. No meu caso, falo o que penso, afinal, sou a irmã mais velha e não me importo em ficar puxando o saco de uma Rockfeller para ter algum tipo de benefício.Lina levantou e disse, saindo:- Você é uma chata!Mariane ficou sentada à mesa, sozinha. Virei as costas e ela perguntou:- Vai deixar sua irmã sozinha, depois de todo o trabalho que tive para organizar a sua festa?- Eu só quero me divertir, Mariane. E não preciso de um monte de homens nus para isso.- Trabalhei nisso por meses...- Me desculpe, Mariane... Mas você nunca
Assim eu fiz: o segui de volta pelo corredor, voltando ao bar.- Eu... Preciso voltar para o palco. Afinal, recebo para isso. – Sorriu, com o olhar dentro do meu.- Você... Canta e toca muito bem. – Observei.- Um elogio? Estamos evoluindo. – Os lábios se abriram num sorriso, que retribui.- Eu... Entendo um pouco de música... Não muito, mas um pouco.- Tanto que não sabia nem o que sugerir para sua última música de solteira? – Ironizou.- Eu bebi demais, confesso.- Ou... Pode ter ficado completamente sem palavras ao ver a performance do vocalista da Dreams.- Claro que não! Você é muito convencido.- E você tem um vocabulário bem restrito, bebê... Já falou esta frase.- Você fica cuidando cada palavra que eu digo, por acaso?- Sim... Infelizmente sim.- Infelizmente? – Arqueei a sobrancelha, questionadora.Tay apareceu e me abraçou:- A experiência que estamos vivendo aqui será eterna, amiga.Ah, eu que o diga, Tay!- Olá... Sou Charles. – Ele estendeu a mão na direção dela, que lhe
Das bandas e cantores famosos que tinham em Noriah Norte e também os mundialmente conhecidos, mais da metade deles pertenciam à gravadora do meu pai, a J.R. Music.Depois de uma hora de música, a banda finalmente despediu-se do público. Fiquei ali, parada, no meio das pessoas, esperando Charles descer. E eu nem sabia ao certo o que diria para ele.Observei as mulheres o cercarem, pedindo fotos com ele e elogiando sua performance. Quando nossos olhos se encontraram, um calafrio percorreu minha barriga, jamais sentido antes, como se tudo dentro de mim queimasse como fogo.Charles era onze anos mais velho do que eu. Meu noivo era cinco. Fiquei curiosa sobre a experiência de dormir com um homem de quase trinta anos. Ele tinha jeito de ser bom de cama.Olhei no relógio e já era uma e meia da manhã. Não sei quanto tempo ele ficaria rodeado pelas mulheres histéricas. E eu não podia esperar. Aliás, eu nem deveria estar ali, sozinha, no meio da pista de dança, esperando pelo próximo passo dele
- Oi, meu amor. Como está?- Estou bem. Voltando para casa.- Já?- Não me diga que ainda está na rua, seu safadinho. – Brinquei.Ouvi a risada dele do outro lado da linha:- Na verdade, estávamos na casa do Sandro. Agora decidimos ir para a Babilônia.- Babilônia? – minha voz se alterou – Vai ver mulheres nuas dançando?- Querida, você sabe que elas não estão nuas. E não vou pelas garotas... Mas pelas bebidas. - Bebidas tem em todos os lugares, Colin.- Sabemos que há bebidas que só existe lá. Não curto muito beber outra coisa além de uísque, mas os rapazes querem fazer algo diferente. Mas se preferir, posso desistir. Sem problemas. Você que manda em mim e sabe muito bem disso.Comecei a rir:- Mando?- No meu corpo, no meu coração e na minha alma. Respirei fundo e falei:- Pode ir, Colin. Eu estava brincando. Se divirta.- E você está indo tão cedo embora... Não estava boa a sua festa?- Estava... Muito boa. Mas amanhã preciso estar pronta às nove horas para o Day Spa.- Para fica
Mariane me abraçou carinhosamente:- Estarei ao seu lado, não se preocupe.- Obrigada por todo trabalho que você teve para organizar este momento. E me desculpe por não ter sequer chegado até lá.Ela começou a rir:- Tudo bem... Por isso mesmo vou me certificar de que tudo teria saído conforme planejei. O que importa é que você gostou, mesmo ficando no Cálice Efervescente... Não acha este nome estranho?- Sim e não... Estranho, mas não para aquele lugar. – Eu ri.Ela me deu um beijo no rosto:- Vou indo. Durma bem, descanse que amanhã você tem um longo dia.- Hoje, você quer dizer.- Sim... – ela olhou no relógio – Daqui algumas horas você já tem que sair da cama.- Boa festa... E curta bastante.Mariane saiu e eu tirei minha roupa, entrando no chuveiro quente, deixando a água escorrer pelas costas, tentando relaxar.A bebida em excesso me deixava com uma sensação de tontura e ao mesmo tempo bem-estar. Desliguei o registro e sequer pus uma roupa, me jogando na cama king size já arruma
- Bom dia, meu amor.Olhei para meu noivo, Colin Monaghan. Usava terno e a camisa branca por baixo estava com os primeiros botões abertos, mostrando parte do seu peito nu. Os cabelos estavam levemente despenteados, uma mecha caindo sobre a testa.Colin era um homem bonito, inteligente e sexy. Moreno, não muito mais alto do que eu, pele clara, cabelos não muito curtos, que ele mantinha sempre bem penteados. Devido à malhação diária, tinha um belo corpo, especialmente o tórax, bíceps e abdômen, extremamente definidos. Os olhos eram âmbar e tinham um formato estreito e sedutor, finalizados com sobrancelhas grossas e escuras e cílios longos. Ele tinha um nariz bonito, que combinava com o rosto quadrado e os lábios finos. Era um homem que fazia questão de estar sempre bem barbeado.- Ah, Colin... Oi.- Você... Está tudo bem? Aconteceu algo? – A expressão dele pareceu de preocupação.Respirei fundo e tentei dissipar os pensamentos que tentavam dominar minha mente e o abracei com força:- Tu
Pensei em fazer algo diferente, que pudesse deixá-lo mais excitado. Puxei-o pela mão novamente, seguindo até o final do corredor. Abri a porta do quarto dos meus pais e corri para a cama gigantesca, me jogando sobre ela.- O que... Você está fazendo? – ele arqueou a sobrancelha – Este é o quarto dos seus pais.- Exatamente... – abri as pernas e o chamei com meu dedo indicador – Quero fazer sexo na cama dos meus pais, futuro marido.Ele riu:- Isso é brincadeira, não é mesmo? – olhou para os lados, procurando algo que eu não identifiquei o que era – É um teste do seu pai?- Relaxa, Colin. Papai não voltou de viagem. Se preferir, tranco a porta, assim ficamos mais a vontade.- Você só pode estar louca, Sabrina!- Colin, se não fizermos isso hoje nunca mais faremos. É nosso último dia de namorados, noivos ou seja lá o que podemos chamar isso. Vamos fazer um sexo diferente... E arriscado.- Isso é... De uma infantilidade sem tamanho da sua parte.Deitei a cabeça no centro da cama, olhando