- Oi, meu amor. Como está?
- Estou bem. Voltando para casa.
- Já?
- Não me diga que ainda está na rua, seu safadinho. – Brinquei.
Ouvi a risada dele do outro lado da linha:
- Na verdade, estávamos na casa do Sandro. Agora decidimos ir para a Babilônia.
- Babilônia? – minha voz se alterou – Vai ver mulheres nuas dançando?
- Querida, você sabe que elas não estão nuas. E não vou pelas garotas... Mas pelas bebidas.
- Bebidas tem em todos os lugares, Colin.
- Sabemos que há bebidas que só existe lá. Não curto muito beber outra coisa além de uísque, mas os rapazes querem fazer algo diferente. Mas se preferir, posso desistir. Sem problemas. Você que manda em mim e sabe muito bem disso.
Comecei a rir:
- Mando?
- No meu corpo, no meu coração e na minha alma.
Respirei fundo e falei:
- Pode ir, Colin. Eu estava brincando. Se divirta.
- E você está indo tão cedo embora... Não estava boa a sua festa?
- Estava... Muito boa. Mas amanhã preciso estar pronta às nove horas para o Day Spa.
- Para ficar ainda mais linda para mim...
- Sim. Não vá tarde para casa, ok? Não quero um marido cansado na noite de núpcias.
- Garanto que não, meu amor. Durma bem e sonhe comigo.
- Você também.
- Eu te amo.
- Também te amo.
Desliguei o telefone e Mariane perguntou:
- Eles vão para Babilônia?
- Sim.
- Por que a gente não vai para lá também?
- Eu concordo. Aquele lugar é fabuloso. – Tay ficou empolgada.
- Não... Eu realmente preciso descansar. Tenho que estar pronta às 9 horas para o Day Spa.
- Nós também. E nem por isso achamos que é necessário chegar em casa antes das duas. – Disse.
- Vamos para casa. – Pedi.
“Durma bem e sonhe comigo”. Mal Colin sabia que minha cabeça não conseguia pensar em outra coisa a não ser aquele maldito cantor. Tudo que eu queria era tomar um banho e deitar na cama, fechar os olhos e relembrar tudo, desde a hora que tropecei no fio no microfone dele e senti sua mão na minha.
- Tudo bem com você? – Mariane perguntou.
- Sim... – garanti – Por quê?
- Simplesmente porque estou fazendo uma pergunta e não me responde.
- Eu... Posso ter bebido demais. – Falei, pouco me importando com a pergunta que ela havia feito.
Assim que chegamos em casa, desci do carro antes de Mariane estacionar. Corri até a porta e entrei, subindo as escadas diretamente para o corredor dos quartos.
Eu queria muito conseguir dormir aquela noite, mesmo sabendo o quão difícil seria. E não sabia se era por ansiedade pelo momento do meu casamento que se aproximava ou pelo homem que eu havia conhecido horas atrás, que tinha me desestabilizado completamente.
Cheguei ao banheiro e fechei a porta, a observar-me através dos espelhos à minha frente. Meus cabelos longos e escuros, lisos, estavam desalinhados. A maquiagem, mesmo de boa qualidade, não suportara a noite regada a bebida barata e o excesso de pessoas suadas. Meu batom estava somente em parte dos lábios, embora os olhos ainda tivessem as marcas de lápis, rímel e sombra duradouros.
Embora todos dissessem que eu e minha irmã éramos tão parecidas que poderíamos ser gêmeas, eu discordava. Mariane era cinco anos mais velha do que eu, embora não aparentasse. Ambas éramos morenas, com pele clara e cabelos castanho escuros. Minha irmã preferia mantê-los sempre com volume, enquanto eu preferia-os lisos, ao natural. Os cortes eram retos e inteiros, no meio das costas, mesmo que aquilo não fosse planejado. Tínhamos narizes finos e olhos castanhos. Eu tinha lábios mais grossos que os dela. E achava o queixo de Mariane mais fino.
Meu banheiro era branco acetinado. Nada dele destoava do tom, nem mesmo a decoração. Clean, ao mesmo tempo que perfeitamente planejado. O balcão em mármore branco com duas cubas tinha quatro portas no centro e duas gavetas em cada lado, ambas revestidas em espelhos. As torneiras imitavam ouro envelhecido e tinham realmente um valor absurdo. Bom gosto custava caro e aquela casa havia sido planejado nos mínimos detalhes para o nosso conforto. Acompanhei cada parte do projeto do meu quarto.
Havia pouco menos de sete anos que havíamos nos mudado para o local, já que meu pai tinha achado que a casa anterior começava a ficar fora de moda e dos padrões atuais de arquitetura. Foram três anos para tudo ficar ao gosto de J. R e ser finalmente aprovado por ele. A demora também se deu a vários itens de decoração e materiais de construção terem vindo de outros países, como o piso em mármore do meu banheiro, importado.
Toda a casa tinha piso aquecido e cortinas blackout automatizadas. Ao lado do balcão, ficava um móvel considerado um dos mais difíceis de encontrar: balcão transparente, em vidro, com portas e gavetas revestidas em espelho. Tinha um móvel deste em cada banheiro principal da casa, ou seja, três. Não havia sido feito nos banheiros dos quartos de hóspedes. A parte superior dos balcões eram todas espelhadas. O teto contava com lâmpadas claras e minúsculas em led. Sobre o balcão, prateleiras fechadas, também em vidro, imitando caixas, guardavam itens usados no dia a dia.
A decoração, seguindo o estilo de toda a casa, era moderna e minimalista. E pela primeira vez em toda a minha vida, fiquei olhando para mim mesma sem encontrar respostas para as tantas perguntas que passeavam na minha mente, como se analisar o banheiro que eu usava diariamente fosse a coisa mais importante a fazer naquele momento, para não lembrar de Charles, da banda Dreams e daqueles olhos verdes que insistiam em não sair da minha cabeça.
Ouvi uma batida na porta e abri.
- O que você faz... No banheiro? – Mariane arqueou a sobrancelha, curiosa.
- Eu... Vou tomar um banho e dormir.
- Já não deveria estar no chuveiro? – Ela riu.
- Talvez...
- Eu vou para o clube.
- Que clube? – Perguntei, confusa.
- O clube de mulheres que reservei para sua noite, Sabrina.
- Ah, sim... – Lembrei do tal clube que nem cheguei a pisar os pés.
- Tem certeza de que não quer ir?
- Tenho. E não demore muito por lá, Mariane. Sabe que precisa estar linda ao meu lado amanhã.
Mariane me abraçou carinhosamente:- Estarei ao seu lado, não se preocupe.- Obrigada por todo trabalho que você teve para organizar este momento. E me desculpe por não ter sequer chegado até lá.Ela começou a rir:- Tudo bem... Por isso mesmo vou me certificar de que tudo teria saído conforme planejei. O que importa é que você gostou, mesmo ficando no Cálice Efervescente... Não acha este nome estranho?- Sim e não... Estranho, mas não para aquele lugar. – Eu ri.Ela me deu um beijo no rosto:- Vou indo. Durma bem, descanse que amanhã você tem um longo dia.- Hoje, você quer dizer.- Sim... – ela olhou no relógio – Daqui algumas horas você já tem que sair da cama.- Boa festa... E curta bastante.Mariane saiu e eu tirei minha roupa, entrando no chuveiro quente, deixando a água escorrer pelas costas, tentando relaxar.A bebida em excesso me deixava com uma sensação de tontura e ao mesmo tempo bem-estar. Desliguei o registro e sequer pus uma roupa, me jogando na cama king size já arruma
- Bom dia, meu amor.Olhei para meu noivo, Colin Monaghan. Usava terno e a camisa branca por baixo estava com os primeiros botões abertos, mostrando parte do seu peito nu. Os cabelos estavam levemente despenteados, uma mecha caindo sobre a testa.Colin era um homem bonito, inteligente e sexy. Moreno, não muito mais alto do que eu, pele clara, cabelos não muito curtos, que ele mantinha sempre bem penteados. Devido à malhação diária, tinha um belo corpo, especialmente o tórax, bíceps e abdômen, extremamente definidos. Os olhos eram âmbar e tinham um formato estreito e sedutor, finalizados com sobrancelhas grossas e escuras e cílios longos. Ele tinha um nariz bonito, que combinava com o rosto quadrado e os lábios finos. Era um homem que fazia questão de estar sempre bem barbeado.- Ah, Colin... Oi.- Você... Está tudo bem? Aconteceu algo? – A expressão dele pareceu de preocupação.Respirei fundo e tentei dissipar os pensamentos que tentavam dominar minha mente e o abracei com força:- Tu
Pensei em fazer algo diferente, que pudesse deixá-lo mais excitado. Puxei-o pela mão novamente, seguindo até o final do corredor. Abri a porta do quarto dos meus pais e corri para a cama gigantesca, me jogando sobre ela.- O que... Você está fazendo? – ele arqueou a sobrancelha – Este é o quarto dos seus pais.- Exatamente... – abri as pernas e o chamei com meu dedo indicador – Quero fazer sexo na cama dos meus pais, futuro marido.Ele riu:- Isso é brincadeira, não é mesmo? – olhou para os lados, procurando algo que eu não identifiquei o que era – É um teste do seu pai?- Relaxa, Colin. Papai não voltou de viagem. Se preferir, tranco a porta, assim ficamos mais a vontade.- Você só pode estar louca, Sabrina!- Colin, se não fizermos isso hoje nunca mais faremos. É nosso último dia de namorados, noivos ou seja lá o que podemos chamar isso. Vamos fazer um sexo diferente... E arriscado.- Isso é... De uma infantilidade sem tamanho da sua parte.Deitei a cabeça no centro da cama, olhando
Já era quase sete da manhã. Vesti um conjunto confortável de terno e bermuda de linho, de marca renomada com slippers dourados. Precisava descansar meus pés, pois os sapatos que usaria com vestido de noiva embora fossem confortáveis, eram altíssimos.Não usei maquiagem, pois logo faria os procedimentos de limpeza facial.Quando desci para o café da manhã, a mesa já estava posta... Para uma pessoa. Min-ji serviu-me de uma xícara de chocolate quente.- Ninguém vai tomar café da manhã comigo? – Perguntei, só para confirmar o que já estava bem claro.- Sua mãe marcou o “dia de mãe da noiva” para bem cedo, seu pai não chegou ainda da viagem e a sua irmã apareceu quase pela manhã e pediu para não ser acordada em hipótese alguma porque precisava descansar.Suspirei, resignada:
Eu estava a remexer a comida, sem muito apetite, quando a porta de vidro automática se abriu e vi minha mãe, radiante e linda, como sempre, num belo vestido preto e sandálias da mesma cor.Calissa Rockfeller era uma mulher alta, morena, de pele clara e cabelos longos e sedosos. Os olhos eram castanho claros e ela tinha seios fartos e pernas longas. Eu e Mariane nos parecíamos com ela.- Mãe! – Nem cheguei a levantar da cadeira e ela deu-me um beijo na testa, sentando junto de mim, enquanto largava a bolsa pequena, com o enorme logo da marca, sobre a mesa.- Não pensou que eu fosse deixá-la almoçar sozinha no seu último dia de solteira, não é mesmo?- Pensei que sim... – Confessei, sorrindo feliz com a presença dela.Não demorou nem cinco minutos e foi trazido um prato para ela e a mesa foi reposta para duas pessoas. Ela logo serviu-se, elogiando a
Do Spa para noivas fui levada de volta para minha casa. Assim que entrei na sala principal, meus pais estavam esperando, já prontos.Calissa Rockfeller usava um vestido longo vermelho, com uma fenda que mostrava boa parte de suas longas pernas perfeitas. Era justo e com um decote profundo. Os cabelos escuros estavam com as laterais presas, dando um ar absolutamente requintado. Eu não esperava menos da minha mãe. Ela sempre brilhava por onde passava, dando um show de elegância e perfeição.Meu pai, por sua vez, também estava muito bem no terno azul escuro, quase preto. Jordan Rockfeller, mais conhecido por todos como J.R, estava sempre elegante. Terno era sua roupa do dia a dia, embora nem sempre fizesse uso da gravata. Ele era um homem claro, com cabelos castanhos que já ganhavam muitos fios brancos, que ele fazia questão de exibir. J.R era dez anos mais velho que minha mãe. Ainda assim a diferen&cced
No meu caso, não houve espera. Meu casamento foi planejado em dezoito meses. E embora eu soubesse todos os detalhes desde a cerimônia na igreja até a recepção e lua de mel, foram minha mãe e sogra que organizaram tudo minuciosamente. Minhas escolhas foram entre branco ou amarelo para as flores. Noriah Norte ou Sul para a lua de mel. Jantar com frutos do mar ou contratar o requintado buffet de Noah Collins. E eu não podia reclamar, afinal, me deixaram ficar com o sapato rosa que eu quis. E aceitaram praia na lua de mel, já que eu era louca pelo mar. E o vestido de noiva ninguém tocou o dedo, embora teve muita opinião e crítica. Mas nisso eu não deixei elas intervirem. Afinal, só se casava uma vez na vida.Desde sempre, os Monaghan tanto quanto os Rockfeller foram favoráveis ao casamento entre mim e Colin. Nem a minha pouca idade quando me apaixonei por ele fizeram meu pai ficar bra
Assim que cheguei na porta da igreja, as madrinhas foram entrando na ordem do ensaio, uma a uma. Mariane era a última da fila. Quando chegou a vez dela, minha irmã me encarou, incerta sobre o que fazer. - Entre, minha irmã! – Falei, tentando dar um sorriso. A parte boa de chorar de tristeza e raiva durante uma cerimônia de casamento é que todos achavam que as lágrimas eram de emoção e felicidade. Mariane tomou seu lugar e entrou por último, seguindo pelo corredor com um belo tapete vermelho, que aguardava meus pés envoltos num lindo sapato rosa pink. Meu pai deu-me seu braço, no qual segurei com minha mãe direita, aflita. O buquê tremulava na minha outra mão. O antes emocionante e agora irônico som da orquestra municipal tocando e cantando “Ave Maria” iniciou assim que eu e J.R passamos pela porta principal. A igreja catedral estava decorada lindamente, se é que precisava de flores para enfeitar um local que já era belo