Das bandas e cantores famosos que tinham em Noriah Norte e também os mundialmente conhecidos, mais da metade deles pertenciam à gravadora do meu pai, a J.R. Music.
Depois de uma hora de música, a banda finalmente despediu-se do público. Fiquei ali, parada, no meio das pessoas, esperando Charles descer. E eu nem sabia ao certo o que diria para ele.
Observei as mulheres o cercarem, pedindo fotos com ele e elogiando sua performance. Quando nossos olhos se encontraram, um calafrio percorreu minha barriga, jamais sentido antes, como se tudo dentro de mim queimasse como fogo.
Charles era onze anos mais velho do que eu. Meu noivo era cinco. Fiquei curiosa sobre a experiência de dormir com um homem de quase trinta anos. Ele tinha jeito de ser bom de cama.
Olhei no relógio e já era uma e meia da manhã. Não sei quanto tempo ele ficaria rodeado pelas mulheres histéricas. E eu não podia esperar. Aliás, eu nem deveria estar ali, sozinha, no meio da pista de dança, esperando pelo próximo passo dele. Eu era uma jovem noiva, com um casamento planejado por anos, que aconteceria dentro de algumas horas.
Respirei fundo e virei as costas, me dando conta de quem eu era: Sabrina Rockfeller. Eu não era o “bebê” ou a “garotinha” dele.
Quando estava saindo da pista de dança, senti alguém me puxar. Desequilibrei-me e quase caí, chocando o corpo contra o dele. Nossos olhos se encontraram e ficamos um tempo assim, segundos que pareceram horas. Meu coração parecia querer deixar o peito e juro que consegui ouvir claramente as batidas do dele, tão intensas quanto as minhas.
- Onde pensa que vai? – Ele perguntou, sem me soltar.
- Eu... Vou embora.
- Pensou em ir embora sem se despedir? – Senti a mão quente nas minhas costas.
Antes que eu traísse meu noivo e corresse o risco de não chegar em casa naquela noite, me afastei rapidamente, mesmo a contragosto.
- Bem... Acho que é aqui que nos despedimos, vocalista da banda Dreams, guitarrista e barman nas horas vagas.
- Mariane já está no carro. Tay já foi também. Estão esperando por você. – Dill avisou, parando ao meu lado.
- Eu... Estou indo. – Garanti, implorando com os olhos que ela se fosse e deixasse eu me despedir.
- Nos encontramos lá... – Dill pareceu entender e se foi.
- Então... Acho que não vamos nos ver novamente, não é mesmo? – A pergunta era quase uma afirmação.
Confirmei com um aceno de cabeça.
- Ou, se nos vermos de novo, você será uma mulher casada.
- Certamente. – Garanti.
- Foi um prazer... Sabrina. – Charles pegou minha mão e beijou o dorso dela.
Eu sorri:
- Invista na sua carreira de cantor. Você tem mais talento para vocalista do que para barman.
- Jura? Mas fui um bom barman ao lhe indicar tequila.
- Aquilo era horrível. Só bebi para não lhe fazer desfeita.
- Confesso que tentei embriagá-la. – Ele disse.
Olhei nos seus olhos, não tendo certeza se era verdade ou brincadeira.
- Eu preciso ir.
- Não quer saber por que eu quis deixá-la bêbada? – Fixou os olhos nos meus.
- Eu... Acho que não.
Ele sorriu e meneou a cabeça:
- Posso pedir um beijo de despedida?
- Sim... – Senti meu coração acelerar e dei um beijo no rosto dele, sentindo imediatamente o perfume masculino barato tomar conta de todo meu ser.
Eu pagaria qualquer coisa por aquele perfume como lembrança. Mas não sabia qual era... Não reconhecia pelo aroma.
- Você cheira bem... – Ele observou.
- Você... – eu diria “também”, mas seria visível o quanto eu estava confusa e interessada nele – Adeus.
- Sabrina, quando eu disse que queria um beijo, não pedi no rosto. – Ele pegou minha mão, puxando-me de encontro a ele, fazendo com que o encarasse, tão próximo que sentia seu corpo.
Juro que pude sentir o gosto da boca dele na minha, mesmo sem beijá-lo. Imaginava suas mãos tocando-me e a barba roçar na minha pele. Mas...
- Eu não posso, Charles. – Me afastei, olhando para baixo.
Ele levantou meu queixo e fez-me encará-lo:
- Me diga que eu não mexi com nada dentro de você e paro de importuná-la.
- Charles, eu amo meu noivo. E sou uma mulher fiel. Não posso fazer isso. Iria contra meus princípios, valores e tudo que acredito sobre amor, fidelidade e compromisso.
- Eu não acredito nesta porra de fidelidade, valores, amor e compromisso.
- Mas eu acredito.
- Isso não existe.
- Não concordo. Eu... Eu preciso ir.
- Sabrina, você vem ou não vem? – Tefy perguntou, se aproximando.
- Estou indo... – Aceitei o braço que ela me oferecia.
- Tchau... – Ele deu um meio sorriso, parecendo um pouco decepcionado.
- Tchau...Boa sorte com a Dreams.
- Boa sorte com seu casamento. – Ele levantou a mão para o alto e virou as costas, sumindo entre as pessoas.
Conforme nos aproximávamos da porta de saída e a música ia ficando mais baixa, Tefy questionou:
- Deu o beijo nele?
- Claro que não.
Ela começou a rir:
- Não acredito que perdeu a oportunidade. Ele era lindo... Muito lindo. Parecia ter pegada... E que pegada.
- Como pode falar isso? E Colin?
- Para isso são feitas despedidas de solteiro... Se divertir na sua última noite como uma mulher não-casada.
- Me diverti... Mas não preciso trair meu noivo para isso.
- Se me disser que não ficou interessada no cantor, sei que é mentira. Seus olhos brilhavam enquanto olhava para ele.
- Não me interessei. – Menti.
Estávamos em dois carros. Mariane com o dela e Dill no seu. Entrei no lado do carona, vendo minha irmã recostada no banco, o volante de couro preto entre os dedos, as unhas postiças vermelhas balançando ansiosamente:
- Achei que não voltaria nunca mais do “Cálice Efervescente” – Debochou.
- Efervescente... Muito Efervescente... Senhor, que lugar de homens bonitos. E o que era aquele vocalista da banda? – Tefy falou – Ele ficou interessado em Sabrina.
- Ficou mesmo... E acho que todos do lugar perceberam. – Tay observou.
Mariane deu a partida no carro:
- Lugar horrível. Não cheguei a ver o vocalista, mas ouvi sua voz. Não cantava mal.
- Acho que poderiam indicar a banda Dreams para o seu pai. – Tefy sugeriu.
- Papai não pegaria uma banda que toca no “Cálice Efervescente”, meninas. – Mariane garantiu.
- Perde a oportunidade... Ele tocava e cantava bem... Muito bem. – Admiti.
- O estilo dele era brega. Mas nada que um banho de loja, um bom corte de cabelo e um perfume importado não resolvesse. – Tay começou a rir.
- Gostei dele do jeito que era... Eu não mudaria nada, nem o estilo, nem a voz, nem um acorde sequer da guitarra. – Falei.
- Espere seu noivo ouvir isso. – Mariane falou.
Meu celular tocou. Retirei da clutch e vi o nome de Colin.
- Oi, meu amor. Como está?- Estou bem. Voltando para casa.- Já?- Não me diga que ainda está na rua, seu safadinho. – Brinquei.Ouvi a risada dele do outro lado da linha:- Na verdade, estávamos na casa do Sandro. Agora decidimos ir para a Babilônia.- Babilônia? – minha voz se alterou – Vai ver mulheres nuas dançando?- Querida, você sabe que elas não estão nuas. E não vou pelas garotas... Mas pelas bebidas. - Bebidas tem em todos os lugares, Colin.- Sabemos que há bebidas que só existe lá. Não curto muito beber outra coisa além de uísque, mas os rapazes querem fazer algo diferente. Mas se preferir, posso desistir. Sem problemas. Você que manda em mim e sabe muito bem disso.Comecei a rir:- Mando?- No meu corpo, no meu coração e na minha alma. Respirei fundo e falei:- Pode ir, Colin. Eu estava brincando. Se divirta.- E você está indo tão cedo embora... Não estava boa a sua festa?- Estava... Muito boa. Mas amanhã preciso estar pronta às nove horas para o Day Spa.- Para fica
Mariane me abraçou carinhosamente:- Estarei ao seu lado, não se preocupe.- Obrigada por todo trabalho que você teve para organizar este momento. E me desculpe por não ter sequer chegado até lá.Ela começou a rir:- Tudo bem... Por isso mesmo vou me certificar de que tudo teria saído conforme planejei. O que importa é que você gostou, mesmo ficando no Cálice Efervescente... Não acha este nome estranho?- Sim e não... Estranho, mas não para aquele lugar. – Eu ri.Ela me deu um beijo no rosto:- Vou indo. Durma bem, descanse que amanhã você tem um longo dia.- Hoje, você quer dizer.- Sim... – ela olhou no relógio – Daqui algumas horas você já tem que sair da cama.- Boa festa... E curta bastante.Mariane saiu e eu tirei minha roupa, entrando no chuveiro quente, deixando a água escorrer pelas costas, tentando relaxar.A bebida em excesso me deixava com uma sensação de tontura e ao mesmo tempo bem-estar. Desliguei o registro e sequer pus uma roupa, me jogando na cama king size já arruma
- Bom dia, meu amor.Olhei para meu noivo, Colin Monaghan. Usava terno e a camisa branca por baixo estava com os primeiros botões abertos, mostrando parte do seu peito nu. Os cabelos estavam levemente despenteados, uma mecha caindo sobre a testa.Colin era um homem bonito, inteligente e sexy. Moreno, não muito mais alto do que eu, pele clara, cabelos não muito curtos, que ele mantinha sempre bem penteados. Devido à malhação diária, tinha um belo corpo, especialmente o tórax, bíceps e abdômen, extremamente definidos. Os olhos eram âmbar e tinham um formato estreito e sedutor, finalizados com sobrancelhas grossas e escuras e cílios longos. Ele tinha um nariz bonito, que combinava com o rosto quadrado e os lábios finos. Era um homem que fazia questão de estar sempre bem barbeado.- Ah, Colin... Oi.- Você... Está tudo bem? Aconteceu algo? – A expressão dele pareceu de preocupação.Respirei fundo e tentei dissipar os pensamentos que tentavam dominar minha mente e o abracei com força:- Tu
Pensei em fazer algo diferente, que pudesse deixá-lo mais excitado. Puxei-o pela mão novamente, seguindo até o final do corredor. Abri a porta do quarto dos meus pais e corri para a cama gigantesca, me jogando sobre ela.- O que... Você está fazendo? – ele arqueou a sobrancelha – Este é o quarto dos seus pais.- Exatamente... – abri as pernas e o chamei com meu dedo indicador – Quero fazer sexo na cama dos meus pais, futuro marido.Ele riu:- Isso é brincadeira, não é mesmo? – olhou para os lados, procurando algo que eu não identifiquei o que era – É um teste do seu pai?- Relaxa, Colin. Papai não voltou de viagem. Se preferir, tranco a porta, assim ficamos mais a vontade.- Você só pode estar louca, Sabrina!- Colin, se não fizermos isso hoje nunca mais faremos. É nosso último dia de namorados, noivos ou seja lá o que podemos chamar isso. Vamos fazer um sexo diferente... E arriscado.- Isso é... De uma infantilidade sem tamanho da sua parte.Deitei a cabeça no centro da cama, olhando
Já era quase sete da manhã. Vesti um conjunto confortável de terno e bermuda de linho, de marca renomada com slippers dourados. Precisava descansar meus pés, pois os sapatos que usaria com vestido de noiva embora fossem confortáveis, eram altíssimos.Não usei maquiagem, pois logo faria os procedimentos de limpeza facial.Quando desci para o café da manhã, a mesa já estava posta... Para uma pessoa. Min-ji serviu-me de uma xícara de chocolate quente.- Ninguém vai tomar café da manhã comigo? – Perguntei, só para confirmar o que já estava bem claro.- Sua mãe marcou o “dia de mãe da noiva” para bem cedo, seu pai não chegou ainda da viagem e a sua irmã apareceu quase pela manhã e pediu para não ser acordada em hipótese alguma porque precisava descansar.Suspirei, resignada:
Eu estava a remexer a comida, sem muito apetite, quando a porta de vidro automática se abriu e vi minha mãe, radiante e linda, como sempre, num belo vestido preto e sandálias da mesma cor.Calissa Rockfeller era uma mulher alta, morena, de pele clara e cabelos longos e sedosos. Os olhos eram castanho claros e ela tinha seios fartos e pernas longas. Eu e Mariane nos parecíamos com ela.- Mãe! – Nem cheguei a levantar da cadeira e ela deu-me um beijo na testa, sentando junto de mim, enquanto largava a bolsa pequena, com o enorme logo da marca, sobre a mesa.- Não pensou que eu fosse deixá-la almoçar sozinha no seu último dia de solteira, não é mesmo?- Pensei que sim... – Confessei, sorrindo feliz com a presença dela.Não demorou nem cinco minutos e foi trazido um prato para ela e a mesa foi reposta para duas pessoas. Ela logo serviu-se, elogiando a
Do Spa para noivas fui levada de volta para minha casa. Assim que entrei na sala principal, meus pais estavam esperando, já prontos.Calissa Rockfeller usava um vestido longo vermelho, com uma fenda que mostrava boa parte de suas longas pernas perfeitas. Era justo e com um decote profundo. Os cabelos escuros estavam com as laterais presas, dando um ar absolutamente requintado. Eu não esperava menos da minha mãe. Ela sempre brilhava por onde passava, dando um show de elegância e perfeição.Meu pai, por sua vez, também estava muito bem no terno azul escuro, quase preto. Jordan Rockfeller, mais conhecido por todos como J.R, estava sempre elegante. Terno era sua roupa do dia a dia, embora nem sempre fizesse uso da gravata. Ele era um homem claro, com cabelos castanhos que já ganhavam muitos fios brancos, que ele fazia questão de exibir. J.R era dez anos mais velho que minha mãe. Ainda assim a diferen&cced
No meu caso, não houve espera. Meu casamento foi planejado em dezoito meses. E embora eu soubesse todos os detalhes desde a cerimônia na igreja até a recepção e lua de mel, foram minha mãe e sogra que organizaram tudo minuciosamente. Minhas escolhas foram entre branco ou amarelo para as flores. Noriah Norte ou Sul para a lua de mel. Jantar com frutos do mar ou contratar o requintado buffet de Noah Collins. E eu não podia reclamar, afinal, me deixaram ficar com o sapato rosa que eu quis. E aceitaram praia na lua de mel, já que eu era louca pelo mar. E o vestido de noiva ninguém tocou o dedo, embora teve muita opinião e crítica. Mas nisso eu não deixei elas intervirem. Afinal, só se casava uma vez na vida.Desde sempre, os Monaghan tanto quanto os Rockfeller foram favoráveis ao casamento entre mim e Colin. Nem a minha pouca idade quando me apaixonei por ele fizeram meu pai ficar bra