Minha filha não era uma mentirosa. Nunca foi.
Eu ri:
- Ela não mentiu. É filha de Charlie B., ou melhor, Charles. Porque este é o nome verdadeiro dele. Ela também é neta de J.R Rockfeller, herdeira da J.R Recording. Mas isso eu ainda não lhe contei. Ela saberá no Natal, quando nos reunirmos com o pai e o restante da família. – Menti para mim mesma.
A professora ficou me olhando, a face ruborizada. Só não tenho certeza se ela estava daquele jeito porque ficou envergonhada de não ter acreditado em Melody ou porque achava que eu era tão mentirosa quanto minha filha.
- Eu... Sinto muito. Achei que ela... Estivesse tentando impressionar os colegas.
- Bem sabemos que Melody não precisa mentir para impressionar... Por si só ela já é uma criança que impressiona a todos.
- Sim... É verdade.
Olhei no rel&oac
- ... E eu gostaria de em nome de todos, agradecer a professora Sabrina por toda dedicação e preocupação que teve conosco, se importando não só com nossa aprendizagem, mas também com o nosso futuro longe da Escola Progresso, quando organizou uma aula falando sobre como era a vida de um estudante Universitário, trazendo inclusive um aluno da Faculdade para nos falar sobre sua rotina e aprendizagens fora do Ensino Médio. Professora, você foi importante para nós. E ficará guardada dentro dos nossos corações... Sem dúvida. – Ele fez um coraçãozinho com os dedos na minha direção, causando-me certa timidez.Fiquei inquieta na cadeira quando ouvi as palmas e olhares na minha direção. O garoto poderia ter me deixado fora de seu discurso. Mas não, ele não conseguia me deixar fora da sua vida, um minuto sequer.N&at
- Estão falando como se Guilherme fosse um mocinho virgem – me irritei – Meu erro foi ter deixado ele fazer o que fez comigo na sala de aula, dentro da escola. Mas seu filho não é nenhum santo... Ele é culpado – olhei na direção de Guilherme – Assim como eu. Ambos fizemos errado.- Não é culpa dela... Nunca foi. Eu sempre fui atrás... Encontrei até mesmo a filha dela para me aproximar.- Como assim? – o olhei – Achei... Que tinha sido coincidência...- Ele é só um garoto. – Kelly argumentou.- Um garoto de 18 anos. Guilherme não é criança. – Reiterei.- Não vamos ter esta conversa aqui, Sabrina, definitivamente – Guilherme disse – E nem em outro lugar. Porque não devo satisfações sobre o que faço ou com quem me envolvo – ele olhou para as duas, mãe e avó.- Gui... – Rachel se aproximou.- Fique longe de mim – ele gritou – Você é uma maníaca, uma maluca, doente... Eu não aguento mais suas perseguições. Tem noção do que fez? Destruiu a vida de Sabrina. Nunca vou perdoá-la. Jamais vou se
- Sabrina?- Oi, Min-ji. Poderia pedir para minha mãe me ligar, por favor?- Claro, menina! Imediatamente.Encerrei a chamada e ele perguntou:- Vai fazer o que?- Recomeçar do zero de novo. Sou boa nisso.- Como assim?- Vender a casa que comprei aqui... Pedir minha herança judicialmente, antes que a destruam... Fazer um doutorado e dar aulas na faculdade.Ele riu:- Bom que você planeja seu futuro em segundos... Simples assim.- Tudo isso em Noriah Norte. Precisamos partir, Gui. Tenho umas vinganças pendentes.- Jura?- E umas ideias loucas na cabeça.- Tipo?- Meu pai vai se apaixonar por Melody. Porque minha filha é simplesmente a coisa mais incrível do mundo todo. Eles vão lamber o chão que minha pequena pisar. E quando estiverem dependentes dela, partiremos. E eu vou usar Colin para entrar com uma ação pedindo minha herança, o que é meu por direito. Meu pai vai ficar acabado, destruído, duplamente. E adivinha? Não permitirei que vejam meu docinho... Porque ela é minha, só minha.
Melody estava ansiosa e ainda mais falante. Nunca havia andado de avião na vida.Sentei-me ao lado dela. Guilherme e Yuna ocuparam os assentos à nossa frente.Assim que o avião decolou, senti um mal-estar imediato e uma leve tontura. E aquilo me deixou extremamente preocupada.- Tudo bem com você? – Yuna perguntou.- Sim... – Falei, fingindo que sim.- Você parece preocupada. – Guilherme disse.- São cinco anos longe... Esperavam o que?- Não se preocupe, mamãe. Eles vão amar você. – Melody pegou minha mão.A comissária de bordo veio até nós, enquanto ainda nos divertíamos com Melody.- Desejam algo para comer ou beber?- Não... A viagem é curta. – Yuna falou.- Eu quero cupcakes com confeitos... E você tem chocolate quente? – Melody perguntou, com os
- Ok, não se preocupe – falei com minha imagem no espelho – Cólica talvez seja um bom sinal... Que você vai menstruar. É só aguardar. Vai descer e tudo se resolverá... Foque na volta para os Rockfeller... Só isso.Ouvi uma batida na porta, do lado de fora, e temi que fosse Gui, tentando transar no banheiro. Eu não faria aquilo. Minha filha estava ali, praticamente junto de nós. E eu não transaria com ele a primeira vez numa pequena cabine de banheiro de avião.Abri a porta e vi Yuna.- Agora você fala sozinha? – Ela arqueou a sobrancelha.Puxei-a para dentro e fechei a porta:- Preciso lhe dizer uma coisa.- Pela sua cara... Não é bom. Parece apavorada. E eu entendo... Medy está sendo bem cruel com Guilherme.- E o que você achou disso tudo?- Sinceramente? Acho que era hora de virar a página do
- Eu não achei que isso fizesse diferença para você. – Olhei-o, confusa com a atitude dele.- Este é o filho da puta que fez o que fez com você?- Gui... Não pode falar palavrões... Tem crianças aqui. – Melody arqueou a sobrancelha, chamando a atenção dele.- Me perdoe, princesa. Mas este homem merece todos os palavrões do mundo.- Gui, chega! – Falei em tom de voz alto.O helicóptero se foi, nos dando um pouco tranquilidade e silêncio. Respirei fundo e segui na direção da minha antiga família, se é que se podia definir assim.Assim que fiquei há passos do meu pai, ele retirou os óculos escuros e consegui ver seus olhos. E não pude definir o que havia neles. Os anos não foram muito bondosos com sua aparência. Havia envelhecido consideravelmente, como se tivesse passado dez e n
- Sim... Então imagina um Playground... – Lamentei. - Infelizmente é tudo parte do que ela é... – Yuna mostrou-se atenta à conversa – Não acredito muito em mudanças repentinas no caráter das pessoas, mas acredito que crianças mudam o mundo... E as pessoas que estão nele. - Ele fez coisas horríveis no passado... E não foi só para mim. Medy já existia. – Observei.- Sabrina, você pode planejar mil coisas na sua cabeça, mas não pode incluir Medy nisto. Ela é só uma criança. Tirar ela dele, ok, mas lembre-se que estará também tirando o avô dela. – Yuna disse seriamente, andando mais rápido, alcançando Calissa, J.R e Melody.- Pelo visto Yuna acha que você deve perdoar. – Guilherme disse.- Yuna não decide a minha vida. E ela se preocupa com Melody.- Que bom que pensa assim. Este homem merece pagar por todo seu sofrimento no passado. - E pagará. Não sou vingativa a ponto de querer o mal dele, mas exijo que ele sofra o que eu sofri. Isso me basta.Guilherme gargalhou:- Isso não é quere
Eu não acreditava no que estava acontecendo. Como assim Sabrina estava ali? E Guilherme... Junto dos Rockfeller.Olhei para a menina, que repetiu “pai” quase junto com Guilherme. Caralho! Foram três “pais” ao mesmo tempo... Sendo que eu só tinha um filho.- Vamos entrar... Não podemos ficar aqui... Está chegando uma forte tempestade... – Calissa pegou a menina no colo, entrando primeiro.Mariane pegou minha mão, mas não consegui entrelaçar meus dedos nos dela. Fiquei completamente sem ação, como se algo me impedisse de tocá-la. E não consegui me mover.- O que você está fazendo aqui? – Perguntei a Guilherme.- O que “você” está fazendo aqui? – Ele refez a pergunta.- Entrem todos... Agora! – J.R falou em tom de voz alto.Sim, não fazia sentido ficarmos ali, tent