Alexia aperta o pequeno chaveiro na mão e o leva em contato com seu peito. Ali, sozinha, encostada no espelho do elevador, ela deixa a emoção tomar conta. Seus olhos ardiam pelas lágrimas que caíam uma atrás da outra. Por alguns segundos, ela os mantém fechados. Sua memória a transporta para anos atrás. Aquele chaveiro, para ela, é muito mais do que isso...
Quando pequena, Alexia gostava de brincar sempre no quarto do pai, Mael. Entre tantas jóias e relógios valiosos, ele tinha um chaveiro com as iniciais M e A. Ele o carregava por todo lugar, nunca o deixava para trás. Mael sempre deixava claro que o valor das coisas não está em quanto custa, e sim no sentimento que está por trás delas. Ela nunca entendeu o que tinha de tão importante nele, só anos depois da sua morte, ela descobriu que eram as iniciais do seu nome com o dele. Mael mandou fazer assim que a paternidade foi confirmada. Ao ver o chaveiro que sua amiga fez com tanto carinho e tanta delicadeza nos detalhes, ela sente uma saudade imensa do seu amado pai.— O que é isso, Alexia? Se recomponha. — Chamando sua própria atenção, ela se olha no espelho. — Nossa, filho, você está me deixando uma manteiga derretida.Indo em direção do mesmo prédio, está Benício, um homem incrívelmente lindo e um tanto sedutor, acompanhados de 1,88m de altura, pele clara, cabelo bem cortado e um perfume que não será esquecido tão facilmente. Ele está falando no telefone com Vanusa, sua mãe e na outra mão segura um copo de café.— Mãe, amanhã de manhã chego na cidade, vou estar levando minha noiva, então prepare o quarto por favor.— Noiva?— Ela fala surpresa.— Desde quando você tem uma noiva, Benício?— Mãe, não começa, estou levando ela para conhecer, não estou?— Nossa filho, esperava mais de você.— Vanusa fala um pouco triste.Benício foi embora estudar em Barcelona quando tinha 19 anos, hoje com 27 voltará pela primeira vez na terra natal.— Desculpa mãe, eu sei que errei em não voltar, eu estava tentando mudar nossa vida, agora depois de tantos anos, parece que vai dar certo...Alexia sai do consultório já calma, como se nada tivesse acontecido, e desce os inúmeros degraus, caminhando lentamente, pois seus enormes saltos estavam machucando os seus pés. Ela vai em direção ao seu carro, mas ao olhar para o chão, acaba esbarrando em alguém.— Caramba! É cego que não olha por onde anda! — Ela fala irritada, vendo que o café do belo rapaz foi parar todo no seu sobretudo branco.— Desculpa, mas você também não estava prestando muita atenção, nem percebeu que foi você que esbarrou em mim. — Ele fala pegando o celular que havia caido no chão. Ela para de tentar limpar a mancha quando seu olhar se encontra com o desconhecido que estragou seu humor, mas não consegue deixar de reparar que são os olhos azuis mais penetrantes que ela já viu, ele faz o mesmo como se tivesse hipnotizado, não consegue parar de admira-lo. Alexia ignora os olhares que ele lançou sobre ela, fechando a cara, fazendo ele rir. — Nossa, que brava. Chegou a me dar medo.— Nossa o que? Não importa. — Mal prestando atenção no que ele falou, Alexia volta a si, sai sem se desculpar ou esperar pelo pedido de desculpa, apressando seus passos quando avista seu amigo ameaçando ir ao encontro deles, rindo da situação, pois ele sabe o quanto a irrita as coisas saírem fora do seu controle. Ela se aproxima dele e seu sorriso se alarga. Alexia revira os olhos, irritada por ele estar se divertindo à sua custa.— Matheo? Ainda aqui? Já disse que pode ir descansar. — Ela fala encarando ele encostado no seu carro.— Você sabe que eu gosto de cuidar de você. Parece que terá que trocar de roupa, o bonitão lá fez um estrago.— Sim! E para de rir, vou no apartamento do Lucas, é aqui perto mesmo. Tenho algumas roupas lá! E não preciso que cuidem de mim, se não percebeu, já não sou mais uma criança, mas agradeço sua preocupação. Vai para casa, a Ana também precisa do namorado dela do lado. — Ela j**a a chave do outro carro e ele pega. — Aproveita para comprar um buquê de flores para ela, tenho certeza de que ainda não lembrou que hoje é seu aniversário de namoro, que pra mim já é quase um casamento.— Minha nossa, como pude esquecer?— Ele leva a mão na cabeça e coloca os dedos entre os longos fios de cabelo.— Se ela descobrir que eu esqueci, sou um homem morto.— E com razão, acho bom comprar chocolates também, e espero de coração que não fique só nisso.— Alexia fala séria, mas com um leve sorriso nos lábios, balançando a cabeça em negação, pois todo ano ele esquece.— Tem certeza de que não vai precisar dos meus serviços? Posso inventar uma desculpa.— Certeza absoluta! E isso não é um pedido, é uma ordem. Não quero ver reclamações da Ana mais um ano!— Se seu pai estivesse aqui, ele cortaria minha cabeça por aceitar ir embora.— Alexia olha para ele com o olhar vazio. Matheo, ao perceber o que falou, fica nervoso, pois sabe que falar no Mael é um assunto delicado para ela.— Desculpa, eu...— Tudo bem, Matheo! Vai aproveitar seu dia.— Ela entra no carro e deixa ele ali se xingando mentalmente. Logo vai em direção ao estacionamento que ela tem no prédio da frente e pega um dos carros.Colocando uma música, Alexia dirige cantarolando. Ela passa a mão na barriga, confusa e ao mesmo tempo tão feliz. Feliz, pois está entrando no 8º mês de gravidez, e seu bebê está forte e saudável. Porém, confusa, pois toda ultrassonografia mostra um sexo diferente.Ela está esperando seu primeiro filho. Apesar de ter sido uma surpresa engravidar mesmo tomando todos os cuidados, ela se encheu de esperança. Sabendo que não irá cometer os mesmos erros do seu pai, ela espera que seu filho ou filha nasça numa família unida e amorosa.Bom, pelo menos é isso que ela esperava acontecer.Alexia vai para o apartamento onde passa a maior parte do tempo com seu noivo. Ela nunca é anunciada, pois é a dona do prédio em si.No elevador, ela se olha pelo reflexo do espelho. Mesmo estando com 8 meses de gravidez, sua barriga é pequena. Ela tem as curvas muito bem desenhadas. Olhando para suas costas, nunca diriam que ela está grávida, ainda mais faltando tão pouco para dar à luz.Assim que entra no apartamento, ela tira seus cansativos saltos. Sua digital abre facilmente a porta. Ao adentrar o local, ela ouve uns ruídos abafados que, até então, não sabia diferenciar.Ela estranha, já que Lucas deveria estar em uma importante reunião, tanto que não pôde acompanhá-la na consulta do filho.Caminhando em passos lentos e silenciosos, ela chega até o quarto. O que não era reconhecido segundos atrás agora passou a ser claro, os gemidos incessantes do outro lado da porta. Isso a faz pensar em como seu pai agiria. Colocando uma das mãos na parede e com a cabeça baixa, ela tenta se controlar.— Mas que palhaçada é essa... — ela sussurra quase inaudível, suspirando fundo e regularizando sua respiração, que está acelerada.— Duvido a senhora arrogante fazer isso. — um gemido alto de Lucas faz com que Alexia se sinta enojada. — Não sei como consegue ficar com ela. Alexia não tem vida, não tem reação, parece um robô sem brilho. — A voz feminina, que até então era desconhecida, passa a ser clara. Tratava-se da única pessoa que conhecia os pontos fracos de Alexia. — Bem que você diz, ela só presta para pagar seus luxos, e os meus.— ela ri.— mas é uma otária mesmo.— Cala a boca e rebola gostoso... não me faz bater nesse seu rosto lindo.— B**e... você sabe que amo apanhar...Pensando em acabar com o show, ela age friamente e decide recuar, caminhando silenciosamente até a grande poltrona. Ela senta e fica ali, olhando para a linda vista que aquele local tem. Ela fecha os olhos por uns segundos e imagina tudo que já viveu. Sem perceber seus pensamentos criam a imagem de um homem, ela vê com perfeição o lindo sorriso do desconhecido que esbarrou nela.— Idiota! — ela o xinga baixinho e logo espanta a visão daquele sorriso.Longos minutos depois, ela já estava a ponto de arrombar aquela porta e matar os dois. Porém, se controla. Lucas e Dominique saem sorridentes do quarto, ambos suados. Ela está somente vestida com uma camisa branca de botões, presente que Alexia deu para Lucas, e sua minúscula calcinha. Ele está apenas de cueca branca. Abraçados como um verdadeiro casal apaixonado, ao chegarem na entrada da sala, Alexia vira a poltrona com seu semblante distante e frio. Ela abre um sorriso sem mostrar os dentes, fazendo os dois tremerem ao vê-la ali.Alexia levanta elegantemente, caminhando em passos lentos, com o olhar distante.— Que bom que terminaram! Agora posso fazer isso.— se aproximando de Lucas, ela desfere um forte tapa na cara dele, apesar de mãos pequenas, sua força era bem maior que se podia imaginar.— E você, Dominique? Parece que você não é tão inocente quanto aparenta. — O olhar de Alexia está carregado de indignação e desapontamento. Dominique engole em seco, com medo das consequências de suas ações.— Alexia, por favor, me escuta, foi um erro, eu não queria te magoar. Eu amo você, só você! — Lucas tenta se explicar desesperadamente, mas suas palavras não conseguem acalmar a dor e a raiva que Alexia está sentindo. Se jogando de joelhos no chão ele implora por perdão.Ela os encara por um momento, sem dizer uma palavra. A mágoa e a tristeza estão evidentes em seu rosto, mas ela se mantém forte. Alexia sabe que precisa agir com determinação e firmeza, preservando sua dignidade.— Que cena lamentável. Levante-se e as
Lucas olha intensamente para ela pela última vez, seus olhos encontram os dela, e um instante de arrependimento percorre seu ser. Ele se dá conta do quão grosseiro e idiota foi ao longo do tempo e lamenta profundamente suas atitudes. No entanto, seu remorso é inútil, pois é tarde demais para se desculpar. Antes que Lucas consiga articular uma palavra, ela se afasta com indiferença, ignorando qualquer sinal de tristeza que possa estar sentindo. No hall do hotel, ela caminha com determinação até o balcão e rapidamente entrega suas ordens de despejo. Em seguida, entra em seu carro e liga para seus advogados, pedindo uma reunião de emergência e colocando todos em alerta. Aqueles que a conhecem sabem que qualquer atraso é inaceitável quando ela está com raiva.Ao chegar na empresa, uma sala repleta de pessoas a aguardava, incluindo os Donavan, pais de Lucas, que não faziam ideia do motivo daquela reunião.Horas se passaram, repletas de discussões acaloradas e surpresas. Ela dissolve todas
Alexia desce do carro correndo, sem se importar com o sangue que escorre pelo seu rosto, mas o desespero mesmo foi perceber que atropelou alguém.— Meu Deus. Por favor! Se afastem.— Ela fala autoritária, mas ao mesmo tempo emanando medo em sua voz, espantando os curiosos que estavam em cima dele, dando espaço para ela se aproximar do rapaz caído no chão.— Não se mova!— Ela fala impedindo o belo rapaz de levantar.— Por favor, alguém pode emprestar um telefone ou ligar para emergência?— Diz um pouco nervosa, suas mãos estavam trêmulas além do normal.— Ei, você está bem? Fala comigo. Como se chama?— Sem nem saber o que estava falando, ela faz um monte de perguntas uma atrás da outra.— Ow! Você de novo?— Ele fala lembrando do dia anterior em que esbarrou nela.— Que isso, morri e estou no céu? Acabo de ver um anjo— Ele fala como se estivesse hipnotizado, admirando o belo rosto de Alexia.— Desculpa não me apresentar de pé, acho que estou meio atropelado.— Ele fala rindo, encarando os belos
A mulher do outro lado da linha bufa por ter que ensinar Cleber a fazer o seu trabalho.— Pegue a bolsa com os documentos dela, não deixe vestígio de quem se trata. A idiota foi parar longe, tão previsível. Aí ninguém conhece a senhora arrogante. Será enterrada como desconhecida.— Ok, senhora. Mais alguma coisa?— Não! O dinheiro foi transferido para sua conta. Já pode sumir do mapa. Se eu te ver, tenha certeza de que você será um homem morto. — Com essas palavras, a voz feminina do outro lado desliga o celular.Quando Cleber ameaça ir embora, percebe que Alexia começa a se mexer. Ele pega o celular e liga para a mandante do crime.— Senhora, ela ainda está viva. Nem o diabo quer essa mulher. O que eu faço?— Não se fazem assassinos como antigamente. Termine o serviço, seu inútil! — A voz feminina, alterada, fala do outro lado da linha, desligando com raiva o celular.Quando Cleber vai terminar o que começou, ele ouve barulho de carro se aproximando. Apavorado, ele acelera e se escond
Vanusa olha assustada com o que ela fala.— Como assim? Não sabe quem você é.— Eu... eu não sei, onde estou? Quem são vocês? E por que meu corpo dói tanto? — Alexia pergunta com a voz baixa, quase num sussurro.Vanusa corre para procurar uma enfermeira ou um médico, e logo volta com eles.— A senhora sabe o seu nome? — pergunta o médico que estava de plantão.— Desde que acordei, estão me chamando de Alexia, creio que vocês me conhecem melhor do que eu, pois não me lembro.— Cadê o prontuário da paciente? — João pergunta para a enfermeira, que responde balançando a cabeça em negação. — Desculpe, logo resolvo isso! Pelo que falei com os meninos que estão lá fora, ontem a senhora sofreu um acidente junto com o seu namorado Benício. — Alexia abaixa a cabeça um pouco desconfiada, sem saber se o que estão falando é verdade. — Esses jovens estão desde ontem esperando para lhe ver, se puder, peço para eles entrarem, talvez os conheça. Infelizmente, o médico que te atendeu não atende o telefo
A mãe do Benício a encara por alguns segundos, até que abre um sorriso.— Ah, então você conhece minha nora, talvez possa ajudá-la a se convencer de que é namorada do meu filho. — Vanusa fala animada, sem perceber a arrogância da mulher na sua frente.— Não acredito, amiga? Você perdeu a memória? — Dafne olha-a com soberba e abre um sorriso diabólico. Alexia, sem notar a maldade nos olhos da bela mulher, abaixa a cabeça triste. — Oh, minha querida, vamos te ajudar a lembrar, não se preocupe. Sou sua amiga de infância, sempre contamos tudo uma para a outra.– Ali, Dafne viu a chance de se livrar do Benício sem ter que matá-lo.Dafne Duran é namorada de Benício, ela mora com ele em Barcelona, praticamente têm uma vida de casados. Benício conseguiu recentemente o sonhado negócio que mudaria a vida deles e de suas famílias, então veio para a cidade onde nasceu para dar a notícia do seu noivado. Mesmo morando juntos, ela ficava enrolando ele com essas formalidades. E ele, iludido pelo amor
Após semanas de recuperação, Alexia finalmente estava se sentindo melhor. Vanusa decidiu levá-los de volta para casa, onde Alexia ficaria no quarto com Benício. Um sentimento de gratidão e amor crescia a cada dia dentro do coração de Alexia enquanto ela se dedicava a cuidar de Benício com perfeição. Ela pediu para colocarem uma cama de solteiro no quarto, permitindo que pudesse cuidar de Benício e descansar ao mesmo tempo. Seu corpo não doía mais e a cesariana cicatrizou perfeitamente. Alexia não apenas encontrava forças para cuidar dele, mas também se tornou independente em suas atividades diárias. Ela ajudava na cozinha, aprendeu a cozinhar e se tornou uma grande ajuda para Vanusa nos cuidados com Benício, seguindo tudo o que havia aprendido com as enfermeiras.Cada ato de amor e dedicação de Alexia transcendia em suas ações diárias. Ela aprendeu a fazer a barba de Benício e cortar seu cabelo, depositando todo o seu amor em cada movimento. Parecia que nada no mundo poderia quebrar
Já no antigo mundo da Alexia...Por tempos Matheo iniciou buscas incansáveis para encontrar Alexia mesmo algumas pessoas pedindo para de parar, todos estão ciente de que ele não irá desistir tão fácil, o seu carinho e dedicação por ela é genuíno, como se fosse um dever cuidar dela.Mesmo ele tendo uma situação financeira estável, morando numa ótima casa, tendo uma conta recheada, ele continuou a cuidar dela com seu segurança.Cada dia as pessoas estão especulando coisas, notícias falsas circulam por toda a cidade, muitas ele sentia nojo ao ler, palavras que denegriam a imagem de uma mulher que apesar da arrogância, sempre procurou ajudar quem precisava, ONGs, ações sociais que ela sempre fazia questão de doar boa parte dos lucros das empresas, cada palavra escrita, deixavam Matheo e sua amiga Laila sem chão.— Olha isso, dizem que ela havia fugido com o seu amante, que foi raptada e a mataram, que Alexia havia enlouquecido e dado o seu filho. Essas pessoas só pode ser doentes.— De pun