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C 5. Perdida num lugar desconhecido.

Lucas olha intensamente para ela pela última vez, seus olhos encontram os dela, e um instante de arrependimento percorre seu ser. Ele se dá conta do quão grosseiro e idiota foi ao longo do tempo e lamenta profundamente suas atitudes. No entanto, seu remorso é inútil, pois é tarde demais para se desculpar.

Antes que Lucas consiga articular uma palavra, ela se afasta com indiferença, ignorando qualquer sinal de tristeza que possa estar sentindo. No hall do hotel, ela caminha com determinação até o balcão e rapidamente entrega suas ordens de despejo. Em seguida, entra em seu carro e liga para seus advogados, pedindo uma reunião de emergência e colocando todos em alerta. Aqueles que a conhecem sabem que qualquer atraso é inaceitável quando ela está com raiva.

Ao chegar na empresa, uma sala repleta de pessoas a aguardava, incluindo os Donavan, pais de Lucas, que não faziam ideia do motivo daquela reunião.

Horas se passaram, repletas de discussões acaloradas e surpresas. Ela dissolve todas as parcerias que tinha com a família Scarlet e com os Donavan. Ninguém deixou aquela sala antes de resolverem tudo o que ela desejava. Trabalharam até altas horas da madrugada, mas ninguém se atreveria a reclamar, pois sabiam que seriam recompensados generosamente por seu trabalho árduo e eficiente.

Assim que terminaram, ela faz uma procuração congelando todas as contas da família de Lucas, bloqueando todos os cartões de crédito e cobrando a dívida dos empréstimos que eles fizeram no seu banco. Os deixando somente com um carro que já era deles. Tudo que foi pago com dinheiro dela, ela pegou de volta.

Com o fim incansável dessa reunião, ela pega seu carro e sai dirigindo sem rumo. Após descobrir o tempo que vinha a traição do seu noivo, de quantas mulheres já passaram na cama em que ela dormia, roubos em suas contas, tudo ela descobriu em horas de reunião. Alexia se sentiu usada, como se o único valor que ela tinha era o dinheiro. Ninguém nunca quis conhecer realmente quem ela era, sempre julgaram pelas meias palavras que ela dizia.

Frustrada e com um sentimento horrível, ela vai longe da cidade em que mora. Sem perceber, acaba parando em outro estado que ela não conhecia. Chegando em mais um posto de gasolina para abastecer, ela olha em volta tentando saber onde está. Normalmente, ela não dirige o carro, quem dirige é Matheo. Ele diz que é o seu motorista e segurança. Mas ela saiu com a cabeça tão quente que nem se deu conta de que não avisou ninguém, muito menos de que Matheo não estava com ela.

Já mais calma, ela se encosta no banco e fica pensando em tudo o que aconteceu. Porém, há uma leve preocupação em seu olhar, pois já amanheceu e passa das 11 da manhã. Só agora ela se dá conta de que está completamente perdida.

— Caramba, Alexia, onde você veio parar? — Ela resmunga consigo mesma, para o carro e decide pedir informações para os desconhecidos que passam na rua. Cada pessoa fala um local diferente e, com isso, ela vai se afastando cada vez mais da tal cidade. Ela não faz ideia de onde está.

Alexia dirige mais um pouco, quase perdendo o pouco juízo que lhe resta. Sem dormir, com fome, sede e com raiva por não saber onde está, ela tenta se encontrar novamente no GPS, mas sem sucesso. Pega o celular e percebe que está descarregado. Dirigindo sem rumo, entra numa estrada de terra, matos, árvores e mais mato. Até que enfim chega numa pequena cidade, com poucas construções, como se fosse uma cidade abandonada. Casas simples, apenas um mercado no local, lojas sem muita variedade, uma farmácia pequena que muitas vezes falta até remédios para dor de cabeça.

O que ela não sabia era que estava sendo seguida desde o apartamento do seu noivo, Lucas.

Assim como Mael fez muitos aliados fiéis pelo caminho, ganhou muitos inimigos também. Os mesmos que tentam chegar até Alexia, mas antes de morrer, seu pai deixou muitos olhos sobre ela. E em um único dia que ela sai sozinha, ela se perde.

— Mas é muito azar mesmo, vim parar no fim do mundo. — ela ri sozinha de si mesma. Alexia desce do carro, passa na farmácia e pede para usar o banheiro, compra algumas coisas para comer e beber. Logo antes de entrar no carro, ela pergunta para um pedestre como fazer o retorno. — Senhor! Por favor, pode me dizer como chegar na cidade de Paris? — Ela fala educadamente com o único senhor que lhe deu atenção.

— Minha jovem, você está longe de casa...

— Que cidade é essa?

— La Rochelle.

— Minha nossa, como faço para retornar?

Ele explica com cautela, e ela se pergunta como foi que chegou tão longe e como nunca ouviu falar desse lugar. Entrando no carro, ela pega a barra de chocolate, dá uma generosa mordida e sorri com as lembranças que isso lhe traz.

— Eu sabia que você queria. — ela sorri ainda mais ao passar a mão na barriga, sentindo seu bebê se mexer. — Quando vai se mostrar para mim? A mamãe tem tantos planos para suas roupinhas, seu quarto está tão branco. — Ela suspira pesadamente, lembrando que o pai do seu bebê a traiu com uma das pessoas em quem ela mais confiava. — Seu pai é um idiota, mas não se preocupe, vou tentar ser uma boa mãe. Não vou mentir, às vezes irei errar com você, até mesmo chamar a sua atenção, mas prometo que você nunca se sentirá sozinho, pois me terá sempre por perto, protegendo e amando você a cada segundo da minha vida.

Mais uma vez, ela se pega sorrindo, pois seu filho respondeu dando leves chutinhos. Terminando de comer, ela toma um longo gole de água e, logo em seguida, parte no carro. Alexia abaixa a janela e fecha os olhos por segundos, sentindo o vento em seu rosto. Com o carro em movimento, ela desvia o olhar para colocar uma música e não vê que havia um homem atravessando naquele momento. Só se dá conta do que aconteceu quando se assusta com uma forte batida no capô. Ela freia com tudo e seu corpo é jogado para frente. Por sorte, ela estava com cinto de segurança, evitando machucar ela e seu bebê. Apenas a testa teve um pequeno corte, pois, por algum motivo que ela não entende, o freio demorou para pegar.

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