C 6. Você de novo?

Alexia desce do carro correndo, sem se importar com o sangue que escorre pelo seu rosto, mas o desespero mesmo foi perceber que atropelou alguém.

— Meu Deus. Por favor! Se afastem.— Ela fala autoritária, mas ao mesmo tempo emanando medo em sua voz, espantando os curiosos que estavam em cima dele, dando espaço para ela se aproximar do rapaz caído no chão.— Não se mova!— Ela fala impedindo o belo rapaz de levantar.— Por favor, alguém pode emprestar um telefone ou ligar para emergência?— Diz um pouco nervosa, suas mãos estavam trêmulas além do normal.— Ei, você está bem? Fala comigo. Como se chama?— Sem nem saber o que estava falando, ela faz um monte de perguntas uma atrás da outra.

— Ow! Você de novo?— Ele fala lembrando do dia anterior em que esbarrou nela.— Que isso, morri e estou no céu? Acabo de ver um anjo— Ele fala como se estivesse hipnotizado, admirando o belo rosto de Alexia.— Desculpa não me apresentar de pé, acho que estou meio atropelado.— Ele fala rindo, encarando os belos olhos azuis que o olham assustados. Alexia, ao perceber o tom de brincadeira, fecha a cara e fica espantada ao perceber que já viu aquele rosto em algum lugar.— Meu nome é Benício Nicolai...— Um senhor que estava se aproximando pega o telefone, mas é impedido por Benício de seguir com a ligação.— Não é preciso tanto, eu estou bem, olha, consigo até ficar de pé. — Ele fala se colocando em pé, mas fica tonto, sendo amparado pela linda mulher de olhos penetrantes.— Obrigado!

— Você não tem nada que se levantar. Anda, senta aqui.— Ela fala brava, levando-o até o seu carro. Uma moça que estava ali ajuda a colocá-lo sentado. — Fica encostado no banco e não levanta a cabeça.

— De onde você saiu? Você me atropela e quer vir me dar ordens? — Ele responde, encarando-a. — Já disse que estou bem, não precisa desse desespero todo.

— Desculpa, estava distraída, e não me interessa se está bem, vou te levar ao hospital mesmo assim! — Alexia fala sem se importar com quantas vezes ele fale que está bem.

— Não precisa, acho que quem precisa de atendimento é você. Olha o tamanho da sua barriga, está tudo bem? E também... sua testa, está sangrando. — Ele fala, levando a mão para limpar o sangue, mas ela recua, afastando-se antes dele tocá-la, fechando a cara e demonstrando sua irritação. — Quem deveria estar de mal humor aqui sou eu, não acha? — Ele fala, vendo sua face irritada.

— Não importa o que você acha, vou te levar para ser atendido. Não quero ter mais um falando mal de mim. — Benício decide ficar em silêncio, pois viu que ela não está para brincadeira. — Onde fica o hospital nesse fim de mundo?

Ela entra no carro e ele explica que fica um pouco afastado dali. Sem medo, ela dirige rápido. No caminho, ele tenta puxar assunto com ela, mas Alexia está frustrada com tudo o que aconteceu, irritada por não saber nem onde está, com um sono absurdo e ainda sem conseguir falar com Matheo.

Alexia desvia o olhar por uns segundos e observa o quanto Benício é bonito.

— Pode olhar à vontade, eu sei que sou lindo. — Ele fala com um sorriso nos lábios.

— Mas é um idiota mesmo. Eu só estava me perguntando como foi tão burro de passar na frente de um carro em movimento. Se eu estivesse em alta velocidade, teria te matado. — Ela tenta disfarçar, desviando o olhar.

— Tá! Tente se convencer de que é por isso que está me olhando, porque eu mesmo não acredito! — Benício fala com um sorriso sedutor nos lábios, encarando-a por longos minutos. — Até que você não é de se jogar fora, toparia ser atropelado novamente só para ver esses olhos tão lindos.

— Ah, vá se ferrar, eu deveria ter passado por cima da sua cabeça. Acho que a batida afetou o seu cérebro, só isso explica tanta babaquice. — Ela fala irritada, mas se segurando para não rir.

— Como é seu nome? Você fica aí soltando seu veneno gratuitamente, sem eu ter te feito nada, mas olhando para você, dá pra ver que vem de uma boa família. Esse carro mal foi lançado, de longe dá para ver que você emana poder por onde passa, mas não teve a educação sequer de se apresentar. — Alexia revira os olhos e sorri com tamanha ousadia. Ninguém tem coragem de falar o que pensa para ela.

— Não te interessa!

— Ok! Parece uma criança mimada! — Alexia fica triste ouvindo isso, pois ela é tudo, menos mimada. — Vou te chamar de Senhora Arrogante! — Ela olha para ele várias vezes, pensando no que falar, se perguntando se ela era tudo isso mesmo, pois ele a conhece há menos de 5 minutos e já descobriu o apelido que ela odeia. Quando ela ia soltar mais uma de suas grosserias, percebe que ele colocou as duas mãos na cabeça e fechou os olhos. — Nossa... como dói...

— Onde está doendo? Não dorme, fica acordado, ei, Benício... — Ela se desespera ao vê-lo encostando a cabeça no banco do carro e desfalecendo. — Benício, abre os olhos, anda, fala comigo! Por favor, abre os olhos...

Alexia começa a dirigir rapidamente, mas no caminho, o carro que a seguia b**e com toda a velocidade na traseira dela, fazendo com que ela desvie da estrada e vá direto para o meio de um poste. Com o impacto da batida, ela grita. O airbag do passageiro abre apenas depois que eles sofrem a colisão, mas o dela não dá nenhum sinal.

O carro que causou o acidente fica todo amassado, mas o motorista sai ileso. Ele sai do carro e vai verificar se o serviço que lhe foi ordenado foi concluído, confirmando que sim. Em seguida, ele pega o telefone e liga para quem o contratou.

— Sim, senhora, ela não está respirando. Acredito que o rapaz que ela atropelou também morreu. — Cleber tira uma foto e envia para a mandante. Elefoi contratado para matar Alexia, mas nunca conseguiu pegá-la sozinha. Apesar de sua arrogância, ela sempre esteve rodeada de pessoas para protegê-la. Ele tentou sabotar seu carro, mas não deu muito certo. — Essa mulher deve ter pacto com o coisa ruim, pois o carro dela não perdeu os freios como deveria. — Ele fala mexendo no corpo de Alexia para verificar se ela realmente morreu.

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